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- 31 titles
- DirectorGregor JordanStarsBilly Bob ThorntonKim BasingerMickey RourkeOne week in L.A. in 1983, featuring movie executives, rock stars, a vampire and other morally challenged characters in adventures laced with sex, drugs and violence.[Mov 01 IMDB 5,1/10] {Video/@@@@} M/20
INFORMERS - GERAÇÃO PERDIDA
(The Informers, 2009)
''Sexo, drogas e rock’n roll consumidos e/ou praticados por robôs. Ou quase. The Informers parecia um filme interessante – pelo elenco e por tratar de uma Los Angeles na efervescente década de 1980. Mas as aparências enganam, como um dia cantou Elis Regina. The Informers é um belo exemplo de dinheiro disperdiçado em Hollywood. Um filme vazio de significados e de emoções que parece ter sido escrito para um bando de intérpretes anestesiados e para um público de robôs (ou vice-versa). Se você não tiver mais nenhuma outra opção de filme para assistir e nem nada de melhor para fazer da vida, talvez valha a pena gastar seu tempo com este filme desenhado pelo roteirista e escritor Bret Easton Ellis – autor, entre outros, de O Psicopata Americano e Regras da Atração. A trilha sonora dos anos 80 vale um pouco o seu tempo – assim como o desfile de corpos belos e nus da história. Mas nada, nem o sexo apresentado pelo filme, aquece o frio glaciar de The Informers. Infelizmente o que esta produção tem de mais curioso é a ironia de uma morte: a do ator Brad Renfro, irreconhecível no papel do sensível e limpo Jack – e que na vida real tinha uma série de problemas com drogas até que morreu vítima delas antes do lançamento deste seu último filme. Um filme vazio, frio, que eleva a uma potência bastante alta o trinômio que, em teoria, resume a vida dos rockeiros… sexo, drogas e rock’n roll. Neste caldeirão em que cozinhou o argumento do autor Bret Easton Ellis – que escreveu o roteiro do filme junto com Nicholas Jarecki – não poderia faltar a beleza, o charme e o poder. Mas e os sentimentos? A impressão é que nenhum dos vários personagens focados em The Informers é capaz de sentir qualquer coisa verdadeiramente. Nem amor, nem ódio, raiva ou frustração. Parece que todos estão em um permanente estado de anestesia – moral, física e psicológica. O filme começa em ritmo de clipe de rock, exibindo a beleza de parte de seus protagonistas, e segue um bocado de tempo neste ritmo. Para falar a verdade, até o final da história, apenas algumas vezes saímos deste estado de videoclipe permanente. Tudo parece fabricado, falso, fake nesta história. E mesmo quando Graham solta algumas frases estarrecedoras, suas palavras parecem serem incapazes de realmente ter algum efeito. Nós também, pelo visto, estamos anestesiados por esta história sobre a falta de limites e de sentimentos das pessoas que viram a Aids começar a se disseminar (e ajudaram para que isso acontecesse) na Los Angeles do início dos anos 1980. Não li o livro de Ellis que deu origem a este filme. Imagino que até, pela aura que este autor conseguiu construir como um dos melhores da sua geração, esta história funcione muito melhor no papel do que em celulóide. Bem, talvez… porque segundo este texto de Eduardo Haak, muito bom, aliás, Ellis está mais para um garoto malcriado de quem se aceita tudo porque escreveu dois grandes livros do que para um autor realmente competente. Então, cá entre nós, tenho mais dúvidas se The Informers sequer funcione em livro. Mas voltando ao filme… achei que The Informers tem uma história que se perde pelo excesso de personagens – alguns como o de Cheryl Laine, interpretado por Winona Ryder, acabam sendo tão secundários que, praticamente, sobram para o desenrolar da trama. E se isso não bastasse, ele ainda fica ridiculamente pequeno por não nos convencer em momento algum. As palavras todas proferidas, seja por Graham, sua namorada ou pelo astro de rock descompassado Bryan Metro (Mel Raido), parecem ser feitas de isopor. Elas existirem ou não, realmente, não faz diferença alguma. Para tornar a história fria de forma convincente, até seus atores parecem ter sido fabricados em uma escala industrial. Ninguém se destaca. Bem, talvez Mickey Rourke como o criminoso Peter, tio do porteiro e aspirante a ator Jack (Brad Renfro). Mas fora Rourke, nenhum dos outros atores sai do ponto morto. Nem mesmo os astros Billy Bob Thornton ou sua parceira de cena, Kim Basinger (que interpreta Laura, mulher indecisa entre se separar ou não do pai de seus dois filhos). Certo, a Sra. Basinger está linda e, em algumas cenas de desespero, até parece sair da letargia dos companheiros. Mas, francamente, nem aí ela me convenceu. Enfim, uma lástima assistir a tantos atores bons desperdiçando seu tempo em um filme que tenta explorar os absurdos de uma Los Angeles sem limites e que, no fim das contas, não leva a parte alguma. Além da cena inicial que parece um videoclipe, o filme nos apresenta, até o minuto oito, nada menos que 12 personagens centrais da história – que aparecem diretamente, na frente das lentes do diretor australiano Gregor Jordan, ou indiretamente, como é o caso do personagem de Peter, ao qual escutamos através de uma conversa com o sobrinho por telefone. Ou seja: aqui as informações são jogadas, como em um vídeo de rock, rapidamente na cara do espectador. Depois é que vamos ligando os pontos e entendendo o que se esconde por trás da beleza e do dinheiro que rola naquele cenário. E o pior é que pouco sobra além das aparências. Conteúdo, meus caros, parece ser um artigo impossível de circular entre os personagens, mais preocupados com as aparências e com ter dinheiro suficiente na conta para pagar por suas drogas. Assim, temos ao executivo William que tenta voltar para a mulher Laura apenas para se livrar de uma separação litigiosa – mas, em paralelo, tenta continuar seu romance com a amante Cheryl, apresentadora de um canal televisivo. Os filhos de um casal tão fabricado parecem seguir a mesma linha perdida dos pais. Graham namora com Cheryl e acompanha, pouco a pouco, a namorada tendo casos com quase todos os seus amigos. No filme, parece que de todas as relações de traição, a que mais incomoda a Graham seja a mantida por Cheryl com Martin (Austin Nichols). (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Em certo momento do filme, a única questão que parece levantar algum interesse é saber se Graham se interessa mais por Martin ou por Cheryl. Afinal, o rapaz teve relações com ambos – daí a preocupação de Ellis em nos mostrar como aquele ambiente era promíscuo. Mas, honestamente, o que isso importa? Pois nada, meus caros. Até porque, fica claro lá pelas tantas que ninguém se importa realmente com ninguém por aquelas bandas. E o pior é que, no final desta história – bastante previsível, diga-se -, nós também nos perguntamos: e por que alguém deveria se importar com eles? Por que, afinal, nos importaríamos com um bando de pessoas sem limites e que não conseguem sentir realmente nada de dor, prazer, felicidade ou qualquer outra emoção? A impressão é que o roteiro de Ellis e Jarecki se preocupa em nos tornar tão insensíveis quanto seus personagens. Para resolver isso, nada como desprezar esta história e se importar com outras, como aquelas contadas por The Soloist, War/Dance, The Visitor e um longo etcétera (para nossa sorte). Mas além de Graham, o casal William e Laura teve uma filha, Susan Sloan (Cameron Goodman), que parece ser a única a se importar com algo que acontece ao seu redor – e está suficientemente sóbria para notar o golpe que o pai quer dar em sua mãe novamente. Pena que Susan apareça tão pouco na história – afinal, The Informers é um conto sobre pessoas frias e que não se importam e, por isso, não pode ter muito espaço para gente que não segue essa cartilha. Outro, aliás, que parece um pouco mais humano é o personagem de Tim Price (Lou Taylor Pucci). Mesmo que ele não consiga ter nenhuma relação de afeto com o pai, o mulherengo e sempre bêbado Les (Chris Isaak), pelo menos Tim tem a capacidade de olhar criticamente para o seu redor e dizer não para algumas práticas que considera ridículas. Completa o quadro de personagens o bandidão Peter, interpretado por um competente Mickey Rourke – alguém tinha que fazer valer o seu salário -, que não pensa duas vezes em sequestrar um garoto para negociá-lo com um grupo de gente da pesada. Peter também não se importa em usar a casa do sobrinho, Jack, como cativeiro para o garoto. O personagem de Jack, aliás, parece ser o único acima de qualquer suspeita da história. Ou seja, ele não usa drogas, não é bandido e parece se importar com os demais. Ah, e ele tem sonhos também. Mas para sua infelicidade, Jack provêm de uma família que não parece ser das melhores. E a triste ironia do filme é que justamente o personagem mais humano de The Informes e o único que não se droga e nem se prostitui foi interpretado por Brad Renfro, o ator para quem o filme é dedicado nos créditos finais. Renfro, descoberto com apenas 12 anos pelo diretor Joel Schumacher no filme The Client, e que se destacou ainda em outras produções como Sleepers e Apt Pupil, morreu vítima de uma overdose de heroína acidental em janeiro de 2008. Em sua breve biografia no site IMDb é possível perceber as diversas vezes em que Renfro foi preso e respondeu judicialmente pelo uso de drogas. Ele, mais que qualquer outro neste filme, parece ter incorporado na própria pele a falta de limites da vida de aparências de Los Angeles. Uma pena – o garoto era talentoso." (Critica Nonsense da 7*Arte)
''Bret Easton Ellis é um dos porta vozes do vazio da década de 80, sobre este período também foi adaptado para o cinema com muita competência seu romance Psicopata Americano, infelizmente sua participação no roteiro de Os Informantes não alcança o mesmo resultado do cultuado filme dirigido por Mary Harron. Em Os Informantes diversos personagens interligados de alguma forma se aprofundam numa não existência preenchida por sexo, drogas, crimes, traições e música, o título erroneamente nos levar a crer que se trata de um thriller policial, porém nada mais é que o nome de uma banda de música pop cujo vocalista na maioria do tempo não sabe onde está e aparentemente nem onde já esteve. Gregor Jordan descreve um cenário de um período de ressaca permanente de uma festa que não nos foi apresentada, belos rostos e corpos mergulham em sexo e cocaína para tentar sentir um prazer que parecem não conseguir em tempo algum, não existe um único momento de felicidade e aparentemente ela nunca foi possível. A caracterização de época é bem produzida, no entanto, há uma exagerada beleza plástica de alguns personagens algo contraditório afinal quem dorme durante o dia e abusa de drogas, sexo e álcool à noite não consegue ter um corpo malhado e uma pele bonita. Curioso também notar que 90% dos personagens usam o mesmo modelo de óculos escuros de uma famosa marca, o que praticamente caracteriza um anti-merchandising. Nem o terrível surgimento de uma nova doença do contexto histórico da época foi capaz de trazer alguma relevância a este filme niilista e absolutamente dispensável, o vazio por si só não tem efeito sem algum tipo de crítica. O filme sofre do mesmo problema que seus personagens, não há conteúdo nem história a ser contada e não existe nada a ser perdido quando não se tem nada. O argumento é suficiente para chegarmos a conclusão de que não há um filme. Pontos Altos: Winona Ryder ainda existe. Pontos Baixos: Década perdida te fazendo perder seu tempo, qual é a história?" (Filme Bom Filme Ruim)
Top Erótico #10
Senator Entertainment Co
Diretor: Gregor Jordan
13.060 users / 902 face
Soundtrack Rock = Simple Minds + Pat Benatar + Devo + A Flock of Seagulls + Gary Numan
Check-Ins 58 25 Metacritic
Date 17/09/2012 Poster - # - StarsRichard ThomasTim ReidAnnette O'TooleIn 1960, seven pre-teen outcasts fight an evil demon who poses as a child-killing clown. Thirty years later, they reunite to stop the demon once and for all when it returns to their hometown.[Mov 02 IMDB 6,9/10 {Video/@@}
IT - UMA OBRA PRIMA DO MEDO
(It, 1990)
"Filme que mescla de forma bastante natural o terror com a nostalgia das obras de King. A história de amizade é tão forte, que se sobrepõe aos momentos de horror, e com isso consegue alcançar um bom equilíbrio. Mais de três horas bem aproveitadas." (Heitor Romero)
''Existem inúmeras formas de prender um telespectador a um filme, das quais, pode-se citar algumas explicáveis e outras nem tanto. Dos gêneros tratados como forma de transmitir uma estória ou mensagem a um determinado público, seja lá qual for o interesse final da obra, cada um ganha sua peculiaridade na forma como sua mensagem é transmitida e recebida por quem assiste à uma obra cinematográfica. Dessa forma, cada gênero escolhido para conduzir cada estória tem capacidade de tornar qualquer obra boa ou ruim ao seu término. Porém, há algumas diferenças entre os gêneros, alguns possuem maior aceitação do público, outros nem tanto. Em ''It - Uma Obra Prima do Medo'' (It, 1990), longa dirigido por Tommy Lee Wallace e adaptado de uma obra de Stephen King, o terror cumpre sua tarefa de tornar a história tão agonizante e, ao mesmo tempo, hilariamente assombrosa aos olhos do cinéfilo. Na obra, It (A Coisa) é uma assombração disfarçada de palhaço. Tão possível de tornar o personagem uma mera comédia de um terror mal-dirigido, o filme, em geral, não deixa nada a desejar aos amantes do gênero sangrento. Trata-se de uma estória basicamente simples, contada lentamente em seus bem explorados 180 minutos. Resumidamente, na pequena cidade de Derry, existe uma força do mal que vêm matando crianças do local, e, assim, sete crianças juntam-se para unir suas forças na tentativa de acabar com este ser indesejado. Passado algum tempo, ele vai embora e as crianças decidem, então, jurar que, caso um dia ele retorne a assombar o local ou a vida de algum deles, unirão novamente suas forças na tentativa de acabar definitivamente com A Coisa. Neste terror psicológico, o gênero mostra sua grande capacidade de realmente ser muito mais do que sangue e tortura mostradas de forma exaustiva na intenção de simplesmente agonizar quem o assiste. Uma das maiores virtudes de um filme de terror bem-explorado é transmitir a mesma realidade da estória, passando medo ou grande apreensão a quem assiste às cenas, tentanto fazê-lo adentrar ao filme. Nem sempre é necessário utilizar-se do vilão em demasiadas cenas para garantir um filme tenso. A simples escolha de sua participação numa cena no momento certo (lê-se, no caso, momento imprevisto ao telespectador), pode garantir ou provocar tanta - ou mais - aflição e susto quanto incontáveis sequências de cenas programadas e previsíveis à olhos já cançados de mesmice. A escolha de fantasiar de palhaço este ser maligno que simplesmente assombra uma pequena cidade matando criancinhas é uma excelente alternativa de resumir o mal existencial em uma simples imagem. Palhaços podem ser tão bem quanto mal vistos, depende da circunstância, e, especificamente para crianças, esta figura pode ser muito mais desinteressante do que qualquer outra imagem aterrorizante. Na trama, passados os diversos anos do acontecimento inicial, as crianças tornam-se adultas, suas vidas mudam, assim como suas personalidades, porém, a imagem a que todos chocaram em suas infâncias não mudou, o pânico de anos ainda provoca o mesmo medo. Disfarçando-se de várias formas, A Coisa torna a assombrar a todos em seus momentos mais frágeis, que, diante de seus problemas particulares, esquecem-se deste mal e deixam-se levar por ele diante de suas inocências. Pode-se dizer, assim, àqueles que apreciam à um bom terror, que este filme pode cumprir boas expectativas, relembrando alguns outros clássicos do gênero que, por vezes, tem sido tão mal explorado ultimamente. Contudo, embora a obra seja adaptada de um livro do consagrado escritor de terror Stephen King, este bom filme não é considerado, ainda assim, uma adaptação fiel à história descrita no livro, por este conter demasiados detalhes, e que a obra prima a que remete o precipitado título traduzido no Brasil, mais vale à obra escrita do que à obra filmada." (Cinemarco Crítica)
Green/Epstein Productions
Konigsberg/Sanitsky Company
Lorimar Television
Warner Bros. Television
Diretor: Tommy Lee Wallace
52.248 users / 8.368 face
Check-Ins 89
Data 01/11/2012 Poster - #### - DirectorBenh ZeitlinStarsQuvenzhané WallisDwight HenryLevy EasterlyFaced with both her hot-tempered father's fading health and melting ice-caps that flood her ramshackle bayou community and unleash ancient aurochs, six-year-old Hushpuppy must learn the ways of courage and love.[Mov 05 IMDB 7,3/10] {Video/@@@} M/86
INDOMÁVEL SONHADORA
(Beasts of the Southern Wild, 2012)
*****
''Como quase sempre que a figura infantil é dominante, "Indomável Sonhadora" tende a comover o espectador. Mas é aí também que busca sua originalidade. Não há lágrimas a correr ou muitos momentos a lamentar: trata-se de uma história de sobrevivência. Sendo também um filme independente, há umas tantas chagas sociais a ocupar a vida da pequena Hushpuppy. O pai alcoólatra é a mais evidente, mas há ainda a ausência da mãe e o lugar onde vivem, o Bathtub, a banheira, uma pobre, deslocada e resistente comunidade sulista. O pai de Hushpussy, Wink, é talvez o personagem mais interessante dessa saga, embora um tanto previsível: aquele sujeito fora dos padrões, vinculado tanto à natureza como a um modo de vida que se poderia chamar de primitivo (miserável é outra designação possível). Ele ensina a filha a viver e a resistir às adversidades, que são muitas, e a proteger o Bathtub das investidas da sociedade organizada (que quer dar um fim naquela comunidade). Ambígua figura, Wink é um alcoólatra (como todos os homens que vivem nos casebres próximos) capaz de dar belos conselhos à filha e depois botar tudo por água abaixo. Isso quando a própria natureza não leva tudo água abaixo. Talvez o objetivo da distribuidora brasileira, ao dar esse nome um pouco água com açúcar ao filme (em contraste com o original: algo como Bestas do Sul Selvagem), fosse mesmo enfatizar a presença infantil com o uso da palavra sonhadora. O fato é que Hushpussy não tem nada de sonhadora ou contemplativa: é voltada a um ou dois objetivos concretos (reencontrar a mãe, sobreviver), e nisso coloca toda sua força, temperando a incerta sabedoria transmitida pelo pai com o bom senso pessoal para enfrentar a adversidade. Há um tanto de crise, um tanto de miséria, um quê de ignorância em tudo isso: trata-se de um filme da crise, se se quiser. E da perseverança como modo de enfrentamento. Essa perseverança é o que se estampa no rosto infantil de Hushpussy, junto com a observação atenta, curiosa e um tanto indefesa do mundo. Esse rosto em busca de soluções, enfim, é a imagem central que domina o filme. O rosto da menina é, no mais, a paisagem mais definida, mais nítida no trabalho do estreante Benh Zeitlin, de interesse, no mais, um tanto desigual, onde o que tem de melhor vem da secura do tom, do abandono desse fake realismo do cinema independente americano. Os prêmios que vem recebendo a jovem Quvenzhané Wallis parecem evocar uma nova Shirley Temple. Ela aparece muito bem no filme e cria essa ideia mista de doçura e dureza que ajuda na força do filme. Mas tanta atenção a alguém tão jovem cria expectativas que raramente se cumprem; com frequência só serve para criar monstros. Que importa? O mundo dos espetáculos os adora." (* Inácio Araujo *)
*****
''É comum o destino do cinema de boa vontade, hoje representado por "Indomável Sonhadora": boa recepção em Cannes, candidatura ao Oscar, aplausos e, pouco depois, o esquecimento. Faz todo sentido, no entanto, o projeto do diretor Benh Zeitlin, de filmar a vida dos pobres da Louisiana, nos Estados Unidos, após a devastação promovida pela passagem do furacão Katrina, em agosto de 2005. Aqui, seguimos um grupo de pessoas miseráveis, com a situação tornada ainda mais dramática pela destruição. Já seria o bastante. A introdução de uma menina de seis anos, Hushpuppy, a representar mais do que ninguém a obstinação, traz à trama um viés sentimental que a feitura do filme e a própria personagem, no mais, não sustentam. É quando o filme afrouxa." (** Inácio Araujo **)
"Não fosse pelo Oscar, o filme ficaria bem esquecido. Lembra muito "Onde Vivem os Monstros", de Spike Jonze - a garotinha ganha força para seguir em frente através da sua imaginação. É interessante, e superficial." (Alexandre Koball)
"O filme é o típico indie básico mesmo, tendo ganhado tanto destaque principalmente por ser uma história de pobreza contada de maneira crua e a atuação de Quvenzhané Wallis ser de outro mundo. Mas a história de pai e filha mais uma vez funcionou comigo." (Rodrigo Cunha)
"Trata-se de um filme por vezes irregular, que parece ter certa dúvida em relação ao verdadeiro núcleo da sua história. Mas, quando acerta, acerta de forma quase mágica, criando belíssimas alegorias e momentos de emoção crua. A pequena Wallis é um achado." (Silvio Pilau)
"A fábula de Behn Zeitlin torna-se encantadora porque, como diretor, consegue extrair atuação comovente da pequena Wallis, a provocar as mais ternas sensações em quem a ouve e a assiste. Som e direção de arte estupendos!" (Rodrigo Torres de Souza)
O independente acessível.
***
''Vencedor do Prêmio de Júri de Sundance e da Caméra d’Or de Cannes, que premia os melhores debutantes do ano (que já premiou alguns nomes hoje conhecidos, como Jim Jarmusch e Steve McQueen), ''Indomável Sonhadora'' tem tudo para ser o filme-sensação do segundo semestre desse ano e início do ano que vem. Apesar de ser um filme um tanto diferente do padrão mediano de produção americano, tem uma estranha sensação de familiaridade que o aproxima de muitos outros filmes que envolvem infância e amadurecimento. O diretor novaiorquino Behn Zeitlin tira do fundo da Louisiana uma história que funde documento, drama e fantasia: em tom documental, filmado quase sem refletores e em película dezesseis milímetros, o filme conta a história da pequena Hushpuppy, uma garota residente da Banheira, uma pequena comunidade em uma ilha cercada por águas agitadas que correm o risco de deixar a comunidade debaixo d’água na primeira tempestade forte. Junto com seu pai, ela cresce se esforçando para sobreviver junto com seus vizinhos, todos pessoas perseverantes que adoram o local onde nasceram. Hushpuppy gosta de pensar em si e nos seus vizinhos como bestas da natureza selvagem, indivíduos fortes e de muita fibra moral; seus sonhos e devaneios são povoados constantemente por suínos imensos, peludos e com chifres. Longe de se adaptar a uma abordagem surrealista, ''Indomável Sonhadora'' talvez tenha mais a ver, pelo menos de maneira superficial, com o realismo mágico, do sobrenatural e do etéreo se incorporando no cotidiano, misturando com os problemas muito concretos dos protagonistas que enfoca. Pelo ponto de vista de Hushpuppy, uma pequena criança de cinco anos, tudo parece grande, imenso, encantador e assustador na mesma proporção; isso vai dos animais que cria à inundação da Banheira, passando pela doença fatal que mina a saúde de seu pai. O roteiro é simples e funcional: lentamente somos levados a participar de um universo estranho e singular; com a fotografia naturalista em conjunto com seus poucos efeitos especiais para construir a atmosfera próxima porém absurda, o filme revela-se de uma narrativa nem um pouco pesada ou difícil de se assistir: seus personagens são empáticos, curiosos ou apenas engraçados o suficiente para que a conexão com o grande público seja estabelecida de forma rápida. Filmes sobre o crescimento, vistos através de olhos inocentes dos infantes são um filão muito popular; agora então, que a censura do público médio quanto a temas possíveis de serem abordados em filme assim já abrandou, é cada vez mais comum que os filmes tratem de assuntos cada vez mais sérios tornados leves pela simples questão do ponto de vista. Não é demais apontar uma ligeira semelhança com filmes como Onde Vivem os Monstros, de Spike Jonze, ou mesmo o provável pai de todos eles, O Sol é Para Todos – que tratam de assuntos muito mais pesados do que podem em um primeiro momento parecer tratar. Claro que a atitude de Zeitlin caiu como uma luva para os nossos tempos para o grande circuito comercial; já somos carregados de certa dose de cinismo e realidade, mas dificilmente um espectador médio aprovaria um filme seco, direto e pesado tendo a protagonista que tem, obrigatoriamente precisando crescer mas, é claro, sempre poupando o espectador dos detalhes mais sórdidos. Seu filme, no final das contas, é uma obra que não cresce justamente por ser tão enquadrada apesar da ambição estética ser tão diferente do usual, assumidamente independente em sua bitola documental e sua câmera nervosa constantemente no ombro seguindo a movimentação intensa dos seus personagens somada à gritaria dos seus diálogos que completam uma atmosfera selvagem e nunca tranqüila. É gritante a facilidade de antecipação ao se assistir; a sensação de que já se viu a obra antes, apesar das imagens tão diferentes, cresce aos olhos depois do primeiro ponto de virada. É um filme que nunca foge do horizonte de expectativas a que se propõe. Nunca surpreende, firme na crença que a catarse, a redenção, o pathos necessário, fará o espectador se lembrar do filme. Mas não, ''Indomavel Sonhadora'' não é um clássico instantâneo, tampouco um dos melhores debuts já vistos. Ambicioso e carismático, mas um tanto submisso aos padrões temáticos e dramatúrgicos das grandes massas, fica a dúvida sobre o que filme tem a acrescentar a uma indústria tão saturada, há tantos anos, de filmes do tipo. De tão feito na medida para um público mediano, a aventura de Hushpuppy em busca da salvação da Banheira e do seu pai só se difere mesmo quando resolve assumir seu lado fantástico e sobrenatural - mas nem tanto, já que a analogia entre humanos durões e bestas selvagens é tratada de maneira tão melodramática e óbvia em seu desenlace que no final das contas acaba resultando em um filme tão mediano quanto. Por que ganhou um prêmio que já foi conquistado tradicionalmente por realizadores mais alternativos? Porque simplesmente atende aos anseios dos nossos novos tempos, onde o alternativo e o popular acabam se misturando e muitas vezes se confundido. É carismático? Com certeza. Se é marcante? Aí só o tempo e o público dirão." (Bernardo D.I. Brum)
A estreia de um militante político-social.
"Benh Zeitlin surge como um cineasta das causas sociais. Ele joga seu olhar para os excluídos e marginalizados e tenta compreender o sentido da existência para aquelas pessoas. Para tirar o peso da história – o que é de gosto duvidoso - ou para conferir beleza onde claramente não há, o diretor estreante usa alegorias que, de fato, agregam à estética suja, mas que parecem ao mesmo tempo deixar a história razoavelmente vazia até a primeira – e única – virada de roteiro. Esse cinema militante guarda relação com uma clara visão política de esquerda moderna de Zeitlin que, ao mesmo tempo pelo uso das alegorias, transmite essa mensagem sem pedantismo, mas também sem suscitar de fato o debate sobre a organização perversa da sociedade. Essa visão esquerdista moderna é decorrente não só da mensagem social por vezes escondida, mas também da militância pelo cuidado com a natureza, com a repetição de frases que carregam o significado do universo sendo composto por elementos que coexistem em harmonia. Além de imagens de geleiras derretendo e do grande alagamento causado pela interferência do homem. A comunidade da pequena Hushpuppy e de seu pai, motores da história, fica em uma área de risco praticamente escondida pela construção de uma barreira de contenção de água, que, no horizonte ampliado, enquadra imagens feias para reafirmar o discurso crítico do desenvolvimentismo sem preocupações com a natureza. O cenário de fato são as famílias de regiões isoladas pós-furacão Katrina. Ao mesmo tempo, estabelece um contraste ao mostrar o convívio harmônico daquela comunidade com animais e da noção de partilhar para viver. Assim, apesar de miserável, Hushpuppy não hesita em dividir a comida com os animais, por exemplo. Outra questão basicamente social levantada por Zeitlin é a assistência que o Estado busca dar àquelas pessoas. Elas são invisíveis até o exato momento em que a existência delas interfere na harmonia daqueles que estão do outro lado do muro. Da mesma forma, a comunidade não faz questão de ser vista, num misto de ignorância natural por quem não foi incluído na sociedade, e de uma clara noção de liberdade. Isolados, são protagonistas de suas histórias, não são julgados e vivem conforme suas vontades. Assistidos tardiamente e de forma discutível (apesar de necessária muitas vezes) pelo Estado, aquelas pessoas são submetidas a abrigos que retiram deles seu único bem, a própria liberdade. Assim, a grande alegoria é a introdução das bestas selvagens do título original. Explicadas no início, são símbolos de ameaça ao crescimento do homem enquanto espécie. Por isso, o maior desafio da protagonista mirim será enfrentar essas suas bestas interiores, amadurecer, crescer e estar pronta para a vida. A realidade à volta dela a prepara para domar as ameaças exteriores, mas, antes de qualquer coisa, trata-se apenas de uma criança invisível, que precisa buscar as formas de ser vista. E é esse crescimento individual transmitido pela marcante interpretação de Quvenzhané Wallis, a forma pela qual Zeitlin transformou sua história mais digestível a uma quantidade maior de pessoas. Para quem não enxergou a militância político-social do diretor, até porque ele a maquiou de certa forma, ficou a experiência do amadurecimento e do crescer. Para quem a viu, tem-se um produto mais completo. Contudo, mesmo visto em sua plenitude, ''Indomável Sonhadora'' não é arrebatante e demora a mostrar a que veio." (Emilio Franco Jr)
85*2013 Oscar / 2013 Palma de Cannes / 2013 Sundance
Cinereach
Court 13 Pictures
Journeyman Pictures
Diretor: Benh Zeitlin
63.935 users / 30.239 face
Check-In 588 44 Metacritic
Date 26/07/204 Poster - ### - DirectorGarry MarshallStarsJulia RobertsJamie FoxxAnne HathawayIntertwining couples and singles in Los Angeles break-up and make-up based on the pressures and expectations of Valentine's Day.[Mov 03 IMDB 5,7/10 {Video/@@@} M/34
IDAS E VINDAS DO AMOR
(Valentine's Day, 2010)
"- Hi, I'm Taylor! - Hi, I'm Taylor too! ¬¬" (Rodrigo Torres de Souza)
"Uma série de historinhas bobas e rasas que tentam formar juntas uma dinâmica envolente, mas que em momento algum convencem ou pelo menos divertem. Fora a trama entre Bradley Cooper e Julia Roberts, é tudo dispensável." (Heitor Romero)
Nada funciona nessa comédia romântica que é uma verdadeira vergonha a todos os envolvidos.
"Em 2003, uma comédia britânica repleta de astros se tornou um grande sucesso em todo o mundo. Assumindo uma estrutura multinarrativa, Simplesmente Amor conquistou plateias com personagens cativantes, histórias bacanas e muito, muito charme. Conhecendo como Hollywood funciona, pode-se dizer que demorou bastante para que os estúdios norte-americanos decidissem produzir uma obra parecida, ao menos em termos de estrutura. No entanto, ela veio, atendendo sob a alcunha de Idas e Vindas do Amor e, infelizmente, é um esforço tão embaraçoso que chega a ser uma sacanagem compará-lo com o ótimo filme de Richard Curtis. Escrito por Katherine Fugate (cujo trabalho de maior destaque no currículo é Um Príncipe em Minha Vida), ''Idas e Vindas do Amor'' constrói um mosaico de diversas histórias românticas situadas em um único dia, mais especificamente o Dia dos Namorados. Entre elas, estão a trama do florista que pede a namorada em casamento, apenas para descobrir que ela prefere a carreira; a garota que fica sabendo que o namorado é casado; o famoso atleta que vive sozinho sem família; a soldado retornando para casa quando conhece um estranho no avião; o garotinho que se descobre apaixonado pela primeira vez; e muitas outras. Pois o desastre de ''Idas e Vindas do Amor'' é anunciado logo nos créditos iniciais. Ainda antes de aparecer na tela o nome do diretor Garry Marshall (responsável por Uma Linda Mulher), o espectador já é bombardeado por três ou quatro piadinhas totalmente sem graça, deixando claro o que está por vir. E a previsão se cumpre com louvor. A partir deste momento, o filme se desenrola em um sem-número de histórias completamente estéreis em termos de emoção, criatividade e diversão, apostando quase que única e exclusivamente no elenco famoso para prender a atenção da plateia. Como se poderia esperar, isso não é o suficiente e a produção se torna um longo suplício de duas horas. Os problemas de ''Idas e Vindas do Amor'' são muitos e um acaba influenciando o outro. Por exemplo, o roteiro tenta costurar doze ou treze histórias com dezenas de personagens principais. Como consequência, o tempo de tela para cada um é drasticamente reduzido, o que impede qualquer desenvolvimento e identificação entre eles e a plateia. É preciso um cineasta talentoso para resolver esse obstáculo e a única solução proposta por Marshall parece ser a de colocar rostos conhecidos em frente às câmeras, como se isso fosse o suficiente. Enquanto isso, ele deixa de lado qualquer noção sobre narrativa e personagens, conduzindo o filme de forma a fazer com que todas as histórias sejam absolutamente sem graça (algumas realmente constrangedoras, como a de Taylor Lautner e Taylor Swift) e os personagens desprovidos de qualquer personalidade. Isso ocorre não somente devido à mão pesada de Marshall na direção,mas também graças ao acúmulo de lugares-comuns presentes no roteiro. A falta de originalidade é tanta que Idas e Vindas do Amor chega, inclusive, a roubar de Simplesmente Amor a história do garotinho apaixonado por uma colega da escola. Da trama dos dois amigos que inevitavelmente vão se apaixonar à do velho casal cuja relação é balançada por um segredo do passado, todas são picadas pelo mosquito da previsibilidade, falhando em proporcionar um único momento de surpresa ou ousadia (ok, justiça seja feita, a resolução da história de Julia Roberts ainda gera um pequeno sorriso). Idas e Vindas do Amor é um filme pensado, desenvolvido e realizado sobre clichês e estereótipos. Além disso, a quantidade de tramas é extremamente prejudicial ao ritmo da produção. Como é comum em filmes com essa estrutura, as histórias oscilam em termos de qualidade e, mesmo que esta qualidade seja pouca em todas elas, algumas ainda são melhores que outras, fazendo com que o resultado final fique repleto de altos e baixos (ou melhor, baixos e muito baixos). As poucas tramas que ainda poderiam gerar momentos interessantes, como a da atendente de tele-sexo, são desenvolvidas sem qualquer imaginação, seguindo a estrutura básica e formulaica do gênero. Marshall não cria um único plano inventivo ou consegue dar fluidez à sua narrativa – é bem provável que o espectador olhe mais vezes para o seu próprio relógio do que para a tela. E não deixa de ser uma pena ver um elenco tão variado e de renome limitado em um filme raso como Idas e Vindas do Amor. Ainda que acostumados ao gênero, os atores e atrizes da produção nada podem fazer com um roteiro que não oferece a eles o mínimo de material com o qual trabalhar. Com isso, bons intérpretes como Jamie Foxx, Jennifer Garner e Anne Hathaway ficam presos às suas próprias personas cinematográficas, sem oferecerem o mínimo de personalidade aos seus papéis. O crime é ainda maior quando outros atores são vergonhosamente subaproveitados, como o talentoso Bradley Cooper e – sacrilégio – a veterana Shirley MacLaine. Todos os personagens, sem exceção, não surgem na tela como pessoas reais, mas bonecos correndo de um lado para o outro e murmurando bobagens sobre o amor, sem qualquer credibilidade. Com diálogos embaraçosos (Ela é como a luz do sol), completa falta de imaginação e nenhuma identificação com a plateia, Idas e Vindas do Amor figura, desde já, como um dos piores filmes do ano. Não há um sentimento honesto, uma piada genuinamente engraçada, um personagem crível ou carismático. Se o objetivo é assistir um filme com diversas histórias sobre o nobre sentimento, o negócio é visitar a locadora para rever o encantador Simplesmente Amor. E ainda sai mais barato." (Silvio Pilau)
Comédia romântica é açucarada a ponto de fazer diabético passar mal ao comprar ingresso.
"Idas e Vindas do Amor" (Valentine's Day, 2010) é uma tentativa hollywoodiana de reunir um elenco enorme e estrelado e repetir em larga escala a fórmula que funciona para todas as comédias românticas. Os ingleses da Working Title fizeram isso com Simplesmente Amor (Love Actually, 2003) e foram bem sucedidos. Nada mais justo que a capital da refilmagem tente o mesmo e reúna de uma só vez Ashton Kutcher, Kathy Bates, Anne Hathaway, Jamie Foxx, Jessica Alba, Jessica Biel, Bradley Cooper, Shirley MacLaine, Patrick Dempsey, Topher Grace, Queen Latifah, Taylor Swift, Taylor Lautner, George Lopez, Eric Dane, Hector Elizondo, Jennifer Garner, Emma Roberts e Julia Roberts. Tantos atores são necessários porque Idas e Vindas do Amor tem diversos arcos de histórias, todos bastante definidos, mas que apenas seguem à risca o padrão que vai levar ao esperado final feliz. O medo de tentar algo diferente obriga a roteirista Katherine Fugate a fazer com que até mesmo os personagens que não estão relacionados no começo, eventualmente acabem tendo seus caminhos cruzados. E assim, Los Angeles, a segunda maior cidade dos Estados Unidos, parece ser menor do que Araçoiaba da Serra. Todos os desencontros e desentendimentos iniciais entre casais são um amontoado de situações já vistas em outros filmes, com a diferença de que se passam em apenas um dia, o Dia de São Valentim, que é o Dia dos Namorados em vários países mundo afora. É como se tivéssemos um capítulo final de novela de 125 minutos. Sobram ao longa clichês, com direito até mesmo a casamento indiano, que a essa altura já é quase tão indispensável ao gênero quanto a cena do aeroporto (que também está presente, claro!). De todas as situações planejadas pelo diretor Gary Marshall e sua equipe, a única que se salva é a vivida por Julia Roberts e Bradley Cooper, que se passa quase que inteiramente em um avião. Os dois estão fazendo uma viagem de mais de 12 horas até suas casas, na Califórnia, para conseguirem passar o Dia de São Valentim com os seus amores. Mas com tanto tempo de vôo, os dois acabam se tornando mais do que apenas vizinhos de assento. Quem diria, uma comédia romântica com plot twist. Mas é só. Todo o resto é açucarado a ponto de fazer diabético passar mal na hora de comprar o ingresso. Falta a Idas e Vindas do Amor o charme que diferencia as comédias românticas de todo sábado à noite das que conseguem se destacar. Todas as juras e promessas de amor eterno que o filme fez antes da sua estreia são apenas uma cantada barata para te levar ao cinema. Agora é com você a opção de fingir que acredita ou não." (Marcelo Forlani)
"Como não parar para ver um filme que tem em seu elenco Julia Roberts, Jessica Alba, Jessica Biel, Anne Hathaway, Bradley Cooper, Kathy Bates, Eric Dane, Queen Latifah, Jamie Foxx, Hector Elizondo, Shirley MacLaine, Patrick Dempsey, Jennifer Garner...? Pois assim ''Idas e Vindas do Amor'', tradução brasileira para Valentine’s Day, o Dia dos Namorados que os norte-americanos comemoram em 14 de fevereiro. São várias pequenas histórias de amor, de encontros e desencontros, de casais apaixonados, que vão se entrelaçar (as histórias, não necessariamente os casais) de maneira romântica e simpática no final do filme. Muito, muito parecido com o inglês Simplesmente Amor, mas longe, muito longe do charme, da inventividade e do bom humor do seu predecessor. Este clone norte-americano centraliza suas ações no tal Valentine’s Day do título original, e aos poucos constrói pequenas subtramas interessantes. Tudo acontece em Los Angeles. Há um jogador de futebol americano bem sucedido na carreira, mas visivelmente infeliz no amor. O dono de uma loja de flores que ainda não sabe que se apaixonou por sua melhor amiga. Que por sua vez é uma professora que se apaixonou por um homem casado. Um casal que está junto há 51 anos e que tem sua estabilidade emocional ameaçada por um segredo do passado. Uma assessora de imprensa estressada sem tempo para o amor. Uma mulher que ganha a vida como atendente de tele-sexo... e por aí vai. O importante é que, cada um à sua maneira, dos 8 aos 80 anos, todos estão apaixonados neste Dia dos Namorados. Como sempre acontece neste tipo de filme, algumas histórias são melhores que as outras. Alguns personagens conquistam o público mais que os outros, o que é extremamente normal. Talvez normal demais para um filme dirigido por Garry Marshall, mestre no tema, diretor dos ótimos Uma Linda Mulher, Frankie & Johnny e os dois episódios de Os Diários da Princesa. Com o nome de Marshall assinando a ficha técnica, certamente esperava-se mais do filme. As tramas demoram a engrenar. Há uma enorme barriga (aquele momento do filme em que começamos a pensar qual será o sabor da pizza depois do cinema) em grande parte do segundo ato. Os diálogos não fluem e algumas situações começam a se tornar repetitivas e sem ritmo. Mas felizmente a fama do diretor é redimida com ótimos, sensíveis e empolgantes finais para algumas das histórias. Nem todas, mas ninguém é perfeito! Como se diz que a última impressão é a que fica, o resultado final acaba se mostrando satisfatório, simpático e alto astral. Especialmente recomendável para ver a dois. Ah, claro, tem sim cena de encontro em aeroporto. Como sempre... Repare também na última cena, já nos créditos finais, na qual Julia Roberts repete uma fala de Uma Linda Mulher, que ela mesma protagonizou, com o mesmo diretor." (Celso Sabadin)
New Line Cinema
Rice Films
Karz Entertainment
Director: Garry Marshall
77.149 users / 8.556 face
Soundtrack Rock = Willie Nelson + Percy Sledge + Foreigner + Amy Winehouse
Check-Ins 144
Date 22/03/2013 Poster - # - DirectorYang ZhangStarsBenshan ZhaoQiwen HongDandan SongA black comedy about a migrant construction worker who tries to bring home the body of his friend, who died far from his town.[Mov 09 IMDB 7,1/10 {Video}
INDO PARA CASA
(Luo ye gui gen, 2007)
''Comédia de humor negro sobre fazendeiro que tenta, de todas as formas, levar para casa o corpo de um amigo que morreu enquanto estava na cidade.'' (Filmow)
2007 Urso de Ouro
Filmko Pictures
Fortissimo Films
Ming Productions
Diretor: Yang Zhang
1.147 users / 129 face
Check-Ins 170
Date 29/05/2013 Poster - - DirectorJuan Carlos FresnadilloStarsClive OwenCarice van HoutenIzán CorcheroTwo children living in different countries are visited nightly by a faceless being who wants to take possession of them.[Mov 04 IMDB 5,3/10 {Video/@@} M/45
INTRUSOS
(Intruders, 2011)
"Atmosfera moderadamente agoniante, mas o fantasma em CG não tem peso e nem assusta. O twist cerebral do segundo ato, mistura de ciência e fantasia, é interessante e ligeiramente engenhoso." (Alexandre Koball)
"Detesto quando os produtores tentam vender um projeto como se ele fosse puro terror e, quando vamos assistir alucinadamente, descobrimos que não passa de um suspense dramático bem cretino e sem graça. É como esta revolta que eu me deparo com Intruders, um filme que não cumpre o que promete. Ao contrário do que todo o material de divulgação tenta nos passar, não se trata de um filme de terror. Agora, é difícil saber se houve uma tentativa de nos fazer sentir medo, porque não acredito que eles tentaram. Mas, vamos à crítica em si, para podermos entender um pouco melhor. A história segue a jovem Mia, que depois de encontrar uma carta antiga escondida no buraco de uma árvore (!), começa a ser atormentada por uma figura estranha e sem rosto, que planeja usar o rosto dela como se fosse o seu próprio. Em paralelo a isso, um menino e sua mãe, são atormentados pelo menos ser estranho que a menina. Com o crescer do medo das crianças, o Sem-Rosto vai ganhando força e poder para completar seus objetivos. Agora, os pais dos garotos atormentados, terão que arranjar uma solução, antes que seja tarde demais. Esta foi uma das maiores decepções que eu sofri este ano. Tinha tudo para ser interessante. Tanto a premissa de um ser sem rosto tentando face alheia, já é assustadora. Além disso, é curioso ver que o mesmo evento pode estar acontecendo em mais de um lugar. Assim, duas famílias lutam e tentam proteger os seus filhos de maneiras diferentes... E isso não quer dizer que alguma delas irão conseguir salvar seus filhos de um mal superior, que não pode ser visto pelos outros e domina suas mentes. Uma saída inteligente para o filme, seria usar muitas sequências de pesadelos. Existe um momento no final, quando Mia entra no mundo do Sem-Rosto e galhos crescem por todos os lados, que é realmente divertida de se ver. Mas tudo acaba rápido demais e nada mais acontece. Seria melhor que o Sem-Rosto atormentasse as crianças dentro de seus sonhos, porque ficar aparecendo no escuro e saindo dos armários não está com nada. Seria muito mais eficiente e aterrorizante, ver como é viver em seu mundo, uma vez que a protagonista deixa claro que o Sem-Rosto quer levá-la para lá. O desfecho do filme, que deveria trazer momentos mais eletrizantes de pura correria e desespero, é a coisa mais broxante que eu já vi em anos. Além do filme não sair do lugar comum, o roteiro tenta uma reviravolta manjada, que eu já temia desde que tinha visto o trailer. E, claro, o pior acabou acontecendo. Foi ridículo, porque, além de nos decepcionar, desconstrói tudo o que vimos em mais de uma hora de projeção. É como se tivéssemos sido enganados. Eu não gostei nenhum um pouco. Não temos nenhuma cena envolvente ou nenhuma assombração que valha a pena assistir este filme. Sinceramente, eu perdi o meu tempo, achando que veria uma coisa e me deparando com outra completamente diferente. Quem quiser assistir, vá em frente. Mas não esperem muito do final, porque não está de acordo com nossas expectativas. Para não dizer que o filme é ruim como um todo, os efeitos visuais são aceitáveis. Apenas. Boa sorte para quem quiser ver. Tenho certeza que alguns irão até gostar." (Neferson Ribeiro)
''Crianças têm uma imaginação muito fértil, amedrontam-se facilmente com o que sua mente pode criar. Monstros em armários, fantasmas embaixo da cama, qualquer sombra, qualquer sussurro…pode transtornar uma criança em uma noite escura e chuvosa. Quem aqui nunca passou por isso? O diretor Juan Carlos Fresnadillo sabe disso e já havia surpreendido o público com o interessante Intacto e o frenético Extermínio 2. O longa começa contando a história do garotinho Juan (Izán Corchero), que mora sozinho com sua mãe (Pilar Lopéz), e tem uma imaginação fértil. Em uma noite chuvosa, é surpreendido quando a mãe é atacada por um homem encapuzado e essa figura passa a atormentá-lo desde então. A mãe tenta em vão buscar ajuda com um padre, já que ela também vê a presença desse homem. Em paralelo, vemos a adolescente Mia (Ella Purnell), que tem uma forte ligação com seu pai (Clive Owen), após encontrar uma sinistra história em um papel velho dentro do buraco de uma árvore na casa de seus avós, passando a ser assombrada também por um estranho homem encapuzado. A premissa do filme cria a situação de não sabermos se o que acontece é real ou está na mente das crianças – mas como os pais também veem o que está acontecendo? Existe algo de sobrenatural naquele homem encapuzado? É lógico que existe uma ligação entre as duas histórias narradas em paralelo – mesmo em espaços de tempo diferentes -, pois o homem que assombra as crianças parece ser o mesmo. O roteiro opta por dar pistas, tática que o Shyamalan usou muito bem em O Sexto Sentido, mas aqui Fresnadillo acaba deixando tudo muito óbvio, de modo que o expectador descubra com facilidade a ligação entre as duas histórias. A ideia do roteiro de Nicolás Casariego é boa, porém mal desenvolvida – efeitos em CGI tiram toda o clima em algumas aparições do homem encapuzado; as cenas de suspense não funcionam, a revelação final é mal contada, e por aí vai… . No elenco Clive Owen tenta, mas o roteiro não lhe oferece nada para que possa desenvolver uma boa atuação, sendo que as melhores interpretações ficam por conta do garotinho Izán Chorchero e de Pilar Lopéz. Lançado direto nas locadoras, ''Intrusos'' será um daqueles filmes que só será visto pela presença de Clive Owen, mas com o tempo será facilmente esquecido e condenado ao limbo das prateleiras. Uma decepção, já que o filme contava com um bom diretor e elenco. Fica pra próxima Fresnadillo!" (Ivo Costa)
Antena 3 Films
Apaches Entertainment
Canal+ España
Ministerio de Cultura
Universal Pictures International (UPI)
Diretor: Juan Carlos Fresnadillo
15.023 users / 3.257 face
Check-Ins 249
Date 20/07/2013 Poster - #### - DirectorsMojtaba MirtahmasbJafar PanahiStarsJafar PanahiIgiMrs. GheiratIt's been months since Jafar Panahi, stuck in jail, has been awaiting a verdict by the appeals court. By depicting a day in his life, Panahi and Mojtaba Mirtahmasb try to portray the deprivations looming in contemporary Iranian cinema.[Mov 06 IMDB 7,5/10 {Video/@@@} M/90
ISTO NÃO É UM FILME
(In Film Nist, 2010)
"Isto Não É um Filme", proclama Jafar Panahi logo no título. Com efeito, não é aquilo que esperamos de um filme. Nem ele esperaria. Às vésperas de ser julgado por crimes de que o acusa o Estado iraniano, Panahi não pode nem sair de casa. Solução: um amigo, cameraman, vem à sua casa com equipamento. Se não pode fazer um filme, Jafar fará um não filme. A impossibilidade do cinema, que se confunde com a possibilidade de sonhar, torna-se seu assunto. Inútil dizer: depois desse filme, Panahi foi condenado à prisão e proibido de filmar por infinitos anos. E o amigo que o ajudou, também. "Isto Não É um Filme" também pode se chamar, para quem acredita no cinema, isto é que é um filme.'' (* Inácio Araujo *)
''Filme ''Isto Não é um Filme'', como sabiamente indica o título, não é um filme. Muito mais que isso: um estado de espírito. Também não é um filme sobre a censura, mas a própria censura em forma de um filme. Um esforço de Jafar Panahi que mostra para o mundo a bizarra repressão no Irã. Uma artista que não encontra meios para se expressar não é um artista. Inexiste. É justamente isso que a repressão em países como Irã quer fazer: apagar do mapa quem pensa. Como muitos outros, Panahi tenta resistir. Mas como, já que o ar que um cineasta respira (fazer filmes e contar com a câmera) lhe foi retirado? Não há roteiro no não-filme de Panahi. Há uma vontade de continuar respirando, mesmo que o ar esteja se tornando cada vez mais rarefeito. Na época das filmagens, Panahi cumpria prisão domiciliar e aguardava a apelação do recurso à sentença de seis anos de prisão e vinte alijado de filmar. O pior veio: há uma semana, a Liberdade perdeu e condenação foi confirmada. Em ''Isto Não é um Filme'', acompanha-se um dia no tormento de Panahi. Ele acorda e liga para um amigo. Tenho uma ideia que, saberemos em breve, é a de filmar o cineasta em casa lendo um de seus inúmeros roteiros proibidos de serem filmados. O que acompanhamos fala de uma menina aprovada na universidade, mas trancafiada em casa porque seu pai não a permite estudar. Na sala de estar, constrói-se um cenário imaginário com fita crepe no chão. Aqui é o quarto dela, ali é cama, diz o cineasta à câmera. O não-filme é a mentira que um ser humano criou para sobreviver ao horror. Quando fraqueja, o véu cai e Panahi não consegue mais se enganar. Se fosse suficiente contar um filme, então por que filmaríamos?. Dura constatação. ''Isto Não é um Filme'' é um relato íntimo e improvisado do estado das coisas no Irã. Um pouco mais: é a voz de um homem vítima de um Estado que insiste em dizer que ele inexiste. Um sofrimento muito parecido ao de Sergei Paradjanov, um dos homenageados na Mostra deste ano. Panahi, ao lado de muitos outros artistas privados de se expressar por regimes totalitários, é como a menina de seu filme imaginário que só existe no roteiro: um bicho preso em casa cujo único acesso ao mundo se dá por uma janela. E por um não-filme." (Heitor Augusto)
"Jafar Panahi é o personagem que a câmera de Mojtaba Mirtahmasb vai filmar enquanto um filme é contado (narrado). Mas pode acontecer também o inverso (Mojtaba como personagem e Panahi como cineasta), com ambos na busca por imagens, tentando corporificá-las, expor a sangria que compõe e dita o ato de filmar. Isso estabelece a força do vídeo, colocando-o em franca evidência – ingenuamente, diríamos, o vídeo é mais democrático que a república. A questão é que ''Isto não é um Filme'' será dificilmente desconectado de sua relação com o mundo lá fora, como que desprovido de toda uma peculiaridade histórica e social que lhe atravessa. Aqui, eles narram o que não deveria ser narrado: mesmo a mais trivial das ficções pode ser inenarrável em regimes com tendência ao autoritarismo. É uma questão que transcende a rigidez dos conceitos e desejos artísticos, é bem mais forte, vibrante e consciente do que meramente potencializar vozes e discursos no vazio de suas concepções políticas e sociais como fazem os cineastas pretensamente políticos, pois, antes de tudo, Panahi devolve a si mesmo o direito de narrar a partir de uma unidade estética (e aí, sim, política): ali está representado o espaço fílmico, local de trânsito da câmera que vai esquadrinhar o cinema possível, que é o resultado da desmistificação do processo criativo que Isto não é Filme mostra com fôlego. E mesmo o simples ato de sair de casa com uma câmera torna-se substancial para a organicidade política do filme. Mas antes de ser político (já que a política é sua forma, não seu conteúdo), ele é motivado politicamente e está plenamente inserido num contexto nacional de busca por direitos que explode as vontades egoístas do artista diante de seus objetos de trabalho. É mais que a representação (ou encenação) de uma história, pois é na iminência (e a revelia) da pressão coercitiva exercida pelo aparato estatal e através das formas de resistência a ele que urge a provocação que vemos na tela. Provocar, claro, quer dizer: dobrar a própria arquitetura narrativa, estrutural e poética do cinema enquanto linguagem estética e simbólica (imaginária, por que não, se lembrarmos de Maffessoli e a representação dos sentimentos e dos ritos – que, no caso de Panahi e Mojtaba, é o cinema: uma religião). Neste caso, para além de ver um filme, nos resta a interação com as imagens e a projeção que fazemos (a partir) delas, criação de noções coerentes e não vulgares sobre a condição da arte e do artista. É o espectador que precisa ver as coisas, logo essas coisas que Panahi parece ter sempre enxergado, para bem além da encenação do filme dentro do filme, da contaminação dessas atmosferas reais e imaginárias que as imagens vão montando (as atividades do cotidiano transam com o registro e com a narração; a interação com a iguana – seu animal doméstico -, o café da manhã, um telefonema para saber como está a questão judicial; a conversa proibida no elevador). O próprio Pahani diz que atuar e ler o roteiro para si não deveria causar problemas com a censura e com o andamento de seu processo – afinal, ele está proibido de fazer filmes, escrever roteiros e/ou sair do país, mas não há menção alguma quanto a ler e encenar. É como se a imagem de Mojtaba com a câmera sobre o ombro refletisse na lente dos óculos de Panahi não apenas sua profusão estética e dialética, mas sua função cosmopoética: assim, assistimos ao nascimento de uma mise en scène. Panahi monta o cenário do filme no tapete da sala. Mas mais que anunciar a salvação do cinema pela mise en scène ele busca entender seu funcionamento, seus mecanismos mais íntimos, sua construção lógica e a aproximação realizável do olhar e das coisas. Um fazer cinema sem fazer filmes. Ele é mais comedido, mais dedicado a complexificar as pequenas coisas e explorá-las até o limite do esgotamento. Sua força reside plenamente na representação/encenação. Mais que meramente engendrar e sugerir um discurso crítico contra o regime totalitário iraniano, ''Isto Não é um Filme'' é a própria acepção da revolta sem aquela histeria que parece acometer alguns cineastas políticos do lado de cá mundo – ou mesmo entre os conterrâneos de Panahi e Mojtaba, como parece o caso de Asghar Farhadi (principalmente em A Separação) e Majidi Majidi (da fase posterior a A Cor do Paraíso)." (Pedro Henrique Gomes)
''Senhor Panahi, não saia. Podem ver a sua câmera." (Bernardo D.I. Brum)
"Filme ao qual é difícil acrescentar muito, mas vale ressaltar o cuidadoso trabalho de Panahi e seu parceiro Mirtahmasb na condução até o choque de realidade impressionante proposto por seu final. Forte tomada de posição." (Daniel Dalpizzolo)
"Muito interessante como o experimento de um artista inconformado, e impedido de realizar sua arte, tocante até certo ponto, mas pode decepcionar quem esperar por algo que não virá no terceiro ato." (Rodrigo Torres de Souza)
Cinema à parte.
"O iraniano Jafar Panahi é um dos cineastas mais interessantes da nova geração, e com poucos filmes no currículo já conseguiu um destaque mundo afora que muitos autores mais experientes ainda não conquistaram. Isso porque a trajetória levada por cada trabalho seu para finalmente chegar aos circuitos de cinema é quase épica. O Irã é um dos países mais severos com relação à liberdade no cinema, e o resultado disso foi a condenação de Jafar a seis anos de prisão domiciliar, impedido de filmar. Seu mais recente trabalho, ''Isto Não é um Filme'' (In Film Nist, 2010), foi parar no Festival de Cannes graças a uma operação clandestina, em que um dos colaboradores do projeto, Mojtaba Mirtahmasb, conseguiu transportar em um pen drive o conteúdo sem levantar suspeitas. Agora o filme finalmente está disponível no circuito nacional, ainda que em poucas salas de exibição, trazendo consigo um manifesto de um artista oprimido por uma ditadura cega. O mais interessante nesse trabalho de Panahi não é apenas o tom experimental que o próprio título denuncia, mas sim a ironia presente em seu conteúdo. Em plena era digital, onde qualquer pessoa portadora de um celular com câmera é capaz de gravar um filme qualquer, Jafar se vê preso em seu apartamento, impedido não por questões técnicas ou financeiras, mas sim por um regime religioso que parece não ter acompanhado a evolução de nosso tempo. Em um mundo onde fazer cinema está ao alcance de qualquer um, acompanhamos um cineasta brilhante preso pelo mais lamentável dos obstáculos. É a partir dessa triste constatação que nasce a essência de Isto Não é um Filme, um dos documentários mais incisivos dos últimos anos. Trata-se de um trabalho de simples execução, que nos apresenta primeiramente a rotina do diretor, confinado em seu apartamento na cidade de Teerã. Depois de acompanharmos um pouco desse dia a dia, inclusive algumas conversas dele com sua advogada, Jafar finalmente propõe ao público uma atividade diferente. Se até o momento o que presenciamos foi um relato perturbador sobre um artista confinado em um lugar pequeno e cheio de ideais proibidos na cabeça, agora ele nos leva a acompanhar sua ideia de realizar um tipo de processo de não filmar. Delimitando espaços com fitas adesivas em seu pequeno ambiente, ele nos narra a história de uma moça iraniana que fica trancafiada em casa pelos pais e é impedida de frequentar a faculdade. O que é real e o que faz parte da história de Jafar já não importam mais, de modo que não sabemos definir se o que estamos vendo é um filme ficcional ou um simples registro de acontecimentos cotidianos. O que interessa na trajetória desse “não filme” é o teor crítico afiado do diretor, que ao mesmo tempo que ironicamente afirma não estar filmando nada por conta das leis de seu país, obviamente está passando através dessa mídia todas as suas frustrações e desgostos. Nasce desse formato curioso algo que não pode ser definido propriamente como filme, até porque estamos lidando com um material filmado no Irã e que seria estritamente proibido ser divulgado caso estivesse classificado como tal, de modo que a experiência em assistir a esse, digamos, projeto, passa a ser algo além do que estamos acostumados a esperar em uma sala de cinema. As proporções de ''Isto Não é um Filme'' são gigantescas quando olhamos tudo por esse prisma. Afinal, se o que está em jogo não é um filme, embora pareça um, então podemos concluir que os limites estabelecidos pelo realizador estão além daqueles que o cinema pode chegar. É como se houvesse uma quebra na barreira que separa o espectador real da ficção por trás de uma tela. Não havendo, portanto, os limites dessa arte, estamos lidando com vida real e ilimitada. A partir dessa conclusão, Jafar nos faz enxergar com um realismo cruel e ao mesmo tempo apaixonante um relato tão próximo a nós que, de fato, não parece um filme. Não sendo um filme, ele não tem com o que se preocupar em relação às leis de seu país; não sendo um filme, o sentimento é de estar dentro daquele apartamento ao lado de Jafar, já que não há a necessidade de uma tela de cinema separando realidade e ficção – os dois lados são parte do mesmo plano. Essa quebra de barreiras que Jafar constrói em ''Isto Não é um Filme'' na verdade indica o desejo do diretor de um dia poder também romper as fronteiras religiosas, políticas e culturais de seu país e ter o direito de se expressar através do cinema. Afinal, mesmo com esse espetacular “não filme” que ele nos proporciona com essa experiência, sua vontade mesmo é fazer filmes tradicionais como qualquer outro cineasta, e poder ser reconhecido e recompensado por esse grande talento que possui. Realidade todos nós já vivemos, e o que Jafar Panahi quer é um pouco de ficção – um pouco de filme." (Heitor Romero)
Top Irã #14
Jafar Panahi Film Productions
Diretor: Jafar Panahi
2.536 users / 901 face
Check-Ins 292
Date 03/09/2013 Poster - ##### - DirectorPeter WebberStarsMatthew FoxColin MoyTommy Lee JonesAs the Japanese surrender at the end of World War II, General Fellers is tasked with deciding if Emperor Hirohito will be hanged as a war criminal. Influencing his ruling is his quest to find Aya, an exchange student he met years earlier in the U.S.[Mov 06 IMDB 6,5/10] {Video/@@@@} M/48
IMPERADOR
(Emperor, 2012)
TAG PETER WEBBER
{intenso}Sinopse
''Inspirado em fatos reais, "Imperador'' é uma épica história de amor passada no meio das tensões e incertezas dos dias seguintes à rendição japonesa, no final da Segunda Guerra Mundial. No meio do staff do general Douglas MacArthur – o governante de facto do Japão, na condição de Comandante Supremo das forças invasoras – um especialista nos assuntos japoneses, o general Bonner Fellers é encarregado de uma decisão de importância histórica: deverá o Imperador Hirohito ser julgado e enforcado como um criminoso de guerra?''
"O que o filme tem de melhor - a análise da forma de pensar dos soldados japoneses - ocupa pouco tempo em tela, com Webber preferindo investir na tediosa investigação e, principalmente, em uma péssima subtrama romântica. Típico filme de TV." (Silvio Pilau)
*****
"Tommy Lee Jones não é a única razão para se ver "Imperador". Há ali uma bela circunstância política: estamos no pós-guerra, e trata-se de decidir se o imperador Hiroito deve ser julgado como criminoso de guerra ou não. Ora, o imperador do Japão era, até então, considerado um deus. Nessa circunstância, que tipo de reação causaria uma condenação - sobretudo a longo prazo? Eis algo que cabia aos EUA definir, sobretudo ao general MacArthur (Tommy Lee Jones, justamente), na época o real governante do país." (* Inácio Araujo *)
Krasnoff Foster Productions
Fellers Film
United Performers' Studio
Diretor: Peter Webber
10.001 users / 4.318 face
Check-Ins 686 33 Metacritic
Date 08/09/2014 Poster - # - DirectorMaurice PialatStarsMichel TerrazonLinda GutenbergRaoul BillereyAn anguished foster child takes to mischief and lies as his foster parents do their best to love and care for him. But it might be too little, too late in this emotionally devastating portrayal of the orphaned child.[Mov 04 IMDB 7,7/10] {Video/@@@}
INFÂNCIA NUA
(L'enfance nue, 1968)
TAG MAURICE PIALAT
{esquecível}Sinopse
''Um menino de 10 anos de idade se sente abandonado quando sua família o envia para um reformatório. Ele vai para um lar adotivo, onde um casal de idosos consegue que sua desobediência deliberada diminua um pouco. Porém novos problemas irão ser desencandeados na sua luta para superar a rejeição e elevar a auto-imagem.''
"De cortar o coração o embate precoce de uma criança com as durezas da vida, que por fim constata que aquilo é só o começo de uma trajetória inevitavelmente infeliz. Por vezes evoca Pickpocket, Os Incompreendidos, Nas Garras do Vício e Alemanha Ano Zero." (Heitor Romero)
''Filmar as pessoas, filmar o mundo como se o cinema estivesse nascendo naquele momento. Desconfiar da instituição-cinema, da máquina reprodutora de aparências. Rejeitar a decupagem técnica e todo o savoir faire do cinema; agir como se não houvesse uma linguagem cinematográfica já constituída. Redescobrir a potência primitiva do cinematógrafo: eis o caminho que Pialat toma quando começa a filmar. Para além da ruptura com as poéticas opostas e complementares do clássico e do romântico, o problema que se colocava era o de enfrentar a realidade sem o suporte de ambos, libertar a sensação visual de qualquer experiência ou noção adquirida e de qualquer postura previamente ordenada que pudesse prejudicar sua imediaticidade, e a operação pictórica de qualquer regra ou costume técnico que pudesse comprometer sua representação através das cores. Maurice Pialat lança seu primeiro longa, Infância Nua, em 1968, aos 43 anos de idade. Àquela altura, é provável que a função de produtor de François Truffaut – que compartilha o primeiro nome com o protagonista, encarnado por Michel Terrazon – tenha tencionado a recepção primeira do longa de estréia de Pialat sob a égide dos preceitos originais da Nouvelle Vague. Não é um mau ponto de partida, mas seria um terrível ponto de chegada. Hoje, quando tudo que desenrolava em tempo real à época já se mostra mais que consolidado como passado, o que salta aos olhos não é uma simples impressão de continuidade, mas um salto de eloquência tão extraordinária que mais se aproxima de uma ruptura: é difícil crer que, entre Os Incompreendidos e Infância Nua,tenham se passado apenas nove anos. Marco original da projeção mais ampla e programática da Nouvelle Vague no mundo, Os Incompreendidos era conduzido pelo desejo de despir o cinema de uma certa capa de fantasia, para então reaproximá-lo das ruas, da urgência do presente, da prosódia da juventude parisiense. Visto à luz de Infância Nua, porém, o filme de Truffaut parece um belo, bem comportado e inofensivo conto de fadas. Se pensarmos no cinema moderno francês como uma busca pela verdade, por mais que seja necessário cravar as demandas históricas e perceber que o cinema de Pialat talvez não existisse não fosse o corte epistemológico feito pela Nouvelle Vague, é inevitável a sensação de que todos os filmes até o momento estavam apenas aplainando o terreno para a chegada de Infância Nua. Mais que isso, a força de seus choques estéticos é tamanha que provoca uma generalizada inversão de polaridades: diante da primeira obra-prima de Pialat, todo o cinema francês dos anos anteriores parece não um corpo-a-corpo com o real, mas, ao contrário, um elogio das mediações e dos artifícios. A potência da brutalidade do cinema de Pialat, porém, é apenas esboçada neste primeiro trabalho – o que não diminui em nada seu brilho, mas o coloca em um ponto específico dentro da trajetória pessoal do artista. Mas justamente por ser um primeiro passo nessa busca, voltar a Infância Nua é salutar à percepção do conjunto, pois a infância do cinema de Pialat (por mais que seja um cineasta que já estréia maduro) é também o momento de maior nudez de seus procedimentos e estratégias, e de como eles são essenciais para atingir os marcantes efeitos de sua obra. Filmes como Loulou e Aos Nossos Amores levariam a estágios ainda mais profundos a impressão de implosão cênica lhe é característica e que, muitas vezes, levou a um equivocado caminho de leitura da obra de Pialat como um atestado de caos. Entre os filmes de Pialat, talvez este primeiro longa seja o mais transparente na maneira como a tentativa de implosão da linguagem é, também ela, fruto de uma organização meticulosa da mise en scène e de um trabalho de exímia precisão dos tempos e intensidades da montagem e da composição plástica dos planos. É conhecido o fato de que Pialat chegou ao cinema tardiamente por ter dedicado boa parte de sua vida à pintura. Poucos se aventuraram, porém, a buscar a continuidade das pinceladas do pintor em seus filmes. Em texto sobre Infância Nua para a revista Interlúdio, Cléber Eduardo é taxativo: Teatro e pintura na formação. Em ''Infância Nua'', passam à distância. Nesta edição da Cinética, Victor Guimarães vai por caminho semelhante: Obras como "Infância Nua" e Antes Passe no Vestibular certamente retiram das escolhas precisas de mise en scène (a distância entre a câmera e os corpos, as entradas e saídas de quadro) boa parte de sua força, mas não serão lembradas por sua plasticidade singular. Ambos os relatos convergem em uma impressão corriqueira, e justa em certa medida, de um cinema calcado na destruição dos limites do quadro e da dedicação à potência incontrolável dos vetores em cena (os atores). Mas em Infância Nua, ao menos, vejo diferente. Isso se dá, em grande parte, poro filme contrastar mais claramente duas abordagens distintas de filmagem: os tradicionais tableux, com câmera fixa e demarcação rígida dos quadros (aqui, mais em planos médios/de conjunto do que em planos gerais); e os planos de movimento, em que a câmera de Pialat segue a ação, deixando-se influenciar por ela. Esse contraste é acentuado por algumas escolhas de montagem, que ora mantêm as pontas dos planos, invariavelmente conservando os momentos em que o cenário se encontra vazio, antes e/ou depois de os personagens saírem de cena; e ora norteiam, nos planos em movimento, a escolha do ponto de corte de maneira a interromper – ou a flagrar a partir de uma interrupção – uma ação em quadro. É como se os tableux – em alguma medida herdados do teatro, mas em Pialat muito mais próximos da pintura (por razões que nos aguardam adiante) – fossem bruscamente interrompidos por essas injeções de vida, por alguém que passa em frente à câmera e obriga-a a tomar uma outra posição, mesmo tendo chegado atrasado ao evento. ''Infância Nua'' é, em realidade, fruto primeiro não do descontrole ou da implosão cênica, mas desse embate constante entre forças opostas que se repelem. A bipolaridade da montagem, em si, funciona como instrumento narrativo: François vai do demoníaco ao angelical com uma simples virada de rosto ou com um corte, e é capaz de atos de extrema perversão seguidos por gestos de notável doçura (o presente que compra para sua primeira mãe após ter sido expulso de casa; a relação com a avó na segunda casa, etc), assim como a montagem se permite saltar da noite para o dia com um corte seco. A nudez está justamente no reconhecimento da convivência dessas duas faces e no conflito entre regimes de encenação distintos. Essa alternância, por si só, confere ao filme uma toada rítmica e uma economia narrativa raras vezes vistas no cinema – encontrando paralelos em procedimentos distintos de filmes raros, como A Regra do Jogo, de Jean Renoir, Pickpocket, de Robert Bresson, e Terra de Ninguém, de Terrence Malick – e que encontra explicação mais clara na fruição da pintura: um quadro dura o quanto seu assunto durar. A montagem de Infância Nua não tem qualquer pudor em inserir um plano determinado apenas pelo tempo necessário para certa informação (que pode ser narrativa, mas também visual, sonora, rítmica, etc) ser transmitida, para em seguida passar, sem pedir licença, para o momento seguinte, não recorrendo a transições ou concessões à serenidade do espectador. Ao contrário, este movimento, sempre brusco e violento, de uma montagem de repulsas – e não de atrações – é uma das grandes chaves do filme: com raras e importantes exceções, temos tão pouco tempo para nos ambientarmos em determinado espaço ou cena quanto François tem para se habituar a um novo lar. É como se o filme fosse composto apenas pelos momentos de trauma, pelo que não se consegue apagar da memória, mesmo muito tempo depois da experiência vivida. É preciso (embora seja impossível) tentar sabotar aquilo que Jacques Aumont dizia ser o específico do cinema em relação à pintura: a percepção do tempo. As exceções, porém, são reveladoras. Há momentos em que o filme finalmente estanca, ou até digressiona: poucos episódios são tão duros na história do cinema quanto a continuação da rotina da primeira mãe após a partida de François, deixando que seus presentes de despedida ecoem e ocupem espaço na casa esvaziada. Nestes momentos de aparente respiro, Pialat permite ao espectador observar por um pouco mais de tempo, criando pequenas bolhas de concentração em meio ao caos aparente. Uma dessas pausas se dá na sequência do trem, quando François é levado de sua primeira casa (é provável que tenham havido outras, muitas outras, antes de o filme começar) de volta ao orfanato. Ali, a montagem se detém, de maneira quase documental, na conversa entre as assistentes sociais e as crianças, ao mesmo tempo em que preserva, neste primeiro plano, tempo suficiente para que o espectador busque na memória toda uma bagagem cultural que o diretor instala, suprepticiamente, na composição: sem alarde ou preciosismo, Pialat constrói a cena de maneira a evocar (sem recriar) O Vagão de Terceira Classe, de Honoré Daumier, uma das mais conhecidas telas da história da pintura francesa. Mas enquanto um filme como Passion, de Jean-Luc Godard, vai se ater à reconstituição de cada detalhe da composição pictórica, Pialat reorganiza O Vagão de Terceira Classe por dentro, conservando apenas o número necessário de elementos (em geral, reconfigurados) para que a imagem seja reconhecível: o eixo da cena é invertido, mas a câmera mantém um posicionamento diametralmente equivalente em relação à ação, de forma a conservar a incidência de luz da janela sobre os corpos; da mesma maneira, os elementos são radicalmente alterados, mas sem abrir mão de um número mínimo de afinidades – as duas mulheres adultas, uma delas com uma criança no colo; uma segunda criança deitada para o lado (inverso), adormecida; as cabeças de costas para a imagem, que mudam do fundo para a beira do antecampo, mas preservam uma mesma finalidade na restrição da composição da imagem. Relação semelhante pode ser vista em outro momento do filme, pouco depois das imagens das manifestações de 1968 que compõem o prólogo. A câmera se detém em uma mesa, com François e sua irmã rodeando o pai (dela – dele, apenas provisoriamente, como tudo em sua vida), que faz marcações em uma cartela de papel. A cena parece combinar características caras ao Impressionismo francês que podem ser vistas em duas não menos célebres telas do período: Jogadores de Carta, de Paul Cézanne, e L’Absinthe, de Edgar Degas. Da primeira – a única tela de Cézanne de conteúdo mais abertamente social – Pialat importa o gestual (as cartas, na pintura = a cartela de apostas, no filme), o vestuário (o equilíbrio entre claros e escuros) e a proximidade do tema (o jogo de cartas, na pintura; os jogos de azar, no filme); mas esses dados são combinados com a composição visual (as mesas lado a lado, com os mesmos tampos claros; as taças que esperam o próximo gole; o caráter mais seriado de ações, com a inclusão do bêbado à direita, na tela, e dos outros homens, no filme) e o desenquadramento à Courbet, restringindo o campo de fuga do olhar em relação ao espaço à esquerda dos personagens, que aparecem em plenitude em L’Absinthe, de Degas. Em todos esses casos (e certamente há outros), o que Pialat faz não é tanto citar quanto evocar a relação histórica entre a arte francesa e um compromisso com a realidade social francesa e a própria criação artística: os órfãos da revolução de 1968 (as imagens que abrem o filme) são os novos ocupantes do vagão de terceira classe. Ou, nas palavras de Argan sobre Courbet, que bem poderiam servir à abordagem implosiva de Pialat: Courbet não nega a importância da história, dos grandes mestres do passado, mas afirma que deles não se herda uma concepção de mundo, um sistema de valores ou um ideal de arte, e sim apenas a experiência de enfrentar a realidade e seus problemas com os meios exclusivos da pintura. Há, portanto, um corte epistemológico fundador no cinema de Pialat, que não é a Nouvelle Vague, mas sim o Impressionismo. Por Impressionismo, porém, é necessário pensar mais em termos espirituais e conceituais do que práticos ou poéticos – inclusive porque não faltam bons críticos e historiadores da arte que caracterizam Degas como pós-Impressionista e Cézanne como meio-Impressionista, para ficar nos exemplos citados. A questão não é tentar encontrar, nos filmes de Pialat, um equivalente para as pinceladas mais brutas, a negação do academicismo, a predileção pelo trabalho ao ar livre ou ainda a recusa mais demarcada de um compromisso com um objeto ou tema – algo um tanto absurdo tanto para Pialat quanto para as telas que ele evoca. A relação se dá mais por uma afinidade no reconhecimento com a necessidade Impressionista de se desvirtuar dos preceitos estéticos dominantes em nome de um contato mais direto com o mundo, que possa, por sua vez, produzir uma expressão artística mais adequada ao presente. O presente de Pialat, porém, não é o mesmo de Courbet, Degas ou Cézanne. Há, ainda, um outro nível de relação com a pintura que aponta para um outro jogo de forças, tão importante quanto e intimamente relacionado com os choques entre tableux e planos em movimento: a relação figura e fundo. Pois se o cinema de Pialat é marcado justamente pela imprevisibilidade violenta dos vetores (da figura), aqui ela é posta à prova por um trabalho de cenografia (fundo) minucioso, que não encontra refúgio na gaveta do realismo que a crítica frequentemente reservou a ele (e ao Impressionismo). Em Infância Nua, cada cômodo, porta, janela ou parede é trabalhado de maneira a construir um intricado patchwork de cores sólidas, estampas miúdas e interações com a paisagem, ressaltando a construção dos espaços como blocos geométricos coloridos diante dos quais a figura humana precisa se sobrepor. Nas pontas de plano que aguardam a entrada dos personagens, ou que velam após sua saída, o filme por vezes beira a abstração, decompondo a tela (do cinema) em unidades formais, como fazia Mondrian com a tela de pintura. A evocação da pintura de predominância geométrica (àquela altura, fenômeno razoavelmente recente e bastante dominante), porém, é sempre solapada pela concretude das presenças físicas dos atores. As vilas de Infância Nua são como uma versão manca da estilização da Cherbourg dos guarda-chuvas de Jacques Demy: faltam-lhe sempre uma janela a pintar, um s na vitrine da patis erie, um dente no sorriso. O que é determinante, no caso, é que, embora não exatamente sutil, a estilização e o controle são mantidos ao fundo, emoldurando o drama do primeiro plano, das figuras. Não à toa, a apresentação do maior acesso de fúria de François vem justamente pela inversão provisória entre figura e fundo, entre abstração e concretude: trancado no quarto por ser comportar mal durante o jantar, François esmurra a porta; a câmera mostra os quadros e molduras de madeira cinza que formam a porta, formando um desenho geométrico com as linhas do piso e o papel de parede estampado, até que François arrebenta um dos quadros e irrompe de dentro da moldura cinza, forçando seu retorno ao primeiro plano e transtornando, por dentro, aquele aparente equilíbrio formal. Infância Nua vive desse jogo de força entre a figura humana e seu iminente desaparecimento dentro de um esquema e de uma lógica formais. Essa impossibilidade de aderência à depuração geométrica como caminho decorrente, em alguma medida, de uma predileção fora de época pelo Impressionismo e pelo romantismo social da pintura francesa, que por sua vez conduziu a certa inclinação do Impressionismo (Courbet, sobretudo), reafirma a sensação impressa pelos cortes no meio da ação que interrompem os tableux de Infância Nua: a consciência de se ter chegado tarde demais. Essa consciência é frequentemente ventilada em relação ao cinema de figuras como Leos Carax e Brian de Palma – diretores que não concebem o cinema a não ser carregando a certeza histórica de que tudo, em alguma medida, já foi feito antes, e de que a possibilidade de continuidade está na deformação da memória afetiva permitida por essa mesma História. Como François, a criança que aporta em um mundo que pré-existe e que o determina, Pialat também chega tarde demais, mas não no cinema; chega tarde demais à pintura. Por isso, filma. Nesse sentido, é condizente que o diretor tão frequentemente se colocasse como herdeiro de Lumière: o último impressionista, como dizia Godard, era também aquele que apontava um caminho possível de sobrevivência do espírito e da atitude Impressionistas no cinema, cuja necessidade de implosão da linguagem como busca de uma expressão pré-linguística se mostrava fundamental para Pialat. Se em Infância Nua a necessidade de agir como se uma linguagem cinematográfica ainda não tivesse sido instituída convivia com a evocação da experiência de enfrentar a realidade dos mestres anteriores, é porque a impressão visual não é um limitar-se a ver, renunciando a compreender; é um novo modo de compreender e permitir compreender muitas coisas antes incompreendidas (Argan).
1968, afinal, acontece ali pela primeira vez; é preciso se fazer presente pelos meios do presente. A condição de possibilidade (não digo, portanto, é claro, a causa) da invenção da fotografia é, a princípio, que outro tipo de imagens – diferentes daquelas saturadas de sentido e de escritura, do Egito – fosse desejável em uma sociedade (Jacques Aumont, O Olho Interminável). O mesmo, em outra medida, poderia ser dito sobre o cinema. Em uma das mais belas cenas de Infância Nua, Pialat mostra uma festa de casamento. A câmera rapidamente foge do ir-e-vir do salão de baile e vai buscar François em um canto de mesa, tirando uma polaróide da avó, erguendo a taça, falseando um brinde. A montagem faz um salto sonoro: a canção que tocava na festa de casamento é agora reproduzida por François em seu quarto, em uma pequena vitrola. Apesar do abrupto corte visual, a canção segue sem sobressaltos, fazendo a impressão daquele momento congelado (na memória e na polaróide) durar um pouco mais. O irmão mais velho (temporário, sempre temporário) de François subitamente tira o disco da vitrola para colocar uma peça de Wagner. No quarto ao lado, a avó, imortalizada na polaróide e na canção, dá seu último suspiro com a interrupção da canção. Como alcançar um compromisso maior com a fugacidade do momento, a plenitude da impressão e simultaneidade de sensações que atravessa o ser? Ao mesmo tempo, como fazer tudo isso caber em um quadro, em uma pintura pendurada, estática, na parede de um museu, ou em uma ilustração de um texto?" (Fábio Andrade)
1968 Lion Veneza
Production Companies
Parafrance Films
Parc Film
Renn Productions
Les Films du Carrosse
Diretor: Maurice Pialat
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Check-Ins 694
Date 14/09/2014 Poster - ###### - DirectorsOlivier NakacheÉric ToledanoStarsFrançois CluzetOmar SyAnne Le NyAfter he becomes a quadriplegic from a paragliding accident, an aristocrat hires a young man from the projects to be his caregiver.[Mov 08 IMDB 8,5/10 {Video/@@@@} M/57
INTOCÁVEIS
(Intouchables, 2011)
"Funciona mais como filme de matinê do que como uma lição de vida inesquecível, pois isso aqui já foi tão reciclado que se trocasse três ou quatro faces e falassem inglês, seria o típico enlatado de Hollywood." (Alexandre Koball)
"Crítica em breve, mas QUE TEXTO!" (Rodrigo Cunha)
"A estrutura narrativa é óbvia e o filme não traz qualquer supresa ou sinal de originalidade, mas isso pouco importa quando o espectador torce pelos personagens e acredita na relação entre eles, como acontece aqui. Simples, divertido e inspirador." (Silvio Pilau)
"É óbvio e permeado por artificialidade. Tem os clichês possíveis nos personagens e em subtramas mal desenvolvidas, como a da filha de Philippe. Não é tão bom na comédia porque também é previsível. Sobra refletir sobre a crescente divisão social na França." (Emilio Franco Jr.)
"Tema batido, situações recicladas e personagens não tão carismáticos. Intocáveis não passa de uma produção ordinária, pois no fundo é a típica comédia dramática limitada e americanizada, em uma embalagem europeia que seduziu e enganou muita gente." (Heitor Romero)
"O filme não tem a profundidade (em questões raciais, por exemplo) que o material possibilita, mas sua despretensão e as ótimas atuações de François Cluzet e Omar Sy (joia a ser lapidada e aproveitada) fazem dele um passatempo muito agradável." (Rodrigo Torres de Souza)
"Um dos maiores sucessos de público do cinema françês, diz a publicidade. Mais de um milhão de espectadores no Brasil, informa a capa do Blue-ray. É de fato um verdadeiro fenômeno dentro do sempre difícil circuito para filmes europeus. No entanto, "Os Intocáveis" é um tremendo fiasco, artisticamente falando. Um imigrante africano na França é contratado como enfermeiro de um milionário tetraplégico. Amantes das artes e dotado de uma cultura de almanaque, como a de um novo rico, esse milionário passa a receber a influência do enfermeiro, ou seja, passa a ouvir funk setentista e a detestar a pompa e a educação que lhe cabiam na nobreza. E aí reside o maior problema de "Os Intocáveis". Ao abraçar acultura popular, o filme nega de maneira abobalhada a arte mais refinada, como se esta representasse tudo que está errado na Europa decadente do século 21.Com essa tese simplória e situações muito mal construídas, é de se espantar que o filme encontre defensores entre os críticos de cinema." (Sergio Alpendre)
"Intocáveis" representa, pelo menos, um desvio na rota do cinema comercial francês. Tudo começa com um ricaço tetraplégico e mal-humorado que procura um cuidador. Ao contrário do que possam imaginar, prever e desejar seus assessores, em vez de optar por alguma velha governanta, ele prefere um negro que, em tudo e por tudo, beira a marginalidade. Ora, esse homem vai oferecer ao ricaço sua talvez última chance de aventura, de sentimento de liberdade. Talvez possamos ver tudo isso como alegoria de um mundo onde liberdade é só uma bela palavra cercada de câmeras ocultas. Essa sensação estranha, num mundo à George Orwell, é que o ricaço vai vivenciar neste filme mais que simpático.'' (* Inácio Araujo *)
"Intocáveis", filme que se transformou no maior sucesso internacional de público entre os filmes produzidos na França, não chegou a esse estágio por acaso. Afinal, se existe coisa difícil neste mundo é encontrar um filme comercial francês minimamente assistível (ao menos pelo público do exterior), e este trabalho de Olivier Nakache e Eric Toledano é bem mais que isso: é bastante assistível. Ou, em outras palavras, "Intocáveis" começa por uma boa história. Baseada em fatos reais, é verdade, mas daí pode-se sempre tirar o melhor e o pior. No caso, trata-se do encontro de um bilionário tetraplégico, Philippe, com Driss, o jovem negro que emprega para se ocupar dele. Os autores parecem seguir a receita hawksiana (do cineasta americano Howard Hawks), de buscar o humor naquilo que tudo induz a pensar em drama. É assim desde o começo: enquanto os candidatos à vaga enunciam bons argumentos para obter o emprego (profissionalismo, humanitarismo etc.), Driss apenas procura uma negativa que lhe garanta o direito ao seguro desemprego. Seu jeito despachado, mas também a soberba, a capacidade de observação e mesmo a inteligência que demonstra - tudo isso é a senha para que Philippe o contrate, apesar de seus antecedentes pouco recomendáveis. Logo saberemos que Philippe não é um bilionário comum, se é que algum bilionário pode ser comum. Embora pregado na cadeira de rodas, é um aventureiro: foi praticando esportes radicais que sofreu o acidente fatal. Driss é, de certo modo, seu duplo selvagem. A partir desses elementos o filme saberá lançar expectativas (ou seja: levar o espectador a se perguntar o que virá depois), alternar humor e alguma gravidade, lançar falsas pistas sem trapacear. Enfim, percorre com desenvoltura o manual do bom roteiro, e nem por isso deixar de ser francês a cada instante, sem descuidar dos enquadramentos, da luz ou da interpretação (os atores François Cluzet e Omar Sy estão ótimos). A roda pega um pouco na última meia hora do filme, quando o feliz processo de troca de conhecimentos entre o bilionário refinado e o negro da periferia desemboca em uma espetacularização um pouco tola. A cena em que Driss dança num salão sofisticado, dedicado à música clássica, é tão demagógica quanto tola - ou seja, ajuda no sucesso do filme. Nada, porém, que impeça "Intocáveis" de continuar a ser um longa-metragem comercial visível e, ao mesmo tempo, digno." (** Inácio Araujo **)
Pragmáticos incontestáveis.
''Um projeto como ''Intocáveis'' (Intouchables, 2011) poderia perfeitamente, visto pela sinopse e pela provável proposição imaginada antes de conferi-lo, ser encarado como um daqueles filmes que visam o choro fácil, buscando, mais do que contar uma história romantizada – seja essa de superação ou de introspecção diante uma nova condição de vida –, narrar um drama de circunstâncias de maneira absolutamente humana e comovente. Vários são os atributos que favorecem isso, no entanto o maior deles é, sem dúvidas, a dinâmica entre os atores centrais que ganham a atenção do público e vencem pelo carisma, atravessando clichês em benefício da narração. Talvez realmente seja demasiado corriqueiro, no entanto lições de humanidade nunca saem de moda e longas desse feitio sempre trazem um ar de renovação para uma reflexão enquanto sujeito humano, passível de lisonjeiras alegrias e devastadoras desventuras. Um anúncio: é baseado numa história real. Baseado ou inspirado, não interessa. Boas intenções não garantem bons filmes. Boas idéias quando mal executadas nada significam. A história: um milionário, Philippe (François Cluzet), que ficou inválido após um acidente, contrata um jovem negro que esteve preso por 6 meses para ser seu cuidador. Juntos se transformarão e crescerão, cada qual em sua limitação, numa jornada de benevolência e altruísmo pragmático – pragmático, aliás,é uma definição usada constantemente por Driss (Omar Sy) quando se define. E de fato o é, não somente pelo personagem, mas pelo filme e pela composição de mundo trabalhada. Afinal, tratam-se de pessoas e, enquanto seres humanos racionais, são motivados por compaixão pelo outro, por mais remota que essa pareça e incrível devido a condescendência de quem a desfere.
É sim clichê, demarcação infeliz. Para um filme, parece aceitável. Praticar boas práticas de solidariedade é clichê, que se mantenha então. Ainda sobre o assunto, mergulhamos em chavões durante a projeção, sobretudo pelo contexto dos personagens: o milionário rico com infelicidades românticas, uma filha adolescente aborrecida com o namorado e empregados que parecem estacados as exigências e necessidades do patrão; e Driss, cuja vida é acometida por erros, carrega um passado penoso como fardo pessoal, vendo seus familiares pobres sofrendo miseravelmente num apartamento apertado na periferia parisiense, convivendo como podem. O universo composto pela dupla de roteiristas e diretores Olivier Nakache e Eric Toledano (anteriormente filmaram Apenas Bons Amigos) é abarrotada de estereótipos. Sobre eles se desenvolvem questões que distingue o longa do convencional, como a afinidade improvável sucedida e a comiseração a pena. O filme passa inteiramente detalhando em minúcias a relação entre Omar e Philippe, e não compreendemos de antemão o que fez o milionário escolhe-lo para ser seu cuidador. Seria imprudência? Desafio? Talvez não esteja muito bem da cabeça? Talvez seja a projeção de um desejo castrado, uma lacuna nessa vida de luxos, espontaneidade desregrada que agora lhe é inalcançável? Tudo isso chega ao público de maneira incrivelmente otimista. Philippe sofre sim, mas não abandona o sorriso – talvez uma das únicas coisas que lhe restam. A câmera foca Cluzet, esse despende risos e movimentos com o pescoço, breves, porém precisos, seja para mudar a página de um livro ou para buscar o movimento rítmico de uma dança. Sua transformação também é enaltecida em detalhes nunca tratados verbalmente: por exemplo o sinal da traqueostomia no pescoço que é do mesmo tamanho que o brinco que surge em sua orelha em determinado ato. Banhado por um apelo dramático inevitável, servindo entre outras coisas para enobrecer o drama, já que a situação retratada não é de terna felicidade, os diretores têm a coragem de investir numa outra ótica para a propagação da história: o humor. Esse acontece durante todo o filme, sem culpa ou receio. Faz-se lógico, é tratado pelo próprio Philippe com graça e por Driss que faz piadas inoportunas, impróprias e de mal gosto, como se gozasse de um corte de cabelo de um amigo próximo. Justamente aí reside a beleza do longa, em não ter maldade, tratar de coisas importantes na vida com a leveza e necessidade que esta merece, ou como precisa para ser mais suportável. Ainda há espaço para discutir a arte, compreender alguns significantes segundo os olhos dos protagonistas. A cena em que Philippe compra um quadro de alto valor é interessantíssima. Aquilo não faz sentido a Driss, mas algo muda quando este se representa na arte, não unicamente pelo valor financeiro, mas pelo significado daquela obra em detrimento de sua vida projetada. Algo – valor pessoal – a deixar para o mundo. Fica na memória boas cenas, eficientes em vários pontos de vista, demonstrando a França atual e a divisão econômica e social do país, com a imigração africana no plano de fundo numa graciosa Paris recheada de encantos e desalentos. As 4h da madrugada na capital francesa, um passeio em busca de ar – simbolicamente, de desopressão. Enfatizando tudo isso com uma beleza ilustre, a trilha afável do brilhante pianista italiano Ludovico Einaudi, com temas perfeitamente cabíveis, utilizadas de maneira cruciante e harmoniosa. Não são músicas feitas para o filme, são algumas de suas renomadas composições, emprestadas para saudar essa bela história sobre o ser humano. Simples e óbvio, nada surpreendente e impreterivelmente comum, ''Intocáveis'' tem um relevo delicado, é revigorante e honesto no que propõe: discutir valores que por vezes faltam ao homem para que esse se torne mais humano. Frente a essa possibilidade, vale se permitir deslumbrar-se pelo que acontece em cena." (Marcelo Leme)
Um blockbuster francês feito de contrastes e boas atuações.
"Equilíbrio é uma condição que se cria sobre forças opostas. Intocáveis (Intouchables), que chega ao Brasil como o filme mais rentável na história da França (somando mais de US$ 360 milhões ao redor do mundo), se faz desta lógica. Dos seus inúmeros contrastes - riqueza/ pobreza, negro/ branco, clássico/ moderno, drama/ comédia, realidade/fantasia - surge a harmonia responsável pelo sucesso. Baseado nas memórias do empresário Philippe Pozzo di Borgo sobre sua amizade com o argelino Abdel Yasmin Sellou, o filme une o rico aristocrata tetraplégico Philippe (François Cluzet) ao problemático imigrante senegalês contratado para o auxiliar, Driss (Omar Sy), criando um humor honesto sobre desigualdades (físicas e sociais). Nenhuma dessas questões, contudo, chega a ser abordada em profundidade no roteiro dos diretores Olivier Nakache e Eric Toledano. O que importa é a relação entre Philippe e Driss. Não há questionamento, apenas troca - do porte físico e do bom humor do enfermeiro, da cultura e do dinheiro do empresário. A sintonia entre os protagonistas, também opostos, é o trunfo de Intocáveis. A experiência e sobriedade de Cluzet casam perfeitamente com o carisma de Sy, tornando belas cenas que poderiam ser mero pastelão em Hollywood - da forma desajeitada como Driss cuida do empresário, esquecendo constantemente da sua deficiência, à descoberta da maconha e de massagistas asiáticas por Philippe. Por mais que tente se vender como um filme de mensagem - Somos todos iguais, dizia um subtítulo em inglês -, Intocáveis não tem densidade para ser considerado um filme socialmente engajado. Não se preocupa em questionar as posses de Philippe, que o privam das dificuldades vividas por outros deficientes, ou as condições dos imigrantes na França. Sua importância, porém, vem justamente dessa despreocupação, criando não uma comédia dramática, mas um bom filme sobre a vida, onde certas questões não se resolvem, mas podem coexistir." (Natalia Bridi)
"Em 2005, os habitantes dos subúrbios parisienses demonstraram sua insatisfação para com o tratamento que lhes tem sido dispensado por meio de revoltas violentas. A desigualdade que motivou o levante perdura até hoje, agravada pela crise econômica que vem se arrastando na União Europeia há algum tempo. Essa população, em grande parte formada por imigrantes africanos, vive longe da iluminação cultural pela qual a Cidade-Luz é famosa e quase nunca ganhou uma voz no cenário internacional, só saindo da obscuridade que é peculiar às classes mais baixas quando ocorreram levantes desse porte. A introdução acima explica muito bem o porquê deste magnífico “Intocáveis” realizar certas alterações na transposição para o cinema da tocante história real de Philippe Pozzo di Borgo (narrada no livro autobiográfico O Segundo Suspiro). Herdeiro de duas famílias tradicionais francesas, ele ficou tetraplégico após um acidente de parapente, justamente na época em que sua esposa padecia de uma enfermidade que a levaria ao óbito. Interpretado com segurança ímpar por François Cluzet, Philippe é um homem que, superficialmente, parece ter aceitado sua condição, apesar do sofrimento e privações que esta importa. Outrora criado com a crença de que, por conta de sua fortuna, podia mijar em qualquer um, ele agora se vê em uma posição de dependência absoluta, não suscitando mais respeito ou inveja como outrora, mas pena. Esta era sua situação até conhecer aquele que se tornaria seu cuidador e amigo, sendo aqui que realidade (livro) e cinema se separam. Os diretores e roteiristas do longa, Olivier Nakache e Eric Toledano, enxergando o cenário que se apresentava nos subúrbios franceses, modificaram o co-protagonista da produção para que este passasse a ecoar as vozes das multidões que gritavam dos subúrbios franceses. Enquanto fora o argelino Abdel que cuidou de Philippe na vida real, na versão cinematográfica da história somos apresentados ao senegalês Driss, vivido pelo comediante Omar Sy. E é pelos olhos de Driss que conhecemos Philippe. Após um prólogo que nos mostra um pouco do que será a dinâmica entre os dois personagens, voltamos algum tempo no passado e vemos o dia em que eles se conheceram. Buscando apenas uma assinatura confirmando seu comparecimento para uma entrevista de emprego, visando obter auxílio-desemprego (criticado em um aceno para a direita francesa), o jeito desbocado de Driss para com o aristocrata deficiente, o tratando sem um pingo da piedade artificial que se transformou em sua realidade, acaba por lhe conceder um emprego. Nakache e Toledano apostam no choque cultural entre esses dois moradores de lados tão diferentes de uma mesma cidade, tratando-o com uma deliciosa leveza cômica. Os movimentos das mãos e pés de Driss são sempre valorizados pela câmera sempre certeira dos cineastas, servindo como contraponto do seu estático empregador. Já a realidade luxuosa e de cores vivas de Philippe contrasta com os compactos e monocromáticos conjuntos habitacionais onde vive a família de Driss. Esses, claro, são apenas reflexos visuais das diferenças entre os protagonistas. O grande trunfo do filme é mostrar como os backgrounds culturais dos dois acabam por se completar. Em dado momento, Driss diz que é os braços e pernas de Philippe, aquilo que o impulsiona, sendo isso uma verdade clara no longa, com as ações que tiram o bilionário de uma situação estagnada sendo quase todas iniciadas por seu cuidador. Em contrapartida, este é presenteado com conhecimentos de arte e a noção de responsabilidade. Nisso, a escolha do carismático e sorridente Omar Sy para o papel foi de uma felicidade inegável. Dotado de uma energia contagiante, seu Driss é o retrato da vivacidade, mesmo em seus momentos mais introspectivos ele se mostra como uma força enérgica prestes a irromper em movimento. Por mais que a trama envolvendo Philippe e Driss seja batida (homem de outra cultura conhece aristocrata e forja com ele amizade que muda a vida de ambos), a força dos dois personagens cativa o público, que responde com real interesse pela narrativa que se segue. Não atrapalha também o talento e o carisma dos atores que ajudam a contar essa história e a óbvia competência e sensibilidade dos realizadores. O roteiro encontra alguns pequenos solavancos, especialmente simbolizados na filha adotiva de Philippe e no irmão problemático de Driss, cujos conflitos são desenvolvidos de maneira deveras artificiais, mas que não comprometem o resultado final. Interessante notar que, apesar de os protagonistas influenciarem bastante um ao outro, eles jamais esquecem de suas identidades, percebendo que necessitam daquilo que o outro tem a oferecer para avançar. Nesse aprendizado está a verdadeira genialidade das alterações que Nakache e Toledano fizeram na história, em uma alegoria da interdependência dessas duas classes sociais tão diferentes em época de crise na Europa. Recomendado." (Thiago Siqueira)
''Muitos são os temas tratados no longa Intocáveis, que surpreendeu o mercado francês em 2011 ao se transformar na segunda maior bilheteria de todos os tempos no país. O filme fala de felicidade, compaixão, limitações, perdas, amor e diferenças raciais e econômicas na França do século 21. Aborda assuntos comuns à vida de todos nós de forma direta e sem divagações desnecessárias. Seus diretores, Olivier Nakache e Éric Toledano, recaem no lugar-comum algumas vezes, são simplistas outras tantas, mas levam ao público um filme honesto sobre as complexidades da vida. A trama conta a história de Philippe (François Cluzet), colecionador de artes que ficou tetraplégico após um acidente. Ele contrata como seu cuidador um rapaz senegalês, Driss (Omar Sy), porque este chama sua atenção na entrevista de emprego por seu jeito arredio e sua total ausência de piedade pelo homem prostrado imóvel em sua cadeira de rodas. Driss, na verdade, nem pensava em ser contratado, queria apenas que assinassem um atestado para que continuasse recebendo o salário-desemprego do governo. Previsivelmente (e a previsibilidade aqui não chega a ser um problema) estabelece-se uma relação improvável, mas totalmente compreensível, entre os dois. Philippe começa a dirimir um pouco de sua autopiedade e readquire o bom humor. Griss encontra a possibilidade de fugir da realidade pobre da periferia de Paris, onde se amontoam os jovens imigrantes africanos, e começa a sair um pouco de sua ignorância, num típico caso – muitas vezes retratado no cinema – de personagem fino lapidando personagem bruto. O enredo tocante, por si só, já explica muito do sucesso de ''Os Intocáveis''. Acrescenta-se a isso o fato do filme ser inspirado numa história verdadeira, narrada pelo Philippe da vida real no livro O Segundo Suspiro. Foi só colocar, então, dois atores fantásticos nos papeis principais - François Cluzet, invariavelmente impecável, e Omar Sy, que por esse papel se tornou o primeiro negro a ganhar um César, o Oscar do cinema francês – e desenvolver o enredo sem apegar para a pieguice e o dramalhão,afinal, a história de uma homem milionário, com um Maserati estacionado na garagem, e sem poder usufruir dos prazeres da vida já é dramática o suficiente. ''Intocáveis'' também é pontuado de alívios cômicos, que vão da entrevista de emprego de Driss e passam por situações nas quais tem de lidar com o mundo de luxo e riqueza de seu novo chefe. Philippe também se aproveita da situação e se diverte ao convencer, por exemplo, um comprador a levar (por muitos euros) um quadro pintado por Driss como se fosse a obra de um jovem e promissor talento da pintura. Muito do sucesso de ''Intocáveis'' na França se deve também ao debate político que se seguiu à sua estreia por tocar no assunto da situação dos imigrantes africanos nas periferias francesas, onde há alguns anos, durante o governo Sarkozy, ocorreram levantes violentos contra a falta de emprego e perspectiva. O filme não aponta soluções, nem este é seu propósito, mas humaniza os dois extremos da sociedade francesa e propõe que diferenças podem, às vezes, ser enriquecedoras e complementares. Para os brasileiros, distantes desses problemas específicos, resta a universalidade dos temas humanos muito bem abordados nesse belo e envolvente filme." (Roberto Guerra)
{A arte é nosso único vestígio de passagem pela terra} (ESKS)
70*2013 Globo / 2013 César
Top 250#61
Top Biografia #34
Quad Productions
Ten Films
Canal+
CinéCinéma
TF1
Chaocorp
Gaumont
TF1 Films Production
Diretor: Olivier Nakache / Eric Toledano
330.504 users / 226.463 face
Soundtrack Rock = Earth Wind & Fire + Nina Simone + George Benson
Check-Ins 314
Date 11/09/2013 Poster - ##### - DirectorJames WanStarsPatrick WilsonVera FarmigaRon LivingstonParanormal investigators Ed and Lorraine Warren work to help a family terrorized by a dark presence in their farmhouse.[Mov 04 IMDB 7,5/10] {Video/@@@} M/68
INVOCAÇÃO DO MAL
(The Conjuring, 2013)
TAG JAMES WAN
{assustador}Sinopse
''Harrisville, Estados Unidos. Com sua família cada dia mais apavorada devido a fenômenos sobrenaturais que a atormentam, Roger Perron resolve chamar dois demonologistas mundialmente conhecidos, Ed e Lorraine. O que eles não imaginavam era ter que enfrentar uma entidade demoníaca poderosa, que demonstra ser a maior ameaça às suas carreiras.''
"De primor técnico inegável, Invocação do Mal falha ao repetir os clichês de filmes de possessão. A boneca Annabelle mereceria um filme solo - é o melhor (e o mais aterrorizante) elemento da obra." (Alexandre Koball)
"Se o found footage foi banalizado pelo gênero, Wan nos transporta a um tempo de incipiência tecnológica para devolver ao medo seus artifícios mais legítimos: o plano aberto, o oculto e a casa de madeira onde o horror incide no extra campo. Bela atmosfera." Daniel Dalpizzolo)
"Demora um pouco a começar e o roteiro tem mais momentos mortos do que deveria, mas dentro da sua proposta de assustar, o resultado dessa combinação de "Poltergeist" e "O Exorcista", mesmo sem ultrapassar as limitações do gênero, é satisfatório." (Régis Trigo
"Se o roteiro é simplista, a direção de Wan compensa, conduzindo de forma habilidosa a tensão. O cineasta explora bem a casa e constrói planos com cuidado, evitando os sustos fáceis e os clichês e gerando cenas realmente nervosas. Acima da média atual." (Silvio Pilau)
"Tudo que o gênero já trabalhou (possessão, exorcismo, a casa mal assombrada, o sobrenatural) usado de maneira impecável, tanto técnica (fotografia, direção de arte, design de som e de produção) como narrativamente, compondo uma atmosfera aterrorizante." (Rodrigo Torres de Souza)
"Tal qual 'Insidious', Wan trabalha o horror clássico com moldes contemporâneos, acerta na atmosfera bizarra e pronta para pulos sinceros da cadeira. Um ou dois momentos daqui são inesquecíveis para o gênero." (Rafael W. Oliveira)
{Demônio é que nem pisar em chiclete: você pode mudar de lugar, mas acaba levando ele junto} (ESKS)
Adaptação de possíveis manifestações demoníacas nos tempos de O Exorcista e Amityville.
''Gênero difícil de trabalhar esse de terror, especialmente quando relacionado a possessões demoníacas, já que muito já fora feito e relativos sucessos conquistados, ainda com a sombra comparativa ao clássico imortalizado, O Exorcista (Exorcist, The, 1973). Se há muito pouco o que se inovar, então que seus clichês sejam tratados com alguma astúcia e que a história os tenha a seu favor narrativamente, e não como o típico mais do mesmo esgotado que funciona com os desacostumados. O anúncio de que se baseia numa história real vem como o prenúncio da possível existência do fato. Nunca fora comprovado. Ainda assim é o bastante para atrair olhares e motivar alguns curiosos a irem ao cinema conferir um dos mais custosos trabalhos dos famosos demonologistas (?) Ed e Lorraine Warren. De quebra ainda há a lembrança de um dos casos mais discutidos da dupla, o da apavorante boneca Anabelle. Lembrado geralmente por iniciar a febre Jogos Mortais (Saw, 2004), o diretor malaio James Wan entra na onda do sobrenatural pela segunda vez em poucos anos. Ele já tinha proporcionado uma experiência diferenciada em seu longa anterior, o competente e assustador Sobrenatural (Insidious, 2010) – que ganhará uma sequência ainda este ano –, demonstrando o quanto poderia ser promissor em filmes de horror. Com esse Invocação do Mal, provou que é uma boa aposta para um estilo desgastado. Ele dirige um filme de gênero definido e investe em nuances sombrias aterrorizantes, sem o uso exaustivo da trilha ou das sombras que oferecem espantos repentinos os quais praticamente prevemos antecipadamente. Seu trabalho de câmera, ora subjetivo, ora objetivo, é bem sucedido. Ele passeia pelos corredores e encontra guinadas em alguns planos específicos sem cortes. É visualmente atraentíssimo! A dupla central que encarna o casal Warren é vivida por estrelas hollywoodianas. Patrick Wilson – trabalhando novamente com Wan após Sobrenatural – assume o papel de Ed, demonologista não-padre reconhecido pelo vaticano que dá palestras explicando seu trabalho como se pudesse demonstrar cientificamente o que diz dominar. Já Vera Farmiga, sempre tão talentosa, dá uma dubiedade notável a Lorraine que sofre com o ofício, pois é mais do que uma caçadora de demônios, é uma sensitiva que revive situações e enxerga além das manifestações daqueles que busca salvar. Com a dupla de prestígio, Wan não se preocupa tanto em dirigir atores, já que notoriamente dá liberdade a experiência dos mesmos. Ele se concentra claramente nas 6 crianças em volta que seguem padrões ritmados cena após cena. Uma delas é Mackenzie Foy que viveu a filha de Edward e Bella em A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2 (Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 2, The, 2012). Ao menos dessa vez ela participou de um filme cujo sobrenatural pode ser levado a sério. A favor da obra está a ambientação setentista. Faz um eco com Amityville - A Cidade do Horror (Amityville Horror, The, 1979). O cunho artístico nos transporta aos filmes da época. A ausência de tecnologia surge como um empecilho para os personagens e um trunfo aos realizadores. O figurino e estilização também contribuem para acessarmos 40 anos atrás. Com isso emergem alternativas de horror, tal como o distanciamento do homem da cidade cuja dificuldade de comunicação compromete sua segurança; ou os métodos de trabalho dos Warren, limitados, com câmeras e microfones precários; e as brincadeiras das crianças que divertem-se com um simples esconde esconde, promovendo boas cenas salientando a ameaça presente, porém invisível. O roteiro baseado no evento dito verídico se concentra em tentar dar um embasamento teórico as manifestações através de aulas, palestras e diálogos entre os personagens, pondo em dúvida o que é verdadeiramente real. Os roteiristas, Chad Hayes e Carey Hayes, especialistas em filmes de terror, se encarregam de passar informações importantes para compreendermos o que está acontecendo e o que poderá vir a acontecer. É um acerto narrativo que oferece com didática várias possibilidades de sucessões, sem preocupar-se em cumprir cada uma. Pesquisas e constatações religiosas surgem com ênfase à idéia de tratar-se de possessões demoníacas, há até uma breve retratação histórica a respeito da ação do catolicismo a respeito desses casos. Dirigido com crueza e sem inventividades, mas com competência, adentramos numa atmosfera distinta, sombria e ameaçadora. Nos importamos com seus envolvidos diretos: a família atormentada num antigo casarão que compraram num leilão e o casal caçador com suas razões pelas quais escolheram trabalhar com isso. Percebemos temores nas minúcias, nos detalhes bem dispostos, como em uma cena onde uma das meninas está desesperada afirmando ver alguém atrás da porta de seu quarto. Não vemos o que ela enxerga, tampouco questionamos sua sanidade, somos levados a crença devido ao que já fora proposto logo nos minutos iniciais da fita. Farmiga também expressa detalhes em sua atuação sucinta, são vários os atos em que observa alguns locais subitamente fazendo expressões temerosas reparando o que nós e os outros personagens não tem condições de perceber. Quando a câmera converte-se em seu olhar, aí sim vislumbramos o que lhe terrifica. Subvertendo formas, o filme se desenrola com clareza surpreendente, já que não larga muita coisa em suspensão, resolvendo-se em suas limitações. James Wan é criativo, varia cenas de profunda tensão com outras de terna leveza, cumprindo conjuntamente a fotografia e direção de arte um universo ermo. Finalizado, comparamos inevitavelmente a obras semelhantes e notamos o quão melhor Invocação do Mal é justamente por ser serenamente objetivo e rústico, pensado cuidadosamente. Precisamos acreditar no que vemos por 120 minutos para o filme funcionar. O ceticismo amarga as experiências que filmes de horror proporcionam e deve ser ignorado em benefício do cinema e de sua arte." (Marcelo Leme)
''Nenhum site especializado em filmes de terror conseguiu fazer sua lista de melhores de 2103 sem "Invocação do Mal". Ser dirigido por James Wan, o cara que criou a série "Jogos Mortais", é um ponto favorável ao filme. O bom casal que interpreta os caça-fantasmas também ajuda - Vera Farmiga, de Os Infiltrados, e Patrick Wilson, de Menina Má.com. Mas o diferencial do filme foi ser baseado na história real de uma família aterrorizada por maus espíritos que se recusavam a sair de sua casa. E a família insiste até hoje na veracidade de tudo. "Invocação do Mal" deve fazer quem produz franquias como Atividade Paranormal sentir inveja - e vergonha. O filme de Wan cumpre sua premissa: assusta, e muito. Entra na galeria de boas casas assombradas do cinema, com Poltergeist (1982) e Horror em Amityville (o original, de 1979)." (Thales de Menezes)
''A julgar por alguns lançamentos recentes, parece que os diretores de filmes de horror do cinemão comercial de Hollywood estão deixando de lado os efeitos especiais exagerados e o 3D para se concentrar em boas histórias. Há algumas semanas, estreou Os Escolhidos. Hoje é a vez de "Invocação do Mal", outro bom filme. Dirigido por James Wan (Jogos Mortais), é mais uma história sobre exorcismo e uma casa assombrada por espíritos malignos, mas contada com estilo, clima e uma boa dose de humor. O filme é inspirado em um caso supostamente real envolvendo Ed e Lorraine Warren, investigadores especializados em fenômenos paranormais e conhecidos pelo caso de Amityville, que gerou dois filmes, alguns livros e muitas acusações de charlatanismo. "Invocação do Mal" se passa em 1971. O casal Perron - Carolyn (a ótima Lili Taylor) e Roger (Ian Livingston) - se muda com as cinco filhas pequenas para uma velha mansão à beira de um lago. A família não demora a perceber que algo está errado com a residência: pássaros caem mortos no jardim, barulhos de passos são ouvidos à noite e todos os relógios da casa param de funcionar na mesma hora. Os Perron chamam Ed (Patrick Wilson) e Lorraine (Vera Farmiga) para ajudar, e o filme vira uma assustadora caçada ao demônio. Muitos filmes do gênero cometem o erro de empilhar efeitos especiais por toda a história, o que tira o impacto do clímax. Mas o diretor James Wan mostra talento para criar um clima de suspense crescente com cenas simples e bem arquitetadas, incluindo uma envolvendo uma inocente brincadeira de cabra-cega. O filme culmina em uma ótima sequência de exorcismo, aí sim, com muito barulho e efeitos especiais. Wan é esperto e não tenta empurrar o filme como uma experiência real, a exemplo de alguns filmes do gênero found footage, como Atividade Paranormal. Quem quiser acreditar, que acredite. O roteiro traz alguns diálogos engraçados e até ingênuos, que tornam a coisa toda meio cômica. Quando perguntam aos Warren se basta sair da casa mal-assombrada para se livrar dos espíritos, eles dizem: Demônio é que nem pisar em chiclete: você pode mudar de lugar, mas acaba levando ele junto." (Andre Barsinski)
Ótimo elenco e senso de espaço fazem a diferença em terror de casa mal assombrada.
''Embora trate do trabalho dos demonologistas Ed e Lorraine Warren, ''Invocação do Mal'' não toca num ponto polêmico da carreira do casal, as acusações de adulterar casos paranormais - como o famoso ocorrido em Amityville em 1975 - para exagerá-los em adaptações ficcionais, em livros e no cinema. De qualquer forma, o tom documental que o diretor James Wan usa de início, como se estivéssemos diante de um programa investigativo de TV sobre os Warren, com uma introdução pedagógica antes da cartela de créditos, ajuda a dar a Invocação do Mal não só uma cara de terror-baseado-em-fatos, mas principalmente um clima de desafetação. Ed e Lorraine, vividos por Patrick Wilson e Vera Farmiga, são chamados a investigar uma potencial tentativa de possessão no novo e afastado sobrado de um casal com cinco filhas. Quando surge a família no casarão mal assombrado, nessa pegada desafetada, eles parecem gente como a gente, e isso é crucial para colocar o espectador do filme. O segredo, antes de mais nada, está na escalação. Nomes como Farmiga e Wilson trazem consigo personas de credibilidade, pelos dramas que já estrelaram no cinema ou na TV, mas é Lili Taylor o trunfo de Wan. Ela tem a fragilidade das grandes mães dos filmes de terror, como a Ellen Burstyn de O Exorcista ou a Mia Farrow de O Bebê de Rosemary - não uma fragilidade de vítima, mas de quem, apesar dos seus esforços, não tem como lidar com um demônio sozinha. Nesses filmes citados, a possessão serve de metáfora para os desafios da maternidade, e em Invocação do Mal não é diferente. São cinco filhas, afinal, de idades e perfis e humores distintos, como o roteiro dos gêmeos Carey e Chad Hayes faz questão de diferenciar nas cenas da mudança. São também cinco vezes mais chances de tudo dar errado numa casa projetada para tal. Pode parecer óbvio, mas para ser efetivo um terror de casa mal assombrada depende de uma casa bem escolhida e, principalmente, bem filmada. O cenário em Harrisville, Rhode Island, parece bastante genérico do lado de fora - árvores ladeando a propriedade, um lago turvo à frente, como sempre - mas aos poucos o sobrado, feito de quartos com portas duplas e muitos vãos, mostra que tem "personalidade" própria. Pois não é pelo choque ou pelo grotesco que James Wan nos pega, e sim pela forma como se move na casa. Quando as assombrações se materializam, não há música-de-susto, nem chicote/corte rápido simulando um desviar do olhar - elas simplesmente estão lá, como se fossem parte da mobília. O que desconcerta o espectador é outra coisa: é ser apresentado a essa casa de forma hospitaleira, atenciosa, com planos em traveling, de cômodo em cômodo (a ampla profundidade de campo sempre deixa os objetos na casa em foco), para depois termos esse conforto roubado: a montagem do filme usa o número de portas em cada quarto para nos desnortear, e a multiplicidade de ângulos (câmera ora no teto, ora de ponta-cabeça) e de perspectivas (câmera sobre o ombro da mãe, do pai, das filhas, é gente demais num lugar que já não parece grande o suficiente) termina de fazer o trabalho. O grande volume de informações no quadro - quando tudo está em foco, tudo pode ser fonte de sustos - faz com que o espectador se comporte como nos terrores de vigilância à moda Atividade Paranormal, que dependem da atenção do espectador a todos os detalhes, para funcionar. A diferença aqui é que James Wan evita o formalismo desses terrores de hoje; Invocação do Mal pode soar cheio de tecnicidades mas, mesmo nos seus momentos de virtuose, o diretor ainda mantém um pé na desafetação. No fim o público tende a ficar apavorado - e não assustado - porque a casa em si se torna uma incerteza, e não só um lugar com focos de terror. Talvez por isso o clímax, em que tudo e todos se comunicam sem respeitar paredes ou andares, seja tão catártico, de fato situado no coração do mal." (Marcelo Hessel)
New Line Cinema
Safran Company, The
Evergreen Media Group
Diretor: James Wan
304.434 users / 132.339 faceSoundtrack Rock
The Zombies / Mike Oldfield / Dead Man's Bones / Breaking Benjamin
Check-Ins 720 35 Metacritic 91 Up 118
Date 07/10/2014 Poster - ### - DirectorTakashi MiikeStarsTadanobu AsanoNao ÔmoriShin'ya TsukamotoAs sadomasochistic yakuza enforcer Kakihara searches for his missing boss he comes across Ichi, a repressed and psychotic killer who may be able to inflict levels of pain that Kakihara has only dreamed of achieving.[Mov 03 IMDB 7,1/10 {Video/@@} M/50
ICHI - O ASSASSINO
(Koroshiya 1, 2001)
''O Realizador Takashi Miike já nos habituou a filmes extremamente violentos, que contêm imagens fortes e personagens que fariam qualquer um corar de vergonha. Considerado controverso por muitos, devido à facilidade com que mostra uma violência extrema nos seus filmes, Takashi Miike não descura os seus fãs com esta obra. No Japão, Anjo, um chefe da máfia Yakusa, desaparece com três milhões de ienes. Os membros do seu gang, liderados pelo masoquista KaKihara (Tadanobu Asano), iniciam uma busca intensiva para o encontrar, mas a agressividade dos métodos utilizados, e o sangue que derramam pelo caminho, vai chamar a atenção de outro gang rival. Para complicar ainda mais, encontram um obstáculo em Ichi (Nao Ohmori), um assassino psicopata com uma infância obscura e secreta, que é controlado por um polícia aposentado. Um a um Ichi vai eliminando os Yakusa, enquanto KaKihara faz de tudo para o encontrar. Para quem não está acostumado ao cinema asiático, e também ao cinema de Takashi Miike, este é um filme que facilmente o vai chocar. Desde o seu início, assistimos a um festival de sangue derramado, de torturas e espancamentos, são sucessivas as cenas sanguinárias e sádicas, que são devidamente apoiadas nas suas personagens lunáticas e um tanto ao quanto caricatas. Tudo isto cria um ambiente muito próximo do surreal, não descurando o realizador os momentos cómicos, recriados por um humor muito próprio e característico. Facilmente pode ser considerado um filme de categoria B, mas pela dimensão e importância do Realizador, não sei até que ponto se enquadra nessa categoria. Globalmente, este filme de Takashi Miike não é para qualquer um, é uma obra forte, pesada e violenta, de um realizador inteligente e muito seguro no que faz, e com um estilo muito peculiar, desde logo não aconselhável para todos os que têm estômago fraco." (c7ne)
"Coloque mais sentimento no espancamento! Se você vai fazer outra pessoa sentir dor, você tem que fazer isso do coração! É complicado escolher apenas uma citação para iniciar uma crítica a Ichi, o Assassino, de Takashi Miike. Existem dezenas de frases geniais no filme, todas com o senso de humor doentio característico da obra do demente japonês. Aliás, não apenas as frases, mas todo o filme está rondado de humor. Vezes ácido e vezes idiota; vezes sádico e vezes masoquista. Ácido, idiota, sádico e masoquista, essas são as palavras corretas para descrever Ichi, o Assassino, seu protagonista Kakihara e de certa forma, toda a obra de Miike. "Ichi, o Assassino" (Koroshiya 1, do original japonês) fala sobre um chefe da Yakuza apelidado de Boss Angel, que foge com uma grande quantia em dinheiro, fazendo com que Kakihara e sua gangue passe a persegui-lo. Os métodos chocantes de tortura de Kakihara chamam a atenção de gangues rivais. Tudo piora quando Kakihara contrata Ichi, um brutal psicopata depressivo. O enredo básico apesar de ser batido e até meio clichê, é conduzido de maneira insana pelo roteiro de Sakichi Satô e Hideo Yamamoto. As doses cavalares de violência apresentadas na tela chegam a ser hiperbólicas (a exemplo da cena do estupro, seguido de espancamento, seguido de mutilação, seguida de empalamento), e as personagens tão exagerados quanto a violência. As características delas são dignas de seriados do Adult Swim: Kakihara é um torturador masoquista e gay; Ichi é um assassino depressivo e doente mental criado e controlado por hipnose; Jirô e Saburô são dois mercenários gêmeos que se comunicam por telepatia; Jijii controla Ichi e é viciado em comida; Karen também é controlada por Jijii e faz um treinamento com Kakihara (em uma das brilhantes cenas protagonizadas pelos dois que ouvimos a frase que abre esse texto). Sem contar a prostituta que agride verbalmente Ichi por salvá-la de um estupro (sendo assassinada logo depois, em um ato desesperado do pobre assassino). Todos os clichês de uma trama supostamente batida são quebrados aqui, e quando não são quebrados, são mostrados de maneira tão extrema que passam a ser originais. Mesmo com a originalidade do roteiro, o que realmente chama a atenção para o filme é a genialidade retardada de Takashi Miike, que apresenta aqui um de seus trabalhos mais bizarros. Cortes abruptos, câmeras rápidas sendo alternadas com câmeras lentas, closes e o gore mostrado sem nenhum escrúpulo podem ser comparados com Morrer ou Viver e Sukiyaki Western Django, ambos do mesmo diretor. A batalha final entre Ichi e , Kakihara é muito bem construída por Miike, de maneira alinear e fantasiosa, com entradas na mente de Kakihara e várias mortes seguidas de ambos os personagens, além da decapitação de um pequeno garoto que se dispôs durante o filme inteiro a ser o único amigo de Ichi, provando que Miike é um diretor sem limites morais ou éticos. Ichi, o Assassino" é um filme recomendado para todos os fãs do bom cinema asiático. Não o dos fantasmas com cabelo grande e molhado, mas sim o cinema contundente e ácido de Chan-wook Park, Shion Sono, Fruit Chan, Nobuo Nakagawa e, sem dúvidas, Takashi Miike. Afinal, ser um ídolo do rei do mimimi Quentin Tarantino não é para qualquer um." (Lucca Seixas)
"Brutal ao melhor estilo Takashi Miike, o filme implica em masoquismo, obsessão, perversão, violência, imoralidade, vingança e sangue, muito sangue. Aos fãs do cinema asiático, esse se degusta cru.'' (Marcelo Leme)
Top Coréia do Sul #28
Top Hong Kong #29
Omega Project
Omega Micott Inc.
Emperor Multimedia Group (EMG)
Star Max
Alpha Group
Spike Co. Ltd.
Excellent Film
Diretor: Takashi Miike
37.078 users / 4.237 face
Check-Ins 351
Date 04/10/2013 Poster - ## - DirectorSergei EisensteinStarsNikolay CherkasovLyudmila TselikovskayaSerafima BirmanDuring the early part of his reign, Ivan the Terrible faces betrayal from the aristocracy and even his closest friends as he seeks to unite the Russian people.[Mov 04 IMDB 7,6/10] {Video}
IVAN - O TERRÍVEL
IVAN - O TERRÍVEL - PARTE 1 (reissue title)
(Ivan Groznyy I, 1944)
TAG SERGIO M. EISENSTEIN
{grandioso}Sinopse
''Em 1547, Ivan IV, arquiduque de Moscou, se auto-proclama o Czar de Rússia e se prepara para retomar territórios russos perdidos. Superando uma série de dificuldades e intrigas, Ivan consegue manipular as pessoas destramente e consolidar seu poder.''
"Esteticamente interessante, com sombras longas, grandes, expressões faciais fortes e caricatas, e tudo o mais, ainda assim parece um filme 15 anos atrasado no tempo, da Era do cinema mudo. O roteiro tem momentos fortes e cortes abruptos na linha do tempo."(Alexandre Koball)
"Com influências expressionistas e teatrais, Eisenstein critica elites e a divisão constante do território russo na briga por poder. Só que o filme, nesta primeira parte isoladamente, é marcado demais, maniqueísta, e quase artificial." (Emilio Franco Jr)
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''De vez em quando a TV se sai. Hoje, por exemplo, há "Ivan, o Terrível", primeira parte do magnífico filme final de Eisenstein. Foi uma encomenda de Stalin ao cineasta para celebrar o czar do século 16. Em poucas palavras, Stalin queria um filme que celebrasse a ele mesmo. É, para muitos (Eric Rohmer entre eles, o que não é pouco), é o maior filme do cineasta russo. Ao contrário do que se poderia imaginar, o som aqui só alargou os horizontes da arte do cineasta. Um filme para não perder em hipótese alguma.'' (* Inácio Araujo *)
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''Mais "Ivan, o Terrível". Desta vez a primeira parte, aquela em que Stálin se via refletido. Século 16: Ivan sobe ao trono, sucedendo o pai, com apenas três anos de idade. Torna-se czar ainda adolescente numa corte cheia de intrigas. Ivan dispõe-se a estabelecer um estado centralizado forte e moderno. Sabe que está só e teme ser assassinado o tempo todo. Mas enfrenta as tramas com mão de ferro e ainda estende os domínios da Rússia. Não é difícil imaginar porque Stálin se via refletido nessa figura, ainda mais em tempos de guerra. Para nós, o que conta, porém, é a maneira como Eisenstein, cineasta maior, maneja imagem e sons para compor sua obra-prima.'' (** Inácio Araujo **)
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''Ivan 4º tornou-se czar da Rússia aos 16 anos, em 1547. Reinou até sua morte, em 1584, numa trajetória de conquistas territoriais que transformou a Rússia em um grande Estado, que abrigava várias etnias e religiões. Sua figura era idolatrada pelo secretário-geral soviético Josef Stálin, que encomendou um filme sobre Ivan ao cineasta Serguei Eisenstein, consagrado por O Encouraçado Potemkin, "Ivan, o Terrível", de 1944, é o volume 17 da Coleção Folha Grandes Biografias no Cinema. O livro-DVD vai às bancas no domingo. Na verdade, é a primeira parte da obra de Eisenstein. A segunda, rejeitada por Stálin, seria lançada apenas em 1958, após a morte do diretor." (Thales de Menezes)
Top Biografia #15
Mosfilm
TsOKS
Diretor: Sergei M. Eisenstein
7.768 users / 1822 face
Date 13/11/2014 Poster - ##### - DirectorSergei EisensteinStarsNikolay CherkasovSerafima BirmanPavel KadochnikovAs Ivan the Terrible attempts to consolidate his power by establishing a personal army, his political rivals, the Russian boyars, plot to assassinate their Tsar.[Mov 08 IMDB 7,7/10] {Video}
IVAN - O TERRÍVEL - PARTE 2
(Ivan Groznyy. Skaz Vtoroy: Boyarskiy Zagovor, 1958)
TAG SERGIO M. EISENSTEIN
{grandioso}Sinopse
''Proibido por Stalin na URSS até 1958, o filme retrata o czar Ivan tentando criar um exército particular para o retorno a seu reinado, aliando-se a uma poderosa tia, que trama colocar seu próprio filho no trono.''
"Foram 14 anos entre a primeira e a segunda parte, mas o filme é homogêneo com relação à primeira parte. Há muitas cenas marcantes e força nas interpretações, além da direção primorosa." (Alexandre Koball)
"Se anteriormente havia exaltado a revolução russa, aqui Eisenstein se volta contra governos autoritários em geral e incita a indignação contra qualquer tipo de absolutismo (de elites, do povo, da fé). É a transformação negativa provocada pelo poder." (Emilio Franco Jr)
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"O filme sobre Ivan 4º, "Ivan, o Terrível - Parte II", fala mais da URSS sob Stalin do que sob o czar. A obsessão de Ivan é libertar a Rússia de seus invasores e unificá-la. Pode ser mais sintomático? Pode. Ivan enfrentará aqui a revolta da corte. Pode perseguir altos ideais, mas com muito mais mão pesada persegue todo e qualquer inimigo. O faz com crueldade, pois o seu fim é o poder. Dito isso, alguém estranhará que o filme tenha sido proibido por Stalin (que queria se retratar no Ivan unificador, não no sanguinário) e só tenha sido exibido em 1958? Que importa? Este é provavelmente o maior Eisenstein (com a primeira parte, que passa amanhã): livre da obsessão pela montagem, leva ao paroxismo a beleza e a força de suas imagens." (* Iácio Araujo *)
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''Ah, Ivan... Nada mais difícil do que datar com certeza o longa "Ivan, o Terrível - Parte 2". Aceitemos que o filme (inteiro) foi filmado entre 1943 e 1945. A primeira parte foi lançada em 1945 e recebida com foguetes pelo Kremlin. Pudera: Stálin podia se ver muito bem na fita em que o czar dominava a ferro e fogo inimigos estrangeiros e, sobretudo, internos. Já a segunda parte... Foi preciso que a URSS completasse seu processo de desestalinização: o filme só foi circular em 1958. Stálin percebeu que sua identificação com o protagonista já não estava tão bem na fita. E que fita! Como escreveu Eric Rohmer: O cinema aparece aqui como a síntese de todas as artes, sem a menor degradação ou demissão de uma ou outra. É ópera, arquitetura, drama, painel e, mais, um filme de verdade, que exerce um poder de fascinação sui generis.'' (** Inácio Araujo **)
Top Biografia #34
Mosfilm
TsOKS
Diretor: Sergei M. Eisenstein
5.801 users / 1.298 face
Date 16/11/2014 Poster - ##### - DirectorsEthan CoenJoel CoenStarsOscar IsaacCarey MulliganJohn GoodmanA week in the life of a young singer as he navigates the Greenwich Village folk scene of 1961.{Video/@@@@} M/92
INSIDE LLEWYN DAVIS - BALADA DE UM HOMEM COMUM
(Inside Llewyn Davis, 2013)
"Desde Gosto de Sangue (1984), a filmografia dos irmãos Coen se impôs com um tipo peculiar de humor, inteligente e ácido, e com um interesse recorrente pelo destino de perdedores ou, o que dá no mesmo, de excluídos do sonho americano. "Inside Llewyn Davis "" Balada de um Homem Comum" acompanha, portanto, um típico personagem dos Coen, um cara já não tão jovem que teima em ser músico na Nova York no início dos anos 60. Como anuncia o título, essa é uma história íntima, contada de perto. Do início ao fim, ficaremos, portanto junto a esse pobre coitado. Escutaremos sua lamúria na forma da canção folk com que ele se apresenta num bar na primeira cena e seguiremos cada passo de sua vida sem rumo por sofás, caronas e bancos de estação, onde ele tenta descansar um corpo que, apesar de jovem, mal se sustenta. Davis é uma espécie de rei Midas ao contrário, pois tudo o que toca dá errado. Perdeu o amigo com quem formava dupla. Numa transa ocasional, engravida a amiga. Ao sair da casa de um professor que lhe oferece abrigo noturno, deixa o gato fugir. Entra numa fria ao tentar escapar da vida dura em Nova York e vai parar na gélida Chicago, onde nem conhecidos encontra. Por fim, quando resolve desistir de tudo e reingressar na vida de marinheiro, depara-se com uma burocracia típica de Kafka. Como uma Alice no País dos Tormentos, o périplo de Davis começa quando ele corre em busca do gato, não por acaso chamado Ulisses. Em contraponto ao animal, que dispara para longe da nossa vista, a narrativa segue colada no músico, protagonista de uma epopeia às avessas. Pois ao contrário do herói clássico, esse é um homem sem qualidades. Sua escolha como protagonista reafirma a vontade de um cinema diferenciado praticado pelos Coen desde a estreia da dupla há três décadas. Apesar da trajetória de sucesso, vencedores de Oscar e tudo mais, seus filmes funcionam como um antídoto ao modelo uniforme de narrativas hollywoodianas, em que o herói ocasional de antes foi derrotado pelos super-heróis.
Herdeiros de uma anomalia que pareceu vingar nos anos 70, os Coen conseguiram preservar a aura dos anti-heróis, espécie que, no entanto, sobreviveu na TV e hoje serve de alimento cotidiano na forma dos Walter White, Don Draper e tantos outros. Se seu Llewyn Davis parece tão próximo, é porque os Coen evitam sobrecarregá-lo com efeitos de caricatura, procedimento favorito da dupla e que nem sempre funciona. Em vez disso, seu tratamento é terno, mesmo quando exposto à crueldade dos diálogos. Afinal, seu protagonista é como os milhões de Coen espalhados pelo mundo, um lugar onde o fracasso está ao alcance de todos." (Cassio Starling Carlos)
"Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum" é o tipo de título produzido por esse tipo de terrorismo intelectual que consiste em desfazer de todo nome de filme que não seja o original ou a sua tradução literal. Quer dizer: no caso, o título original não quer dizer muita coisa, e a tradução dele também não: para isso, um só bastava. Certo é que os diretores e irmãos Ethan e Joel Coen não tratam bem de um homem comum: Llewyn Davis (papel de Oscar Isaac) é um jovem músico que busca, na década de 1960, impor suas composições num ambiente que o repele. O personagem de Davis verá que talento e temperamento artístico não são o que mais conta nesse meio. Estamos no oposto dos contos de fada hollywoodianos, em que o esforço (artístico) é sempre recompensado pelo sucesso." (* Inácio Araujo *)
''Muitas vezes pode-se questionar os irmãos Coen por se valerem de um certo comercialismo de qualidade, digamos assim. Ou, em outras palavras: por correrem muito menos riscos do que parecem correr. Esse não é certamente o caso de "Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum". Davis é um jovem compositor americano na virada da década de 1960. Ao vê-lo, parece que assistiremos à história de um Bob Dylan. No entanto, seu caminho mostra-se muito mais tortuoso do que poderia o espectador desejar. E os Coen conduzem bem sua trama, ora dando a impressão de que se abre a porta do sucesso para o rapaz, ora fazendo exatamente o inverso disso. É o que existe de imponderável, de mero acaso, na vida de um artista – inclusive o eventual sucesso ou não – que trata o filme. Com dureza e pertinência.'' (** Inácio Araujo **)
"Diante dos filmes dos irmãos Coen, a crítica costuma se dividir entre aqueles que os consideram autores cínicos, que desprezam seus próprios personagens, e os que veem jornadas não convencionais conduzidas por anti-heróis, marcadas por um humor profundamente judaico. Qualquer que seja a facção, no entanto, é difícil negar que os Coen têm construído uma obra de rara solidez, com filmes de assinatura facilmente reconhecível mas, também, em eterno movimento. Em vários sentidos, Inside Llewyn Davis é um passo original, um desafio imposto pelos diretores/autores à sua própria trajetória. Nesses tempos de supervalorização dos roteiros fundamentados na trama e na jornada do herói, os Coen realizaram um filme com um fiapo de trama e radicalmente concentrado em seu protagonista - possivelmente um dos mais difíceis anti-heróis a serem retratados em um filme. Llewyn Davis é um homem de forte tendência autodestrutiva, aquela figura agradável e doce que subitamente se transforma num monstro, pronto para estragar a festa. Davis é também um artista - um músico, que, como tantos, tem problemas com o sucesso. Sempre que essa possibilidade se avizinha, ele trata de arrumar uma forma de afastá-la de vez. Inside Llewyn Davis, portanto, é um estudo de personagem, e não por acaso um dos acertos do filme é a escolha de uma não-estrela, o ator Oscar Isaac (com seu olhar que desperta compaixão), para viver o protagonista. O roteiro não segue cartilhas, dividindo-se em duas etapas claras: a primeira, uma recriação da cena folk do bairro de Greenwich Village, em Nova York, no começo dos anos 1960 (de onde saiu Bob Dylan); a segunda, um bizarro filme de estrada em que Davis viaja na companhia de um velho homem de jazz de Nova Orleans e um motorista calado. Nessa segunda parte, os Coen mostram que não estão para brincadeira, invertendo de forma extremamente original a estrutura do road movie e suas noções de rota principal e "desvios". No fim da estrada, sinto informar, não há redenção possível. Para Davis - e para desconforto do público - o sucesso não virá. O que talvez explique a presença tímida do filme na próxima cerimônia do Oscar." (Pedro Butcher)
A falsa encruzilhada.
''Quem nutria altas expectativas pelo novo longa de Joel e Ethan Coen não vai se decepcionar. Para os fãs de musica folk então, serão 105 minutos de puro deleite. Ali está o cinema autoral que tanto apreciamos, transposto para a Greenwich Village dos anos 60. Roteiro inteligente, personagens complexos, diálogos e atuações brilhantes, fotografia e arte impecáveis, sem falar no delicioso sarcasmo que perpassa até mesmo as cenas mais dramáticas. Inside Llewyn Davis (2013) é um filme de época, recheado de belas músicas. Passa-se na cena folk de Nova Iorque e reúne um elenco cheio de boas surpresas: o astro pop Justin Timberlake, Adam Driver e Alex Karpovsky (ambos atuam na série da moda Girls, do canal HBO); os veteranos John Goodman e F. Murray Abraham; a cobiçada Carey Mulligan; e Oscar Isaac, no seu primeiro grande papel no cinema. Inside Llewyn Davis é o nome da mais recente gravação (em disco vinil) de um cantor folk cuja dupla, com quem fez relativo sucesso no passado, cometeu suicídio. Se o filme revela algo sobre seu protagonista, ao adentrar na sua intimidade e subjetividade, é que para ele não há possibilidade de redenção. Não pelo mundo ser cruel, injusto e as pessoas não se mobilizarem a seu favor, mas porque Llewyn é simplesmente incapaz de se mover. A musica é sua única via de comunicação com o mundo, a única forma de se conectar com as pessoas. Mas suas composições parecem ter perdido a capacidade de transformar a realidade à sua volta. Quando toca no carro para desconhecidos com quem divide a gasolina para Chicago, um dorme e o outro sequer reage. Quando performa para um importante empresário musical, este lhe devolve com dureza e pragmatismo uma proposta medíocre. Finalmente, quando canta para seu pai (internado com Alzheimer numa casa de idosos), este esboça uma reação mas logo sabemos que ele estava defecando nas próprias calças. A sinopse anuncia: Llewyn se encontra de frente a uma encruzilhada. O filme na verdade o coloca diante de sucessivas bifurcações, potenciais turning points na sua vida pessoal e profissional. Elas aparecem inclusive de forma insistente, reiterativa. O protagonista precisa cuidar de um gato por um ou dois dias até conseguir devolvê-lo ao casal de amigos que o abrigou no sofá da sala por uma noite. O animal se esgueira pela porta quando Llewyn sai do apartamento, no dia seguinte, sem que ninguém mais estivesse em casa. Mas Llewyn não é capaz de impedir que o gato escape de novo e o perde para a cidade. Quando retorna à casa dos amigos com o gato que encontrou na rua, dias depois, pensando ser o mesmo, e descobre tratar-se de outro animal, imaginamos que ele vai adotá-lo, apegar-se ao bicho, pois ele o leva consigo para Chicago. Em vez disso, ele o abandona no meio do caminho para seguir viagem sozinho. Quando descobre a gravidez de Joan (casada com seu amigo Jim) e, já no consultório do médico que fará o aborto, descobre que, dois anos antes, sua antiga namorada não havia interrompido a gravidez como pensava, nem por isso Llewyn a procura e, chegada a oportunidade de visitá-la (ela e o filho ou filha), não desvia seu caminho. Por fim, a aparente reviravolta profissional, com o abandono da música para trabalhar novamente na marinha, não é levada a cabo. Assim, o filme segue dando falsas pistas de mudanças, sempre abortadas. A começar pela falsa narrativa cronológica, que revela-se quando descobrimos que a cena inicial não é o ponto de partida, mas de chegada da história. O show que abre o filme mostrava o oposto do discurso do fracasso e, a principio, parecia que as sucessivas desventuras que acontecem ao personagem só têm início depois que um homem o enche de socos, na saída dos fundos do bar onde tocou. O filme começa e termina na mesma cena porque, no fundo, o personagem nunca saiu do mesmo lugar. Suas escolhas não o levam a lugar nenhum, ele está apenas andando em círculo. Quando diante das diversas encruzilhadas que encontra em seu caminho, Llewyn escolhe sempre a via que o faz retornar ao lugar de onde saiu." (Lygia Santos)
''Inside Llewyn Davis - Balada de Um Homem Comum'', de Ethan e Joel Coen, narra a história repleta de reveses de Llewyn Davis. Com seu violão em punho, sofrendo com o implacável inverno novaiorquino, ele luta para viver como músico apesar dos muitos obstáculos que tem de enfrentar. O longa é uma meditação divertida sobre a busca pelo sucesso e reconhecimento, permeada por algumas grandes atuações, sequências impagáveis e trilha sonora de primeira. Os irmãos Coen imprimem seu estilo pessoal e inconfundível de dirigir ao contar de forma bem-humorada o drama de seu personagem central, interpretado Oscar Isaac - guatemalteco radicado nos Estados Unidos - com maestria. Seu personagem busca triunfar na cena musical, mas conhece apenas fracassos. Vive do favor de amigos e estranhos e ganha alguns trocados com os poucos trabalhos que consegue. Repleto de músicas interpretadas pelo próprio Isaac e por Justin Timberlake e Carey Mulligan (que vivem o casal de amigos do Village), Inside Llewyn Davis evoca com humor e melancolia a cena musical de Greenwich Village, o bairro boêmio de Nova York, no início dos anos 1960. É neste cenário que Davis vive sua tortuosa relação com o sucesso, que não cruza seu caminho apesar do talento inegável. Apesar de bom no que faz, a capacidade de Davis para lidar com qualquer coisa parecida com a vida real é muito menos óbvia. Vamos descobrindo as nuances desse batalhador de maneira contemplativa, com o abnegado músico ganhando dimensão e profundidade para o espectador num cenário de tons desbotados que nos remete à época e momento vivido pelo artista frustrado. O filme muda de tom quando Davis cai na estrada determinado a participar de uma audiência com um dos maiores produtores de música folk dos EUA (F. Murray Abraham); uma viagem insana, espécie de odisseia que o leva a partilhar um carro com um músico de jazz mal-humorado (John Goodman) e seu fiel e lacônico companheiro (Garrett Hedlund). Se o sucesso é a soma de talento com estar no lugar certo na hora certa, Davis só tem o talento mesmo. É um azarado de marca maior. Tudo dá errado em sua vida: perde o parceiro com quem formava dupla, engravida a amiga numa transa ocasional, deixa o gato de estimação de um colega fugir depois de passar a noite em sua casa... Mesmo quando pensa em desistir da vida artística, as coisa dão errado. Nos sentimos bem próximos desse protagonista porque ele é como os milhões de Lewis Davis espalhados pelo mundo, gente que prova que o fracasso está ao alcance de todos. O sucesso, esse sim, é exceção. Os Coen fazem com habilidade insuspeita um exame sedutor da cena popular da década de 1960 e lançam um olhar intimista sobre a luta de um homem posicionado entre a viabilidade comercial de seu trabalho e a expressão artística." (Roberto Guerra)
"Excessivamente rígido e super controlado, de modo que nada pareça casual em um filme que se pretende tão aberto aos desvios do cotidiano. A cretinice forçada do protagonista também diminui significativamente meu interesse." (Daniel Dalpizzolo)
"Uma bela discussão sobre a arte autoral x comercial, mas tive um pouco de dificuldade de me conectar com um protagonista tão cabeça dura. A fotografia e as locações são lindas, como era de se esperar dos Coen. Prato cheio para quem curte música Folk." (Rodrigo Cunha)
"Os Coen invertem o tema da Odisseia e fazem do seu protagonista um anti-Ulisses (em oposição ao gato), condenado a andar em círculos e eterna vítima de suas convicções e imobilismo. Mais contido e com um humor menos bizarro, "Llewyn Davis" é belo filme." (Régis Trigo)
"Belo filme dos irmãos Cohen, menos masoquistas com os personagens, sem cair reféns das piadas a qualquer preço e sem maneirismos visuais. Mais contidos soam menos superficiais, apesar de ainda sobrar alguma gratuidade." (Demetrius Caesar)
"Com uma fotografia lindíssima, os Coen apresentam o dia a dia e as dificuldades de um músico apaixonado pela sua arte, fazendo do cotidiano a força da sua história. Carece, talvez, de momentos mais definitivos, como a cena final, mas é um belo filme." (Silvio Pilau)
"O trunfo está na habilidade dos Coen em lidar com o fracasso, a inércia e a incomunicabilidade, sem rumar a uma reviravolta feliz. Não há concessões, Davis jamais sai do lugar. A única interface é a música, e daí sai a grande beleza sonora da obra." (Heitor Romero)
"Em resumo: a melhor produção de 2013. São os Coens mais uma vez entregando um retrato sem concessão do ser humano falho e das suas convicções, igualmente falhas. Mas o carinho... ah, esse ta cada vez maior." (Francisco Carbone)
86*2014 Oscar / 71*2014 Globo / 2013 Palma de Cannes
Top Música #14
Date 05/01/2015 Poster - ###### - DirectorMichael TiddesStarsMarlon WayansEssence AtkinsMarlene ForteMalcolm and Kisha move into their dream home, then learn that a demon also resides there. When Kisha becomes possessed, Malcolm--determined to keep his sex life on track--turns to a priest, a psychic, and a ghostbusting team for help.[Mov 01 IMDB 5,1/10 {Video/@@} M/20
INATIVIDADE PARANORMAL
(A Haunted House, 2013)
"Sexo e gases!" (Alexandre Koball)
Filme misógino com Marlon Wayans é uma comédia sem graça e um terror sem sustos.
"No começo de O Mestre percebemos que há algo de errado com Joaquin Phoenix porque ele simula sexo com uma escultura de mulher na areia da praia por tempo demais: no começo é engraçado, mas a piada termina, o sexo continua, e logo tudo fica constrangedor e depois perturbador. Em "Inatividade Paranormal" (A Haunted House) é a mesma coisa - mas Marlon Wayans, ao contrário de Phoenix, não percebe que precisa se tratar. Paródia de Atividade Paranormal e outros filmes de terror de cenas encontradas, Inatividade Paranormal acompanha Malcolm (Wayans) e Kisha (Essence Atkins), casal que decide morar junto mas descobre que sua casa nova é assombrada. Um médium gay, um ex-presidiário exorcista e um primo gangsta de Malcolm são três dos estereótipos que aparecem ao longo do filme, e embora muita gente esteja dizendo que Inatividade Paranormal é mais homofóbico do que outros pastelões similares, Wayans (que escreve o roteiro com Rick Alvarez) e o diretor Michael Tiddes pesam a mão, mesmo, é na misoginia. Há muito sexismo impregnado na nossa cultura em geral e na americana em particular - basta notar o apoio feminino que Chris Brown recebeu online depois de bater em Rihanna - e Wayans parece não ver aqui, com seu humor estereotípico que sempre transitou no limite da grosseria, que só está passando o mal adiante. A cena em que Malcolm "transa" com os bichos de pelúcia enquanto sua mulher não termina de se arrumar no banheiro (que não só é constrangedoramente longa como ainda continua depois dos créditos finais) funciona de gatilho da misoginia: Kisha sai do banheiro de pijama, e não com uma lingerie sensual, e até o fim do filme será castigada pelos maus espíritos por não cumprir às expectativas do marido. O que se segue é um teste de resistência para a atriz Essence Atkins, submetida a piadas sobre herpes e odores internos e que atende por bitch do início ao fim. Por mais que Wayans zoe também a própria hombridade, no fim isso não compensa o tratamento dispensado às mulheres (além de Kisha há outra personagem, seu oposto, uma ninfomaníaca, o que prova que mesmo as mulheres-objetos não estão livres do escárnio). Inatividade Paranormal não é só uma comédia sem graça e um terror sem sustos; é um filme que termina deixando no espectador a sensação pesada de ter servido de cúmplice." (Marcelo Hessel)
"Vendo esta tosquice chamada "Inatividade Paranormal" (A Hauted House, 2013) fico pensando se o fato de eu ter gostado de Todo Mundo em Pânico (Scary Movie, 2000) e até de suas continuações e de outros trabalhos dos irmãos Wayans era porque eu era menos ranzinza ou porque as coisas realmente pioraram muito de lá pra cá. Afinal, os Wayans, ou no caso, apenas Marlon Wayans, que aparece como ator e roteirista neste novo filme, não deixou de lado a comédia grosseira, o humor escatológico que ri com flatulências e coisas do tipo. Talvez o humor daquela época, tanto no que se refere a parodiar os filmes de terror contemporâneos quanto a fazer as piadas mais grosseiras possíveis, tenha deixado de ser divertido. Ou então é porque eles perderam a mão mesmo para a coisa, já que os outros irmãos, os Farrelly, ainda continuam bem, apesar do fiasco que dizem ser Os Três Patetas (The Three Stooges, 2012), tanto que aqui no Brasil foi direto pro DVD. O fato é que uma comédia sem graça como esta chega a incomodar a ponto de ser constrangedora. No caso, não é constrangedora por causa do tipo de humor, mas porque se está diante de um filme que é feito supostamente para causar gargalhadas. Um ou outro sorriso amarelo ainda é possível, uma risada aqui e ali, mas não é essa a intenção do filme. Em ''Inatividade Paranormal'', o principal alvo é, claro, a franquia Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2009-2012), mas há também espaço para eles brincarem com os filmes Filha do Mal (The Devil Inside, 2012) e O Último Exorcismo (The Last Exorcism, 2010), que são deixados para serem enxertados lá pelo final, funcionando como esquetes mal montadas. A trama é basicamente a mesma de Atividade Paranormal: casal se muda para casa nova e tem sua rotina de vida atormentada por um espírito demoníaco. Mas interessante que, como se trata de uma comédia, o diretor toma um cuidado para não dar nenhum susto na plateia. Como se tivesse medo de misturar gêneros. Assim, na cena da câmera montada na base de um ventilador, que é uma das grandes sacadas de Atividade Paranormal 3, eles fazem uma piada com a empregada latina da casa. Quanto ao tal espírito, ele é tão invasivo que faz questão de possuir os corpos dos dois habitantes da casa, no sentido mais carnal mesmo. E se a mulher fica satisfeita com a noitada boa com o demônio, o sujeito já não gosta muito de ter sido tão invadido. Sem falar que precisou sentar numa almofada no dia seguinte. Marlon Wayans até que não é mau comediante. Seu humor histriônico funciona às vezes e já funcionou até que bem no passado. Mas este novo filme é tosco, sem graça, com coadjuvantes muito bestas (no sentido de não fazer rir), como o médium gay ou o casal de amigos que quer brincar de troca de casal. O resultado é um dos mais desagradáveis filmes do ano. Espero que nossas comédias para o cinema previstas para este ano não consigam ser tão ruins." (Blog de Cinema)
Automatik Entertainment
Baby Way Productions
Cutting Edge
Endgame Entertainment
IM Global
Diretor: Michael Tiddes
29.118 users / 9.638 face
Check-Ins 474
Date 01/03/2014 Poster - # - DirectorChristopher NolanStarsMatthew McConaugheyAnne HathawayJessica ChastainWhen Earth becomes uninhabitable in the future, a farmer and ex-NASA pilot, Joseph Cooper, is tasked to pilot a spacecraft, along with a team of researchers, to find a new planet for humans.{Video/@@@} M/75
INTERESTELAR
(Interstellar, 2014)
"Muito à frente da média do gênero, talvez para a longo prazo entrar entre os grandes filmes sobre Espaço. Nolan cria, com seu estilo quase único, uma obra profunda e acessível (excesso de didatismo). Um paradoxo que alguns não perdoam." (Alexandre Koball)
"Pouco me importa a questão física da coisa, afinal, disso não entendo nada mesmo. Mas quando o filme contou a história de uma família separada por anos e, ao mesmo tempo, minutos, confesso que escorreu uma lágrima. Ah, que visual!" (Rodrigo Cunha)
"A narrativa apressada, os diálogos expositivos, os personagens rasos e algumas forçações de barra dignas de "Armageddon" derrubam o filme quase por completo. "Interestelar" é ambicioso na proposta (talvez até demais) mas uma salada mista na execução." (Régis Trigo)
"Merece aplausos por sua ambição, tratando de grandes temas com inteligência e respeito científico. Porém, mesmo com 3 horas, é apressado e confuso em diversos momentos, pecando no aprofundamento e desenvolvimento. Promete muito, mas também fica devendo." (Silvio Pilau)
"Bela ficção científica, ao menos plasticamente. É ótimo assisti-lo, mas tal prazer não acompanha sua duração alucinada. A vaidade intelectual de Nolan impede que Interestelar seja tão grandioso quanto sua pretensão supõe ser." (Marcelo Leme)
"Atualmente só Shyamalan consegue ser cafona e consistente." (Pedro Tavares)
"A odisseia espacial de Nolan tem boas intenções, mas peca pela complexidade narrativa e ritmo irregular. Algumas cenas belíssimas, porém, no geral, é inconsistente e não comove como poderia." (Léo Félix)
"Sim, tem seus erros - e muitos! Mas a jornada que Nolan cria aqui é tão interessante, bela, original e única que não tem como não achar Interestelar um filme no mínimo incrível!" (Guilherme Spada)
*****
"Interstelar" começa muito bem: afazenda isolada, o campo cultivado. Tudo devia, em princípio, criar uma sensação reconfortante. No entanto, tudo é marcado pela extrema solidão. Percebemos de imediato que aquilo é um fim de mundo, ou melhor: fim do mundo. O filme não explorará esta questão, e sim a aventura espacial de Matthew McConaughey em busca de novos espaçõs, que nos garantam a sobrevivência etc. A viagem, que segue as regras de uma boa aventura, buscando escapes para a humanidade a perigo, explorando espaços inexplorados. E descarrilha no fim, quando o destino da espécie entra em conflito. Ai o filme parece se embananar e deixar nossa atenção para os efeitos especiais, mais do que o sentido da aventura.'' (* Inácio Araujo *)
*****
''O mais animador em "Interestelar" é seu início: as estranhas imagens da Terra, a maneira como as plantações são devastadas, aquelas casas que lembram quadros de Edward Hopper... Sim, a Terra está de mal a pior, nesse momento. Mas o essencial é que Christopher Nolan soube evocar esse mundo desolado com o brio que anunciava um grande filme. Depois, no entanto, o filme tropeçará em suas próprias pretensões. Os humanos encontram, no espaço remoto, um modo de garantir a sobrevivência da espécie. E Matthew McConaghey é convocado para a missão. Tivesse preservado o sentido de aventura, "Interestelar" caminharia muito bem. Mas, mal é lançada a nave ao espaço, nos sentimos num sub - 2001 - Uma Odisseia no Espaço. Mas não, Nolan não é Stanley Kubrick, e toda a expectativa em que nos lança o filme no início vai para o espaço.'' (** Inácio Araujo **)
Menos é mais, a expressão que Christopher Nolan pena para aprender.
''Apenas uma semana após os cinemas brasileiros entregarem um dos grandes filmes do ano (Boyhood, de Richard Linklater), é muito estranho ter que lidar com outro filme igualmente ambicioso de cineasta idem a tratar do mesmo tema cuja obra de Linklater está pautada: o tempo. Mas os desdobramentos desse mesmo assunto e a forma como ambos são tratados em suas respectivas obras dão o tom das diferenças entre os dois projetos; enquanto a sutileza é o que move a obra-prima vencedora do prêmio de direção no último Festival de Berlim, é o extremo oposto que vemos aqui, um filme tão arrogante que lá pelas tantas fica fácil perceber que o melhor é não levar nada a sério e se divertir a valer. Vejam: talvez as duas palavras mais utilizadas no texto de ''Interestelar'' sejam tempo e 'gravidade (ironicamente o novo filme de Christopher Nolan nunca ameaça alcançar a magnitude do filme homônimo de Alfonso Cuarón, e talvez fosse esse seu desejo), então nunca é o caso do tempo ser um tema subliminar, muito pelo contrário, ele está em voga em praticamente todas as discussões da produção. Uma das maiores frustrações que senti em relação ao mesmo é se utilizar dele e nunca conseguir ultrapassá-lo e mais, deixar claro o maior problema de sua argamassa. Por que tudo é tão corrido em Interestelar? A impressão de qualidade na agilidade de edição se esvai assim que percebemos que Nolan está disposto a tratar de assuntos que demandam maturação, que precisam exatamente de tempo de cena para que sejam construídos, assimilados e comprados. Pois bem: não há. Então como se importar com o amor que aparentemente une uma família, quando ele passa como uma flecha na tela? Como se emocionar com um relato da personagem de Anne Hathaway e sua justificativa pra tomar uma decisão se mal tínhamos qualquer dado sobre a situação de sua personagem? Como lamentar a perda de certos personagens se eles são um traço de roteiro, e suas saídas se resumem a... sair? A massa do bolo dessa vez parece ter ficado maior que a forma, e no fim das contas, mesmo tratando de coisas mais delicadas e pequenas do que costumam tratar as grandes ficções científicas que ele faz questão de homenagear a cada 5 minutos, o filme parece não alcançar tais sentimentos. Porque instinto de sobrevivência é primal, mas amor precisa de contato para acontecer e florescer, e tudo que falta ao filme, apesar das 2h45 de projeção, é tempo. Porque há muito a ser mostrado, alcançado, concebido, e tudo está num clima non-stop de situações. A mim, particularmente, o filme não cansou; ou melhor, cansa ele tentar abraçar o que só seria possível com mais 2h de duração. Com 1h sabemos ser humanamente impossível que ele dê conta de tudo, ele não dá e aí sim, o resultado pode até não ser o cansaço, mas logo tomarmos consciência da fragilidade de sua dramaturgia veloz e furiosa. No fim das contas chega a dar um certo embaraço ao lembrar que um projeto dessa importância toda chegue ao seu fim sem raspar a grandeza de um Árvore da Vida, no sentido de suscitar um debate ou uma análise mais profunda sobre suas infinitas reflexões e parábolas, mas os irmãos Nolan escreveram um roteiro esgarçado demais para o tipo de cinema no qual estão inseridos - e me pergunto se foi rodado muito mais filme ou se eles resolveram mesmo bancar a agilidade pretendida e entregar um produto onde sobram efeitos especiais sensacionais e falta algo tão básico quanto humanidade. Sei que a essa altura a quantidade de pedras na minha direção por parte dos Nolan lovers já terá sido suficiente para que eu construa um prédio, mas mesmo sem me importar com isso deixo claro minha admiração por alguém que sempre tenta entregar o melhor, e que ambição e ousadia são produtos tão escassos em Hollywood que sempre será melhor louvar que rechaçar. O filme tem sim momentos de imensa beleza de produção, cenas complicadas sempre com uma cara muito mais mecânica do que qualquer outro cineasta faria (o que só engrandece o filme, torna-o, apesar de tudo, real); seus atores estão em plena forma e o filme não os emburrece ou veste a eles com cenas grandiloquentes porém vazias. Mas se espaçadamente Interestelar funciona de maneira pontual, falta ao filme a grandeza maior de unir tudo de forma orgânica, ou com o capricho que deveria ser cobrado de um futuro competidor de prêmios. E taí, talvez eu tenha entendido a mensagem cifrada do cara pela primeira vez: divirta-se. E, durante as quase três horas, eu me diverti. Apenas isso." (Francisco Carbone)
Além das estrelas.
''Apesar da recente estreia, o novo filme do diretor Christopher Nolan já vem sendo apontado como o mais ambicioso e diferente de sua carreira. Interestelar pode até ser o seu trabalho mais ambicioso, mas está longe de apresentar grandes diferenças com relação a seus demais filmes, principalmente no que diz respeito à forma como ele procura estruturá-lo. Na verdade, chega ao ponto de se equivaler como um irmão próximo de A Origem, só que dessa vez partindo para o campo científico e deixando para trás a fantasia do terreno onírico.O crucial ponto de diferença entre Interestelar e A Origem é justamente essa questão do peso do conteúdo pretendido pelo roteiro. Se no filme de 2010 a ação se desenrola no mundo dos sonhos através de uma fantasiosa teoria que permite o diretor fazer o que bem entender sem se perder em explicações muito racionais (embora ele recorra sempre a elas), nesse novo trabalho a responsabilidade é maior em todos os sentidos, visto o roteiro estar baseado nos estudos do cientista Kip Thorne. Ou seja, por mais absurdo que possa parecer, Interestelar se baseia em teorias reais e, portanto, se estrutura em algo que poderia realmente acontecer. Com isso o diretor coloca a cara a tapa para os olheiros de plantão que vão revirar seu filme do avesso procurando por furos e equívocos. "Interestelar" segue uma moda alternativa dos blockbusters atuais em unir o cinema em sua proposta mais ambiciosa, comercial e visualmente espetacular com o seu lado mais minimalista e reflexivo. Parte do ponto simplório de um drama familiar para uma incrível jornada intergaláctica, e com isso consegue unir o cinema comercial a um drama que se oferece muito meditativo, quando na verdade é apenas o básico conflito de gerações. Entre esses dois extremos há um abismo de distância, que nem sempre é compreendida pela lente de Nolan e que por vezes está ali apenas para sugerir a ideia de grandiosidade não apenas visual, mas também filosófica. Em resumo, uma ambição metafísica, também compartilhada por filmes como A Árvore da Vida e Contato. Por outro lado, é uma história que serve de suporte para o que o diretor faça aquilo que mais ama: expandir as estruturas espaço-temporais de seus filmes. Nolan gosta de mexer com o tempo fílmico de modo a influenciar a experiência do espectador em tempo real, oferecendo uma proposta quase metalingüística ao expor essa função do cinema em também conseguir esculpir o tempo de acordo com seu objetivo. Para isso ele recorre a vários recursos já utilizados em filmes como Amnésia, ao inverter a montagem e contar a história de trás pra frente; A Origem, ao criar várias camadas de ações paralelas acontecendo simultaneamente, porém em diferentes tempos; e Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, no qual prolonga o clímax da trama por quase uma hora. No fim, acerta e erra também em quase todos os pontos que acertou e errou anteriormente. O maior triunfo é também o maior problema de Interestelar. Se em uma mão oferece uma trama interessante envolvendo viagens para novas galáxias, a possível extinção da raça humana, a possibilidade de vida em outro planeta e a manipulação de conceitos abstratos como tempo e gravidade, na outra mão afoga muitas dessas ideias em excessivas teorizações matemáticas, mecanizando a emoção rogada pelo roteiro. Afinal, sua teoria-base é demasiada complicada e abstrata de se explicar ao espectador (há uma cena, por exemplo, em que um personagem literalmente desenha uma explicação sobre o que está acontecendo), porém Nolan vira refém dela para desenvolver sua história, o que acaba sufocando a intenção de fundamentar tudo na grandiosidade cósmica de sentimentos humanos como o amor. A ponte entre esses extremos é frágil, mas não ao ponto de se romper, por isso o saldo é positivo, principalmente no que se refere ao seu visual encantador e ao seu ritmo cuidadosamente cadenciado. Claro que fica a literais anos-luz de distância de obras grandiosas do naipe de 2001: Uma Odisséia no Espaço ou Solaris, que primam por uma abordagem muito mais universal e abrangente, mas a pretensão de Interestelar é chegar o mais próximo possível delas. Independente dos pontos que deixam a desejar, Interestelar se mostra um passo à frente na carreira de Christopher Nolan e reafirma sua posição como um dos diretores mais grandiloquentes do cinema americano atual. Com certeza voltará a ser acusado de embusteiro, pragmático e superficial, mas acima de tudo isso, é bom saber que ainda há diretores como ele que não temem em pecar por excessos, ainda mais com o cinema americano comercial cada vez mais acovardado e limitado a mais do mesmo. Resta torcer para que os anos dêem a experiência necessária para que Nolan um dia abra a mão desse costume de racionalizar e teorizar demais e entregue um filme de fato grandioso, como só conseguiu fazer até agora com Batman - O Cavaleiro das Trevas." (Heitor Romero)
A fundação sólida e a carcaça frágil do novo filme de Christopher Nolan.
''Se um espectador entrasse às cegas em uma sessão de Interestelar sem saber qualquer coisa sobre o filme, não seria difícil adivinhar que se tratava do novo trabalho do cineasta Christopher Nolan. Seu nono longa-metragem é o mais calcado nos dois aspectos do gênero de ficção científica, e, não por acaso, suas marcas se mostram intensificadas em todos os âmbitos. Esse aprofundamento poderia facilmente ser visto como uma caricatura de sua obra, mas na verdade soa quase como uma aproximação do Nirvana. Esta deve ser a experiência espiritual suprema para Nolan, ou pelo menos o mais próximo que ele chegou desse ápice. A religião em questão é o controle, e as orações são os mais variados alcances da Ciência. Desde os primeiros minutos essa obsessão fica clara, com os diálogos estapafúrdios entre Cooper (Matthew McConaughey) e sua filha Murphy (Mackenzie Foy) sobre a necessidade de tratar todo fenômeno por um viés científico. É o tipo de discrepância entre personagens que poderia fazer parte de seu relacionamento, ou problematizado de outra forma no roteiro, mas aqui não há conflitos que escapem da mais pura emoção. O cientificismo e o tecnicismo nunca são questionados, são apenas dados, fundamentos, ou pode-se até dizer mandamentos. A humanidade está em posse da informação e das fórmulas para compreender o Universo, portanto, as únicas dificuldades perante os fatos aparecem quando a teoria é insuficiente para prever resultados. Mais representativo é o imbróglio da equação sem solução, que mostra não uma, mas duas fraquezas da humanidade (a incapacidade e a desesperança) perante a minuciosa e inflexível realidade. É interessante como, no segundo caso, o problema é de ordem emocional – derivado de um impasse intelectual, sim, mas aflitivo para as emoções de determinado personagem. Por outro lado, apesar de indícios do contrário, Christopher Nolan e o irmão/co-roteirista, Jonathan, não se limitam a retratar os sentimentos como deficiências de nossa espécie. E é nessa dualidade que residem as inconsistências mais problemáticas e os vislumbres mais instigantes do roteiro. Por um lado, é de uma honestidade intelectual muito bem-vinda tratar dialeticamente essa faceta humana. No geral, a impressão passada é de caos e instabilidade. Grandes descobertas, erros desastrosos, justificativas frágeis, teorias brilhantes, altruísmo, carência: os Nolans listam diversos resultados para as diferentes idiossincrasias emotivas dos personagens. Em tese, essa perspectiva dual dá a base e o alcance necessários para a trama. É na prática que as ideias degringolam e se acidentam em tramas anêmicas. A questão não é apenas a insistência dos roteiristas em adotar arquétipos. O problema ainda vai além da aparente prerrogativa de usá-los para abordar uma situação extrema – embora, sim, essa licença poética mine a potência das experiências individuais e subjugue todas as construções à trama de tudo-ou-nada. O mais incômodo é que cada reviravolta e subtrama salta como uma batida da fórmula de Blake Snyder. Mesmo que seja bem fundamentado no abrangente dualismo das emoções, o roteiro em boa parte cai na burocracia de entregar surpresas e momentos de tensão. O melhor exemplo é a figura do filho de Cooper, Tom (Casey Affleck), que adquire, no clímax do filme, determinada índole (bem idealizada, insisto) com o claro e inconfundível fim de fabricar urgência e colocar tudo em jogo. A situação do Dr. Mann (Matt Damon) é outra amostra de como as bases sólidas dos personagens são míseros trampolins para uma narrativa mais empolgante – em suma, mais afeita ao mínimo denominador comum dos arrasa-quarteirões. Assim como é o caso de Tom, temos relances de uma via crúcis profundamente mais interessante do que os desvios que ela causa na jornada principal. E os irmãos Nolan falham em ranquear não só a trama em relação às histórias dos personagens, pois até mesmo uma das trajetórias centrais fica mal desenvolvida. O desfecho do filme tem um foco óbvio, e falha miseravelmente em concluir o arco da Dra. Brand (Anne Hathaway). Nada muito chocante, pois a verdade é que desde o início ela é maltratada de forma consistente pelo roteiro. Sua posição de cientista inicialmente a coloca como elo frágil da missão pela falta de preparo para o trabalho de campo. Em seguida, em mais uma intrigante ideia desperdiçada, ela se deixa guiar porsuas afeições e defende que o amor pode ser uma força digna da atenção da ciência. Ver desta forma a única exploradora feminina do time já dói na alma, mas a forma como Cooper encara essa tese enterra fundo sua moral. Para (não) completar, seu pseudo-final deixa uma nota amarga, solapando a força dos inegáveis resultados de suas decisões. Com ideias tão constritas e conflituosas, parece até surpreendente que o diretor consiga imprimir um discurso tão inequívoco na forma de seu louvor ao controle. Uma rápida lembrança de seus filmes anteriores, porém, revela a constância dessa divindade em sua obra. Desde os heróis dominadores da trilogia O Cavaleiro das Trevas e de Amnésia até as figuras conflituosas de O Grande Truque, passando por nêmesis como um agente do caos, um terrorista que toma toda uma metrópole como refém e a própria natureza errática da mente humana, é fácil ver que a grande fobia do cineasta é a desordem. É nesta interpretação que Interestelar se torna seu longa mais extremo e radical: toda a premissa da ficção científica se resume à tentativa da humanidade de controlar seu próprio destino, e o impacto de qualquer descontrole é o mais catastrófico possível. (E a revelação final apenas elucida a mensagem.) Uma surpresa de fato é que, no turbilhão emocional proposto pelos roteiristas, o elenco se sai bem. McConaughey e Hathaway, mesmo dependendo de material ingrato, se entregam de tal forma que conseguem ao menos causar algum impacto momentâneo. Já David Gyasi dá uma qualidade sutilmente excêntrica a Romilly, num contraste interessante com as emoções afloradas da dupla de protagonistas. As participações de Michael Caine e Ellen Burstyn também dialogam entre si, embora sejam mais memoráveis pelo que representam do que pelos papéis em si. Algo parecido pode ser dito de Jessica Chastain como a versão adulta de Murph, mas a expressividade da atriz a mantém relativamente envolvente. Assim como os confins do Universo, as viagens intergalácticas e os planetas distantes aptos para abrigar vida se mostram de forma inesperada, esta apoteose do cinema de Christopher Nolan não é o que se poderia esperar da apoteose do cinema de Christopher Nolan. Até o compositor Hans Zimmer se retrai ao invés de seguir o caminho bombástico de seu trabalho anterior com o cineasta. Mais previsível era que as ambições de Nolan se sujeitassem a uma das convenções mais básicas que existem: a do cinema pipoca. Não há fundamento teórico ou conjunto de ideias que possa respirar no vácuo de uma narrativa tão pobre." (Pedro Costa De Biasi)
"Dois anos após acabar a trilogia Batman - O Cavaleiro das Trevas, o diretor inglês Christopher Nolan volta ao cinema com o épico espacial "Interestelar", escondido a sete chaves pelos produtores. O mistério foi desvendado nesta sexta (24), quando foi realizada sua primeira exibição mundial, no Chinese Theatre, a maior sala de Imax do mundo, em Hollywood. O filme chega ao Brasil em 6/11. Nolan é um sujeito obcecado por segredos. Era um projeto ambicioso, que envolvia dois grandes estúdios, então tomamos cuidado, confirma à Folha a produtora Emma Thomas, mulher do diretor. O roteiro secreto é a junção de dois projetos: um de Steven Spielberg, baseado nas teorias de buracos de minhoca no espaço-tempo do físico Kip Thorne, e outro escrito pelo próprio Christopher Nolan. Quando Spielberg saiu, Chris pensou que seria interessante juntar essas duas tramas, explica Emma. Matthew McConaughey interpreta Cooper, um engenheiro líder de uma equipe da Nasa em busca de um planeta habitável, já que a Terra sofre com desastres naturais. "Interestelar", infelizmente, parece exatamente um remendo de dois filmes com um diretor ambicioso dando um passo maior que a perna. A primeira metade é situada na Terra, com Cooper tentando cuidar dos filhos após a morte da mulher. Ironicamente, é a parte mais interessante, apresentando uma Terra pós-colapso ambiental. Cooper, de maneira quase "sobrenatural", é levado à sede da Nasa, que opera em segredo uma missão para procurar novas superfícies para a humanidade prosperar. Imediatamente, ele vira o piloto designado pelo cientista-chefe (Michael Caine) para levar a nave Endurance com três humanos (Anne Hathaway, Wes Bentley e David Gyasi) e dois robôs a bordo por um buraco negro em busca de três planetas. A passagem de drama ecológico para exploração espacial é feita sem dificuldades por Christopher Nolan, que se aproveita da fotografia e dos belos efeitos especiais. Há cenas magníficas e o elenco está convincente. A sequência no primeiro planeta, aquático, é de tirar o fôlego. Depois, no entanto, o filme cai na armadilha de todo cineasta que mescla existencialismo e viagens interestelares. A pretensão ganha mais força e o diretor perde o rumo misturando filosofia romântica brega e teorias quânticas. A mensagem, no fim, exaltando o amor paterno, substitui a seriedade pela pieguice. O segredo, então, se revela: "Interestelar" tem mais coração do que cérebro." (Rodrigo Salem)
''Poucas semanas antes da estreia global de "Interestelar", o diretor Christopher Nolan comparou seu último trabalho a 2001 - Uma Odisseia no Espaço, o clássico de Stanley Kubrick cuja influência se estende da saga Star Wars a Gravidade. Fora esse recurso de marketing, a nobre referência serve para distinguir "Interestelar" dos espetáculos movidos a pura ação. A ambição não consiste em se colocar no patamar hoje incomparável de Kubrick, mas em pretender fazer um filme que pareça ser mais que entretenimento. Para isso, Nolan incorpora a teoria da relatividade, hipóteses acerca do universo quântico e busca traduzir difíceis questões da física em sequências de forte impacto visual. Obviamente, esse aspecto de "Interestelar" funciona para atrair o público que cultua o cineasta como um guru, que teria tornado as narrativas banais dos blockbusters mais complexas com uma suposta profundidade. Esta faceta científica e metafísica de "Interestelar", contudo, é a que menos satisfaz o que a maioria do público procura no espetáculo.,O drama da sobrevivência da espécie e o da separação de uma família parecem menores em ambição, mas são eles que salvam "Interestelar" de se tornar apenas uma maçante sobreposição de teses. Quando fala de sobrevivência, o longa aborda o progresso do desastre ambiental que já vivemos. Mesmo que o mundo retratado no filme ainda se pareça com o nosso, sabe-se que o que está ali é o que sobrou e não deve mais durar. Nesse contexto, Nolan confirma a força espetacular de seu cinema ao recriar uma natureza não passiva e assombrada por forças, que lembra os melhores filmes de M. Night Shyamalan, diretor de O Sexto Sentido. Nesse mundo pré-apocalíptico, desenvolve-se o drama do pai que tem de sacrificar seus vínculos individuais, situação que humaniza e garante que o filme emocione. Só quando os personagens de "Interestelar" decidem atravessar os buracos negros do universo para atingir outra dimensão vem a vontade de gritar: Menos, Nolan!." (Cassio Starling Carlos)
''A ficção científica "Interestelar" prova que a megalomania crescente na cinematografia do diretor Christopher Nolan (trilogia Batman e A Origem) não é suficiente para mudar ou esconder a questão central de seus filmes: como lidar com o passado? Em Amnésia (2000), seu primeiro filme de destaque, o protagonista perde a capacidade de reter memórias recentes e se orienta a partir de um passado fabricado por ele mesmo. Ele pode buscar seu novo sentido da vida sem qualquer culpa. Ele pode reescrever seu passado. Batman não supera a morte dos pais; o protagonista de "A Origem" é atormentado pelo passado, personificado pela ex-mulher amada; o mágico de "O Grande Truque" mantém a ilusão de dar sentido a um passado incompreensível. "Interestelar" sugere uma reflexão ambiental sobre a derrocada da Terra em meio a hipóteses científicas sobre viagens por buracos negros, outras galáxias e dimensões. Os efeitos especiais impressionantes, a trilha sonora e a verborragia científica, explicada didaticamente para se firmar como crível, são distrações para o espectador. O essencial aqui é admitir que o homem pode buscar um novo lar no Universo sem-fim, ou mesmo recomeçar a humanidade, sem que os anos-luz sejam o bastante para que ele fique em paz com seu passado. No caso do filme, com a culpa de ter abandonado a família, mesmo que seja para salvar o homem. O choro da filha (Jessica Chastain), numa cena que mescla passado, presente e futuro, mostra ao protagonista (Matthew McConaughey) que ele mesmo não vai se salvar. É impossível conter as lágrimas quando a mensagem do filme vem à tona: a felicidade hoje e amanhã só é possível se você mudar seu passado e exorcizar seus fantasmas. Sem que isso seja possível, ao menos fora da sala de cinema, tentar ser feliz é uma busca vã. E não há lugar no Universo para onde correr.'' (Matheus Magenta)
Christopher Nolan entrega uma obra que quase perde seu norte ao tentar conciliar razão e emoção, resultando em um filme deveras irregular.
''Existem três filmes dentro de “Interestelar”. O primeiro é um drama rural distópico. O segundo, uma ficção científica espacial de aventura com contornos dramáticos. Finalmente, uma ficção metafísica sobre a não-linearidade espaço-temporal entre causa e efeito (Wibbly-Wobbly Timey-Wimey). Em um futuro onde uma praga começa a exterminar as plantações e transformar a Terra em um deserto empoeirado, um grupo de exploradores espaciais sai em uma missão desesperada a uma outra galáxia, em busca de um novo lar para a humanidade. Em meio a isso tudo, a relação entre o piloto da missão, o impetuoso Cooper (Matthew McConaughey) e sua filha, a curiosa Murphy (Mackenzie Foy/Jessica Chastein), pode vir a ser o fio da balança para o destino da humanidade. Dirigido e escrito por Christopher Nolan, que contou com a colaboração do seu irmão e parceiro habitual Jonathan no roteiro, “Interestelar” é um ponto fora da curva para o cineasta. Não apenas por conta do resultado final turbulento, mas também pela sua temática. Os filmes de Nolan sempre tiveram como motores narrativos a obsessão de seus protagonistas e um duelo perpétuo entre racionalidade e caos. Nesta sua nova empreitada, o artista deixa tais marcas em segundo plano e coloca como força motriz da narrativa o amor. É aí que os problemas começam a surgir. Por mais que seja ótimo ver Nolan fugindo de sua zona de conforto, os discursos expositivos que os personagens fazem sobre o amor nunca são tão efetivos quanto a interpretação desse sentimento por parte dos atores. Tomemos como exemplo Fonte da Vida, de Darren Aronofsky. A relação entre os personagens de Hugh Jackman e Rachel Weisz ali conquista o espectador porque ela é posta em cena e desnudada. Mostre, não diga, essa é a regra de ouro do audiovisual, o que o cineasta parece ter esquecido aqui. Ao investir em discursos verborrágicos sobre sentimentos, especialmente aqueles feitos pela personagem de Anne Hathaway, Nolan perde momentos preciosos de projeção que poderiam ser usados explorando tais sentimentos e suas implicações, vide a poderosa cena em que pai e filha – McConaughey e Foy – se abraçam e se indagam se ele voltará de sua perigosa missão. Este é um momento de amor entre dois seres humanos que não precisa ser dissecado pelas palavras, mas sim exposto por meio da dor nas vozes dos atores e nas lágrimas em seus rostos. Em outra cena, McConaughey se rende emocionalmente à câmera, em um plano fechado que foca em sua reação devastadora a um vídeo. Durante a projeção, o público é bombardeado por informações e conceitos científicos de maneira tão intensa que tornam difícil a imersão na história, por mais interessantes que sejam. Algumas ideias são encaixadas de maneira bem orgânica à narrativa, como o modo encontrado pelo governo de aleijar as crianças de iniciativas científicas e a transformação da NASA em uma instituição clandestina. Até mesmo o experimento do Gato de Schrödinger é referenciado visualmente de maneira bastante eficiente, sem contar a inteligente utilização da Teoria da Relatividade de Einstein para aumentar os riscos durante determinado trecho da jornada. Infelizmente, os irmãos Nolan tiveram menos sucesso ao costurar certas teorias da física quântica ao roteiro, especialmente no terceiro ato, onde as tentativas de fechar algumas pontas do roteiro se mostram especialmente forçadas e até covardes. Christopher Nolan parece sentir a necessidade de complicar demais sua trama, o que mina a fluência desta, restando aos atores fazerem o impossível para parecerem humanos em meio a torrentes de diálogos de tecnobaboseira. Felizmente, o elenco escalado é magnífico e consegue transformar boa parte dos limões que lhes são dados em limonada. Neste sentido, Matthew McConaughey se sai magnificamente bem, justamente por transformar seu Cooper em um homem comum e falível, preso em circunstâncias extraordinárias. Em nenhum momento há dúvidas dos sentimentos do protagonista por sua família, graças ao peso que o ator dá a essa ligação. O mesmo se aplica a Jessica Chastein e Mackenzie Foy, ambas irrepreensíveis na composição de Murphy em fases diferentes de sua vida. E que bom é ver dois atores veteranos como John Lithgow e Michael Caine em interpretações tão vigorosas, mesmo com pouco tempo de tela. Por sua vez, Anne Hathaway surge desperdiçada em cena pelos motivos já explorados acima. Dois outros astros também fazem participações importantíssimas no longa, embora falar mais sobre eles significaria entregar surpresas sobre o desenrolar da história. Basta dizer que, enquanto um deles encarna o desespero da humanidade em sobreviver a qualquer preço, outro encarna a esperança em trabalhar por dias melhores. Do ponto de vista técnico, a produção é impecável, especialmente ao criar, por muitas vezes de maneira prática, cenários tão distintos quanto uma fazenda tradicional, a base da NASA, a espaçonave Endurence e os planetas visitados por Cooper e seus companheiros. Até mesmo os robôs TARS e CASE, simples em suas concepções, revelam possuir um design externamente inteligente e que homenageia 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968, Stanley Kubrick), de várias maneiras. A experiência em IMAX é extremamente recomendada, especialmente por conta do espetáculo sonoro provido pelo formato, que realmente ajuda o espectador a mergulhar nos diferentes ambientes pelos quais a trama passeia (a visita ao mundo aquático é simplesmente incrível). A trilha de Hans Zimmer, mais melancólica e etérea que o habitual, é belíssima, havendo novos ecos aqui de 2001, embora a fita peque em seu uso excessivo, funcionando, por vezes, até mesmo como uma muleta dramática. Por todas as suas ambições, é uma pena que “Interestelar” seja uma obra tão irregular, mesmo havendo muito a se apreciar no longa. Ao tentar conciliar emocional e racional, Nolan criou uma trama que não serve bem a nenhum desses mestres, presa em um limbo de soluções fáceis, transformando o que poderia ser um filme inesquecível em um quase-tropeço."(Thiago Siqueira)
87*2015 Oscar / 72*2015 Globo
Top 250#22
Top Canadá #18
46 Metacritic
Dare 26/03/2015 Poster - ##### - DirectorGeorge SeatonStarsRock HudsonDean MartinSusan ClarkTwo men who have been friends since childhood find themselves on opposite ends of the law.[Mov 05 IMDB 5,9/10] {Video}
INIMIGOS A FORÇA
(Showdown, 1973)
''Dois amigos, tornam-se rivais pelo amor de uma mesma mulher e seguem em caminhos opostos da lei.'' (Filmow)
Universal Pictures
Diretor: George Seaton
516 users / 17 face
Date 18/04/2015 Poster - #### - DirectorGregory La CavaStarsWilliam PowellCarole LombardAlice BradyA scatterbrained socialite hires a vagrant as a family butler - but there's more to Godfrey than meets the eye.[Mov 07 IMDB 8,1/10] {Video/@@@@}
IRENE - A TEIMOSA
(My Man Godfrey, 1936)
''Família de milionários acredita estar fazendo uma boa ação ao contratar homem que pensam ser mendigo para trabalhar como garçom em sua mansão. Mas eles estão prestes a aprender uma lição. Refilmado em 1957 como O Galante Vagabundo, estrelando June Allyson e David Niven." (Filmow)
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''Gregory La Cava é meio esquecido. Mas ele foi um cineasta importante, sobretudo entre os anos 1920 e 1940, e seu "Irene, a Teimosa" figura entre as comédias marcantes do período. Trata-se de um filme de William Powell e Carole Lombard. O primeiro faz o sem-teto Godfrey, enquanto ela é Irene. Estamos em Hollywood: a aproximação entre os dois é inevitável. O classudo Godfrey cai nas graças da milionária, simpática e, em princípio, amalucada Irene, que decide casar com ele.'' (* Inácio Araujo *)
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"Irene, a Teimosa" é uma das mais belas lições de como fazer um filme social em época de crise econômica pesada, combatendo preconceitos e não esquecendo o humor. Sim, porque este filme de Gregory la Cava é uma comédia em que a milionária Irene (Carole Lombard) decide contratar como garçom o homem que encontra numa favela de Nova York. Aceitemos o fato de que o sem-teto é William Powell: isso também é Hollywood. O essencial, porém, é que esse filme vai colocar frente a frente, ou lado a lado, os ricos sempre mais ricos (da era da Depressão) e os pobres desprovidos de tudo. Sim, o mundo mudou de lá para cá, assim como o cinema. Mas Irene, uma comédia clássica dos anos 1930, pode servir de guia e inspiração neste momento de tantas comédias frouxas." (** Inácio Araujo **)
"Uma das mais prazerosas comédias "screwball" da década de 1930, é altamente charmosa, engraçada e divertida." (Alexandre Koball)
9* 1937 Oscar
Universal Pictures
Diretor: Gregory La Cava
14.364 users / 1.234 face
Date 07/05/2015 Poster - ##### - DirectorClint EastwoodStarsWilliam HoldenKay LenzRoger C. CarmelA young girl runs away from home and meets a grouchy older man who reluctantly takes her in. Eventually they develop a romantic and affectionate relationship.[Mov 09 IMDB 7,1/10] {Video/@@@@@}
INTERLÚDIO DE AMOR
(Breezy, 1973)
TAG CLINT EASTWOOD
{romântico}Sinopse
''Breezy é uma adolescente hippie com um grande coração. Depois de pegar uma carona com um homem que só quer sexo, Breezy consegue escapar. Ela corre para se esconder em uma propriedade isolada: a casa de Frank Harmon, um homem de meia-idade, divorciado. Frank reluta em aceitar Breezy, mas termina se apaixonando por ela.''
''Lendo o livro Clint Eastwood – Nada Censurado, de Marc Eliot, dá vontade de pegar vários filmes dirigidos ou protagonizados por Clint pra ver. Aproveitei que estava fácil em meu HD para conferir o seu terceiro trabalho na direção, feito depois de ele provar que podia dirigir um filme de qualidade com Perversa Paixão e de voltar como um caubói misterioso no excelente O Estranho sem Nome. Intelúdio de Amor foi o primeiro filme de Clint sem ele como protagonista. Em seu lugar, está o veterano William Holden. O filme conta a história de amor entre Frank Harmon (Holden), um executivo na faixa dos seus cinquenta anos, e a jovem Breezy (Kay Lenz). A atriz, apesar de não ter tido uma carreira muito bem sucedida no cinema, é uma graça e o filme deve muito a ela. Aliás, Clint, que era um mulherengo incorrigível, se sentiu logo atraído por ela. O livro de Eliot não explicita bem o relacionamento entre os dois, se foi ou não transformado em mais um caso do astro. Breezy tem um jeito hippie, bem representativo da juventude da época, e que serve para enfatizar ainda mais as diferenças entre o personagem de Holden e ela. Havia um abismo de diferenças enorme entre os dois. Mas a garota se esforça para ultrapassar a barreira que o velho Frank coloca em sua frente. O filme nos apresenta primeiro a Breezy, que sai da casa de um rapaz desconhecido, com quem havia dormido na noite anterior, com apenas alguns centavos para o café. Leva seu violão a tiracolo e sai pedindo carona. Não dá muita sorte, pois pega um tarado meio psicopata. Sorte que ela consegue fugir do sujeito, indo parar numa casa de onde sai o personagem de Holden, não muito disposto a lhe dar carona. Fiquei especialmente interessado numa sequência em que ela pede para ele parar imediatamente o carro, pois ela vê um cachorro na estrada. Ele acha um absurdo parar por causa de um cachorro provavelmente morto, mas acaba fazendo. Interessante também a elipse que o filme faz desse momento até a cena em que ele já está de volta ao trabalho. Afinal, e o cachorro? Essa pergunta eu fiquei me fazendo durante boa parte do filme. ''Interlúdio de Amor'' infelizmente não foi muito bem recebido pelas plateias da época. Clint ficou um tanto rancoroso com a Universal, que ele julga culpada pelo fracasso do filme, por não ter feito uma boa divulgação. E é impressionante como a crítica da época era cruel com os primeiros filmes de Clint. Uma delas falou sobre ''Interlúdio de Amor'': tão perfeitamente horroroso que chega quase a ser bom para dar risadas. Por outro lado, teve uma boa recepção dos críticos adeptos da política dos autores, mas esses não eram muito populares. De qualquer maneira, o fracasso comercial do filme fez com que Clint passasse 22 anos sem filmar outra história de amor.'' (Ailton)
31*1974 Globo
Malpaso Company, The
Diretor: Clint Eastwood
2.852 users / 461 face
Date 06/10/2015 Poster - ####### - DirectorD.W. GriffithStarsLillian GishRichard BarthelmessMrs. David LandauA naive country girl is tricked into a sham marriage by a wealthy womanizer, then must rebuild her life despite the taint of having borne a child out of wedlock.[Mov 08 IMDB 8,1/10] {Video}}
INOCENTE PECADORA
HORIZONTE SOMBRIO (alternative title)
(Way Down East, 1920)
TAG D. W. GRIFFITH
{nostálgico}Sinopse
''Jovem inocente acaba se envolvendo com um mulherengo que a engana, simulando um casamento entre os dois para poder levá-la para a cama. Após o ato, ele revela a verdade, destruindo-a moralmente, sobretudo quando o filho que nasce desse ato morre. Acaba encontrando abrigo em uma grande fazenda, onde é acolhida com carinho pela família e amor pelo filho do dono. Mas as lembranças amargas de seu último romance farão com que um novo envolvimento amoroso seja difícil de suportar.''
''Um melodrama singular dirigido por D. W. Griffith e estrelado por sua musa e constante colaboradora Lillian Gish, “Inocente Pecadora” (As Duas Tormentas em Portugal) , com seus 145 minutos, embora com o subtítulo de "uma história simples de pessoas comuns", é prolixo e ao mesmo tempo fluente como a catarata para que Anna se dirige sobre uma pedra de gelo, no clímax da produção. Assim como a maioria dos filmes mudos, esse tem também uma série de intertítulos que servem de prólogo da ação. Aqui vemos uma celebração ao casamento monogâmico e o sofrimento que a infidelidade masculina pode causar para a mulher. As personagens têm nome, mas, como o próprio filme explicita, poderiam ser qualquer pessoa (ainda não houve a sacada de chamar as personagens apenas de esposa ou marido, como faria Murnau em Aurora, em 1927). Por si só, uma apresentação interessantíssima. E, quando a ação começa, nos vemos enfeitiçados pelo encanto virginal de Lillian e torcemos para sua personagem, embora, como em outros filmes, ela sofra, sofra, sofra e sofra mais um pouco durante toda a projeção. Anna, uma pobre jovem da Nova Inglaterra, vai a Boston pedir ajuda financeira para uma tia rica. Acolhida falsamente pela ricaça, ela acaba participando de uma festa na mansão, chamando a atenção do mulherengo Lennox Sanderson (Lowell Sherman) . Depois de algumas investidas, ele a pede em casamento, mas implora que ela mantenha segredo sobre a cerimônia, pois ele não quer perder a mesada que ganha do tio. Mas ela não pode esconder a verdade por muito mais tempo, pois um herdeiro está a caminho. É aí que ele revela que eles não são realmente casados, deixando-a sozinha e desamparada após a morte da mãe. Anna passa a ser vista como pecadora por ter um filho sem ser casada, embora seja inocente por ter sido enganada por Lennox. Mais uma série de tragédias se segue. Numa sequência comovente, Anna batiza seu bebê sabendo que ele está muito doente e segura-o nos braços até ele morrer, quando ela tenta, sem sucesso, reaquecer seu corpinho. Lillian relembra que o pai do bebê estava no set de filmagem e, com a comoção causada pela cena, desmaiou. A sinistra mulher que alugava a casa para a jovem a obriga a sair, pois ela não tem boa reputação. Anna tenta recomeçar sua vida na fazenda Bartlett, escondendo seu passado. Mas um dos vizinhos próximos é o próprio Lennox, que a enganara e agora teme que sua presença estrague seus novos planos de romance com Kate (Mary Hay), até então comprometida com David (Barthelmess). Curiosamente, Barthelmess e Hay se casaram na vida real. Corine Seymour, presença constante nos filmes de Griffith, gravou várias cenas como Kate antes de adoecer gravemente e falecer aos 21 anos. Ela foi substituída por Mary e o que vemos na tela é uma mistura das atuações das duas atrizes. Lillian está especialmente bonita nesse filme, quase sempre com seus longos cachos presos em um coque. Os closes durante a festa chique são de uma beleza única, assim como a interação infantil com uma pombinha. É impossível não ser ofuscado por sua presença. Seu co-protagonista Richard Barthelmess (com quem também atuou em “Lírio Partido / Broken Blossoms”, no ano anterior), o sensível fazendeiro David Bartlett, não chega aos pés dela em tempo em cena. Seu grande momento é quando recita um poema para ela e diz que sempre a amou (além, é claro, dos momentos como herói perto do final). A versão a que eu assisti tem a maioria de suas cenas em tons de sépia, com algumas poucas (em especial a da catarata) em um tom de azul que me lembrou da própria Gish balançando o berço em Intolerância. Em se tratando de visual, não podemos deixar de falar da sequência na nevasca, criada exclusivamente para o cinema, que culmina com Anna desmaiada em uma pedra de gelo (feita de madeira pela equipe cenográfica) e sendo levada para a morte. Lillian permaneceu horas com a mão mergulhada nas águas geladas de um rio para completar a cena, ficando com problemas motores na mão direita pelo resto da vida. A música é simpática, combinando melodias agradáveis que se intercalam e algumas músicas conhecidas usadas em pequenos momentos, como a Marcha Nupcial, uma canção de ninar e a cantiga folclórica infantil Three Blind Mice. Em uma cena de dança (dança no cinema mudo é algo bizarro ao extremo) a futura estrela Norma Shearer participa como extra. Para surpresa geral, Griffith, em meio ao drama de Anna, salpica momentos e personagens cômicos. Mais uma vez ele constrói histórias paralelas (um gosto pessoal) que nem sempre se mostram úteis (um defeito pessoal). O tema excessivamente puritano soa datado. Anna não poderia mais se casar porque ela não é "a branca flor virginal" com que David sempre sonhou. Hoje isso não mais se aplica (e se aplicasse, meu Deus!). No entanto, outros aspectos moderninhos prevalecem, como Anna acusando Lennox de tê-la enganado sem medo da reação alheia (OK, ela não tinha medo porque sua situação não podia ficar pior), David atacando o pai após este expulsar Anna e alguns detalhes finais: um beijo cômico entre dois homens e o beijo entre Anna e a sogra, selando a união e terminando a película. Como não gosto do melodrama exagerado de Griffith, não me empolguei com o clímax no gelo, mas confesso que é uma sequência tecnicamente impressionante e de beleza pungente. Este filme foi 175 mil dólares mais caro que o épico O Nascimento de uma Nação. Nada controverso, ele acabou se tornando um sucesso absoluto de público. Surpreendente, incrivelmente moderno em alguns pontos e ultrapassado em outros, "Inocente Pecadora" ainda emociona, diverte, prende o espectador e, em especial, mostra o talento incontestável de Lillian Gish.'' (Crítica Retrô)
D.W. Griffith Productions
Diretor: D.W. Griffith
3.676 users / 181 face
Date 18/11/2015 Poster - ###### - DirectorAngelina JolieStarsJack O'ConnellMiyaviDomhnall GleesonAfter a near-fatal plane crash in WWII, Olympian Louis Zamperini spends a harrowing 47 days in a raft with two fellow crewmen before he's caught by the Japanese navy and sent to a prisoner-of-war camp.[Mov 02 IMDB 7,2/10] {Video/@} M/59
INVENCÍVEL
(Unbroken, 2014)
TAG ANGELINE JOLIE
{esquecível}Sinopse
"Narra a história do atleta olímpico Louis Zamperini, que competiu nos jogos de 1936 e depois serviu o exército na Segunda Guerra, quando sobreviveu à queda de um avião e foi capturado e feito prisioneiro pelos japoneses."
"Não é a obra-prima que Jolie almejara; porém não é a bomba que os "haters" da atriz-diretora incitaram. Acredito que a limitação natural da história acabou trazendo o filme ao lugar-comum de outras cinebiografias e contos de superação." (Alexandre Koball)
"Drama de guerra (lembra "Furyo"), de esporte (à la "Chariots of Fire") e de superação (ecos de "Kon Tiki"): "Invencível" são 3 filmes - ruins - em 1. Os flashbacks sem função e a narrativa pesadona também comprometem. Como diretora, Jolie é uma boa atriz." (Régis Trigo)
"A história de Zamperini é inacreditável e Jolie entende isso, evitando transformar o personagem em um herói. Há deslizes (como a estrutura inicial em flashback e alguns diálogos piegas), mas a má recepção que o filme recebeu foi bastante exagerada." (Silvio Pilau)
"Faltou alguma coisa. Seria menos Angelina Jolie?" (Guilherme Spada)
A diretora Angelina Jolie traga os dólares americanos... E só; seus reais intentos ficam bem longe da realização.
''Desde a última quinta-feira, dia da cabine da mais nova produção dirigida pela Sra. Smith, ou melhor, Brad Pitt, venho sendo acusado de hater de Angelina Jolie. Minha resposta a todos: a culpa não é minha se os filmes são ruins, mas dos próprios filmes. Enquanto meu texto começa, tenho uma notícia boa e outra ruim para Jolie. A boa é que seu filme acabou de ultrapassar os 100 milhões de arrecadação e corre o risco de chegar aos 150 nos EUA; a ruim é que... lembram do boneco careca dourado que é entregue em fevereiro, da qual até 2 meses atrás ela era uma das favoritas? Pois é, a reza hoje é para concorrer. Em qualquer coisa. E quanto mais o tempo passa, menor é o número de indicações que o filme terá. Quais são os motivos para esses rumos? Quanto à bilheteria, trata-se da história real de um herói americano em pelo menos duas frentes, olímpico e de guerra. O filme mostra os esforços de um corredor medalhista de ouro convocado para a Segunda Guerra, cujo sonho se interrompe nesse momento e vai tendo diferentes e maiores níveis de encerramento ao despencar num avião no meio do oceano. Sobrevivente de um naufrágio, é feito prisioneiro pelos japoneses e então vai parar num campo de trabalhos forçados, sendo constantemente humilhado e surrado por um superior. Além de tudo, o personagem real faleceu esse ano... Enfim, está explicado a quantas deve chegar o máximo em patriotismo, na tela e nas sessões por lá. Já os atributos que fariam o filme concorrer a N prêmios esse ano... Bom, estão todos lá também. História lacrimogênea, trilha sonora chorosa (um momento vergonha alheia do grande Alexander Desplat), imagens pseudo grandiosas numa fotografia repetitiva e sem nenhuma imaginação (outro grande profissional de sua área, no caso Roger Deakins, pagando contas), um protagonista empenhado fazendo jus ao tanto de expectativa que o filme retinha (Jack O'Connell é uma revelação, de fato)... Pensando no passado recente, vimos Ray, Seabiscuit - Alma de Herói, Em Busca da Terra do Nunca, Histórias Cruzadas, todas essas bobagens aconteceram, entre o público americano, a crítica e as premiações. O que irá acontecer com Invencível é algo que me foge a uma explicação lógica e concreta, ficando no ar muitas possibilidades. Não se pode acusar a trave que Jolie está batendo no fato dela ser inexperiente. Dos quatro filmes citados acima, apenas um deles poderíamos dizer ser dirigido por um cineasta experiente na ocasião, e Jolie tem um pedigree, né? Casada com quem é, filha de quem é, blockbuster no ano corrente com seus dois produtos (não esqueçam que a bilheteria de Malévola foi ainda maior, e global), já premiada e indicada inúmeras vezes, premiações adoram atores que passam para o outro lado da câmera; Robert Redford, Warren Beatty, Kevin Costner, Ron Howard, Richard Attenborough, Clint Eastwood, não são poucos os atores premiados como diretores. A criatura chamou os melhores profissionais de cada setor para as áreas técnicas de seu filme, inclusive o roteiro do filme foi supervisionado pelos irmãos Coen! Duvido que a frustração não esteja batendo de forma gigantesca em sua casa. A verdade é que a Academia fará muito certo de deixar esse filmequinho de fora das categorias principais, um acerto inesperado mesmo que inexplicável, um daqueles raros casos onde um vento de sapiência bateu nas cabeças dos votantes. Quando é bom, o filme é no máximo medíocre. Jolie não cansa de mostrar que já viu todo mundo contando histórias similares e vai no bola boa: não tem um risco sequer no filme, tudo é premeditado e seguro. E raso. E comum. E bem insípido. Na ânsia de não desagradar ninguém, Jolie jogou pra plateia e com certeza está tendo o que era de fácil alcance: o abraço do público médio americano, e a grana que eles podem jogar no seu colo. Cinematograficamente pobre, nada inventivo e repleto de clichês e frases de auto ajuda (proferidas por praticamente todos os personagens ao protagonista, numa espécie de ritual a cada afastamento dele, em cenas onde o constrangimento cresce a cada novo lance), de nada adiantou Jolie se cercar dos melhores se não fazia ideia do que queria. Minha mãe já dizia: até pra saber mandar limpar sua casa, você tem de saber usar o aspirador; como vai dar ordem se não sabe como fazer?. Essa é a sensação. Nem os sentimentos mais básicos o filme consegue alcançar, não emocionando ou nos fazendo torcer pela libertação de Louis Zamperini. A única torcida ao final da empreitada é para que "a musa de uma geração" saia de cena por um tempo, como realizadora ou atriz. O que obviamente não acontecerá, vide o atual momento de sucesso público de nossa heroína. Mas se Jolie não consegue maturidade como atriz, nem demonstra qualquer segurança como diretora, o que espera o futuro dessa moça? Talvez ser casada com o produtor vencedor do último Oscar seja um futuro viável e o máximo em prestígio contemporâneo que ela vá ter... Ou se reinventar, uma vez mais." (Francisco Carbone)
''As primeiras cenas de "Invencível" parecem coisa de videogame. A esquadrilha de aviões de guerra surge ao longe para, aos poucos, tomar conta da tela e mergulhar nos olhos na plateia. Há tiros, explosões, incêndios e a tensão cresce até que os heróis finalmente lançam suas bombas. Faz tudo parte do DNA cinematográfico da diretora, a atriz Angelina Jolie, em sua segunda incursão por trás das câmeras. Talvez lhe tenha sido útil a experiência de viver a heroína de games Lara Croft. Mas foi preciso muito mais que correria e sangue escorrendo para contar na telona a trajetória de Louis Zamperini, corredor olímpico e herói da Segunda Guerra Mundial. A história beira o inacreditável. Nascido pobre, filho de imigrantes italianos, o jovem Zamperini foi resgatado da delinquência pelo sucesso que obteve correndo: chegou a fazer parte da equipe norte-americana que disputou a Olimpíada de Berlim-1936. Não ganhou nada, mas seu desempenho nos 5.000 m, com uma espetacular última volta na pista, entrou para a história. Na Segunda Guerra, seu avião se esborrachou no mar. O soldado saiu vivo e ficou à deriva no Pacífico por mais de um mês e meio, bebendo sangue de aves, comendo peixe, enfrentando tubarões. Quando o resgate veio, os salvadores eram os inimigos: Zamperini vai direto para os campos de prisioneiros, onde se torna a vítima predileta de um sádico comandante. O americano enfrenta seu algoz e faz da resistência aos maus tratos sua redenção: trata-se de uma guerra de vontades, contada em detalhes na biografia "Invencível", de Laura Hillenbrand, em que o filme é baseado. Lançado nos EUA em 2010, o livro já vendeu mais de 4 milhões de exemplares. Quem leu "Invencível" pode sentir falta de algumas passagens ou notar eventuais incongruências entre o texto e o filme. Independentemente disso, os roteiristas –entre eles os oscarizados irmãos Coen– e Jolie souberam destacar os episódios definidores da epopeia de Zamperini sem transformar a fita em dramalhão. Também não virou um épico religioso, ainda que registre as promessas do náufrago de dedicar sua vida a Deus (por sinal, no início deste mês Angelina Jolie passou o filme no Vaticano e teve breve encontro com o papa Francisco). O longa também conversa com a vida real. Imagens televisivas mostram o herói do filme em 1998, aos 80 anos, quando foi um dos corredores a carregar a tocha olímpica dos Jogos de Inverno em Nagano, no Japão. Louis Zamperini morreu em julho passado, aos 97 anos, depois de passar 40 dias no hospital lutando contra uma pneumonia." (Rodolfo Lucena)
''Invencível'', baseado em uma história real, acompanha a trajetória de Louis Zamperini, atleta olímpico, que passou uma verdadeira provação ao ser convocado para a Segunda Guerra Mundial. Passou de náufrago a prisioneiro de um campo de trabalhos forçados no Japão, sem nunca desistir, sem nunca se deixar quebrar pelos desafios a serem enfrentados. Seria, na prática, uma mistura do filme Náufrago, de Robert Zemeckis, e A Vida é Bela, de Roberto Begnini. Contudo, o contraste entre o denso e multifacetado roteiro produzido pelos irmãos Coen e o excesso de frieza na direção de Angelina Jolie impedem o filme de alçar voos mais altos, fazendo com que Invencível seja só mais um filme, entre tantos, acerca dos horrores da guerra e do poder de superação de um homem, ainda que não mereça o desprezo recebido por boa parte da crítica especializada. Outro agravante ocorreu quando Invencível, ao querer fazer com que o expectador imergisse nas torturas e abusos sofridos pelo protagonista, negligenciou o principal: o motivo pelo qual Zamperini é Invencível, um lutador. Há um excesso de cenas focadas nos horrores passados pelo protagonista e pouco é mostrado para construir aquela personalidade forte e perseverante que consegue enfrentar o que poucos iriam conseguir. O raso desenvolvimento dos personagens e a falta de valorização das cenas anteriores ao calvário de Zamperini, de forma a tornar claro quem era ele, fizeram com que Jack O’Connell, que interpreta Zamperini, tivesse sozinho a responsabilidade de dar humanidade ao personagem. Não só ele, mas todos os demais personagens ficaram apenas na superficialidade, se destacando somente a razoável atuação de Ishihara Takamasa (oficial Watanabe), algoz do protagonista. Ainda nesse caminho, há uma tentativa falha de se trabalhar a fé e o milagre como uma possível interpretação dos fatos ocorridos, porém, mais uma vez, há um distanciamento de tal proposta que não permite o seu maior aprimoramento. Entretanto, a obra está longe de ser ruim ou dispensável, muito pelo contrário, para um filme com caráter biográfico, que fica, de certa forma, preso aos fatos ocorridos, tal obra consegue ser envolvente e nada penosa, até mesmo, em momentos longos que mostram os sofrimentos pelos quais o personagem teve de passar. A montagem de cenas deslocadas no tempo, contrastando a guerra com o período de Zamperini nas olimpidadas, foi de bom tom, concedendo um certo dinamismo à pelicula. Além disso, a belíssima fotografia de Deakins e o roteiro supervisionado pelos irmãos Coen auxiliam e muito Jolie, funcionando como verdadeiros sustentáculos à obra. Quanto a sua direção, os seus méritos foram os mesmos que impediram Invencível de ser um filme para ficar na memória, de se tornar grandioso, visto que ao não querer torturar o expectador junto com Zamperini, a diretora, mesmo em cenas necessariamente mais fortes, como a das diversas vezes em que o algoz do protagonista o humilha e o tortura, Jolie opta por uma direção menos carregada, quase que oficial, tentando de todas as formas fazer com que a ação apareça de forma limpa, sem ousar mostrar cenas visualmente fortes, fazendo com que seja de fácil digestão para o espectador e, consequentemente, de poucas marcas em quem o assiste. Em suma, ''Invencível'' é aquele filme que quase ninguém sairá do cinema reclamando, contudo poucos terão um forte apresso ou reflexão maior acerca do mesmo. Claramente, tal película poderia ter sido maior; entretanto, a inexperiência de Angelina Jolie como diretora relegou a sua obra a apenas mais um bom filme de superação em momentos adversos, era possível mais, bem mais." (Critic Pop)
87*2015 Oscar
3 Arts Entertainment
Jolie Pas
Legendary Pictures
Diretor: Angeline Jolie
97.224 users / 34.460 faceSoundtrack Rock
Coldplay
48 Metacritic 412 Down 14
Date 17/03/2016 Poster - # - DirectorAnaïs Barbeau-LavaletteStarsOmri IlanLionel CalniquerGil DesianoA Canadian doctor finds her sympathies sorely tested while working in the conflict ravaged Palestinian territories.[Mov 06 IMDB 6,9/10] {Video/@@@} M/47
INCH' ALLAH
(Inch'Allah, 2012)
TAG ANAIS BERBEAU-LAVALETTE
{eaquecível}Sinopse
''Chloe é uma jovem médica canadense que divide seu tempo entre Ramallah, onde trabalha com o Crescente Vermelho e Jerusalém, onde vive ao lado de sua amiga Ava, uma jovem soldada israelense.''
*****
''A principal virtude de "Inch'Allah" é, de longe, geográfica. ''Dificilmente nos damos conta de como essas duas nações são próximas e imbricadas. O filme de Anaïs Barbeau-Lavalette diz respeito a Chloé, uma médica canadense que mora em Israel e trabalha na Palestina. A rotina de ônibus, posto de fronteira, hospital, ônibus israelenses, ruelas palestinas, casas confortáveis em Israel, casas modestas em Ramallah, a beleza de Jerusalém, a tristeza da Cisjordânia - é esse, de longe, o aspecto mais bem resolvido do filme. Essa qualidade geográfica se aprofunda se pensarmos que "Inch'Allah" se abre por um atentado num assentamento israelense em terra palestina. A vizinhança é tão cerrada, nesse território teoricamente palestino recortado por ilhas israelenses, quanto é violenta a sensação que se transmite da Cisjordânia como território ocupado. A intriga serve para ilustrar essas questões e demonstrar a dificuldade de convivência numa situação em que as armas é que têm a palavra final. Chloé tem amizade com Ava, uma jovem que serve o exército de Israel e trabalha num desses postos de fronteira. Do outro lado, ela é amiga da família de Rand, jovem palestina cujo marido se acha numa prisão em Israel, e irmã do revoltado Imad. Nesse entre dois mundos, Chloé funciona como uma espécie de guia do espectador, sobretudo entre os palestinos. Aliás, ela em geral segue à frente da câmera. E vemos o mundo a partir de seus ombros, como acontece com os guias turísticos. Uma guia de local conturbado, que precisa sair correndo em situações de perigo, com a câmera atrás, trepidando. Passado o momento inicial, o mais claramente geográfico, a desigualdade da ficção é marcante. A ficção não raro mergulha em abismos de lugar-comum, embora por vezes saiba emergir com brio.
No final, em particular: a brecha que um menino palestino com vestes de super-herói abre no muro israelense e um atentado bem urdido são dois momentos em que observação e imaginação andam juntas e de maneira criativa.'' (* Inácio Araujo *)
**
''Dois caminhos: o da comédia ou do drama em meio a guerra. Começando pelo segundo, "Inch'allah". Ali se trata de uma médica canadense que transita entre a Palestina, onde trabalha, e Israel, onde mora e mantém relações de amizade. Como, entretanto, manter-se fiel a ambos os lado, enquanto os conflitos botam abaixo os territórios palestinos? Uma questão interessante, embora nem sempre bem desenvolvida.'' (** Inácio Araujo **)
2013 Urso de Ouro
micro_scope
ID Unlimited
July August Productions
International Traders
Diretor: Anaïs Barbeau-Lavalette
1.985 users / 1.357 face
5 Metacritic
Date 12/06/2016 Poster - ####### - DirectorAsia ArgentoStarsGiulia SalernoCharlotte GainsbourgGabriel GarkoRome, 1984, Aria is nine-year-old girl. On the verge of divorce, Aria's infantile and selfish parents are too preoccupied with their careers and extra-marital affairs to properly tend to any of Aria's needs. While her two older sisters are pampered, Aria is treated with cold indifference. Yet she yearns to love and to be loved. At school, Aria excels academically but is considered a misfit by everyone. She is misunderstood. Aria finds comfort in her cat - Dac and in her best friend - Angelica. Thrown out of both parents' homes, abandoned by all, even her best friend, Aria finally reaches the limit of what she can bear. She makes an unexpected decision in her life.[Mov 06 IMDB 6,7/10] {Video/@@} M/67
IMCOMPREENDIDA
(Incompresa, 2014)
TAG ASIA ARGENTO
{sinpático}Sinopse
''Roma, 1984, Aria é uma menina de nove anos de idade. À beira do divórcio, os pais infantis e egoístas de Aria estão muito preocupados com suas carreiras e assuntos extra-conjugais para cuidar adequadamente de qualquer uma das necessidades da criança. Enquanto suas duas irmãs mais velhas são mimadas, Aria é tratada com indiferença e frieza. Mesmo assim, ela anseia em amar e ser amada pela família. Na escola, a menina se destaca academicamente, mas é considerada desajustada por todos. Ela é incompreendida. Seu conforto resume-se em seu gato Dac e sua melhor amiga, Angelica. Ao ser expulsa da casa dos pais e abandonada por todos, até mesmo por Angelica, Aria finalmente chega ao limite do que pode suportar, e toma uma decisão inesperada em sua vida.''
"Incompreendida" é o terceiro longa de Asia Argento, filha do mestre do horror italiano Dario Argento. Trata de abandono e irresponsabilidade em uma família disfuncional que reflete muito bem nossos tempos incertos, apesar da trama ser ambientada nos anos 1980. Aria (Giulia Salerno, um espetáculo de atriz mirim) é a filha caçula de um casal que se separa. Sua mãe, a pianista Yvonne Casella (Charlotte Gainsbourg), só liga para a filha do meio e os amantes. O pai, Guido Bernadotte (Gabriel Garko), um ator famoso de filmes B, cheio de não-me-toques, é a própria definição de brutalidade, um ser boçal que só dá atenção à filha mais velha, de 15 anos, e, como Yvonne, também coleciona amantes. A diretora prefere se concentrar, acertadamente, na infância de Aria, em seus amigos da escola, as pequenas paqueras, a amizade com Angelica (Alice Pea). Quando mostra os adultos, quase sempre o tom é negativo. O que reforça, por outro lado, o que eles têm de positivo (como na sequência em que Aria é levada pelo pai a um show de rock). "Incompreendida" é estranhíssimo, com uma câmera maneirista e uma música eletrônica oitentista, muitas vezes invasiva, como um ruído que nos diz que por ali ninguém é normal. Alguns acontecimentos são mal construídos, como as circunstâncias que levaram Aria a dormir uma noite com outros excluídos da sociedade, por exemplo, ou as frequentes mudanças entre as casas do pai e da mãe. Mas há talento na direção de Argento, usado de uma maneira tortuosa, e até por isso mais impactante. É a vida e nada mais, complexa, muitas vezes inexplicável, mas torturantemente bela. Há momentos belíssimos, como por exemplo a falsa chegada dos pais dela na premiação escolar, uma cena imaginada por Aria e banhada por uma luz toda irreal, poética. Ou as diversas brincadeiras das adoráveis Aria e Angelica. O título original do filme, "Incompresa", remete a um dos maiores melodramas já feitos: "Quando o Amor é Cruel" (no original: Incompreso), do diretor italiano Luigi Comencini. Nesse último, visto por Aria na TV, os dois filhos de um embaixador inglês passam a maior parte do tempo sozinhos ou sob os cuidados de governantas. Em "Incompreendida", os pais de Aria por vezes estão presentes, mas é como se não estivessem. O filme, afinal, fala dessa terrível ausência na vida de Aria. E fala de um jeito tipicamente italiano, como nos bons tempos desse cinema de história riquíssima, costurando ternura e sofrimento, alegria e melancolia, com intensa sensibilidade." (Sergio Alpendre)
2014 Palma de Cannes
Wildside
Paradis Films
Rai Cinema
Groupama
Orange Studio
Palatine Étoile 11
SofiTVCiné
Film Commission Torino-Piemonte
Regione Lazio
Diretor: Asia Argento
1.148 users / 105 faceSoundtrack Rock
The Penelopes
7 Metacritic
Date 22/02/2017 Poster - #### - DirectorStanley DonenStarsCary GrantIngrid BergmanCecil ParkerAn actress who has given up on love meets a suave banker and begins a flirtation with him--although he's already married.[Mov 07 IMDB 6,8/10] {Video/@@@@@}
INDISCRETA
(Indiscreet, 1958)
TAG STANLEY DONEN
{divertido}Sinopse
''Philip (Cary Grant), um americano rico, e uma famosa atriz, Anne (Ingrid Bergman), se encontram de maneira inusitada. Anne insiste em conquistá-lo, como faz com todos os homens. Embora Philip resista, acaba fisgado, e ela também não consegue resistir ao charme eletrizante do galã. Quando Cary Grant e Ingrid Bergman se reuniram novamente em Indiscreta - mais de uma década depois de Interlúdio, de Hitchcock - um grande sucesso já era previsto. Essa dupla de astros mais o grande diretor Stanley Donen (Charada) transformam um simples romance, num clássico de alto nível. Um filme inteligente, agradável, um belo conto sobre a acidentada estrada do amor.''
"Prova da força do cinema clássico americano: se fosse refeito hoje, esse filme seria taxado de sem graça, tolo, banal e desnecessário. No fundo, "Indiscreta" é um pouco disso tudo. A diferença é que aqui temos Cary Grant e Ingrid Bergman. E isso basta." (Régis Trigo)
''Todo mundo quer ser Cary Grant. Só quero ser Cary Grant! , Disse Cary Grant. É uma das citações mais lendárias da história do cinema. Uma declaração que indica quanto Archibald Leach - o nome real de Cary Grant - diferia de seu alter ego. Na vida cotidiana, Grant era muito mais parecido com os personagens complexos e incompreensíveis que interpretou em seus dois primeiros filmes com Alfred Hitchcock ("Suspeita" de 1941 e a obra-prima Notorious de 1946) do que com as figuras alegres e charmosas em seus últimos filmes. Mas, como filmes como Operation Petticoat (1959), de longe, trouxeram mais dinheiro, Grant tirou suas conclusões. É assim que o público aparentemente queria vê-lo como o encantador e atraente playboy com um pequeno coração. Além disso, Grant já tinha passado dos cinquenta anos e já não procurava novos desafios artísticos. Ele estava bem com isso. Um desses filmes em que Grant claramente joga piloto automático é "Indiscreta" (1958), que ele fez novamente um ano antes de seu último grande destaque - North by Northwess, com Alfred Hitchcock. Neste filme, ele se reencontra com Ingrid Bergman, que recentemente fez seu retorno em Hollywood depois de estar ausente por dez anos devido ao escândalo envolvendo seu relacionamento extraconjugal com o diretor italiano Roberto Rosselini. Testemunhando o Oscar que ela ganhou por "Anastasia" (1956), a brilhante atriz sueca foi recebida de braços abertos nos Estados Unidos. Ela mesma não poderia estar presente na cerimônia de premiação, então Grant, com quem ela sempre foi boa amiga, levou as honras. A comédia romântica "Indiscreta" é baseada em uma peça popular de Norman Krasna (que também escreveu o roteiro do filme), intitulada Kind Kind. A solitária e mundialmente famosa atriz Anna Kalman (Ingrid Bergman) reúne, através de sua irmã e cunhado, o bonito - mas infelizmente casado - diplomata Phillip Adams (Cary Grant). Eles se apressam em um caso de amor e, embora Anna pense que é uma pena que Phillip já é casado, ela pelo menos sabe onde ela está. E assim eles continuam a se ver, sob suas próprias condições. Quando seu cunhado Alfred Munson (Cecil Parker), um colega de Phillip, acidentalmente revela que Phillip só age como se fosse casado, então ele tem uma desculpa para não ter que se casar com uma mulher. Dessa forma, ele pode ficar solteiro, sem machucar as mulheres quando ele decide que está cansado dela. É claro que Anna não entende a lógica típica dos homens e decide tratá-lo com um biscoito de sua própria massa. Como ele ousa fazer amor comigo e não ser um homem casado", diz Ingrid Bergmans Anna quando descobre que a pessoa amada acaba por não se casar. Uma frase como essa indica que "Indiscreta" parece um pouco datado para um público contemporâneo. No entanto, este filme continua a ser uma comédia romântica intrigante, mesmo que apenas por causa do poder de estrela de dois dos maiores atores do século XX. Além disso, amor e vingança são ingredientes atemporais que ainda atraem a imaginação. "Indiscreet" é definitivamente um filme elegante e encantador, mas o diretor Stanley Donen ("Singin" in the Rain, 1952) poderia e deveria ter feito mais com ele. A primeira hora, por exemplo, é muito doce e você só tem o jogo de gato e rato realmente interessante que você estava esperando na última meia hora. Também visualmente há pouco espetáculo (ou deve ser as belas roupas de Bergman); Donen confia muito no carisma de seus protagonistas e, portanto, usa close-ups excessivos de Grant e Bergman. A única cena atraente é onde Donen usa uma tela dividida para evitar o comitê de censura - que não aceitaria se Bergman e Grant estivessem deitados juntos em uma cama. Cary Grant está no seu melhor quando ele tem uma contraparte que é do mesmo nível que ele. Em "Indiscreet" ele e Bergman até têm alguém que é muito melhor que ele. E onde isso funcionou excelentemente em Notorious, as faíscas neste filme não estão incluídas. Claro, há definitivamente uma química notável entre os dois protagonistas. Mas onde Bergman (com seus 43 anos na verdade um pouco velhos demais para esse papel) visivelmente se diverte, surge como um talento cômico e provavelmente gosta de ser "apenas" bem-vindo em Hollywood novamente, Grant parece inspirador e descontraído. Este é claramente um número obrigatório para ele. Com exceção das cenas em que ele pode demonstrar que ele também tem um excelente talento de dança. Ele brutalmente exige toda a sua atenção como um menino (de 54!). Há bons papéis coadjuvantes de Cecil Parker e Phyllis Calvert como cunhado e irmã de Anna, respectivamente. Também ouça atentamente a partitura fascinante de Sammy Cahn e Jimmy Van Heusen, que enfatiza o caráter agridoce do filme. "Indiscreta" é um típico veículo de Cary Grant, no qual o ator lendário desempenha o papel que o público queria ver dele. E então faz sentido que Grant jogue o piloto automático, porque ele não teve que fazer muito esforço para desempenhar esse papel, o qual ele havia tocado tantas vezes antes. Felizmente Ingrid Bergman traz alguma vida para a cervejaria, em um papel no qual nós não a vimos com frequência; a do comediante. "Indiscreet" é surpreendentemente aborrecido quando você considera os grandes nomes envolvidos. No entanto, os amantes de comédias românticas, sem dúvida, serão capazes de apreciá-lo ao máximo." (Patricia Smagge)
16*1959 Globo
Warner Bros.
Grandon Productions Ltd.
Diretor: Stanley Donen
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Date 17/0202017 Poster -