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- 32 títulos
- DirectorDarren AronofskyReparto principalHugh JackmanRachel WeiszSean Patrick ThomasTommy es un científico que busca desesperadamente el avance médico que salve a su mujer Izzi, enferma de cáncer.[Mov 01 IMDB 7,3/10] {Video/@@} M/51
FONTE DA VIDA
(the Fountain, 2006)
"É bonito, lírico, bem filmado, cheio de rimas narrativas, pensado todo de forma correta... Uma das grandes obras-primas sobre a vida, a morte e a aceitação em torno disso. Para nós, humanos, por que é tão difícil aceitar nossa finitude?" (Rodrigo Cunha)
"Muita areia para o caminhão de Aronofsky." (Heitor Romero)
A ambição da obra foi maior que a sua realização, ainda assim é um filme que merece ser assistido.
**
''A coragem de Darren Aronofsky é algo a ser louvado. Em meio ao marasmo de idéias do cinema americano, o diretor vem, a cada novo trabalho, demonstrando visão, originalidade e, acima de tudo, extrema ambição artística, tanto pelas histórias que escolhe como pela forma em que decide contá-las. Em seu primeiro filme, Pi, o cineasta já exibiu incrível ousadia ao narrar, com parcos recursos, uma trama sobre um personagem que tentava encontrar nada menos que o segredo da existência. Pouco depois, Aronofsky orquestrou o emocionalmente devastador Requiem por um Sonho, um impactante retrato da vida de quatro viciados em drogas. Finalmente, seis anos depois de seu último trabalho e após inúmeros problemas de produção (Brad Pitt seria o protagonista), ''Fonte da Vida'' chega aos cinemas e, mais uma vez, Aronofsky não se contenta com pouco. A história épico-metafísica sobre amor, vida e morte se passa em um período de aproximadamente mil anos, contando três tramas paralelas. Na primeira, um soldado da rainha da Espanha é enviado à América Central para descobrir a árvore que teria dado origem à vida, única salvação para o reino. A segunda história mostra os esforços de um médico para encontrar uma cura par ao câncer de sua mulher. E a última ocorre em um futuro distante, onde uma espécie de astronauta parte em busca de uma estrela. Não restam dúvidas de que ''Fonte da Vida'' é uma obra de difícil apreciação. Certamente as platéias mais preguiçosas e acostumadas às fórmulas hollywoodianas irão detestar a jornada proposta por Aronofsky. Isso significa que ''Fonte da Vida'' é um filme ruim? Muito pelo contrário. Ao final da produção, a certeza que fica é a de que o espectador acabou de assistir a uma obra com diversas qualidades, ainda que não tenha preenchido todas as expectativas de sua interessantíssima premissa. Na realidade, o que Aronofsky propõe em ''Fonte da Vida'' é uma verdadeira experiência na qual o espectador é a cobaia. Poucos filmes já criados puderam ser classificados dessa forma com tanta propriedade. Fonte da Vida é uma experiência para os olhos, ouvidos e mentes, uma obra com tantas ambições que é decepcionante ver o quão esteve próximo de dar certo. Ficção-científica, drama, romance, aventura, tudo está presente no experimento de Aronofsky. Se a história não chega onde prometia (como comentarei mais adiante), não deixa de ser um deleite acompanhar o talento do cineasta na direção. Visualmente deslumbrante, Fonte da Vida oferece algumas cenas de inegável plasticidade e com planos compostos com extremo cuidado, atingindo alto nível estético. Momentos como o que se passa dentro do palácio da rainha, com as lâmpadas penduradas, ou aqueles envolvendo o personagem no futuro são de uma beleza estarrecedora. Mais do que isso, a complexa estrutura narrativa de Fonte da Vida encontra fluidez nas mãos de Aronofsky. As cenas parecem se amarrar umas às outras de forma natural, o que dá dinamicidade ao filme e jamais cansa o espectador. O que também colabora para isso é a inventividade do cineasta na passagem das cenas, com diversas fusões entre objetos. Além disso, a excelente trilha sonora de Clint Mansell dá o ritmo necessário de angústia e misticismo à produção (e deve ser dito que o mesmo Mansell foi o responsável pela trilha acidental de Réquiem por um Sonho, que pode ser incluída facilmente em qualquer lista de melhores de todos os tempos). Em seu terceiro grande desempenho no ano (depois de Wolverine em X-Men 3 e o Robert Algier de O Grande Truque), Hugh Jackman mais uma vez demonstra intensidade e talento na construção de três personagens diferentes, embora o grande foco seja mesmo a história do médico. E é ali que o ator realmente tem espaço para se destacar, brilhando em momentos pontuais. Em certa cena, Jackman chora na cama a perda de um ente querido e o espectador consegue sentir toda a profundidade da dor. Por outro lado, Rachel Weisz tem pouco espaço para mostrar algo mais. Em duas das histórias sua participação é reduzida, fazendo da oscarizada atriz uma mera coadjuvante de luxo, ainda que continue cativante. O mesmo pode ser dito dos outros atores, como a fabulosa Ellen Burstyn, que não têm tempo suficiente em tela para criarem personagens com maior complexidade. E a claudicante construção dos personagens não é a única falha do roteiro. Se Aronosfky consegue deixar bem clara sua mensagem de aceitação da morte como algo natural à vida (A morte é o caminho para o sublime), a trama acaba se complicando desnecessariamente no último ato. A impressão que fica é a de que o cineasta não soube como encerrar sua obra, interligando as tramas de maneira desleixada, dificultando a compreensão. No entanto, é possível que exista coerência por trás de tudo o que ocorre no longa. Fonte da Vida é um daqueles filmes que precisam ser assistidos mais de uma vez para um completo entendimento. Talvez a obra tenha se perdido em sua própria ambição ou talvez Aronofsky nem tenha a intenção de ser compreendido. De qualquer forma, mesmo com seus problemas, ''Fonte da Vida'' merece uma chance, nem que seja apenas para apreciar o trabalho de um cineasta com visão e sem medo de ousar." (Silvio Pilau)
Uma excelente idéia de execução falha.
''Fonte da Vida'' foi um filme difícil de sair do papel. O primeiro trabalho mainstream do talentoso Darren Aronofsky estava previsto para sair com orçamento generoso e dois astros do alto escalão – Brad Pitt e Cate Blanchett. Abandonado pelos protagonistas e depois cancelado pelo estúdio, só viu a luz do dia com o roteiro reescrito, orçamento cortado drasticamente e novos atores nos papéis principais: o ascendente Hugh Jackman e Rachel Weisz, esposa do diretor e atual vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante (por O Jardineiro Fiel). É até espantoso perceber a grandiosidade do projeto com o passado do diretor, até então atrelado a produções independentes de baixo orçamento, no caso o instigante Pi e o chocante Réquiem para um Sonho. Por mais que Aronofsky mantenha o estilo que o consagrou, com transições de cena inventivas, ângulos de câmera sofisticados e cortes ágeis, percebe-se em ''Fonte da Vida'' que tudo parece grandioso demais para suas rédeas. A impressão que se tem ao assistir ao filme é que este vai desandar a qualquer momento, que a mão do diretor não foi firme o suficiente. Das três histórias correlacionadas (e contadas simultaneamente), aquela que deveria ser o elo forte e que provocaria maior identificação com o espectador, acaba sendo a que mais falha, uma contemporânea história de amor banal, já vista e revista centenas de vezes : Thomas Creo (Jackman) é um neurocirurgião obcecado na busca da cura do câncer, doença esta que está matando sua esposa Izzi (Weisz). A cura pode estar em uma árvore da Guatemala, mas essa fixação de Thomas em concluir os experimentos acaba afastando-o da amada, cada vez mais dominada pela doença. Esta árvore guatemalteca é o centro das duas outras linhas narrativas, estas alegóricas. A primeira, passada no século XVI, mostra o corsário Tomaz (novamente Jackman), sob desígnios da rainha Isabel da Espanha (também Weisz), em busca do Éden e da árvore da vida, que poderia prover a imortalidade – história esta contada em um livro que está sendo escrito por Izzi. O outro segmento, passado meio século no futuro, mostra Tommy ainda vivo, dentro de uma bolha, viajando para uma estrela que está morrendo na derradeira tentativa de trazer a falecida esposa de volta à vida. É quando o protagonista percebe que a morte, e não a vida, pode aproximá-los novamente. É fascinante o nível de complexidade do filme, exatamente o que assusta e afasta o público que vai ao cinema para desligar o cérebro e se divertir. Fonte da Vida, montado da forma como está, é um desafio de entendimento e que exige atenção redobrada para que nada seja perdido durante a jornada de Thomas – uma segunda, e terceira, e quarta revisão são muito bem-vindas. Até porque o roteiro dá margens para muitas interpretações, e nem todas se conectam como deveriam, o que pode ser proposital. Por isso mesmo está sendo rejeitado de forma tão sucinta, e suas questões metafísicas, rejeitadas. Nesse sentido, só atrapalham a percepção a fotografia cansativa em tons amarelos, a música onipresente de Clint Mansell e os efeitos visuais de gosto duvidoso. Hugh Jackman também não consegue transmitir a profundidade que o papel exige, e Rachel Weisz não tem chances de mostrar o comprovado talento. Somando-se todas essas questões, fica apenas uma certeza: Fonte da Vida é uma excelente idéia de execução falha." (Andy Malafaya)
O novo trabalho do genial Darren Aronofsky.
''A Fonte da Vida'' (The Fountain, 2006) do talentoso cineasta Darren Aronofsky (Pi, Requiem para um sonho) desperta reações de amor e ódio. O projeto levou cinco anos para sair do papel e teve problemas a partir da pré-produção. Brad Pitt abandonou as filmagens por diferenças criativas com o diretor e foi naufragar em Tróia. Por conta disso, Cate Blanchett também saiu e o orçamento de 75 milhões de dólares foi reduzido para 35 milhões. Todavia, mesmo com todos esses percalços, o filme é brilhante. Um lindo poema sobre o amor entre duas pessoas e a aceitação da morte como parte da evolução e da vida. A história foi escrita por Ari Handel e Aronofsky e produz enorme reflexão ao final da sessão, aqueles momentos únicos que só o cinema de qualidade consegue proporcionar. Não apenas as imagens, mas os temas e idéias permanecem na memória por dias. A narrativa é complexa, mas não é difícil de entender, basta querer pensar. Nela, Hugh Jackman é Tommy Creo, um cientista que está em busca da cura do câncer. Para ele é pessoal, já que Izzi (Rachel Weisz), sua esposa, esta morrendo com um tumor cerebral. A chance de sucesso chega juntamente com seu time de pesquisadores, que traz uma amostra de uma árvore singular das selvas da América do Sul. A planta pode ser a cura que ele tanto busca. Enquanto isso, Izzi escreve um livro sobre um conquistador (também interpretado por Jackman) que viaja para o Novo Mundo em busca da Árvore da Vida a pedido da rainha Isabel (também interpretada por Weisz). A terceira parte da história é passada no futuro, quando o cientista (ainda Jackman) viaja pelo espaço. Pode parecer complicado, mas, ao final, algumas peças do quebra-cabeça se encaixam. Outras ficam inteligentemente vagas e cabe ao espectador (tentar) decifrá-las. Dessa forma, não há uma solução definitiva para o filme, já que seu entendimento em muito se deve às crenças e experiências da cada um. O tema é conceitualmente denso e ao mesmo tempo rico emocionalmente. Da mesma forma que 2001 - Uma odisséia no Espaço (1968), do lendário cineasta Stanley Kubrick, provoca uma reflexão sobre a vida, a morte e a existência, ''A Fonte da Vida'' trilha um caminho parecido. Mas o combustível de Aronofsky é o amor. Filosofias à parte, os saltos cronológicos do longa são apenas variações psicológicas do tema. Só o presente realmente esta acontecendo. As outras épocas ajudam a preencher algumas lacunas da história, mas a trama pode ser analisada de forma cartesiana através dos detalhes, como as tatuagens no braço do protagonista. O recurso dá espaço de sobra para que teorias sejam formuladas e essa é a brilhante proposta do cineasta. É fantástico que ainda existam diretores que procuram criar algo mais do que simples entretenimento. Em relação as atuações, o filme também é um achado. Hugh Jackman (X-Men) revela um lado não conhecido pelo grande público. Ele é carismático. Já provou que sabe cantar e dançar (na Broadway ano passado) e aqui surpreende com uma interpretação emocionalmente devastadora. Conseguimos sentir sua essência em cada gesto e olhar. Suas cenas como o conquistador são boas. As do presente são tocantes e comoventes. As do futuro são brilhantes e complicadíssimas, já que ele está sozinho e consegue ser ao mesmo tempo um lunático, uma alma perdida, um Buda. Rachel Weisz (O jardineiro fiel) não fica atrás. Ela interpreta sua personagem que irá morrer sem os habituais clichês. A atriz proporciona níveis de complexidade, camadas de medo e aceitação, no pequeno espaço de tempo em que aparece. Ela tem olhos lindos e os usa para contar a sua história, registrada de maneira apaixonada pelo diretor - até porque eles são casados - e ele aproveita o tema para mostrar todo seu sentimento por ela. Todo esse carinho ajudou na concepção de cenas belíssimas. Os recursos reduzidos não impediram Darren de ser criativo. Os efeitos especiais foram filmados num laboratório por meio de experiências químicas. Podemos até notar várias influências de Pi, seu primeiro filme. Temas como a busca incansável e a obsessão reaparecem. A diferença está na montagem. Se antes ela era picotada e com efeitos, agora Darren equilibra os cortes com sons para dar um compasso sutil ao filme. Tudo isso embalado numa trilha sonora hipnótica, escrita por Clint Mansell no estilo de Phillip Glass. Definitivamente o filme não foi feito para ser exibido em multiplexes e muita gente deve sair revoltada do cinema, como aconteceu em festivais por aí. Mas quem consegue se despir de preconceitos e busca no cinema algo diferente, será recompensado com uma viagem inesquecível." (Mari Fanatic Abade)
64*2007 Globo / 2006 Lion Veneza
Warner Bros. Pictures
Regency Enterprises
Protozoa Pictures
New Regency Pictures
Muse Entertainment Enterprises
Diretor: Darren Aronofsky
159.086 users / 20.254 face
Check-Ins 63 36 Metacritic
Date 12/11/2012 Poster - #### - DirectorLes MayfieldReparto principalRobin WilliamsMarcia Gay HardenChristopher McDonaldUn profesor despistado que trabaja en una universidad a punto de cerrar por falta de dinero hace un descubrimiento que puede evitar el cierre del centro: flubber, una sustancia voladora que produce energía.[Mov 02 IMDB 4,8/10] {Video/@@@} M/37
FLUBBER - UMA INVENÇÃO DESMIOLADA
(Flubber, 1997)
"Quando achamos que a carreira de Robin Williams parece não poder se afundar mais, ele sempre nos supreende. "Flubber" deve ser um piores filmes da década de 1990." (Régis Trigo)
Walt Disney Pictures
Great Oaks Entertainment
Diretor: Les Mayfield
44.022 users / 1.324 face
Soudtrack Rock = The Alan Parsons Project
Check-Ins 70 19 Metacritic
Date 08/11/2012 Poster - # - DirectorRichard BenjaminReparto principalWhoopi GoldbergTed DansonWill SmithUna joven negra descubre que su padre era donante de esperma y, por si fuera poco, es blanco.[Mov 02 IMDB 4,6/10] {Video/@@@}
FEITA POR ENCOMENDA
(Made in America, 1993)
''Sara Matthews (Whoopi Goldberg) é uma afro-americana que trabalha em uma livaria em Oakland e cria Zora Matthews (Nia Long), sua filha adolescente. O marido de Sara morreu há muitos anos atrás e Zora cresceu pensando que ele fosse seu pai, até que descobre por acidente que ela era produto de uma inseminação artificial. Pesquisando no computador do banco de esperma, Zora descobre quem é seu pai biológico: Hal Jackson (Ted Danson), um vendedor de automóveis branco que aparece na televisão fazendo palhaçadas com animais. Sara também fica aturdida, pois especificou que queria um doador negro. Sara decide conversar com Hal, mas o encontro não é dos mais amistosos." (Filmow)
Canal+
Regency Enterprises
Alcor Films
Stonebridge Entertainment
Kalola Productions
Diretor: Richard Benjamin
10.370 users / 239 face
Sountrack Rock = Deep Purple + Ben E. King
Check-Ins 80
Date 26/09/2012 Poster - # - DirectorMike HodgesReparto principalSam J. JonesMelody AndersonMax von SydowUn jugador de fútbol y sus amigos viajan al planeta Mongo y se encuentran luchando contra la tiranía de Ming el Despiadado para salvar la Tierra.[Mov 03 IMDB 6,3/10 {Video/@@@} M/63
FLASH GORDON
(Flash Gordon, 1980)
"O auto-intitulado imperador do Universo, o imperador do planeta Mongo, Ming (Max Von Sydow) planeja destruir a Terra por meio de seus artifícios tecnológicos. Na Terra, um jogador de futebol americano, cujo apelido é Flash Gordon (Sam J. Jones), se vê num acidente de avião com a bela Dale Arden (Melody Anderson), causado por um ataque de Ming à Terra. Perdidos após a queda, eles se vêem em meio a uma aventura interplanetária, após acidentalmente decolarem no foguete de Zarkov (Richard O'Brien), um cientista que sabe da invasão à Terra e planeja evitá-la. Uma vez atraídos para Mongo, eles viverão uma aventura fantástica repleta de batalhas, intrigas e cenários excêntricos, tentando achar uma maneira de salvar a Terra dos planos de Ming." (Filmow)
*****
''Flash Gordon" não teve tanta sorte assim na eramoderna. Depois de ser um herói da garotada que seguia os seiados dos anos 1930, virou filme antes da hora. Não se beneficiou dos efeitos especiais tanto quanto poderia. Pior: sendo um herói do pré-guerra (a Segunda), pegou o esfriamento da Guerra Fria. Mesmo assim, temos lá o temível Ming, imperador do planeta Mongo, disposta a aprontar as piores para aterra e para Flash Gordon. O filme parece querer retomar meio mambenbe do velho seriado, o que talvez tenha sido um erro. Acerto mesmo houve na escolha de Ming, Max von Sidow, e de sua filha, a princesa Aura, Ornella Muti.'' (* Inácio Araujo *)
Starling Films
Dino De Laurentiis Company
Diretor: Mike Hodges
30.337 users / 7.121 face
Soundtrack Rock = Rock + Queen
Check-Ins 134
Date 14/03/2013 Poster - ### - DirectorJohn HustonReparto principalMichael CaineSylvester StallonePeléDurante la Segunda Guerra Mundial, un grupo de oficiales nazis propone un evento propagandístico en el que un equipo nazi de estrellas se enfrentará a un equipo compuesto por prisioneros de guerra aliados en un partido de fútbol.[Mov 02 IMDB 6,4/10 {Video/@}
FUGA PARA VITÓRIA
(Victory, 1981)
''Por acaso, vocês sabiam que o nosso saudoso Édson Arantes, ou apenas Pelé, já contracenou com o eterno Rambo, Sylvester Stallone, em um filme de guerra que tem como pano de fundo esse esporte que é tão idolatrado em nosso país e pouco reconhecido na terra do Tio Sam? Talvez não. E, por incrível que pareça, o resultado passou longe de ser algo tão bizarro assim. A história se passa em um campo alemão de prisioneiros de guerra, onde o major Karl von Steiner (Max Von Sydow, de O Exorcista), que já tinha pertencido à seleção alemã de futebol, tem a idéia de fazer um jogo entre uma seleção dos prisioneiros aliados, liderados pelo capitão John Colby (Michael Caine, o Alfred de Batman Begins), um inglês que era um conhecido jogador de futebol. Colby também teria a tarefa de selecionar e treinar o time, para enfrentar o time alemão no Estádio Colombes, em Paris. Enquanto os nazistas, com exceção de Steiner, planejam fazer de tudo para vencer o jogo e assim usar ao máximo a propaganda de guerra nazista, os jogadores aliados planejam uma arriscada fuga durante a partida. Mais que um jogo, estamos falando de guerra! O objetivo: mais uma demonstração da superioridade da raça ariana. Sylvester Stallone (de Rambo – Programado Para Matar) e Michael Caine comandam um time de futebol como nunca se viu, formado por Pelé, Bobby Moore e outras lendas do futebol internacional. "Fuga Para a Vitória" é um filme de muita ação, suspense e grandes jogadas, onde o consagrado diretor John Huston (de "A Honra do Poderoso Prizzi") nos mostra heróis anômimos que colocam em risco sua liberdade para sentirem o sabor da vitória. Antes de tudo, é bom deixar bem claro que não se trata de um filme sobre futebol. É um bom drama de guerra, cujo roteiro foca a atenção da garra e persistência dos prisioneiros, que vêem na tal partida de futebol a grande chance de liberdade, alimentando um fio de esperança em suas vidas. Por sinal, todo esse falso moralismo apresentado sobre a guerra em meio a jogos de futebol de maneira alguma chega a soar algo forçado. Tudo é realmente verdadeiro e provocativo de reflexões, tanto que o roteiro original previa que o filme fosse um drama baseado em uma história real ocorrida durante a 2ª Guerra Mundial, na qual um grupo de soldados aliados foi desafiado para uma partida de futebol contra militares alemães. O desafio dizia que, caso os alemães ganhassem, os prisioneiros seriam libertados na Suíça, enquanto que, caso os prisioneiros ganhassem, eles poderiam ser executados. Os prisioneiros decidiram jogar pela vitória, venceram a partida e, conseqüentemente, foram mortos. Apesar de a história se mostrar um tanto monótona no decorrer da narrativa, o momento final vale a atenção dos fãs do esporte. Além de atuar, Pelé ajudou na criação das coreografias usadas na partida final do filme, que, por sinal, está digna do agrado de todo bom brasileiro. Bom lembrar que Pelé como ator mostra que é mesmo um excepcional jogador de futebol. Esboçando um inglês e tentando transmitir mensagens de confiança durante o filme, ele mostra realmente a que veio na cena da partida. Já Stallone como o goleiro do time, bem, ele continua sendo um bom Rambo e um Rocky. Mas é exatamente aí onde mora a graça do longa: ver a habilidade do rei Pelé, com a forte presença de Stallone (pelo menos isso ele tem, admitamos), unidos às sempre ótimas performances dramáticas de Michael Caine e Max Von Sydow, é algo no mínimo, interessante. "Fuga Pela Vitória" pode não ser um filme marcante, mas possui o roteiro bem equilibrado, sem nunca se mostrar tendencioso para um determinado aspecto – sejam as críticas ao sistema da guerra, as lições de companheirismo, a luta pela esperança, e claro, as cenas de esporte. Além disso, é um filme que merece ser visto pelo simples e único fato de ver atores de renome como Max Von Sydow e Michael Caine jogando – ou pelo menos, tentando – uma partida de futebol, juntamente com nosso rei Pelé. Ou você acha que terá alguma oportunidade de ver Sylvester Stallone como goleiro de um time em outro lugar? Estranho, sim, porém muito divertido." (Thiago Sampaio)
Lorimar Film Entertainment
Victory Company
Diretor: John Huston
16.761 users / 2.648 face
Check-Ins 155
Date 11/05/2013 Poster - # - DirectorJonathan LiebesmanReparto principalSam WorthingtonLiam NeesonRosamund PikePerseo se enfrenta al traicionero inframundo para rescatar a su padre, Zeus, capturado por su hijo, Ares, y su hermano Hades, que desatan a los antiguos titanes sobre el mundo.[Mov 03 IMDB 5,7/10 {Video/@@@@} M/37
FÚRIA DE TITÃS
(Wrath of the Titans, 2012)
"Bem menos divertido, o roteiro é ainda mais atropelado e superficial, apenas os efeitos são superiores. Cadê o Kraken nessas horas?" (Alexabdre Koball)
"O que salva um pouco são os efeitos especiais. Não há nada mais para aproveitar aqui." (Josiane K)
"Até que a ação em 3D é satisfatória e interage bem com o espectador, o público-alvo vai adorar. O filme em si, porém, dispensável como o anterior, com direito a conflito familiar brega e tudo. A boa notícia? O ritmo é ágil e a hora e meia voa." (Rodrigo Torres de Souza)
Um verdadeiro desastre que está mais para o Tártaro do que para o Olimpo.
''Há aproximadamente dois anos, ao sair da sessão de Fúria de Titãs (Clash of the Titans, 2010), lembro que não senti raiva por ver um filme ruim. Senti indiferença. Era o tipo de produção genérica, insossa, que tendia a desaparecer de nossa mente pouco após a sessão, como se jamais tivessem existido. E foi o que ocorreu. É um filme do qual tenho pouca lembrança, mesmo assistindo-o há não muito tempo. Na realidade, são apenas duas as memórias da refilmagem do cultuado filme de 1981: o sentimento de ter sido roubado com a tenebrosa conversão para o 3D e a frase Release the Kraken, que, independente da qualidade do filme, conseguiu um lugar na cultura pop. Já não posso dizer o mesmo, porém, da sequência. ''Fúria de Titãs 2'' (Wrath of the Titans, 2012) é o típico integrante do primeiro grupo citado acima: um filme realizado de forma tão caótica e desinteressada pelos envolvidos que é capaz de gerar raiva em qualquer espectador com um mínimo de exigência – ainda que estes sejam poucos nas plateias hoje em dia. Dirigido por Jonathan Liebesman, o “gênio” por trás de “obras-primas” como O Massacre da Serra Elétrica (Texas Chainsaw Massacre: The Beginning, 2006) e Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles (Battle Los Angeles, 2011), a produção não possui uma única qualidade narrativa, deixando de lado qualquer tentativa de criar história e personagens para preencher a tela com cenas de ação sem propósito e toneladas de efeitos especiais, estes sim, de primeiro nível. Como mencionei os efeitos, vamos, antes de começar a desancar o filme, às suas poucas e relativas qualidades. Sim, o trabalho digital em Fúria de Titãs 2 é impressionante, mas isso é o mínimo de que se espera de uma superprodução no qual os efeitos são o grande atrativo. Além disso, sem a construção de uma narrativa, as intermináveis correrias e explosões acabam por se tornar enfadonhas – e o cansativo clímax do filme, no combate com Cronos, é o principal exemplo disso. Da mesma forma, o 3D aqui é infinitamente melhor do que o de seu predecessor, porém Liebesman utiliza-o como a maioria dos cineastas deslumbrados com a nova tecnologia: como uma forma de “jogar” coisas na cara do espectador, não de criar uma experiência diferenciada que seja um complemento à narrativa (são diversos os planos criados com o único objetivo de fazer elementos saltarem da tela). E pronto. São esses os aspectos positivos de ''Fúria de Titãs 2''. O resto é um absurdo cinematográfico, um verdadeiro atentado a qualquer cineasta ou roteirista que se esforça para respeitar seu público. Para começar, Liebesman e seus escritores Dan Mazeau e David Johnson não se dignam a realizar qualquer apresentação ou contextualização da história e dos personagens. Em três ou quatro minutos, Fúria de Titãs 2 já joga na tela a sua primeira cena de ação. Vocês podem pensar: Ah, mas ele deve começar assim para prender a atenção da plateia e depois começar a história. Tolinhos. Para se ter uma ideia, um dos pontos principais da trama de ''Fúria de Titãs 2'' é a relação entre Perseu e seu filho Hélio: é, pelo pouco que se pode compreender, uma das motivações do protagonista. No entanto, os dois dividem uma única cena de poucos segundos no início do filme e depois Perseu já parte em sua jornada. Ou seja, não há um mínimo desenvolvimento da relação entre eles para que a plateia possa criar alguma espécie de identificação – se Hélio fosse um moleque qualquer, não faria diferença. Aliás, este é um problema que se estende à interação entre todos os personagens, não apenas no que diz respeito a Perseu e Hélio. Não há uma tentativa de fazer com que as relações entre as pessoas do filme sejam verossímeis, com um crescimento natural, que faça o espectador acreditar naquilo. Além de Perseu e Hélio, o romance entre o protagonista e Andrômeda e a relação de ódio e amor entre Zeus e Hades são dois outros exemplos do péssimo desenvolvimento do roteiro, que apenas joga as informações em tela como se isso bastasse para torná-las críveis. Claro que, para isso, também contribui o desleixo na construção dos próprios personagens: seria tolo esperar um aprofundamento psicológico em um filme como Fúria de Titãs 2, mas o mínimo que se pede são personagens com alguma personalidade, para que o espectador os veja como algo mais do que meras cartolinas de papel. Adivinhem se isso ocorre aqui. Com isso, o desenrolar do enredo e tudo o que acontece em tela são totalmente inverossímeis. A mudança sofrida por Hades, por exemplo, jamais encontra justificativa no que é mostrado na obra, surgindo unicamente como uma necessidade do roteiro do que algo lógico à trama. Da mesma forma, Fúria de Titãs 2 demonstra todo o seu desprezo pela inteligência da plateia ao apelar constantemente para diálogos expositivos, como na conversa entre Perseu e uma senhora que cuida de suas lesões ou quando Hades fala para Zeus: Meu irmão que me baniu para que eu cuidasse do meu pai agora quer reconciliação. São falas sem propósito para aqueles momentos entre os personagens, inserida na trama simplesmente para explicar de forma nada natural uma informação que os realizadores não foram capazes de transmiti-la de maneira mais orgânica. Mas nada disso se compara à total falta de lógica daquilo que normalmente se chama de enredo – e que aqui deve possuir outro nome. É uma coleção quase interminável de furos e inconsistências que fica até difícil de listar. Exemplos? Em diversos momentos do filme, personagens falam a Perseu coisas como Você deve viajar ao submundo, Você é a última esperança da humanidade e A mão que segura a lança deve ser a sua, dando a entender que apenas ele pode enfrentar os Titãs. O que os realizadores parecem esquecer é a explicação para isso. Por que diabos deve ser Perseu a fazer tudo? Por que não poderiam ser outros? Em outro momento, um personagem diz que devem levar Hefesto para mais perto do céu. Precisa dizer que isso é completamente deixado de lado? E não vou nem citar bobagens menores, como Perseu voando em meio à lava e ao fogo ou os Cíclopes atacando sem motivos – se bem que a razão aí é bastante clara: mais uma cena de ação para o filme, mesmo que seja sem sentido. Estas cenas de ação são divertidas, ao menos? Nem perto. Como já citado, a falta de identificação entre plateia e personagens já as deixa sem qualquer emoção, mas o apoio da falta de talento de Jonathan Liebesman também é crucial. Na verdade, há um único, solitário e isolado plano interessante em todas as cenas de ação de ''Fúria de Titãs 2'': logo na primeira luta contra a Quimera, a câmera acompanha sem cortes Perseu em uma corrida pelo vilarejo, subindo um casebre e pulando sobre a criatura. É um dos poucos momentos em que Liebesman evita o excesso de cortes e, por estar presente entre um dos instantes iniciais do filme, ainda faz o espectador pensar que a produção pode ser bem filmada. Ledo engano, óbvio. Liebesman aposta na tendência atual de picotar seu filme ao máximo, tornando incompreensível boa parte das sequências mais movimentadas. Como se não bastasse, o cineasta demonstra sua inépcia e falta de sutileza em outros momentos, com na cena em que Andrômeda tenta convencer Hefesto a mostrar o caminho ao Tártaro: junto ao péssimo texto de auto-ajuda que sai da boca de Rosamund Pike, Liebesman joga uma trilha sonora melosa por cima, como se aquele realmente fosse um momento emocionante, em uma cena constrangedoramente piegas e dirigida de forma exagerada. Para piorar, ''Fúria de Titãs 2'' é uma vergonha também no trabalho de montagem do veterano Martin Walsh, que não consegue dar coesão às sequências. A cena do labirinto, por exemplo, é um desastre, com planos que não se complementam em uma ordem lógica. O mesmo vale para o ataque da Quimera logo no início do filme: eu poderia jurar que o filho de Perseu tinha sido queimado por uma das baforadas de fogo da criatura. Aliás, alguém sabe explicar como eles saíram do Tártato, supostamente um lugar impossível de entrar e sair? Após libertarem Zeus, os protagonistas simplesmente já se encontram no acampamento do exército, em mais uma prova da total falta de coerência do filme. Ao mesmo tempo, o design de produção se mostra pouco inspirado, pois não há um cenário que consiga se destacar de forma positiva, mesmo que o tema da produção oportunize isso. Vou ainda mais longe: até mesmo o inferno de Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Percy Jackson & The Olympians: The Lightining Thief, 2010) é mais bacana do que o visto aqui. Pecando ainda pela falta de humor – as poucas tentativas com Agenor são constrangedoras – e por desperdiçar o tema repleto de possibilidades, ''Fúria de Titãs 2'' é um desastre em praticamente todos os sentidos. A última cena, para desespero da plateia, ainda sugere uma passagem de bastão (ou de espada) para mais uma continuação. Que os deuses do Olimpo nos poupem disso." (Silvio Pilau)
Continuação melhora no 3D, mas perde em personalidade.
''Quando a Warner Bros. trocou Louis Leterrier por Jonathan Liebesman na direção de ''Fúria de Titãs 2'' (Wrath of the Titans), a ideia era fazer uma continuação mais suja e realista do que o 'Fúria de Titãs' fantasioso de Leterrier. Esse objetivo foi alcançado, mas o resultado é igual a todos os outros filmes de ação sujos-e-realistas que Hollywood lança regularmente desde que Ridley Scott estabeleceu essa estética como padrão em Gladiador e Falcão Negro em Perigo, em 2000 e 2001 (aliás, Liebesman diz em entrevistas que a ideia é emular justamente Gladiador). A trama começa dez anos depois do primeiro filme. Após derrotar o Kraken, Perseu (Sam Worthington), o semideus filho de Zeus (Liam Neeson), leva uma vida de pescador e cria sozinho o seu filho de dez anos, Hélio. A descrença dos homens enfraqueceu os deuses, porém, e quando Hades (Ralph Fiennes) e Ares (Édgar Ramírez) fazem um trato com Cronos para capturar Zeus, o inferno do Tártaro periga se alastrar pela Terra. Novamente Perseu reúne, então, aliados e artefatos contra criaturas mitológicas para salvar o dia. É a estrutura consagrada dos épicos de travessia, e assim como no filme de 1981 e no de 2010 a grande atração de Fúria de Titãs continua sendo os monstros (desta vez, quimera, minotauro, ciclopes e o próprio titã Cronos). A possibilidade de vê-los no IMAX - e em uma conversão para 3D de qualidade - seria o principal atrativo de ''Fúria de Titãs 2''. O problema é que não dá pra ver muita coisa num filme de ação sujo-e-realista dirigido por Liebesman - que depois de Invasão do Mundo parece ter se especializado em efeitos visuais desfocados (que obviamente custam menos que efeitos em foco). Com exceção de Cronos, que enche a tela com gosto, em seus gestos lentos de lava e cinzas, os demais não oferecem a mesma graça dos velhos monstros de stop-motion de Ray Harryhausen. No caso do minotauro, só dá pra vê-lo direito quando o monstro já foi derrotado. A culpa não é, em si, da estética suja-e-realista, e sim da falta de talento de Liebesman para filmar a ação. Nos momentos em que ele opta por um plano-sequência (quando Perseu ataca a quimera ou quando os makhai avançam sobre o exército humano), ainda dá pra acompanhar o que acontece no quadro (quase sempre as criaturas avançam frontalmente em direção à câmera, movimento que facilita a conversão ao 3D mas que se desgasta com a repetição do seu uso). Já cenas mais picotadas que exigem vários pontos de vista (como a luta na entrada do labirinto) são uma confusão de perspectivas. Somam-se a isso os clichês da moda (efeitos de áudio como os zunidos dos filmes de guerra; Agenor apresentado como se fosse um Jack Sparrow grego) e temos aí um épico genérico com elenco competente que atende a um desejo muito específico do público - filmes sujos-e-realistas são mais respeitáveis do que os fantasiosos e cartunescos - mas o Fúria de Titãs de Leterrier, apesar de seus defeitos, tinha muito mais personalidade.'' (Marcelo Hessel)
''Nos últimos anos temos assistido a estreia de grandes blockbusters que já nascem com a intenção de se transformar em trilogia. O fato é que muitas dessas empreitadas, a despeito de seus orçamentos generosos, transformam-se em estrondosas decepções de crítica e público. Foi o que aconteceu com Príncipe da Pérsia, Lanterna Verde e, recentemente, com John Carter. Quando isso acontece as possíveis sequências ficam na geladeira à espera de um produtor kamicase que resolva de arriscar. Depois de ser indicado em 2011 ao Framboesa de Ouro (uma espécie de Oscar às avessas) de Pior Refilmagem e Pior Uso do 3D, Fúria de Titãs parecia destinado a hibernar no gélido freezer reservado aos grandiosos fracassos. Parecia. O faturamento no mercado internacional salvou o filme e estimulou sua sequência. Caso os números se repitam, provavelmente estarei numa sessão de imprensa em 2014 pagando penitência aos deuses vendo o final trilogia. De cara vou responder a pergunta que todos querem saber: o novo longa é, sim, melhor que o antecessor. E isso não significa muita coisa, tendo em vista que a produção de 2010 é uma verdadeira heresia. O 3D melhorou um pouco. No primeiro filme o sistema foi usado apenas no processo de finalização, a chamada pós-produção, e não durante as filmagens. Ficou uma lástima, obviamente. Como no longa anterior, o roteiro (esse renegado dos dias atuais) de ''Fúria de Titãs 2'' é de uma primariedade que assusta. Sem nuances, mal desenvolvido, cheio de buracos e transformando os personagens em espécies de bonecos animados de um videogame barulhento e apressado. As coisas se desenvolvem de tal forma pressurosa, que não há tempo sequer para que se crie algum tipo de tensão dramática. No final, é indiferente se quem vai ganhar são os mocinhos ou vilões. Tanto faz. A qualidade dos efeitos especiais melhorou, mas apenas um pouco. Algumas cenas de combate são exibidas em alta velocidade para que o olho humano não perceba os detalhes, o que dissimula a falta de acabamento e dificulta o entendimento de certas sequências. Numa cena de luta entre Perseu e o Minotauro, não se sabe quem está batendo, quem está apanhando. Não se entende nem o que está acontecendo de fato.Tudo se desenrola no escuro, com cortes rápidos e câmera fixa em partes de corpos em movimento frenético. A quem possa interessar, a história de ''Fúria de Titãs 2'' mostra Perseu (o apagado Sam Worthington), o semideus filho de Zeus ( Liam Neeson), tentando viver uma vida tranquila como pescador dedicado ao filho de 10 anos, Helius. Paralelamente, uma luta pela supremacia surge entre os deuses e os titãs. Enfraquecidos pela falta de devoção da humanidade, os deuses estão perdendo o controle sobre os titãs aprisionados e seu líder, Kronos, ameaça fugir do Tártaro. Perseu desiste dos peixes e pega a espada quando Hades (Ralph Fiennes), juntamente com seu irmão, Ares (Edgar Ramirez), troca de lado e aprisiona Zeus. Com a ajuda da guerreira Rainha Andromeda (Rosamund Pike), do também semideus filho de Poseidon, Argenor (Toby Kebbell), e o Deus caído Hefesto (Bill Nighy), o herói parte em busca de salvar o pai e, de quebra, a humanidade. Se as divindades gregas vissem o filme provavelmente ficariam bem irritadas. ''Fúria de Titãs 2'' é um épico que rivaliza com seu antecessor no que ele tem de pior. Como é mal conduzido, roteirizado e editado, de tempos em tempos temos um pit stop com explicações para o enredo que não se consegue fazer entender por meio das imagens, como no bom e velho cinema. Quando sobem os créditos, a sensação que fica é a do peso esmagador de um produto superficial e tolo em nossas mentes.'' (Roberto Guerra)
''Desde o sucesso do remake de Fúria de Titãs comandado por Louis Leterrier, a Warner Bros. e todos os demais envolvidos se apressaram em afirmar que sua continuação seria melhor, algo que, considerando os méritos daquele filme, não seria um grande feito. E eis que chega “Fúria de Titãs 2” e ele realmente é melhor que a fita anterior e… só isso. Agora comandado por Jonathan Liebesman e tendo nada menos do que três envolvidos em seu roteiro, o longa nos mostra Perseu (Sam Worthington) dez anos após a morte do Kraken, vivendo uma vida pacata de pescador ao lado de seu filho, Helius (John Bell). Essa existência tranquila é ameaçada quando Hades (Ralph Fiennes) e Ares (Edgar Ramirez) fazem uma aliança com o titã aprisionado Cronos para que este escape do Tártaro, derrube um enfraquecido Zeus (Liam Neeson) e destrua o mundo. Cabe então a Perseu sair do exílio e salvar seu pai, ao lado da Rainha Andrômeda (Rosamund Pike) e do também semi-deus Agenor (Toby Kebell), filho mortal de Poseidon. Alguns conceitos, como os das orações aos deuses e como elas podem atrair a atenção da divindade e dar-lhe força são até interessantes, mas jamais ganham o devido destaque, principalmente dada a curta duração da película. Um dos pontos positivos desta continuação é que finalmente Perseu se tornou um herói mais simpático. A paternidade fez bem ao protagonista, com um objetivo, alguém para proteger, com este tendo uma melhor compreensão de Zeus e estreitando seus laços familiares. Por consequência, Sam Worthington tem mais material com o que trabalhar e pode explorar um lado mais leve do personagem, se permitindo até eventuais piadas ao invés de exibir uma carranca eterna, sendo ótimo ver as (poucas) cenas de interação entre o ator e Liam Neeson, que nos mostra um Zeus mais tranquilo e receptivo. O problema é que as ligações entre Perseu, Helius e Zeus são as únicas a serem exploradas. Jamais entendemos plenamente os motivos que levaram Ares a trair o seu pai ou mesmo os que justificam as ações de Hades no decorrer da projeção, algo importantíssimo tendo em vista que os atos do deus dos mortos influenciam diretamente nos rumos da trama. O mais triste é ver intérpretes do calibre de Edgar Ramirez e Ralph Fiennes desperdiçados em cena quando podemos ver que seus personagens tinham potencial para serem melhor explorados... A evolução de Andrômeda, por mais bem vinda que seja, é forçada, bem como seu relacionamento com Perseu, que aparentemente só aconteceu por ser o único macho alfa disponível. Ao menos a bela Rosamund Pike e Sam Worthington possuem alguma química, tornando o romance menos inverossímil. O semi-deus Agenor acaba sendo mais um alívio cômico genérico, com Toby Kebell não tendo o que fazer em tela senão bancar um Jack Sparrow de terceira, enquanto o talentosíssimo Bill Nighy se limita a fazer macaquices como o deus caído Hefesto, enlouquecido após tanto tempo sozinho. As cenas de ação são conduzidas de maneira caótica por Liebesman, sendo difícil para o público compreender o que está acontecendo na tela em alguns momentos, dada a velocidade da movimentação da câmera e dos objetos que ela tenta capturar. A geografia das cenas é confusa, especialmente na luta com os ciclopes, quase impossível de se acompanhar onde cada envolvido ali está. É uma pena que, entre os tremores e chacoalhadas da câmera, mal consigamos acompanhar o belo trabalho de direção de arte da produção, muito melhor que as exibições carnavalescas de “Imortais”. Claro que existem algumas escorregadas, como a barba grisalha de Zeus que é descaradamente falsa em alguns pontos, mas nada que incomode em demasiado. Os efeitos especiais são fantásticos, especialmente os que envolvem a criação de Cronos e seus ataques, extremamente realistas e ameaçadores, ficando claro que a equipe de artistas digitais sabia o que estava a fazer. A tecnologia 3D, se não é inovadora, ao menos é efetiva, se utilizando de destroços e fuligem para tentar mergulhar o espectador nas lutas (se vamos compreender o que está acontecendo, aí é outra história). Contando ainda com um confuso clímax que tenta, em vão, dar a todos os personagens algo o que fazer, “Fúria de Titãs 2” manda o espectador para casa com a sensação amarga de que faltou algo. O longa é mais divertido que seu predecessor, mas faltou uma dose maior de carisma aos seus coadjuvantes e menos firulas na hora de filmar as batalhas, que são mais furiosas do que titânicas." (Thiago Siqueira)
Warner Bros.
Legendary Pictures
Cott Productions
Furia de Titanes II, A.I.E.
Thunder Road Pictures
Diretor: Jonathan Liebesman
124.910 users / 19.509 face
Check-Ins 209
Date 16/06/2013 Poster - # - DirectorIngmar BergmanReparto principalBertil GuvePernilla AllwinKristina AdolphsonDos jóvenes suecos viven las múltiples comedias y tragedias de su familia, los Ekdahl.[Mov 09 IMDB 8,1/10] {Video/@@@@@} M/100
FANNY E ALEXANDER
(Fanny och Alexander, 1982)
TAG INGMAR BERGMAN
{inesquecível / inspirador}Sinopse
''No início do século XX, após um alegre Natal na família Ekdahl, o pai de um casal de crianças vem a falecer. Deste momento em diante Alexander (Bertil Guve), o menino, passa a ver o fantasma do pai freqüentemente. Tempos depois Emilie (Ewa Fröling), sua mãe, casa-se com um extremamente rígido religioso e as crianças são obrigadas a deixar a casa da avó paterna, onde foram muito felizes, e passam a viver com a família do padrasto de hábitos severos, onde são tratados como prisioneiros. Na casa do padrasto o menino passa a ver o fantasma da primeira esposa dele e suas filhas, que haviam morrido tentando escapar dele. Decorrido algum tempo, a mãe se conscientiza da real personalidade do marido e de quanto seus filhos sofrem naquela casa, assim planeja um modo de tirá-los daquele lugar e levá-los de volta à casa da avó.''
Tudo é sonho e verdade.
''Devemos viver nesse pequeno mundo. Nós nos contentaremos e cultivaremos isso, e faremos o melhor. De repente a morte chega, de repente o abismo se abre, de repente a tempestade se abate e o desastre cai sobre nós. É tudo o que sabemos (...) Devemos ser capazes de compreender o mundo e a realidade. Então poderemos reclamar de sua monotonia com a consciência limpa. Pode ser a saga de uma família opulenta. Pode ser a história de duas crianças que enfrentam pela primeira vez uma grande reviravolta na vida. Pode ser sobre muitos, sobre o indivíduo, sobre a infância, sobre a vida adulta, sobre a velhice ou simplesmente sobre a existência. Pode ser um drama, um épico, uma fantasia, um terror, uma comédia, uma aventura, um suspense ou mesmo um romance. Talvez seja autobiográfico e nostálgico, talvez seja apenas pessoal demais. Pode ser sobre os mistérios insolucionáveis da vida, as perguntas que nunca ganham respostas, ou pode ser sobre as respostas que já foram encontradas, porém jamais ditas. Pode ser realista tanto quanto pode ser surrealista, mágico e fantástico. Pode ser uma celebração à vida, ou uma constatação mórbida da proximidade da morte. Fanny e Alexander (Fanny och Alexander, 1982) pode ser apenas mais um filme de Ingmar Bergman, assim como pode ser todos os seus filmes em um. E dentre tantas incertezas, a única afirmação que podemos fazer é que se trata do testamento de um dos maiores gênios do cinema. Tudo em ''Fanny e Alexander'' pode ser considerado superlativo. Foi o maior sucesso comercial de Ingmar Bergman, e também seu filme mais pessoal, considerado por muitos como o autorretrato do cineasta, além de uma síntese de todos os temas tipicamente bergmanianos. Sua execução foi tão grandiosa e dispendiosa para os padrões dos estúdios suecos, que só a pré-produção durou cerca de um ano. Foram necessários centenas de figurantes, fora o gigantesco elenco central, uma busca incessante por locações específicas (como o deserto do sonho de Alexander, sequencia que pode ser assistida somente na versão estendida para a televisão), figurinos ostensivos, cenografia milimetricamente planejada e revestida de detalhes, e recriação de época fiel. E por mais que haja todo o apuro visual (com direito à fotografia do grande Sven Nykvist) e a longa duração, é um filme de aura misteriosa e enigmática, desses que quanto mais você procura desvendar, maior e mais indecifrável ele se transforma. Foi a primeira e única vez que Bergman trabalhou com crianças assumindo os papéis principais, em especial Alexander (Bertil Guve), e isso lhe permitiu filtrar seus temas recorrentes através de uma visão mais pura, límpida e suave, como só se encontra nos infantes. A história pode ser dividida em dois grandes momentos antagônicos, começando com uma visão de felicidade terna e alegre na vida dos irmãos-título, comemorando o natal na casa de sua avó, e participando de brincadeiras, danças, músicas e celebrações. É um momento muito forte no cinema de Bergman, principalmente a partir do ponto em que essa felicidade e ingenuidade são abruptamente corrompidas com a morte do pai de Fanny e Alexander. A partir daí, o filme ganha um contorno de horror, sofrimento e desencanto, quando os pequenos precisam pela primeira vez na vida encarar o mistério da morte e todas as dúvidas que ela acarreta consigo, para logo depois serem obrigados a ir viver com o novo padrasto, um bispo rigoroso e cruel. Se no começo a grande aventura de Alexander é se entranhar pelos quartos e corredores da mansão de sua avó e lá desvendar os mistérios e fantasmas do passado da família, agora ele encara mistérios de força maior e sem a alegria e empolgação com que fazia antes. Junto com Fanny ele enxerga o fantasma/alucinação de seu pai, enfrenta os castigos e punições irracionais do bispo, e por fim acaba conhecendo o sobrinho enigmático do amigo judeu da família, Ismael (Stina Ekbad), que consegue ler seus pensamentos, enxergar sua alma e desvendar seus desejos de vingança contra o padrasto. Embora Alexander seja o ponto central da obra, Bergman permite por vezes abrir espaço para que outros personagem agreguem visões e conflitos diferentes que só fazem o filme alcançar maiores proporções. Helena (Gunn Wållgren), a avó, por exemplo, levanta discussões sobre o medo de envelhecer e deixar morrer não apenas o corpo, como também as centenárias tradições e histórias da família. Oscar (Allan Edwall), o pai, representa o núcleo de artistas da família, e toda sua preocupação em passar para as próximas gerações a consciência cultural de sua profissão. O bispo é a representação de Bergman de sua rígida educação religiosa, e quando aparece evoca a atmosfera e os temas que o diretor já havia discutido tantas vezes, sobre o silêncio de Deus em especial, principalmente em Luz de Inverno (Nattvardsgästerna, 1963). O tio Gustav é o alívio cômico, o personagem mulherengo e divertido que realiza a certa altura do filme o discurso em parte supracitado, que repercutiu bastante na carreira de Bergman, por ser um dos seus momentos mais otimistas e edificantes. Apesar da base realista, o filme ganha um contorno mágico não apenas por apresentar a visão por vezes sonhadora de Alexander, mas também quando se vê fora de seu alcance. A mágica da obra não cabe como uma fuga da realidade, mas como uma forma de confrontá-la e tentar talvez compreendê-la, pois para Bergman há mistérios muito maiores em nosso dia a dia do que no plano dos sonhos e das abstrações. Por isso há tantas figuras fantásticas transitando vez ou outra, como palhaços, dançarinos, estátuas vivas e fantasmas, mas é no plano real que tudo acontece de fato, como quando inexplicavelmente Isak Jacobi (Erland Josephson) faz com que a caixa que esconde ''Fanny e Alexander'' do padrasto simplesmente desapareça – um momento fabuloso em que a imaginação de um artista se sobrepõe à sua realidade, ou talvez se condense e forma uma coisa só. Sintetizando todos os temas mais soturnos da carreira de Bergman, além de permitir ao cineasta homenagear abertamente seu grande ídolo, August Strindberg, Fanny e Alexander é sobre o ser humano que não desiste de sonhar mesmo quando em um território estéril para os sonhos, ou não desiste de continuar procurando uma razão de ser. Ao mesmo tempo em que é tão extenso e misterioso, tão capaz de se metamorfosear em mil filmes, ele permanece sendo um só, um apanhado geral de sua obra e uma visão terna sobre temas que tanto o corroeram durante sua trajetória como homem e cineasta. Foi anunciado como a obra derradeira do diretor para o cinema, embora ele tenha voltado com estilo mais de vinte anos depois com Saraband (idem, 2003), e continua hoje sendo analisado por inúmeros admiradores do cineasta, perdidos nos mistérios e simbologias. A única certeza que podemos ter está nas palavras que finalizam o filme, e que talvez resumam o que essa grande obra-prima queira passar: Ilusão e realidade são uma coisa só. Tudo pode acontecer. Tudo é sonho e verdade." (Heitor Romero)
{Mentira e realidade são uma só. Tudo pode acontecer. Tudo é possível e provável, tempo e espaço não existem. No frágil espaço da realidade a imaginação gira e tece novos destinos} (ESKS)
''Filme-testamento de Ingmar Bergman, "Fanny e Alexander", outra obra-prima que a Estação Botafogo está relançando esta semana, tem, muitas vezes, o clima celebrativo de uma montagem teatral bem-sucedida que é apresentada, pela última vez, a uma platéia de iniciados sempre pronta a aplaudir as grandes cenas e ávida por chamar ao palco, ao final, o autor. Concebido no outono de 1978, (quando Bergman, alvo de um processo da receita federal sueca, era só miséria e trevas, segundo suas próprias palavras) e escrito na primavera de 1979 (quando, já isento do processo e dissipada a angústia, ele se sentia mais livre do que nunca), o filme explora, sem se deixar prender nos meandros, o maior manancial do universo bergmaniano, o mundo de sua infância, origem de quase todos os seus temas. A cortina de um teatro em miniatura se abre e vemos o rosto de uma criança, Alexander (Bertil Guve), o jovem alter-ego do diretor. Bergman, que sempre viu a originalidade primeira e a qualidade distinta do cinema na possibilidade de se aproximar do rosto humano, ele que se resumiu cada vez mais, em seus filmes, à nudez do rosto e ao que nela pode haver de niilista e fantasmagórico, acaba por encontrar no rosto lívido de uma criança a síntese de sua obra. Alexander e sua irmã Fanny (inspirada em Margaretta, a caçula que ajudou Bergman a construir seu primeiro teatro de marionetes) são subtraídos da saudável domesticidade vitoriana de sua família materna e submetidos à severa educação religiosa do padrasto (o pai-tornado-padrasto de Bergman), um pastor luterano. Alexander, no entanto, já havia encontrado o seu deus: o ator e marionetista interpretado por Mats Bergman, que se declara deus antes de surgir, para alívio do assustado Alexander, atrás da porta. O susto equivale ali a uma revelação: como se o pequeno Bergman descobrisse naquele momento, no ilusionismo da arte, um antídoto contra as ilusões religiosas. Em "Fanny e Alexander" , Bergman enfrenta seus fantasmas de frente. Ele precisou realizar mais de 40 filmes antes de conseguir fazê-lo com certo desprendimento, sem medo ou culpa. Em seu livro de memórias, A Lanterna Mágica, ele nos diz que, apesar de todas as proibições e regras incompreensíveis a que era submetido, sua infância foi repleta de cenários inesperados e instantes mágicos, de luzes, pessoas e aromas. Eis uma bela sinopse para "Fanny e Alexander". Alexander, tal como o pequeno Bergman de A Lanterna Mágica, vive entre uma alegria ilimitada e um medo desmesurado, sempre em trânsito entre o real e o imaginário, sempre se esforçando para manter a realidade dentro de seus limites. Nesse sentido, seu verdadeiro batismo se dá quando a avó materna lhe lê um trecho de O Sonho, de Strindberg: Tudo pode acontecer, tudo é possível e provável. O tempo e o espaço não existem. Sobre um ligeiro fundo de realidade, a imaginação tece sua teia e cria novos desenhos... novos destinos''. (Tiago Mata Machado)
56*1983 Oscar / 41*1983 Globo / 1983 César / 1983 Lion Veneza
Top 250#208
Top 200#79 Cineplayers (Editores)
Top 300#84 Cineplayers (Usuários)
Top Década 1980 #38
Top Alemanha #18
Top Suécia #10
Top Fantasia #22
Top França #38
Top Suspense #34
Cinematograph AB (as Cinematograph)
Svenska Filminstitutet (SFI) (for)
Gaumont (for)
Personafilm (for)
SVT Drama (for) (as SVT 1)
Tobis
Diretor: Ingmar Bergman
40.079 users / 3.008 face
Check-Ins 658 8 Metacritic 3.306 Down 312
Date 20/08/2014 Poster - ##########[/green - DirectorJake SchreierReparto principalPeter SarsgaardFrank LangellaSusan SarandonEn un futuro cercano, un exladrón de joyas recibe un regalo de su hijo: un robot mayordomo programado para cuidarlo. Pronto los dos compañeros prueban su suerte en el mundo de los atracos.[Mov 06 IMDB 7,1/10 {Video/@@@} M/67
FRANK E O ROBÔ
(Robot & Frank, 2012)
"Em seu primeiro longa metragem, o cineasta Jake Schreier leva para a telona uma história futurística que tenta prender a atenção do público pela relação entre um senhor rabugento e um robô, estamos falando do novo “Robot e o Frank”. A falta de ritmo atrapalha a condução da fita. O público percebe e não consegue ficar entretido com tudo o que vê em cena. É apenas um filme quase mediano com uma ótima atuação. Na trama, em um futuro próximo, conhecemos Frank (Frank Langella) um ladrão aposentado que mora sozinho em uma casa, um pouco afastado do centro da cidade. Um dos últimos homens da velha guarda, em um mundo recheado de ações tecnológicas, Frank mantém uma relação fria e distante com seus dois únicos filhos (interpretados pelos atores James Marsden e Liv Tyler). Certo dia, um de seus filhos resolve fazer uma visita e traz consigo um robô de última geração para ajudar o pai nas tarefas de casa e em qualquer outra coisa que ele precisar. A desconfiança inicial logo vira laço de amizade, que é fortemente estabelecido, tornando o robô um grande parceiro de Frank, até mesmo parceiro de crime. As reflexões do personagem principal tentam criar um certo vínculo com o espectador. A atuação de Langella é belíssima. Divorciado a 30 anos, Frank é um homem de outro tempo que sofre de problemas de memória (talvez Mal de Alzheimer) e de uma profunda depressão ranzinza. Altamente rabugento, só o vemos feliz (a princípio) quando vai até a biblioteca da cidade onde mora. A tecnologia nova: carros, meios de comunicação, modernização da biblioteca e outras, mexem muito com a vida que Frank gostava de levar. O personagem é o único que consegue se transformar ao longo dos 90 minutos de fita e chamar a atenção do espectador de alguma maneira. Mesmo com uma excelente atuação, o filme, que é uma mistura de A.I – Inteligência Artifical e Como se Fosse a Primeira Vez ), não consegue se sustentar. Personagens vem e vão mas não adicionam nada à trama. A única coadjuvante que poderia ajudar a melhorar a história, a bibliotecária (papel de Susan Sarandon) desaparece do filme de repente. Uma grande surpresa no final quase salva o roteiro e deixa o filme pelo menos mais agradável. Não crie expectativas e talvez goste. Deixou muito a desejar, menos Frank, que dá um show. Porém, show de um homem só é raro ter sucesso no mundo do cinema." (Raphael Camacho)
"Foi completamente ignorado durante a época de prémios, mas esta enorme injustiça, aliada à parca atenção que recebeu por parte da imprensa estrangeira, não retira qualquer valor a este simpático “Robot e o Frank”, que, para além de conseguir abordar, com uma simplicidade merentória, a improvável amizade que nasce entre um idoso e um robô avançado, consegue ainda presentear-nos com uma breve mas deliciosa análise à solidão e às dificuldades que rodeiam o imparável processo de envelhecimento. Este olhar dramático sobre a solidão humana e sobre os efeitos do envelhecimento é desenvolvido com uma leveza dramática muito abonatória, que contrabalança harmoniosamente com o reconfortante sentimento de união que deriva da forte amizade sem barreiras que se estabelece entre um inteligente robô protetor e um rabugento humano que abomina as novas tecnologias. Esta sua improvável relação é pautada por diversos eventos melodramáticos e sentimentos adversos que, no final, ajudam estas personagens inicialmente antagónicas a superarem as suas diferenças e limitações individuais. A magistral dinâmica social que se desenvolve entre estes esquisitos companheiros é particularmente relevante e emocionante durante as cómicas peripécias criminosas em que ambos se envolvem. Estas agradáveis sequências são muito inteligentes porque, para além de reforçarem e realçarem a uniam dos dois caricatos intervenientes, conseguem também incutir a este drama alguns momentos necessários de humor e ação, que, por sua vez, ajudam a aliviar um pouco a tensão melodramática desta produção. A única coisa que falha na história de “Robot & Frank” é a ínfima e desnecessária relação semi-romântica entre Frank e Jennifer. Este tímido romance não é lá muito carinhoso e até nem tem uma forte envolvência na história, mas é tão franzino que acaba por se desatacar facilmente como o elemento mais descartável desta obra, como aliás a conturbada e distante relação entre Frank e os seus dois filhos adultos, que embora seja desenvolvida com um certo detalhe, não tem assim muita força no seio deste grande projeto de Jake Schreier, cujo agradável trabalho sobressai, sobretudo, na leveza da trama, mas também na acuidade do seu ténue ambiente. Esta agradável comédia dramática também nos apresenta ao melhor Frank Langella dos últimos anos. Este veterano ator supera facilmente todos os seus companheiros de elenco e brinda-nos com uma performance sublime, que é quase tão boa como aquela que teve no drama "Frost/ Nixon" (2008), no entanto, não se vêm por aí tantos elogios a este seu trabalho, como também não se leem muitas coisas sobre este belo mas comercialmente tímido filme, que merecia ter tido um pouco mais de reconhecimento em todo o mundo." (João Pinto)
"Frank e o Robô" é definitivamente um filme atípico. Ele ousa misturar elementos completamente distintos em sua trama, e o resultado, apesar de conter certa irregularidade, é deveras interessante. A obra nos fala sobre um futuro próximo, em que nossa sociedade começa a se acostumar com a interação entre homem e robô. Os caros e prestativos brinquedos de gente grande se tornaram uma peça importante no dia a dia de muitas famílias, que viram a oportunidade de configurar o serviçal perfeito, que organiza metodicamente suas casas, prepara refeições deliciosas e saudáveis, e até cuida de idosos, criando para eles rotinas, projetos e determinadas funções. Devido então a esta dependência criada pela máquinas, grupos ativistas se proclamaram contra o uso indiscriminado das mesmas, alertando que elas devem ser evitadas e por aí vai - uma típica cadeia de raciocínio que já foi exaustivamente explorada no cinema do gênero. Mas no final, estes argumentos servem para ilustrar o período de transição em que a sociedade se encontra, e não desempenham um papel importante na história. O centro das atenções é mesmo Frank, um senhor que possui um passado conturbado. Em sua juventude ele foi um famoso ladrão de jóias (e foi preso duas vezes por isso). Já "aposentado", o velho anda meio esquecido, se confundindo a todo momento e se irritando facilmente com qualquer coisa - talvez um reflexo de seu isolamento proposital. O fato é que Frank não gosta de se sentir incapaz, e para provar sua independência (que outrora foi tão vívida), ele afasta seus filhos com seu papo rabugento. No entanto o filho Hunter, diante de uma visível doença mental que começa a se manifestar no pai, decide presentear Frank com o tal Robô, que é recebido da pior maneira possível. Mas com o decorrer do tempo eles começam a se entender, até bem demais, pois o ex-ladrão decide voltar a trabalhar com este novo e improvável parceiro que, em suas constantes análises de probabilidades, vê na elaboração de um golpe o exercício mental perfeito para o idoso sair do ostracismo. Em sua essência o longa funciona bem. O jovem diretor iniciante Jake Schreier consegue oferecer uma profundidade diferenciada para o tema que aborda, e definitivamente demonstra uma linguagem cinematográfica atraente. Já o elenco é o grande destaque. Apesar de James Marsden e Liv Tyler surgirem ligeiramente apagados como os filhos Hunter e Jennifer, é com o experiente Frank Langella que a fita encontra seu alicerce. O ator presenteia este filme indie de baixo orçamento com uma interpretação dedicada. Para ele, dar vida a Frank foi a oportunidade perfeita de conversar com um público mais jovem, uma jogada estratégica articulada. Susan Sarandon também ajuda a tornar tudo mais envolvente, e Peter Sarsgaard convence com sua voz de Robô. Porém, o problema de "Frank e o Robô" é sua falta de direcionamento conceitual - o que consequentemente caracteriza uma falha no roteiro de Christopher D. Ford. Com tantos gêneros diferentes trabalhando ao mesmo tempo (drama, humor, ficção científica, crime e romance), acabamos não nos identificando enfaticamente com nenhum deles. A fita consegue fazer rir, e também emociona, mas no geral fica uma sensação de que falta um pouco de personalidade. Isso acaba minando o resultado - até certo ponto. Mas como foi dito, a participação de Langella está impecável, a condução esforçada de Schreier gera bons frutos, os dois protagonistas se complementam perfeitamente, e no final, uma agradável surpresa acaba relevando alguns erros. Vale a pena ser visto." (Ronaldo D'Arcdia)
"Uma divertida história sobre envelhecimento, solidão e... alta tecnologia. O roteiro de Christopher D. Ford cria "gadgets" espertas em uma interpretação bonita de Frank Langella. É um filme leve - não mais que isso - com coração." (Alexandre Koball)
"Não consegue ser 100% eficiente nem na parte mais dramática, nem na mais leve... Fica um meio do caminho, sem ser ruim, mas não muito mais do que agradável. O terceiro ato, particularmente, enfraquece." (Felipe Tostes)
2012 Sundance
Dog Run Pictures
Park Pictures
TBB
White Hat
Diretor: Jake Schreier
42.831 users / 11.614 face
Check-Ins 239
Date 23/07/2013 Poster - ###### - DirectorAleksandr SokurovReparto principalJohannes ZeilerAnton AdasinskyIsolda DychaukA despairing scholar sells his soul to Satan in exchange for one night with a beautiful young woman.[Mov 05 IMDB 6,7/10 {Video/@@@@} M/65
FAUSTO
(Faust, 2011)
"Obra cansativa, que merece revisita (a confusão do personagem [existencial] quase tocou o meu cérebro), mas a primeira impressão foi de um filme que referencia tanto Goethe que não se faz independente. Por ora, prefiro a versão de F.W. Murnau." (Rodrigo Torres de Souza)
"Um Sokurov que, mesmo fiel ao seu estilo de cinema (ritmo lento, lentes distorcidas e tons verdes/marrons sem vida), me pareceu mais próximo a Herzog do que a Tarkovsky. Sem soluções fáceis, "Fausto" certamente exigirá do público repetidas revisões." (Régis Trigo)
Mito e literatura.
"Anunciado como o quarto segmento de uma tetralogia formada por Moloch (idem, 1999), sobre Adolf Hitler, Taurus (Telets, 2001), sobre Lênin, e O Sol (Solntse, 2005), sobre o imperador japonês Hiroito, Fausto (Faust, 2011) parte da história para a lenda como prosseguimento aos estudos de Aleksandr Sokurov sobre os efeitos e a natureza do poder em torno dos grandes ditadores do século XX (não é difícil pensar em alguns dos diabólicos biografados dos filmes anteriores como versões modernas de ''Fausto'' que chegam ao topo de suas ambições e o perdem com a morte ocasionada por um Satã a reclamar por suas almas). O fascínio por figuras icônicas do bem e do mal encerrava alguns desses filmes num fetiche histórico que esses trabalhos nem sempre transcendiam, o que desde o começo ameaça se repetir no filme novo, partindo agora do campo dos mitos e da literatura. Formalmente, é derivativo de muito que podemos ver no próprio cinema de Sokurov ou de outros diretores contemporâneos que se utilizam de elementos estéticos recorrentes como clichês em festivais internacionais (ganhou o Leão de Ouro em Veneza), com um verniz artístico que salta à vista. ''Fausto'' se apresenta com uma cena de abertura de encher os olhos, movida por uma câmera flutuante que passeia pelos céus até alcançar a residência em que o personagem-título disseca cadáveres em busca da alma humana. Por entre vísceras e órgãos genitais inanimados, antes do encontro com o diabo Mefistófeles, aqui representado como o agiota dono de uma casa de penhores, o que desencadeia o processo de sedução que levará ao pacto por sua alma assinado com sangue. "Fausto" possui momentos impressionantes (a maioria deles com a estranha aparência humana de Mefistófeles na tela, ou alguns outros com Margarete, que surge em cena como o seu contraste), mas perde e se ressente se comparado a outras das melhores versões com o personagem para o cinema, notadamente o ''Fausto'' (Faust - Eine Deutsche Volkssage, 1926) de Murnau. Sokurov prefere o espetáculo visual em troca de um cinema mais inventivo praticado pelos outros dois cineastas. O que acarreta um peso por vezes incômodo que lhe prejudica o fôlego, confundindo não raro a potência da imagem com afetação visual, e lançando mão de recursos como as visões distorcidas, com deformações de lentes, a fotografia com texturas sépias a cargo do responsável pelos créditos de alguns dos filmes mais infames de Jean-Pierre Jeunet e um dos Harry Potter, e uma câmera fantasmagórica (já não mais novidade em circuitos de arte) que passeia por passagens estreitas, lugares apertados e sufocantes a representar o desconforto de Fausto, mas quase tudo num trabalho de diluição e artifícios, faltando o transcendentalismo de um Tarkovski, de quem é considerado um dos discípulos. O cineasta busca preencher sua obra com uma atmosfera de mistério, para suprir a ausência de metafísica (um elemento fundamental na história original), e mesmo quem evitar o deslumbramento fácil pode se surpreender com a revisão (ou simples lembrança) de muitos dos trechos de ''Fausto'', que podem revelar grandezas que de imediato e em conjunto passam despercebidas num trabalho tão exarcebado pelo estilo e maneirismos de um realizador auto-centrado em sua estética particular como Sokurov. A emoção não brota fácil e inevitável como diante de Mãe e Filho (Mat i syn, 1997), talvez sua obra-prima, mas somos levados pelos percalços de Fausto, em sua busca sem freios pelo conhecimento, e as figuras que cruzam o seu caminho (com os demônios que afloram à tela), nas ilustrações que Sokurov pinta com seus planos, consequência de um esforço de demonstração nem sempre eficaz em comunicar o sentimento preciso que orienta narrativa e personagens dentro do quadro. Optando não por uma ruptura estética que seria bem-vinda dando novos ares a sua filmografia, mas por uma continuidade em seu até certo ponto conservador projeto de cinema, Sokurov nos entrega um produto que com seus altos e baixos resume toda uma trajetória que o diretor russo tem percorrido ao longo dos anos." (Vlademir Lazo)
"O novo filme do cineasta russo Aleksandr Sokurov é um tour de force para o espectador. É preciso estar ciente disso antes de encarar suas mais de duas horas de projeção repleta de experimentos estéticos. Para quem busca somente se entreter assistindo a algo dentro das convenções, o melhor é optar por outro filme. Superficialmente inspirada na lenda alemã de Fausto e suas muitas adaptações, incluindo um romance de Yuri Arabov e a clássica peça de Goethe, a produção fez sua estreia no Festival de Veneza 2011 de onde saiu com o Leão de Ouro de Melhor Filme. Em "Fausto", Sokurov, que já havia brindado os amantes do cinema artístico de todo mundo em 2002 com Arca Russa, faz um versão muito particular – e um tanto prolixa, diga-se – do mito usando e abusando de distorções de lente e outros truques estilísticos que lhes são peculiares. O cineasta ambienta a história num mundo sombrio e fantástico equiparado a fotografias antigas com sua moldura quadrada e paleta filtrada em tons de verde lavados e cinza. "Fausto" (Johannes Zeiler) é um médico pobre que recorre ao agiota da cidade, interpretado com maestria por Anton Adasinsky. Uma personificação do mal em cada movimento, fala e maneirismos grotescos. Apesar de sua avidez por conhecimento, o Fausto de Sokurov tem desejos muito mais mundanos que vão se tornando claros no desenrolar do filme. Na maior parte da trama, "Fausto" segue o diabo num passeio de sonho pela cidade. Nesse interlúdio a câmera é uma ferramenta a serviço da estética desejada por Sokurov, gerando cenas que funcionam quase que como um fluxo de consciência. Os movimentos são constantes e os diálogos verborrágicos, o que me fez desejar compreender alemão para poder tirar os olhos das legendas e me concentrar mais nas imagens. Estas de fato são sublimes. Para além da fotografia impecável, incluem figurino e cenografia perfeitos em sua composição. O final, gravado em meio a gêiseres vulcânicos da Islândia, é o ponto alto deste espetáculo lúgubre feito para inebriar e incomodar a audiência.''Fausto" é um filme impressionista em sua execução. Sukorov já havia confessado em entrevista ter sido influenciado pelo pintor inglês William Turner, um dos precursores do Impressionismo. Assim como na pintura de Turner, o cineasta se recusa ao naturalismo e opta distorção própria da percepção sensorial do indivíduo. Pode ser um teste de paciência para o espectador, mas o propósito desse conto de fadas adulto é ser sombrio e perturbador, exigindo um esforço do espectador ao invés de entretê-lo." (Roberto Guerra)
"Fausto" (2011), a mais nova viagem imagético-poética de Aleksandr Sokúrov, é uma livre adaptação do famoso romance de Goethe, escrito no século 19. Ao atravessar os séculos, e para tornar a obra palatável ao púbico contemporâneo, Sokúrov precisou adequar com muito cuidado os principais elementos estéticos e narrativos do original – o espaço geográfico, o figurino, o verbo – às nuances de questionamento e desamparo do nosso tempo. "Fausto" é um espelho da humanidade. Sua busca pelo conhecimento o põem em uma vanguarda existencial em relação a outros seres, deste e de outro plano. Ele é o cientista, o ateu, o racional, o experimentador, o homem além do seu tempo, capaz de assinar pactos com o diabo a fim de alcançar algo, mesmo que este seja apenas parte de sua busca interna. Ele deseja, duvida e nega. Sendo a última parte da tetralogia do poder (ou do declínio do poder), composta por Moloch (Hitler), Taurus (Lênin) e O Sol (Hirohito), Fausto, que é a única peça literária dentre os filmes, representa a maior de todas as escolhas de Sokúrov para a investigação do controle e da ânsia pelo domínio. Sendo um arquétipo da humanidade, ''Fausto'' é a maior representação do poder, a nossa própria espécie. Os simbolismos variam de interpretação para cada espectador, mas toda a nossa estrutura civilizacional está posta no roteiro do filme e engenhosamente relacionada à obra original: a descrença religiosa, o valor ao dinheiro (Mefistófeles é um agiota!), o desenvolvimento cronológico da ciência (Fausto é cientista e é filho de médico), a banalização da igreja como instituição, o pleno conflito entre pais e filhos, a proliferação de doenças, mortes violentas, sexualidade bizarra e misticismo (na presença do Homúnculus, um dos símbolos nucleares da alquimia). "Fausto" é a Humanidade que transforma a Terra, que subjuga os fracos, que cria ideologias e caminhos para serem seguidos. Nesse ponto, em nada ele se difere dos outros três poderosos filmados pelo diretor, afinal de contas, também eram humanos, de sorte que ''Fausto'' é a representação da condição máxima de todos eles juntos. Mas é importante que se diga que apesar de exercer o poder, Fausto não é a representação da Humanidade passiva, alheia, desconectada das decisões importantes que garantem a sua existência. Observem que no filme, ele se opõe à natureza divina, procurando a alma em todos os lugares do corpo. Ele quer ir além do vazio da criação revelado no Gêneses e posteriormente reafirmado no Evangelho de S. João, quando diz que no princípio era o Verbo. Há uma sequência inteira do filme dedicada à reflexão dessa passagem, exemplo máximo de que esse Fausto/Humanidade não aceita que o Verbo era Deus ou que a Terra era sem forma e vazia. "Fausto" quer saber o princípio da existência, o que lhe permite existir, onde está a sua alma e qual o seu valor. Sendo um homem em constante busca e sofrendo o vazio e as privações da vida secular – ele não come, não dorme, não ama, não tem dinheiro e é rejeitado pelo pai, que lhe nega até comida – seu caminho natural é a busca por algo que está além, e dado o estado de penúria do mundo real, nada parece demasiado ou medonho demais: ele se aproxima de Mesfistófeles, o agiota, como quem se sente feliz e salvo ao entrar em um bote salva-vidas. Aleksandr Sokúrov arquiteta a raiz do poder, seu desenvolvimento e seu declínio, quando ao final de tantas buscas, o niilismo se mostra único: Mefistófeles é apedrejado por um "Fausto" (morto para sua realidade?) distante de tudo e todos, muito longe e muito alto, segundo o próprio roteiro do filme. Após tantas buscas, renúncias e dominação do ambiente e das pessoas à sua volta, o Fausto/Humanidade se vê entre um gêiser, rochas e geleiras, uma combinação de todos os estados dos elementos de sua ciência que acaba por isolá-lo da sua vila e vida ordinárias. A busca pelo conhecimento a todo custo fez a Humanidade ir além, até no sentido de negar a morte. Mas ao fim de tudo, essa busca exterior não chega a lugar algum a não ser à maior distância entre suas respostas e a satisfação pessoal com elas. A incerteza e o isolamento mortal é o fim apocalíptico de toda essa caminhada. Em um estudo sobre a imagem, Jacques Aumont discursou sobre as particularidades da nossa percepção a partir de cinco aspectos: o olho, o espectador, o dispositivo, a imagem e a arte. Dentre as muitas questões ali trabalhadas, gostaria de trazer os pontos de busca visual, a relação entre o olho e o olhar e a questão da atenção visual, para que possamos fazer jus à fotografia de Bruno Delbonnel e à montagem de Jörg Hauschild, dois dos grandiosos destaques da produção de "Fausto". A abertura do filme coloca o espectador na posição de observador supremo daquilo que está por vir. Um plano em movimento ininterrupto atravessa o céu estrelado, passa através das nuvens e nos mostra o maior simbolismo de ligação da obra: um espelho (refletor da verdade, da sinceridade e do conteúdo do coração) pendurado em uma corrente (símbolo de elos e relações entre o céu e a terra; entre dois extremos ou dois seres), ao qual se prende um pequeno sino (chamado de atenção, percepção do som, evocação tudo o que está suspenso entre o céu e a terra, estabelecendo uma comunicação entre os dois). Um lenço branco se desprende do espelho e voa até a cidade isolada entre as montanhas, talvez o mesmo lugar alto e distante para o qual ''Fausto'' vai em companhia de Mefistófeles. A luz é difusa e há predomínio do verde, pelo menos no início, quando somos apresentados à polaridade do filme: o verde do broto e o verde do lodo, a vida e a morte. As distorções da imagem através de lentes especiais, as tonalidades absolutas em algumas sequências e o destaque para o marrom, o amarelo e o azul são itens a serem observados com atenção. O espectador é capturado pela beleza das imagens, e a construção do caráter das personagens e as propostas dramáticas do filme (genialmente conduzido pelo diretor) são depreendidas a partir da fotografia, que passou por um escrupuloso processo coloração digital, um trabalho magnífico de pós-produção que atendeu muito bem à intenção de Sokúrov em misturar doença, misticismo e pesadelo. A recusa do realismo é visível tanto na luz quanto nos enquadramentos e o tipo de lente usado para distender as imagens. Para coroar a situação, a montagem possui uma fluidez deliciosa, e apenas um espectador preguiçoso irá reclamar das 2h10min. do filme, que passam com uma suavidade e dinâmica dignas de serem aplaudidas. Mais próximo do Fausto de Švankmajer do que do ''Fausto'' de Murnau, Sokúrov conduziu uma obra de força quase antropológica, com significados múltiplos e que exige muito do espectador. ''Fausto'' não é um filme apenas para observação distante e assentimentos de concordância. Há pontos do roteiro (inclusive trabalhados um pouco dispersos demais, talvez o único ponto apenas muito bom do filme) que nos incomoda, seja pela carga simbólica que traz, seja pela crueza com que trata determinadas situações. Como é uma obra que se constrói o tempo inteiro, o espectador dá novos significados a cada período, e também vai alterando o seu juízo de valor para com as atitudes das personagens e a intenção do diretor em expor o (declínio do) poder. No mais, ''Fausto'' é uma obra-prima na filmografia de Sokúrov. A grande quantidade de citações pictóricas, históricas e culturais, além do glorioso apuro estético e da exímia direção nos permite dizer que estamos diante de um filme que trabalha sem nenhum meio-termo o espírito do nosso tempo. Quanto as referências, se o leitor tiver uma boa memória do filme e procurar pelas telas The Battle of Alexander at Issus ou The Poor Poet ou Jagdunglück, certamente terá uma grande surpresa. O modo como o poder se (des)faz e como o comportamento de busca por um prazer extremo e imediato pontua a nossa sociedade são os mesmos sintomas de uma civilização que o espelho faustiano reflete. Mas para que esse reflexo não se torne uma refração, é necessário que o espectador não busque resoluções fáceis e explicações. Assim como a própria essência da humanidade que representa, ''Fausto'' é um filme que gera poucas ou nenhuma resposta definitiva. Por outro lado, abre-se um fecundo abismo de perguntas, o abismo da própria existência humana, que mesmo rodeada de criações próprias e mesmo tendo sob seu controle um sem número de pessoas e objetos, parece longe e distante de qualquer coisa vital, como ''Fausto'', na cena final do filme." (Luiz Santiago)
Aleksandr Sokurov transforma lenda secular em espetáculo visual.
"A lenda começa na Alemanha, aproximadamente entre os anos 1470 e 1540. O Dr. Johann Georg Faust empenha seus esforços na busca por conhecimento, aplicando-se aos estudos da filosofia, da medicina e da alquimia. Insatisfeito com os resultados, limitado por sua condição humana, o excêntrico personagem acaba enveredando pelo charlatanismo e dá origem à história de um diabólico acordo assinado com sangue, trocando sua alma pela compreensão dos mistérios do universo. O motivo faustiano desde então tem servido à arte. Versões de Christopher Marlowe, Thomas Mann e Johann Wolfgang von Goethe, esta última a mais famosa, perpetuaram o mito e inspiraram por sua vez uma outra série de adaptações, a última pelas mãos de Aleksandr Sokurov. O cineasta russo recria em ''Fausto'' (Faust, 2011) o famoso pacto entre o intelectual insatisfeito e o demônio agiota, transformando a lenda em um espetáculo visual de trevas, luz, agonia e poder. Livremente baseado no poema épico de Goethe, o filme mostra um ''Fausto'' (Johannes Zeiler) desiludido, dilacerando cadáveres em busca da alma humana, e faminto por conta dos parcos retornos financeiros da sua busca por conhecimento. Sem dinheiro para comer ou transportar até o cemitério a matéria-prima dos seus estudos, o intelectual, depois de ser desprezado pelo pai, acaba por recorrer à ajuda do dono de uma casa de penhores (Anton Adasinsky), a versão de Sokurov para o diabo Mefistófeles. O demônio recusa o empréstimo em troca de um anel, o que Fausto julgava ser seu bem mais valioso, e dá início ao processo de sedução que levará ao famoso pacto assinado com sangue. A estranha criatura de aparência frágil se apresenta ao médico como um ser evoluído, um retrato do Übermensch de Nietzsche – o super-homem, aquele que supera os limites da condição humana pela transvaloração (onde não existe certo e errado, apenas desejo) e pela busca por poder. Conceito de evolução que será posto em prática por meio da lavadeira Margarete (Isolda Dychauk), personagem que desencadeia o processo de corrupção de Fausto – ele vê na jovem a luz para sua insatisfação, enquanto o diabo a descobre como objeto de barganha. No desenvolvimento da sua versão da lenda, o filme consegue ser ao mesmo tempo elegante e óbvio nas metáforas que cria para seus personagens. Passagens estreitas, lugares apertados e lotados representam a agonia de ''Fausto'', seu desencaixe e descontentamento com a realidade que o cerca. Por meio da fotografia primorosa de Bruno Delbonnel (indicado ao Oscar por seus trabalhos em O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, Eterno Amor e Harry Potter e o Enigma do Príncipe), o filme reflete a essência de Margarete, que surge como uma figura iluminada, capaz de tomar a tela antes dominada pelas trevas. Figuras estranhas pontuam a narrativa, assumindo em formas concretas as dúvidas, os arrependimentos e a ganância do seu personagem principal. ''Fausto'' encerra o estudo de Sokurov sobre os efeitos do poder iniciado em Moloch (1999), sobre Adolf Hitler, seguido por Taurus (2001), sobre Lênin, e O Sol (2005), sobre o imperador japonês Michinomiya Hiroito. A conclusão toma para si a lenda em uma tentativa de compreender as motivações humanas, criando uma alegoria da corrupção, onde certo e errado não se opõem, mas são superados pelo desejo. Vencedor do Leão de Ouro em Veneza - o primeiro prêmio principal em um grande festival europeu do diretor de Arca Russa (antes Sokurov levara melhor roteiro e o prêmio da crítica em Cannes por Moloch e Pai e Filho, respectivamente) - o ''Fausto'' de Sokurov não é um filme fácil, com seus longos diálogos em alemão e sua mistura de sonho e realidade. Sua beleza e força visual, contudo, o transformam em uma versão única da secular história, que não abandona o espectador após o rolar dos créditos e o leva a avaliar seu preço. Quanto vale a sua alma?" (Natalia Bridi)
2011 Lion Veneza
Top Rússia #13
Proline Film
Diretor: Aleksandr Sokurov
3.186 users / 1.115 face
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Date 14/08/2013 Poster - ##### - DirectorHal HartleyReparto principalPaul AustinRobert John BurkeMartin DonovanThree short films about lovers' ultimatums are set in New York, Berlin and Tokyo.[Mov 03 IMDB 6,3/10 {Video} M/46
FLERTE
(Flirt, 1995)
''Um jovem deve escolher se deve se comprometer com a companheira, que está voltando para sua casa. A mesma situação é encenada em três cidades diferentes, Nova York, Berlim e Tóquio -, com atores variados.'' (Filmow)
Neue Deutsche Filmgesellschaft (NDF)
Olive Films (Canada)
Olive Films (USA)
Pandora Filmproduktion
True Fiction Pictures
Diretor: Hal Hartley
Soundtrack Rock = Pizzicato Five + The Miss Alans + She Never Blinks
1.496 users / 46 face
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Date 12/09/2013 Poster - # - DirectorKaneto ShindôReparto principalNobuko OtowaOsamu TakizawaMasao ShimizuPost war Hiroshima: It's been four years since the last time she visited her hometown. Takako faces the after effects of the A-bomb when she travels around the city to call on old friends.[Mov 08 IMDB 7,2/10 {Video} M/86
FILHOS DE HIROSHIMA
(Gembaku no ko, 1952)
"Disseca uma ferida ainda exposta e em carne viva, de maneira mais seca e menos barroca do que Resnais viria a fazer em Hiroshima Mon Amour. É como se fosse Ozu dirigindo um filme de terror, mas com um tom de esperança que engrandece a obra de Shindô." (Heitor Romero)
''Filhos de Hiroshima'' é um filme de grande importância. Mas, mesmo deixando de lado a importância histórica, é um filme forte, poderoso, que causa impacto – e também um tanto estranho, desconcertante.Feito em 1952 e exibido no Festival de Cannes, revelou ao mundo Kaneto Shindô, que viria a ser um dos maiores cineastas do Japão e do mundo. Era seu terceiro filme como diretor, e, antes, já havia escrito roteiros para filmes de Kimibasuro Yoshimura, Kenji Mizoguchi e Kon Ichikawa. Nasceu em 1912, em Hiroshima, e começou no cinema como diretor de arte, ainda em 1935, antes do início da Segunda Guerra Mundial. Continuou trabalhando ao longo da guerra e, em 1950, criou uma pequena companhia produtora de filmes, juntamente com o diretor Yoshimura e a atriz Nobuko Otowa. A atriz participou de vários dos filmes do diretor – é a protagonista de Filhos de Hiroshima. O iMDB registra 158 filmes em que Kaneto Shindô trabalhou como roteirista, e 45 como diretor. Está hoje com 98 anos, e ainda na ativa; fez um filme em 2008, e prepara outro com lançamento previsto para 2011. Diz dele Jean Tulard, em seu Dicionário de Cinema: Realizador de duas faces: por um lado A Ilha Nua, o neo-realismo, a vida cotidiana de agricultores pobres; por outro Onibaba, o fantástico e a sensualidade através da história de uma mãe que não pode suportar que sua nora durma com o amigo de seu filho, morto na guerra. Fez de tudo – de terror a realismo fantástico, passando por comédias. Não um estrondo, mas um gemido; contra a bomba, um punhal. Mas, em ''Filhos de Hiroshima'', o que choca é a simplicidade, o tom menor. De um cineasta nascido exatamente na cidade onde os americanos explodiram a primeira bomba atômica em uma guerra, e em um filme feito apenas sete anos depois da brutal tragédia que chocou o mundo inteiro no dia 6 de agosto de 1945 (cerca de 80 mil mortos diretamente pela explosão da bomba, de 90 mil a 140 mil mortos no total em conseqüência da radiação, 70% dos prédios da cidade destruídos), seria de se esperar uma epopéia, um afresco, uma obra em tom maior, um panfletaço irado, virulentíssimo. Pois Kaneto Shindô fez um filme simples, pequeno. Não uma sinfonia, mas uma peça de câmara para poucos instrumentos. Assim que terminei de ver, me ocorreu que é um filme muito, mas muito próximo das obras de história e atmosfera mais simples do neo-realismo italiano – como O Teto ou Ladrão de Bicicletas, de Vittorio De Sica. É, sim, um panfleto, é claro – mas escrito em tom quase suave. Sem berros, sem estridência. Me ocorre agora que Kaneto Shindô respondeu à primeira destruição de uma cidade por uma bomba atômica, e exatamente a sua cidade natal, com um silencioso punhal. Um punhal afiado, sim – mas silencioso. Quase manso, quase suave. É, para usar a imagem do poeta, um panfleto que não vem com um estrondo, mas com um gemido. O filme acompanha alguns dias na vida de uma jovem professora, Takako (interpretada por Nobuko Otowa, a companheira freqüente do diretor em seus filmes). Quando a ação começa, Takako está se despedindo dos alunos, às vésperas de um período de férias. A jovem mora com tios, em uma ilha. Vai, nos primeiros dias de suas férias, viajar até Hiroshima, sua cidade natal, que não visita faz quatro anos. Em Hiroshima, vai se encontrar com uma antiga colega, na casa de quem ficará hospedada, com um homem que havia trabalhado para seu pai, e com três ex-alunos do jardim de infância. E essa é toda a trama do filme: o diretor Shindô nos leva para conhecer as casas que Takako visita; são situações simples, comuns, o dia a dia de pessoas simples, humildes. Claro, as marcas da bomba estão em cada canto, em cada rosto, em cada história das pessoas que Takako encontra. Há um rápido flashback em que vemos a então garotinha Takako convivendo com os pais, e depois outro flashback com o relógio parando exatamente às 8h15 da manhã daquele dia 6 de agosto – o horário exato em que o bombardeiro B-29 chamado Enola Gay soltou sobre Hiroshima a bomba atômica Little Boy. Vemos então uma daquelas imagens do cogumelo de fumaça que se formou após a explosão. Mas isso é apresentado rapidamente, muito rapidamente. A narrativa se concentra no hoje, 1952, sete anos após a bomba. Há explicitude, sim. A maior delas é o personagem do homem que foi empregado do pai de Takako, Iwakichi (interpretado por Osamu Takizawa). A jovem professora está andando pelas ruas de Hiroshima quando reconhece Iwakichi. Com o rosto cruelmente desfigurado pela radiação, quase cego, ele hoje é um mendigo – e, ao ver a filha do antigo patrão, morre de vergonha, recusa-se a falar com ela. Mas a moça insiste, insiste, e o homem cede; vêem-se várias vezes, durante a estadia de Takako em Hiroshima. Com a bomba, Iwakichi perdeu toda a família, com exceção de um netinho, Taro (na foto abaixo), que hoje vive num orfanato. Takako irá até o orfanato – e Shindô mostra as crianças, os rostos das crianças, enquanto o administrador do lugar conta para a jovem professora e para os espectadores que Hiroshima é a cidade japonesa com maior número de órfãos da guerra, mais que Tóquio e Osaka, cidades imensamente mais populosas. Ao longo de todo o filme, a câmara do diretor focaliza crianças – crianças nas ruas ainda cheias de escombros, crianças nas ruas de casas humildes reconstruídas depois da tragédia, crianças nadando num rio que banha a cidade. A fotografia em preto-e-branco é magistral, belíssima. O rosto desfigurado e a miséria de Iwakichi são, sem dúvida, uma explicitude chocante, um tapa na cara do espectador. Mas os tapas mais dolorosos vêm de forma bem mais sutil em duas seqüências extraordinárias. Numa, Takako e sua colega professora estão batendo papo na casa simples mas decente desta última; uma conversa normal, sobre coisas do dia a dia. Surge, na conversa absolutamente corriqueira, a informação de que a colega de Takako é estéril, provavelmente como efeito da radiação – e o rosto da visitante é tomado de pavor. Mais tarde, Takako está andando na rua com um de seus ex-alunos, e ouve-se o ruído de um avião. Um ruído, só o ruído – e as pessoas tremem de pavor. Belo filme. Cortante como punhal afiado." (50 Anos de Filmes)
1952 Palma de Cannes
Kindai Eiga Kyokai
Mingei
Diretor: Kaneto Shindô
600 users / 15 face
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Date 07/10/2013 Poster - - DirectorJack CardiffReparto principalTrevor HowardDean StockwellWendy HillerA young man with artistic talent lives in a close-knit coal-mining town and finds himself inhibited by his emotionally manipulative mother.{Video}
FILHOS E AMANTES
(Sons and Lovers, 1960)
"Filho de um mineirador entra em conflito com o pai, um homem franco e honesto, e com a mãe, uma mulher possessiva. Isso porque o jovem revela-se um talento para as artes, contrariando assim os sonhos imaginados pelos pais. O rapaz então sacrifica sua oportunidade de estudar em Londres, desiste da jovem que ama, filha do fazendeiro local, e acaba se envolvendo com uma mulher separada no marido." (Filmow)
{Eva deve ter ficado muito feliz quando foi expulsa do paraiso} (ESKS)
33*1961 Oscar / 18*1961 Globo / 1960 Palma de Cannes
Date 03/12/2014 Poster - ##### - DirectorJacques AudiardReparto principalMarion CotillardMatthias SchoenaertsArmand VerdureAlain deja Bélgica por Antibes con su hijo para vivir en familia con su hermana y su marido. Allí Alain conoce a Stephanie, una entrenadora de orcas.[Mov 05 IMDB 7,5/10 {Video/@@@@} M/73
FERRUGEM E OSSO
(De Rouille et d'os, 2012)
"A trama é mais superficial do que aparenta, e o final abrupto deixa várias subtramas abertas e sem função. Cotillard está bem, mas seu papel, a rigor, é coadjuvante. Não é de todo ruim, mas pelos talentos envolvidos, esperava-se muito mais." (Régis Trigo)
"Tanto a aproximação entre os personagens quanto a resolução da história parecem apressados e artificiais, mas de resto Audiard orquestra um filme bonito, especialmente quando foca na Stephanie de Cotillard, em uma belíssima interpretação. Podia ser mais." (Silvio Pilau)
"A beleza da imperfeição humana, por Jacques Audiard, Marion Cottillard e Matthias Schoenaerts." (Rodrigo Torres de Souza)
''O cinema francês é imbatível ao elencar duas pessoas singulares que se relacionam. "Ferrugem e Osso" é mais um título nessa tradição.Marion Cotillard, de Piaf, é uma treinadora de orcas que sofre um acidente. Sua vida muda e, no olho do furacão, ela se aproxima de um boxeador. Juntos, viverão uma história nada convencional. E sem um pingo da pieguice que esse roteiro inevitavelmente carregaria se fosse um filme americano." (Thales de Menezes)
"Uma história de amor quase impossível entre uma garota fragilizada e um brutamontes. Resumido dessa maneira, "Ferrugem e Osso" poderia ser só mais um filme que trata o romance de modo pouco romântico. As escolhas do diretor francês Jacques Audiard, porém, colocam o longa em um patamar distinto, em que a vontade da plateia de que dê tudo certo se mistura com uma boa dose de pessimismo e de mal-estar. A irresistível Marion Cotillard faz o papel de Stéphanie, uma treinadora de parque aquático que tem as pernas amputadas após sofrer um acidente. O tourão Matthias Schoenaerts interpreta Alain, um lutador abobalhado, um cara que parece apenas um corpo com poucos neurônios funcionando dentro. Ao lado dele está Sam, um menino de cinco anos que vive sendo escorraçado pelo pai impaciente. Na primeira aparição de Stéphanie, em meio a uma confusão na porta de um clube noturno, "Ferrugem e Osso" afirma uma estética física, feita de corpos que mais se batem e se chocam do que se atraem. Ao levar um soco no rosto, a personagem sangra, chora, mas segue em frente como se levar porrada não fosse raro na vida dela. De fato, a delicadeza de sua imagem se expõe ao peso e risco constante do trabalho com as baleias no parque. Depois que perde as pernas, sua fragilidade encontra no corpão do lutador uma mobilidade e uma resistência, um tesão e a sensação de um limite. Em vez de explorar o drama psicológico da deficiência, Audiard prefere filmar os corpos como encaixes e o sexo como uma descarga de energia, uma função vital como outra qualquer. Exemplo: a sigla OP?, enviada por torpedo, serve para Stéphanie saber se Alain está operacional, como se ele fosse uma máquina. Dessa natureza básica da atração, o filme incorpora o afeto sem precisar encher a história de sentimentalismos e se tornar banal. Ela toma um fora e se torna mais pragmática. Ele leva um susto e acaba abrindo uma brecha. O que virá depois não interessa. A vantagem desses efeitos está em nos fazer interessar por personagens que parecem de carne e osso e nos dar um descanso dos arquétipos de roteiro que não têm uma gota de sangue correndo em suas veias." (Cassio Starling Carlos)
Quando o instinto é preferível à compaixão.
''É uma das mais belas cenas do ano: Marion Cotillard e a baleia. A atriz francesa interpreta Stéphanie, uma amestradora de baleias que sofre um acidente durante uma apresentação e perde os pés. Chega a pensar em suicídio. É obrigada a reconstruir toda a sua vida. Um dia, porém, resolve visitar, sem guardar rancor, os animais que um dia amou, mas foram responsáveis por destruir sua existência. A cena é bela porque mostra que o ser humano é capaz de odiar aquilo que ama – ou vice-versa, amar aquilo que odeia. Trata-se de um dos grandes filmes de 2012, ''Ferrugem e Osso'', mais um bom trabalho na carreira do diretor francês Jacques Audiard, que já tem no currículo os ótimos De Tanto Bater, Meu Coração Parou (De battre mon coeur s'est arrêté, 2005) – 8 prêmios César, o Oscar francês, mais um Urso de Prata especial no Festival de Berlim para a música de Alexandre Desplat (revelando o músico às plateias internacionais) – e Um Profeta (Un prophète, 2009), Grande Prêmio do Júri em Cannes, mais 9 César e uma indicação ao Oscar de filme estrangeiro. Neste De rouille et d'os, Audiard é bastante discreto na sua maneira de narrar. Sem firulas ou frescuras, bota sua força criativa a serviço de contar a história e desenvolver suas personagens, dirigindo com maestria seus atores. A apertada agenda de Cotillard não o permitiu de ensaiar com a atriz antes (eles fizeram boa parte da leitura do papel nas viagens, no avião), mas o resultado é ainda assim intenso e, por vezes, aterrador: Cotillard está mais sutil aqui do que no dramalhão de Piaf – Um Hino ao Amor (La Môme, 2007). No mais, o belga Matthias Schoenaerts também funciona à perfeição, dando uma incrível fisicalidade ao pai ausente e frustrado lutador de boxe Alain. É um diálogo entre os dois que vai gerar a magnífica cena da baleia. Alain prepara-se para mais um luta e Stéphanie lhe diz que, se for pelo dinheiro, ela lhe daria o montante e ele não precisaria apanhar daquela maneira (não é boxe profissional, mas sem luvas). Alain retruca dizendo que não era só pelo dinheiro, ele fazia porque gostava também. Como você e as baleias, diz, para choque dela. Sim, e veja como eu terminei!, responde indignada, a princípio. Depois, como vinha fazendo desde que perdera as pernas, é obrigada a reavaliar e decide, então, voltar ao parque aquático e, por uma última vez, fazer os gestos e guiar as baleias. Assim, a orca assassina, imensa, assustadora, com seus dentes à mostra, reconhece e vai ao encontro da antiga treinadora, agora amputada, no tanque. A cena provoca várias emoções no espectador, seja de ternura e repulsa, ou mesmo admiração: afinal o cinema não está tão mal assim, se ainda consegue produzir cenas como essa. Audiard acerta em quase tudo. A maneira com que utilizou os efeitos especiais para deixar Marion Cotillard sem pernas é um dos grandes trunfos do filme, pois, quando estão juntos, nus, os corpos dos atores emanam uma tensão asperante: ele, desinibido, apolíneo loiro saradão; ela desajeitada, faltando pedaço. Stéphanie no início ainda escondia a prótese dele, no início, em quartos com luzes bem apagadas, até precisar ir ao banheiro… Ao ser carregada por ele e fazer as necessidades em frente ao parceiro nu com pênis flácido, perderá a inibição com o corpo dilacerado (cena lindíssima). Assim, ''Ferrugem e Osso'' tem seus pontos altos nas cenas em que ele a admira de soslaio para que ela não perceba – ficaria encabulada, não gostava que ninguém a olhasse fixamente: Marion Cotillard está nua em cena mesmo completamente vestida. O que fascina é a dor desses dois seres humanos fadados a serem para sempre incompletos: o lutador que teve a mão quebrada para salvar o filho do afogamento no gelo, sentindo fincadas a cada vez que lutava; ela, com a vida de volta (precária situação), terá essa outra baleia para cuidar, tão perigosa e assassina quanto os animais aquáticos, só que não tão facilmente adestrável. Pena que o desfecho do filme não siga o mesmo nível do restante. O desenrolar das histórias paralelas ligadas ao boxeador, com sua irmã e o filho, não têm a mesma força do drama pessoal de Stéphanie. Sua falta de sorte na vida não explica os tantos dramas que seguirão, e, mesmo bom ator, Schoenaerts não é capaz de ter sozinho, na tela, a mesma intensidade que tem quando está ao lado de Marion. Quando Audiard, também roteirista, começa a falar da França dos sans papiers – sem papéis, os trabalhadores não formais – , ele nada acrescenta à história do canadense Craig Davidson, que originou o filme. O melodrama se instala, a história de amor aponta, e o filme derrapa: De rouille et d’os funciona melhor quando lida com o puro instinto, e não quando oferece compaixão. Afinal, foi uma baleia que decidiu seguir seu instinto em vez das ordens que deu origem a tudo. O filme é melhor cru: talvez Alain, o lutador, talvez só tenha ajudado Stéphanie para botar sua enorme força física a serviço de alguma coisa útil – e queria sexo em troca. Dito assim, Ferrugem e Osso faz mais sentido e soa ainda mais belo, porque apenas animal. O que não significa grosseria: longe disso. Nem no pior momento, no acidente com a baleia, Audiard não parte para apelação; filma tudo lateral, sem nenhuma brutalidade. Apenas uma baleira indo na má direção, não seguindo a sua domadora. A mesma baleia voltará, tão e só baleia quanto foi na cena anterior, do acidente. Dessa vez, ela estará lá para ser acariciada e controlada, como esperado. Stéphanie dará carinho ao animal que lhe tirou as pernas. De volta ao que sempre foi, deixará de sentir pena de si mesma. Cena formidável." (Demetrius Caesar)
''Um filme sobre orcas, deficiência, boxe tailandês... ''Ferrugem e Osso'' aborda todos esses temas e deixa metade pelo caminho. Acima de tudo, a conexão entre eles está na linguagem do corpo humano – com suas possibilidades e limitações para movimentar-se, lutar, viver. Coescrito e dirigido por Jacques Audiard, o longa segue a mesma linha crua, exagerada e simbólica de seu antecessor, O Profeta. A princípio, o foco parece recair sobre Stéphanie, treinadora de baleias que sofre um acidente e tem as pernas amputadas. Mas a personagem vivida por Marion Cotillard (Piaf) acaba ficando em segundo plano – uma pena diante da capacidade de interpretação da atriz, cujo brilho resplandece até quando o conteúdo parece raso.Quem ganha fôlego durante a trama é Ali (Matthias Schoenaerts), com a personalidade relapsa explorada de forma meticulosa. Sua falta de compaixão aparece aos poucos, após criarmos empatia suficiente antes de julgá-lo por suas ações nocivas. O roteiro baseado no conto de Craig Davidson transita por universos tão distintos que resulta em uma história quase esquizofrênica, sensação ressaltada pelo número de acontecimentos em sequência. Ali tem um filho com uma traficante, vai morar na casa da irmã, arruma emprego como segurança em uma boate. Lá, conhece a treinadora de orcas no meio de uma briga. Tudo isso apenas no início. As primeiras passagens de Stéphanie amputada contam com o uso de efeitos especiais que tornam as cenas perfeitamente realistas. E os takes emblemáticos de lutas nas quais jorra sangue e perdem-se dentes endossam um clima de aflição. Davidson é muito comparado a Chuck Palahniuk, autor de Clube da Luta. Talvez a violência descarada possa remeter, por vezes, ao filme de David Fincher. Tal sentimento quebra-se de forma exagerada e intencional nas sequências de espetáculo. A trilha sonora oscilando entre introspecção e a agitação artificial de Katy Perry contribui para a aura bipolar do longa. Essa confusão prende o espectador por dois motivos: primeiro, pela curiosidade de saber onde tudo vai acabar; segundo, devido a excelente qualidade estética da produção. Envolta por uma fotografia sépia, a película explora os raios de sol e o reflexo do mar verde-água, criando um ar de nostalgia e marasmo de beleza singular. Fato é que a relação mais importante, entre Stéphanie e Ali, não ultrapassa a superfície. Talvez pelo próprio exagero da história, fique difícil assimilar algum vínculo entre os dois. A falta de apego dele acaba dando força à personagem de Marion, mas o eu te amo não convence de jeito nenhum. ''Ferrugem e Osso" deve ser visto em metáforas, pela força de suas imagens, e não de forma literal. Vale apreciá-lo como a um quadro surrealista - sem buscar muita lógica além de seus símbolos e das sensações que transmite." (Cristina Tavelin)
Premiado em Cannes, Marion Cotillard estrela uma história intensa que mostra o antes e depois de uma tragédia que muda vidas.
"Premiações como Cannes e César são para filmes que se destacam pela sua forma de arte e qualidade narrativa, independente da nacionalidade. O Oscar, mesmo considerado a maior premiação do cinema, claramente destaca os longas americanos, limitando os ganhadores aos já conhecidos conglomerados hollywoodianos, mas em Cannes muitos premiados mereciam a estatueta esse ano. Um deles é o novo longa do diretor francês Jacques Audiard. “Ferrugem e Osso” é um filme franco-belga que conta a história Alain (Matthias Schoenaerts), um ex- boxeador e pai solteiro de um menino de cinco anos que vive de forma miserável pelas ruas, após ter perdido o treinador. Não tendo alternativa, e com muitas dificuldades, ele viaja para a casa da irmã em busca de ajuda para recomeçar a vida e logo consegue um emprego de segurança. Uma noite ele conhece na boate que trabalha Stéphanie (Marion Cotillard), uma bela adestradora de um famoso parque aquático da região. Alain a leva em casa e, encantando com a beleza da moça, deixa seu telefone, caso precise de algo. Porem, Stéphanie sofre um grave acidente no trabalho. Deprimida, ela entra em contato com Alain, que a visita com frequência. Com o passar do tempo, a relação entre eles fica mais intensa, mudando completamente a rotina e a vida dos dois. Dirigido por Jacques Audiard e com o roteiro baseado nos contos Rocket Ride e Rust and Bone, do livro Rust and Bone, do canadense Craig Davidson, “Ferrugem Osso” mostra a transformação de duas vidas por meio da superação. O longa conta a história dos personagens aos poucos, mostrando a grande diferença de vida e cotidiano que cada um passa. Logo no início, cada personagem é apresentando ao público como pessoas solitárias que vivem de forma artificial, sem se importar com as situações e pessoas ao seu redor. Alain é um troglodita, que só pensa nele mesmo e não percebe que o seu jeito de ser prejudica e magoa as pessoas que estão próximas, principalmente o filho e a irmã. Stéphanie, por sua vez, é uma mulher que gosta de chamar a atenção pela sua aparência e amor pela vida, visto por ela como algo fundamental para ter bons relacionamentos e conseguir o que quer. Quando Stéphanie sofre o acidente, o mundo dela desaba, vendo tudo o que mais amava acabar de um dia para o outro. Por um tempo, ela pensa em desistir, mas percebe que viver deprimida não irá mudar sua situação. Alain acompanha a luta dela pela vida e isso o motiva a fazer o mesmo, retomando o sonho de se tornar um boxeador profissional. A princípio, de forma clandestina em lutas de rua organizada por conhecidos, Alain volta a lutar escondido da família e consegue retirar um bom dinheiro extra com isso. A única que o acompanha é Stéphanie e, mesmo sendo um homem rude e grosseiro, ele percebe nela alguém que pode confiar, despertando em ambos uma necessidade de ficar perto um do outro, não só pelo relacionamento amoroso, mas pela companhia e compreensão que compartilham quando estão juntos. Matthias Schoenaerts, tendo uma carreira consolidada na Europa, ganhou destaque e reconhecimento em “Ferrugem e Osso” pela interpretação do lutador A parceria com Marion Cotillard lhe rendeu o premio César de Ator Promissor. A interpretação de Schoenaerts é intensa em mostrar que toda a fúria do personagem se dá na condição de não aceitar o fim de sua carreira e, no lugar de prosseguir, desiste covardemente sem ver alternativa. Por sua vez, a atriz Marion Cotillard claramente retrata a fragilidade e a transformação da personagem antes e depois do acidente. Todo o filme mostra sua superação, mas deixa claro que a mudança de paradigmas não acontece imediatamente. Para aqueles que não estão acostumados, a obra pode parecer um pouco monótona, mas cada personagem, principalmente de Cotillard, sofre a transformação a partir do momento que muda seu foco e para de ver a tragédia como o fim. A famosa cena de encontro com a orca mostra esse desejo de superação, igualmente visto na cena em que a personagem de Cotillard, sentada na varanda de sua casa, faz os comandos que antes realizava como adestradora. As cenas de sexo são intensas, pela aceitação do próprio corpo e renovação da autoestima. A companhia de Alain a faz se sentir bem, pois com o seu jeito rude ele não a trata com pena, mas sim como uma pessoa normal. O brilhantismo da história e a construção narrativa se dão na reflexão sobre o medo e a necessidade que cada um tem de mudar e quebrar os paradigmas impostos por si mesmo, de uma forma romântica e sem exageros, Jacques Audiard mostra que a superação tem que ser vivida devagar, aprendendo a cada paço para se tornar uma pessoa melhor." (Adriana Cruz)
''Sou admirador do roteirista e diretor Jacques Audiard (que vem de ilustre família, seu pai Michel Audiard foi o mais famoso dialoguista do cinema Frances e também diretor). Mas se o pai preferia comédias sofisticadas e brilhantes, Jacques estreou com uma visão bem humorada de um vigarista (Um Herói Muito Discreto, 96, premiado em Cannes) mas com o tempo optou por dramas policiais (o meu favorito De Tanto Bater meu Coração Parou, 05 mas fez ainda mais sucesso com O Profeta, 09). Aqui ele tem a sorte de contar com a melhor atriz jovem do cinema Frances atual que é sem duvida, a premiada com o Oscar Marion Cotillard. Que alias vem fazendo uma bela carreira nos dois lados do Atlântico, na França com o marido em Ate a Eternidade e principalmente nos EUA, com Meia Noite em Paris, A Origem, Batman Ressurge, Nine. Na verdade ela bem que merecia ter sido indicada ao Oscar novamente este ano (mesmo assim foi lembrada com indicações ao BAFTA, Instituto Australiano, Globo de Ouro, SAG, Cesar, prêmios especiais no Gotham Award e No Hollywood Festival, Críticos de Londres, Premio Lumiére e mais outros). Este não é um filme bonitinho, engraçadinho e digestivo. Audiard faz questão de ser realista, mostrar gente comum sofrendo problemas do dia a dia, um desafio tanto para a atriz, quanto para o protagonista masculino. Ele procurou um ator novo em ginásios de boxe mas acabou optando por um ator holandês que o impressionou muito Matthias que conhecíamos de um filme indicado ao Oscar onde realmente tinha uma figura impressionante (o indicado ao Oscar de filme estrangeiro Bullhead, 11). Alias ele ganhou o premio Cesar por este trabalho como a revelação masculina do ano. E realmente é difícil se achar um tipo como ele, grandão, forte, abrutalhado mas também sensível. É um duelo duro entre o casal que naturalmente tem os apelidos que aparecem no titulo. E Ademais dois grandes atores. O roteiro é baseado em dois contos (o Ferrugem e Osso e mais um Rocket Ride, de um livro de contos do canadense Craig Davidson). No livro é o homem que perde as pernas depois de um ataque da Orca Baleia assassina mas na adaptação Audiard preferiu que fosse uma mulher (em parte porque no filme anterior O profeta havia excesso de personagens masculinos). O herói leva o nome de Alain e deixa a Bélgica com o filho pequeno indo procurar trabalhar a beira, na Cote D´Azur, na cidade de Antibes junto com a irmão mais velha e o cunhado. Acaba conhecendo e se envolvendo com Stephanie que trabalha num parque aquático, tipo Marineland, onde justamente trabalha com a baleia. Mas por um infeliz acidente ela é atingida pelo bicho e fica sem as duas pernas. Sua recuperação é difícil e atormentada. Embora tivesse um seguro médico, é difícil aceitar a nova realidade e ainda mais aceitar o amor (meio bruto)do parceiro. Marion que fez o filme simultaneamente como o ultimo Batman tem um papel difícil, com momentos pesados (como quando se arrasta sem pernas) mas é ela quem define melhor o que é a obra: um filme sobre o amor, a carne, ferrugem e osso, coração e sexo." (Rubens Ewald Filho)
70*2013 Globo / 2012 Palma de Cannes / 2013 César
Why Not Productions
Page 114
France 2 Cinéma
Les Films du Fleuve
Radio Télévision Belge Francophone (RTBF)
Lumière
Lunanime
Canal+
Ciné+
France Télévisions
Centre du Cinéma et de l'Audiovisuel de la Fédération Wallonie-Bruxelles
VOO
Vlaams Audiovisueel Fonds
Région Provence-Alpes-Côte d'Azur
Département des Alpes-Maritimes
Casa Kafka Pictures Movie Tax Shelter Empowered by Dexia~
Diretor: Jacques Audiard
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Soundtrack Rock = Django Django + The B-52's + White & Spirit + Lykke Li
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Date 21/12/2013 Poster - ##### - DirectorJacques TourneurReparto principalVincent PricePeter LorreBoris KarloffDishonest undertaker Waldo Trumbull and his sidekick Felix Gillie are creating their own customers when they cannot find willing ones.[Mov 09 IMDB 6,7/10 {Video/@@@@@}
FARSA TRÁGICA
(The Comedy of Terrors, 1963)
''Por volta de 1890, uma agência funerária de New England passa por graves dificuldades financeiras com poucos clientes. Seus proprietários são Waldo Trumbull, e seu sogro, Amos Hinchley, um velho decrépito, meio surdo e dorminhoco. Trumbull é casado com a bela Amaryllis, uma esposa negligenciada pelo marido alcoólatra e que vive quebrando os copos da casa com seus gritos agudos de frustração, pois seu sonho era ser cantora de ópera e constantemente ela está exercitando sua arte pela casa. O ex-presidiário fugitivo e desengonçado Felix Gillie é o assistente de Trumbull e está apaixonado pela desprezada Amaryllis. Trumbull tenta também frequentemente matar seu sogro e sócio através da ingestão de um veneno, o qual o velho esclerosado pensa ser apenas um simples remédio." (Filmow)
{Tem que haver uma maneira um pouco mais honesta de conduzir um negócio funerário! Não pense, você não faz isso muito bem! Você só é bom em trabalhos mal feitos! Vamos comprar outro caixão; e depois de ter usado este por apenas 13 anos} (ESKS)
"Um Tourneur menor, embora seja um evento ver alinhavados em cores o senso de humor (não bem o humor negro, mas uma certa atitude ou 'temperamento' em relação às coisas da morte) e a estética deslumbrante preceptora de todo o horror italiano." (Luis Henrique Boaventura)
"Um encontro de mestres do horror - Jacques Tourneur, Vincent Price, Boris Karloff e Peter Lorre - em um grande exercício de estilo do diretor francês, que vale sobretudo pelo uso da paleta de cores." (Heitor Romero)
American International Pictures (AIP)
Diretor: Jacques Tourneur
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Date 26/12/2013 Poster - ######## - DirectorKon IchikawaReparto principalEiji FunakoshiMantarô UshioYoshihiro HamaguchiIn the closing days of WWII, remnants of the Japanese army in Leyte are abandoned by their command and face certain death by starvation.[Mov 04 IMDB 7,9/10 {Video}
FOGO NA PLANÍCIE
(Nobi, 1959)
"Fogo na Planice"se passa no final da Segunda Guerra, nas florestas das Filipinas, onde um soldado japonês vaga a procura de comida e abrigo. As tropas do Japão se acham reduzidas a maltrapilhos famintos. Uns enlouquecem ou morrem de tuberculose, outros praticam canibalismo. Com exuberante imagens em CinemaScope, é daqueles filmes de guerra que, em vez de mostrar batalhas épicas, concentram-se nas longas caminhadas dos soldados, na refflexão moral, enfim, nos momentos mais contemplativos da guerra. Os núcleos dramáticos desses filmes - a exemplo de um Punhado de Bravos de (Walsh, 1945), Mortos que Caminham (Fuller, 1962) e A França (Serge Bozon, 2007) - costumam ser pelotões perdidos, tropas desertoras, soldados remanescentes de exércitos massacrados, homens cujos corpos perdem a força, definham ao longo da narrativa, mas seguem lutando, exatamente como acontece com o protagonista desse belo filme de Kon Ichikawa." (Luiz Carlos Oliveira Jr)
"Fogo na Planície" (lançamento Lume) é um filme bastante impressionante, do mesmo autor de A Harpa da Birmânia, Kon Ichikawa. A linha narrativa é simples. Recita-se em uma linha. Após a derrota, soldados japoneses vagam meio sem rumo na fronteira das Filipinas, e tentam sobreviver. O filme segue um deles em particular, Taro, que sai de um hospital, tuberculoso, volta para sua unidade e é repudiado porque mal consegue parar em pé. O filme todo consta de suas andanças e da busca incessante por comida. Inhame (cru, aparentemente) é a iguaria de um cardápio que contém raízes, gramas e outros ingredientes que não vale a pena mencionar. Filme duro, de um país derrotado, que vê a si mesmo e tenta medir a extensão do desastre. Obra de mestre." (Luiz Zanin)
Injustiçado na época de seu lançamento, respeitado depois. Um filme impactante sobre a Segunda Guerra.
"De um amável diretor das comédias caipiras, Kon Ichikawa tornou-se, nos anos 60, sinônimo de escândalo no Japão ao fazer três filmes que entraram para a história do cinema. O primeiro, o belíssimo A Harpa da Birmânia (leia a crítica aqui no Cine Players), com sua visão zen e pacifista da guerra, deu-lhe projeção internacional e vários prêmios, mas seus filmes seguintes seriam uma pancada no público e polêmica na certa. Em Estranha Obsessão, um velho senil tenta recuperar sua antiga força sexual usando da pedofilia e necrofilia entre outras tentações. Essa obra deixou estarrecida a platéia japonesa, que esperava do diretor mais uma comédia leve e singela que ele tanto dirigiu (mais de 50) durante toda a carreira precedente. Mas nada causaria mais impacto do que Fogos na Planície, um escândalo digno do feito por Nagisa Oshima fez em O Império dos Sentidos. Ao retornar ao tema da participação japonesa na Segunda Guerra Mundial, Ichikawa e sua esposa, a roteirista Natto Wada, fizeram não um filme de guerra, mas de horror, surrealista por vezes pelo extremo das imagens, num dos mais crus e densos retratos de uma guerra já filmados. Conta a história do soldado raso Tamura que, uma vez saído do hospital para tratar da tuberculose, retorna ao batalhão de origem, mas é mandado de volta pelo comandante pelo simples motivo de que não havia comida suficiente para ele – aliás, as porções que haviam não davam nem mesmo para os que lá estavam. Assim, Tamura caminha sem rumo pela Filipinas, um país desconhecido da qual não falava a língua, em busca de algo que, sinceramente, ele não sabia. No bolso, ele leva uma granada, para algum momento de desespero de um provável suicídio. Ao chegar ao hospital, este estava sendo atacado. Os funcionários fogem e deixam lá um grupo de enfermos famintos que, para tentar salvar a vida, arrastam-se pelo campo de batalha, tornando-se vítimas fáceis do inimigo. Alguns soldados, esfomeados, em vez de fugirem como os funcionários, entram no hospital para tentar recuperar as reservas de alimento e acabam explodindo com elas. A precariedade das tropas japonesas na Segunda Guerra foi filmada recentemente no belo Cartas de Iowa Jima, de Clint Eastwood, filme que não existiria se não houvesse antes este Nobi, de Ichikawa. As trincheiras eram cavadas com baldes e bacias furados, os soldados marchavam de um campo de batalha ao outro como sonâmbulos, sem reação aos ataques, e, uma vez que caíam por terra, não tinham forças para levantar. Por que ainda assim os Estados Unidos jogaram em Hiroshima e Nagasaki as duas bombas nucleares é uma questão que só a ganância, a cobiça, a cegueira do poder e a paranóia comunista podem explicar. Ichikawa alterna cenas ternas e longas discussões entre os soldados japoneses com as cenas de humilhação e degenerescência. Usou uma metáfora genial: a cor branca como prenúncio da desgraça. Segundo o soldado, a fumaça branca indica a presença do inimigo. Logo depois viria a fumaça preta da destruição. Assim, o diretor usa a cor branca, que para os japoneses significa a morte, como porta de entrada para o terror, que chega em preto. Ichikawa só tinha duas cores (o filme é em preto e branco), mas bastam nas mãos do esteta. É assim desde o início, com os letreiros brancos entre os troncos negros das árvores, até o final, com a fumaça preta dos aviões americanos metralhando todos de cima. Conhecido como o Frank Capra do Japão até os anos 40, o animador que considerava Walt Disney e Pier Paolo Pasolini suas maiores influências (e ele não estava mentindo) agora empilha cadáveres que as aves de rapina devoram. Sobreviventes espantam os corvos para vasculhar os bolsos dos mortos em busca de algumas migalhas de arroz. Ichikawa foi muito questionado se não teria passado dos limites, uma vez que o filme tem cenas de canibalismo – a origem da história é uma autobiografia de Shoei Ooka e os fatos são reais. O crítico japonês Tadao Sato disse que os excessos visuais são uma forma de Ichikawa esconder sua falta de consistência intelectual, como se pode ler no excelente artigo que acompanha a edição da Criterion Collection para o filme. Pauline Kael o defendeu, dizendo que o filme tem uma lucidez desarmante – para ela, este um dos melhores filmes já feitos em toda a história. Ichikawa fez "Fogos na Planície" logo após o julgamento do Japão pelo tribunal internacional, de onde o país saiu com a pior condenação, no mesmo nível dos nazistas: os oficiais japoneses induziram o canibalismo entre as tropas, também havia campos de concentração com direito a escravidão sexual e vários tipos de mutilação, preparadas com requintes de masoquismo, que arruinaram mais de 100 mil prisioneiros de guerra do Japão. Não teria como ser diferente uma abordagem do assunto. Em várias entrevistas, o cineasta pediu para que não julgassem o filme com a moral cristã ocidental, pois estaria assim fora do contexto. Mas o julgamento foi sumário: ficou para a história com um dos mais mal vistos do autores japoneses, o menos apreciado da Nouvelle Vague japonesa, especialmente depois do ácido documentário que ele fez sobre a Olimpíada de Tóquio, em 1964, considerado anti-patriótico. Foi sendo recuperado aos poucos, com parte da crítica a favor e com o sucesso dos seus sucessores no Japão, entre eles o mais famoso, Shoei Inamura, duas vezes vencedor em Cannes, mostrando que a má fama foi precipitada e injusta." (Demetrius Caesar)
Daiei Studios
Kadokawa Herald Pictures
Diretor: Kon Ichikawa
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Date 21/02/2014 Poster - ##### - DirectorBennett MillerReparto principalSteve CarellChanning TatumMark RuffaloLos hermanos y campeones olímpicos de lucha Mark y Dave Schultz se unen al equipo Foxcatcher, liderado por el excéntrico John du Pont, para prepararse para los juegos de 1988 en Seúl.{Video/@@@@} M/81
FOXCATCHER - UMA HISTÓRIA QUE CHOCOU O MUNDO
(Foxcatcher, 2014)
A vitória é rapidamente esquecida. A derrota, jamais.
''A primeira noção que Foxcatcher traz é a de utilizar o famigerado sonho americano como uma referência básica para o que há de vir. Como a simples metáfora de uma ilha, mas desta vez cercada de consequências doentias. Qualquer coisa dita sobre a obsessão com o êxito e a necessidade de afirmação, sempre para o bem da nação americana já foi dita, principalmente após os ataques de 11 de setembro. Portanto, Bennett Miller parte para outro estágio de estudo e discurso, como forma de aproximar a visão de micro ao macroscópico. Trata-se da mesma visão melancólica que Werner Herzog trouxe em Stroszek e com os mesmos anseios e efeitos, mas sem a exteriorização do filme do diretor alemão. Portanto, é necessária a posição política do espectador. Ela é solicitada e lentamente tomada pela narrativa, como uma das possíveis formas de interpretação do filme – e a mais pertinente delas. Ainda que Foxcatcher dialogue de forma precisa – com ironia e melancolia – com a forma que os Estados Unidos se vende até hoje, o pilar do filme é o encontro com o fracasso, como uma espécie de bolha, representada nas locações, sempre de teto baixo, escuras e apertadas, por mais que os locais sejam imensos à primeira vista. O estudo de como os personagens reagem ao fracasso transparece uma nação em ruínas em volta de um império. Parte-se para o consumo desenfreado, para a pulverização das regras e da saúde, e claro, para a entrega completa da integridade. É a partir deste ponto que Miller faz um caminho tortuoso para John du Pont (Steve Carell), Mark Schultz (Chaning Tatum) e David Schultz (Mark Ruffalo), os representantes da equipe que batiza o filme, que nada mais faz que se estender em uma gangorra entre afirmação e decadência. Os resquícios de bom senso se diluem conforme a influência que o estilo de vida oferecido por John du Pont traz – é tentador e extremamente perigoso o simples fato de desejar, principalmente para quem já tem tudo. Para os três, nunca será o suficiente, cada um à sua maneira. E conforme Miller traça o paralelo do caminho percorrido pelos três, curiosamente no mesmo lugar, muitas vezes no mesmo espaço cênico, mas nunca sob o mesmo escopo existencial, uma balança social é erguida, da mesma forma que a posição para cada personagem se concretiza. Há a noção de heroísmo e vilania para cada um deles; todos se encaixam nos padrões que a narrativa clássica solicita, porém, nota-se a intenção de personagens-camaleões, como uma metáfora da posição política americana e que se potencializa com o desenvolvimento do filme. Neste ponto, Miller coloca a questão explicitamente sobre o que é, de fato, a vitória. O que se faz com ela? O caminho até ela é questionado diversas vezes, para o bem e para o mal. A vitória é rapidamente execrada, já na primeira cena de filme. A derrota, para uma nação que se exclui do resto do mundo – conforme John du Pont – ganha um significado de amplificação do que há de ser analisado e mudado. E no escopo sobre a dominância, sempre ela, Foxcatcher se faz um filme de analogias sobre aproximação do que se faz em terreno alheio; se invade, muda a rotina, inibe vontades de seu dono e repulsa qualquer tipo de resposta. Por mais gloriosa que a venda desta história possa fazer, está incrustrada o peso da ética e os valores, estes tão pregados pela nação vencedora. A gangorra nunca flutuará ou passará a ideia de estabilidade. E o maior dos males trará a consequência para quem o escolheu." (Pedro Tavares)
''Duas cenas definem "Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo". Na primeira, logo na abertura, Mark Schultz, campeão olímpico de luta, fala a uma plateia desinteressada e semideserta sobre o valor de sua medalha de ouro. Na outra, pouco depois, Mark desembarca na suntuosa propriedade da família Du Pont, onde pontifica o quaquilionário John Du Pont, apaixonado por luta olímpica e pelos valores da América. John pretende fazer de Mark a estrela de sua equipe de wrestling (luta greco-romana) e levar os EUA a uma vitória na Olimpíada de Seul-1988, e, no mais, afirmar-se como técnico. Uma parte considerável do filme de Bennett Miller consiste em desenvolver as relações entre esses dois solitários, atravessadas por outros dois personagens: Dave, o irmão mais velho de Mark, e Jean, a mãe de John. Com Dave, John disputará a condição de mentor espiritual de Mark. Situação meio complicada, pois Dave é quem se ocupou da educação de Mark desde a infância. Com Jean, John manterá uma relação de amor e distância, já que ela aprecia cavalos (ele os despreza) e despreza as lutas (ele as vê como aquilo que deve servir de exemplo e inspiração para os jovens). A evolução das relações interpessoais justifica as indicações ao Oscar de roteiro original e direção, bem como as de ator (Steve Carrell, como John) e ator coadjuvante (Mark Ruffalo, como Dave). Mas não explicam sua exclusão da categoria de melhor filme. A explicação, talvez, deve ser buscada no caráter corrosivo do longa, pois seu coração são os valores da nação. Não importa muito quais sejam eles, e sim a maneira como são vivenciados pelos dois protagonistas. Mark ostenta uma versão infantil do patriotismo: medalhas de ouro, orgulho nacional. John os carrega em sua forma demencial: esses valores, cultivados na história dos EUA, traduzem-se em poder (bélico, econômico) e dominação (interpessoal). São um vazio que John sobrepõe a seu próprio vazio existencial. Essa América incapaz de se ver e se pensar é a que Miller representa em Foxcatcher. No mais, o filme tem um subtítulo brasileiro que não faz sentido: "Uma História que Chocou o Mundo". O mundo não tomou grande conhecimento dos fatos narrados. Talvez eles sejam, tal como traduzidos pelo filme, mais representativos de impasses vividos pelos EUA hoje." (* Inácio Araujo *)
''Se existe um filme próximo, pelo espírito. de Más Allá, o venezuelano que ganhou o recente Festival de Veneza, é sem dúvida "Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo''. Tiremos o exagero do subtítulo: aqui no Brasil mesmo ninguém ficou sabendo da história do arquimilionário John du Pont (sim, da família Dupont), apaixonado por luta olímpica e decidido a formar, financiar e dirigir um time campeão, capaz de bem representar a sua amada América. Du Pont dispõe-se a pagar um bom salário e dar todas as condições a dois irmãos campeões do esporte. Como não topar? Eles nem percebem que, já pelo olhar, John permite perceber que tem um parafuso a menos. Talvez o parafuso a menos fosse possível contornar. O que descobrirão aos poucos é que a empreitada de John é, no fundo, de dominação: do pobre pelo rico. E do duelo que se segue Bennett Miller criará um belo, forte relato.'' (** Inácio Araujo **)
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''Até "Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo", Steve Carell era um ator de tipos cômicos, especialidade em que se deu sempre muito bem, diga-se. Foxcatcher revelou uma face bem diferente de seu talento. Ali ele faz o bilionário John du Pont, que decide abrigar sob suas asas a equipe americana de luta olímpica. Ele contrata os irmãos Mark e David Schultz, que se veem em estranha circunstância: promovidos de uma hora para outra a merecedores de altos salários. O que Du Pont lhes pede em troca, no entanto, não é pouco: submissão absoluta. A paixão de Du Pont pelas lutas vem, sobretudo, do fato de ser esse o lugar onde despeja seus desajustes. Dessa personalidade complexa, Carell dará conta com brilho, num filme, diga-se, bem bom.'' (*** Inácio Araujo ***)
''Baseado livremente em uma história real, ''Foxcatcher - Uma História Que Chocou O Mundo'' não se limita a recriar a sequência de fatos que levaram um milionário norte-americano a cometer um crime brutal e aparentemente inexplicável. O drama psicológico do ótimo Bennet Miller (conhecido por Capote e O Homem Que Mudou O Jogo) torna este retrato algo muito maior, um dos filmes mais excepcionais deste ano. Centrado na atuação de seu trio de protagonistas, Foxcatcher relata a relação conflituosa entre os lutadores campeões olímpicos Mark (Channing Tatum) e Dave Schultz (Mark Ruffal) e o excêntrico John Eleuthère Du Pont (Steve Carell), milionário que constrói um centro de treinamento com a obssessão quase doentia de criar campeões. Mas há algo de não dito sobre esses personagens, como se estivessem sempre envoltos em uma névoa que nos impede de os observamos em toda a sua complexidade. Essa eterna dúvida, construída como um jogo de revelar e esconder, é resultado de um roteiro preciso. O texto não foge de seus objetivos, não faz concessões ao espectador e não duvida de nossa capacidade de entender o que não é explícito. Mas são as atuações o que Foxcatcher tem de mais brilhante, com destaque absoluto para Steve Carell, merecidamente indicado ao Oscar de melhor ator. Conhecido por sua atuação como comediante, Carell nos entrega seu melhor trabalho no cinema - suas expressões, o ar confuso e por vezes coberto de súplica e seus trejeitos ajudam na construção psicológica de um personagem tão complexo. Channing Tatum, preciso e convicente, definitivamente mostra que pode ir além de seus besteiróis. É preciso reconhecer: como em Capote ou em O Homem Que Mudou O Jogo, a direção precisa de Miller é trampolim para atuações que escancaram o que os atores possuem de melhor. O filme ainda ganha corpo com a ajuda de um trabalho marcante da direção de fotografia. Em meio a paisagens solitárias e imagens carregadas de simbologia, Greig Fraser aprofundou o retrato das personalidades de cada um dos protagonistas. É realmente maravilhoso perceber como a essência emocional é construída cena a cena. Foxcatcher é um filme sobre um crime, mas também é sobre todo um estilo de vida. Seu subtexto permite tantas interpretações e seu jogo psicanálitico é tão encantador que mesmo se aproximando de tantos temas, o longa nunca parece raso. Seu tom distante, a visão deprimente da natureza desses personagens e a sutileza extraída da tragédia mostram mais um excelente trabalho de um diretor que mostra sua competência a cada novo filme." (Gustavo Assumpção)
87*2015 Oscar / 72*2015 Globo/ 2014 Palma de Cannes
Date 27/01/2015 Poster - ####### - DirectorJames IvoryReparto principalJames CocoRaquel WelchPerry KingCon la llegada del cine sonoro, un cómico del cine mudo (un Roscoe "Fatty" Arbuckle) organiza una fastuosa fiesta para intentar salvar su malograda carrera. Su plan es estrenar una última gran obra maestra del cine mudo.{Video}
FESTA SELVAGEM
(The Wild Party, 1975)
''A Hollywood dos anos 20 foi resgatada de forma exuberante, realista e violenta neste filme pouco conhecido de James Ivory. A lei seca pegava pesado e ocontrabando de run, que era a fonte de renda de muita gente. Um famoso ator de comédia estava em crise no casamento, o que foi dilacerando sua vida profissional. O diretor James Ivory, semore gostou de temas sobre relacionamentos, que tenha o sexo como ponto de equilíbrio (ou desequilíbrio) de uma vida a dois. Em Festa Selvagem, ele traz todo o glamour e a decadência dos anos de ouro de Hollywood." (Filmow)
Date 10/03/2015 Poster - #######] - DirectorStuart BeattieReparto principalAaron EckhartBill NighyMiranda OttoLa criatura de Frankenstein se encuentra atrapada en una guerra a muerte de siglos de antigüedad entre dos clanes inmortales.{Video/@} M/30
FRANKENSTEIN - ENTRE ANJOS E DEMÔNIOS
(I, Frankenstein, 2014)
"Virou moda atualizar histórias clássicas, mas ver Frankenstein correndo, pulando e matando demônios por aí na porrada foi demais para mim - o que poderia até dar certo, caso tivesse caído nas mãos de um diretor que não levasse tudo tão a sério." (Rodrigo Cunha)
"Segue a fórmula exaustiva e pedante de modernizar alguns contos clássicos para o nosso século. E pior de tudo é que há público pra isso." (Rafael W. Oliveira)
''Desde 1931, quando Boris Karloff deu um rosto feioso à criatura feita com partes de cadáveres no filme Frankenstein, o personagem já passou por dezenas de adaptações, do teatro ao desenho animado. Mas nada tão revolucionário quanto o filme que estreia hoje nos cinemas. Frankenstein - Entre Anjos e Demônios" tem embutido no título brasileiro um perfeito resumo do enredo. Melhor que o título original, I, Frankenstein. Existe uma batalha secular entre os demônios e os gárgulas, seres que defendem os anjos nos quebra-quebras. Até agora sem nenhum relação com essa briga, o monstro criado pelo doutor Victor Frankenstein perambula há dois séculos pela Terra. O líder dos demônios quer encontrar a criatura, para entender como ela foi concebida e assim formar um exército de cadáveres para destruir os anjos, a humanidade e quem mais estiver por perto. Quem gosta de filmes fantásticos pode pensar em algumas semelhanças com a franquia Anjos da Noite, que mostra outro embate secular, entre vampiros e lobisomens. E é mesmo por aí. A equipe de produção é a mesma, e a ideia, também. Basta trocar a vampira Kate Beckinsale de Anjos da Noite pela figura do monstro. Bem, monstro não é o melhor jeito de chamá-lo. Quem dá vida à criatura é o bonitão Aaron Eckhart (o Duas-Caras do Batman de Chris Nolan). Ele se veste com roupas estilosas e, com exceção de algumas costuras na pele, não tem nada do monstro com parafuso no pescoço da década de 1930. O novo Frankie também não tem aqueles movimentos lentos do original. Ele enfrenta seus inimigos com armas de lâminas variadas, com uma agilidade de fazer inveja a Keanu Reeves em Matrix. Com longas e boas cenas de pancadaria e cenários bacanas, Frankenstein é diversão sem compromisso, mas pode despertar ira nos fãs de terror clássico. Impossível não fazer uma comparação com o Sherlock Holmes dos filmes recentes dirigidos por Guy Ritchie. São divertidos, mas descaradamente desrespeitosos aos personagens originais. Tanto a criatura interpretada por Eckhart quanto o Sherlock com Robert Downey Jr. preservam pouco dos personagens consagrados." Thales de Menezes)
''Mais uma adaptação moderninha de contos clássicos, ''Frankenstein Entre Anjos e Demônios'' coloca o monstro criado com cadáveres em uma aventura épica no mundo de hoje. O longa segue os moldes de Anjos da Noite, porém sem a bela Selene e com trama corrida e sem graça, há pouco para salvar. A situação é tão feia que dizer que essa é a pior versão cinematográfica do conto de Mary Shelley chega a ser um elogio. Tudo começa com a explicação de quem é quem com monólogo bastante enfadonho, do tipo que nem mesmo videogames ruins têm coragem de realizar atualmente. Em resumo, os Demônios são equivalentes aos Lobisomens e os Gárgulas aos vampiros da franquia Underworld. Adam Frankestein (Aarom Eckhart), por sua vez, vive uma existência amaldiçoada por séculos e é caçado impiedosamente pelas forças do mal, pois pode mudar o equilibrio da guerra. A premissa não chega a ser ruim, mas os problemas começam já com o protagonista. O clássico monstro ganha charme com a interpretação de Eckhart e isso não faz sentido algum. Se ele poderia facilmente viver entre a população humana e ainda ser considerado uma pessoa bonita apesar das cicatrizes, não tem porque ser tão amargurado por sua condição de aberração. Ou seja, adeus argumento básico – e boa sorte para levar o filme a sério a partir daí. Na verdade, o personagem é basicamente cópia de Michael Corvin, híbrido de lobisomem e vampiro de Anjos da Noite. A diferença é que Frankie não é indefeso e pode lutar sem a ajuda de uma guardiã vestida com couro apertado. A cara de pau da produção continua com Bill Nighy no papel de Príncipe Naberius - comandante demoníaco com intenções de estudar Frankenstein para criar um exército. O vilão é tão similar a Viktor (adivinhe de qual filme) que se ele começasse a sugar sangue no meio da narrativa ninguém iria estranhar. Além disso, o longa baseado na graphic novel de Kevin Grevioux, que também assina o roteiro, é corrido demais e com reviravoltas previsiveis. Os personagens não tem profundidade e ficam presos a arquétipos básicos e isso dificulta a identificação do espectador com qualquer lado da guerra eterna. O mais frustrante é a trama nunca explorar a origem de Adam, muito menos tentar fazer ligações com a história original de Frankenstein. Para piorar, o diretor Stuart Beattie (Guerreiros Do Amanhã) mantém a câmera em constante movimento e fica difícil entender o objetivo – se era esconder a ação, ele faz isso muito bem. A trilha sonora até tem algumas músicas sombrias interessantes, porém é usada à exaustão e incomoda. Ao menos os cenários góticos são bem feitos - isso quando a câmera para e nos deixa prestar atenção aos detalhes. Filmes como este não precisam ser elogiados pela crítica para criarem legiões de fãs. Para azar da Lionsgate – produtora de ''Frankenstein Entre Anjos e Demônios'' – esse longa não deve conseguir alavancar uma nova franquia. Dito isso, é bom lembrar que tantas outras porcarias viraram motivo de culto sem razão aparente e resta apenas torcer para que o mesmo não aconteça dessa vez." (Daniel Reininger)
20 Metacritic
Date 27/03/2015 Poster - # - DirectoresVincent ParonnaudMarjane SatrapiReparto principalMathieu AmalricEdouard BaerMaria de MedeirosSince his beloved violin was broken, Nasser Ali Khan, one of the most renowned musicians of his day, has lost all taste for life. Finding no instrument worthy of replacing it, he decides to confine himself to bed to await death.[Mov 10 Fav IMDB 7,1/10] {Video/@@@@@} M/69
FRANGO COM AMEIXAS
(Poulet aux Prunes, 2011)
"Depois de uma discussão com sua esposa, Nasser-Ali descobre que seu tar (um instrumento iraniano) quebrou. Ele procura por um outro que o substitua, mas não encontra. Nasser-Ali jura, então, que se suicidará. Oito dias depois, ele o faz. Esta é a história de sua última semana de vida, onde vemos flashbacks e flash forwards de sua vida anterior e também o futuro de seus filhos. Vendo a caminhada de sua via, percebemos exatamente por que ele escolheu acabar com sua vida e a profundidade desta escolha. O filme foi selecionado para o 68º Festival de Veneza." (Filmow)
{Suas preces é que me impedem de morrer} (ESKS)
{O fumo nutre a vida} (ESKS)
{É atraves da arte que compreendemos a vida e A vida... se vocês soubessem o que penso sobre isso} (ESKS)
{Meu nascimento não aumentou o universo. Nem minha morte fanará o explendor. Ninguém me dirá por que vim ao mundo ou por que um dia irei embora} (ESKS)
*****
''Este novo trabalho dos diretores Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi depois do cultuado Persepólis (cuja homenagem no nome de um cinema tem um quê de arrogância), é uma das experiências mais belas e poéticas que tive este ano. Trata-se da história do maestro Nasser Ali (Amalric), que tem o seu mais estimado bem destruído, um violino, que sequer um Stradivarius é capaz de substituir. A destruição do precioso instrumento simboliza equivale a perda no prazer de viver, remetendo a memórias que ele enterrou dentro de si e que, no decorrer da narrativa, conheceremos aos poucos. Desde os créditos iniciais, Paronnaud e Satrapi conferem um ar lírico a esta história, utilizando recursos de linguagem cinematográfica e animação para transformar o Teerã na década de 50 em um universo místico, no qual até mesmo a existência de uma varinha mágica, ou quiça, um vizir, não seria um completo absurdo. A começar na paisagem cujos contornos suavizados provenientes de uma animação, as amarelas folhas que caem de uma árvore e o róseo do por do sol nas montanhas duelam constantemente com a pálida e triste fotografia de Christophe Beaucarne. Inevitavelmente, este representa a realidade da vida de Nasser Ali, que casou com uma mulher que não amava, Faranguisse (Medeiros), não sabe ser pai de seus dois filhos, e viu seu amores, Irâne (Farahani) e a música, perdidos definitivamente. Por outro lado, a insinuação de cores e a iluminação intensa representa memórias de uma existência feliz. Com um fantástico trabalho de montagem de Stephane Roche, ''Frango com Ameixas'' ganha o ritmo dos versos mais fluidos, como na materialização de um vendedor de relíquias em uma fumaça de ópio, ou o sincronismo perfeito da narração com as ações encerradas por ela. Investigando o passado para desvendar a personalidade do maestro, desde uma visita ao colégio quando ele tomara a culpa por algo que seu irmão Abdi fez às severas imposições da mãe, interpretada por Isabella Rossellini para que casasse com Faranguisse, ou mesmo viajando ao futuro para exibir as inevitáveis consequências do destino de seus filhos (particularmente, a ida de Cyrus aos Estados Unidos além de arrancar risos, também age como crítica ao estilo de vida daquele país). Compondo planos memoráveis, como aquele em que dois amantes, debaixo de uma árvore de pétalas amarelas, beijam-se no por do sol, ou quando aproximámo-nos de um almoço em família no qual Nasser Ali convenientemente está de costas, os diretores brincam com a perspectiva fílmica, apresentando o maestro sendo seduzido pelos grandes seios de uma atriz particularmente conhecida por eles, e mostram relevante senso de humor narrativa ao apresentar a morte filosófica de Sócrates de duas maneiras distintas. Mesmo nos momentos mais óbvios, Parannoud e Satrapi pincelam na intransigência de uma chuva ou na neve deprimente, os estados de espírito ideais para determinados momentos. Tão melancólica quanto a história de Nasser Ali, é o caprichado roteiro que abusa de diálogos substantivos e que engrandecem mais o contexto geral, como naquele que enxerga um personagem afirmando que suas preces é que me impedem de morrer, ou aquele que busca explicações para uma pequena fumaça estar exatamente sobre um determinado túmulo. Apresentando-se como alguém amargurado, cuja grosseira nasce da incapacidade de comunicar-se senão com os acordes de um violino, Mathieu Amalric absorve a tristeza, sem perder o bom humor e a paixão em momentos pontuais ou nas visitas ao passado. Maria de Medeiros, enquanto isso, dedica-se inteiramente a um homem que ela sempre amou, mas nunca a amou de volta, e sua abrupta ação é o golpe de misericórdia na alma de seu marido. E, os adoráveis pequeninos Enna Balland (Lili) e Mathis Bour (Cyrus) funcionam bem, e Golshifteh Farahani, é suficientemente bela e graciosa para explicar a devoção de Nasser Ali por ela. Levando-nos, durante um pequeno interstício, a uma viagem animada, recordando as suas origens, Vincent Parannoud e Marjane Satrapi encerram a sua lánguida poesia de maneira lúgubre e amarga. Instrumentos esses que Nasser Ali usou para se transformar no maior de todos os maestros e que não poderiam ser mais adequados para encerrar esta história de sua vida. Uma obra de arte.'' (Cinema com Critica)
2012 Lion Veneza
Top Década 2010 #50
Top Alemanha #39
Top Bélgica #6
Celluloid Dreams (co-production)
Manipulators, The (co-production)
uFilm (co-production)
Studio 37 (co-production)
Le Pacte (co-production)
Lorette Production
Film(s) (co-production)
Arte France Cinéma
ZDF/Arte
Cinémage 5
uFund
Medienboard Berlin-Brandenburg
Deutsche Filmförderfonds (DFFF)
Canal+
CinéCinéma
Le Tax Shelter du Gouvernement Fédéral de Belgique
Umedia
Diretor: Vincent Paronnaud / Marjane Satrapi
6.286 users / 2.695 face
24 Metacritic
Date 01/05/2015 Poster - ########## - DirectorAmos GitaiReparto principalNatalie PortmanHana LasloHiam AbbassTwo women embark on a road trip after they are brought together by circumstance. Rebecca (Portman) flees her hotel after a fight with her mother-in-law (Maura) and hails a taxi driven by Hanna (Lazlo).[Mov 04 IMDB 5,9/10] {Video/@@@@} M/51
FREE ZONE
(Free Zone, 2005)
''Através dos vidros de uma picape vê-se o espaço passar. De repente, a ele se sobrepõe o tempo, um fragmento da memória que se impõe ali sem a ruptura incômoda do flashback. O assombro de tal experiência é uma das tantas que Amos Gitaï oferece neste "Free Zone", filme que completa o tríptico do cineasta israelense sobre a vida contemporânea no barril de pólvora do Oriente Médio -os anteriores foram Alila e Terra Prometida. O formato é o de um road movie, mas não daquele tipo existencialista que predominou desde que muitos cineastas começaram a ler Kerouac. Dele, Gitaï preserva a forma aberta, o que levou alguns críticos a receberem mal o filme, acusando-o de ter sido feito às pressas e sem um roteiro bem-acabado. Ora, parece que é daí que decorre sua riqueza, pois, ao se lançar na estrada, Gitaï consegue resolver o desafio que se propõe de início: filmar politicamente uma geografia humana. Não se trata da geografia dos mapas ou daquela embutida na geopolítica, mas de um conhecimento dos territórios que só se alcança à medida que o filme os percorre. Ao fazê-lo, Gitaï alcança uma outra política, não a dos chefes de Estado em disputa, mas a dos indivíduos que vivem e convivem naquele espaço. Para isso, "Free Zone" reúne numa picape três mulheres. Uma americana, cujo casamento chegou ao fim, sua motorista israelense, que precisa recuperar o dinheiro que devem a seu marido, e uma palestina, em fuga após ter suas terras atacadas. Desde o primeiro plano, a progressiva abertura com que Gitaï trabalha a forma serve de chave para o espectador, numa longa cena sem cortes em close de Natalie Portman (Rebecca) diante da janela da picape. Fora, o Muro das Lamentações é visto apenas num reflexo nos vidros do automóvel. Dentro, mais ainda não visível, encontra-se a motorista, Hanna. A imagem se completa com o som, em que uma canção folclórica canta uma ladainha feita de causas e efeitos, espécie de ciclo sem fim das opressões. Antes de alcançar a zona franca, o filme, seus personagens e o espectador são levados por uma travessia que faz as vezes de conhecimento. Gitaï adota um dispositivo caro uma vez a Rossellini (em Viagem à Itália) e, depois, a Kiarostami (em particular em Dez): o carro atravessa um espaço e dá a ver, de modo nunca visto, uma paisagem, com suas diferenças de perspectivas, de sonoridades, de cores e de planos, de tipos e de conflitos. No lugar das imagens poluídas pela violência, que a CNN e a Fox News despejam diariamente à nossa frente, um outro modo de ver, alcançado pelo cinema, que olha e contempla subjetivamente em vez de apenas querer mostrar com fúria objetiva. Com sua extensa experiência em documentários, Gitaï utiliza aqui sua técnica para fazer a ficção funcionar politicamente. Sem imposição retórica e com sobreposição exata de factual e de alegórico, o diretor israelense atravessa ileso todo o campo minado do Oriente Médio para instalar o seu significado." (Cassio Starling Carlos)
****
''A "Free Zone" a que se refere o título do filme de Amos Gitai diz respeito a uma zona franca na fronteira da Jordânia onde circulam israelenses, palestinos, jordanianos e quem aparecer. Nessa zona, a ideia básica é a de troca. Não que as tensões de fronteira sejam pequenas. Em todo caso, haverá trocas intensas, não necessariamente comerciais, entre as três mulheres que dominam o longa. O essencial nas relações entre a judia americana Rebecca (Natalie Portman), a israelense Hanna (Hana Laszlo) e a árabe Leila (Hiam Abbass) é que cada uma delas levará seus problemas: afetivos, identitários e econômicos. A ideia de Gitai é mostrar um pouco da coexistência possível. E problemas normais: intolerância, preconceitos, ocupação etc. Uma vida imperfeita, sim, mas não impossível.'' (* Inácio Araujo *)
Conheça o novo longa de Amos Gitai; um drama que deixa muito a desejar, mas com ótimas atuações.
''Logo após os créditos iniciais deste novo longa de Amos Gitai, surge um longo plano-seqüência com Natalie Portman em close, chorando compulsivamente. Alguns minutos se passam e a cena é a mesma, Portman continua lá, em close, com lágrimas caindo e maquiagem borrada. É, o cinema de Amos Gitai não abre espaço para concessões. Nem para sensacionalismos. Em vez de seguir a linha belicista ao tratar do conflito entre judeus e palestinos (ele já havia seguido essa linha com Kippur – O Dia do Perdão), Gitai ousa captar as sutilezas da problemática região através de visões intimistas e femininas de três mulheres bastante diferentes. Portman é Rebecca, americana de pai judeu que largou a América para buscar sua própria identidade na região. Desorientada e perdida após romper o noivado e brigar com a sogra (uma pequena participação da espanhola Carmen Maura), acaba por entrar no táxi de Hanna (Hana Laszlo). Hanna não a aceita como passageira, pois precisa ir a tal ''Zona Livre'', uma espécie de região da Jordânia de comércio facilitado, onde cobrará uma dívida, mas Rebecca a convence a ir junto. Chegando na região, encontram Leila (Hiam Abbass), mulher de Samir (Makram Khouri), ou O Americano, o tal devedor que não se encontra no local. As três partem juntas a buscar o dinheiro. É clara a intenção de Gitai em não ser polêmico. Sua câmera age como uma observadora daquele microcosmo formado primeiramente na interação entre Rebecca e Hanna, e depois com a adição de Leila. A química entre as três atrizes surge então como ponto alto do filme: Portman cria uma Rebecca frágil e instintiva; a Hanna de Lazlo é batalhadora e marcada pela vida (este papel lhe deu o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes); e a Leila de Abbass é forte e superficialmente segura. É fato que, se não fosse o trabalho dessas três ótimas atrizes, o filme teria tudo para se tornar um tédio profundo. A câmera insistentemente trepidante do diretor, como se estivesse em um documentário, faz com que a platéia sinta tonturas e sonolência durante a projeção. O respiro vem quando ele opta pelos planos-seqüência, que não são muito apropriados para buscar a atenção do espectador mais disperso. Gitai também aproveita para fazer uma pequena radiografia da região, com imagens que não costumamos ver nos noticiários. E o bonito final mostra que o diálogo é que permeia o caminho a ser percorrido. Mas com um assunto tão atual e relevante, o filme fica devendo. A direção de Gitai também." (Andy Malafaya)
2005 Palma de Cannes
Agat Films & Cie
Agav Films
Arte France Cinéma
Artémis
Bac Films
Canal+
Cinéart
Golem Distribución
Radio Télévision Belge Francophone (RTBF)
SCOPE Invest
TPS Star
United King Films
Yes-DBD Satellite Services
Yisrael Esser Channel
Diretor: Amos Gitai
2.451 users / 254 face
15 Metacritic
Date 12/05/2015 Poster - ###### - DirectorRuben ÖstlundReparto principalJohannes KuhnkeLisa Loven KongsliClara WettergrenUna familia de vacaciones en los Alpes se enfrenta a una devastadora avalancha.[Mov 07 IMDB 7,3/10] {Video/@@@@@} M/87
FORÇA MAIOR
(Force Majeure, 2014)
TAG RUBEN OSTLUND
{intenso}Sinopse
''Uma família sueca passa as férias de Inverno nos Alpes. O sol brilha e as pistas são magníficas, mas durante um almoço num restaurante da montanha, uma avalanche vai perturbar tudo. Os clientes do restaurante entram em pânico, Ebba, a mãe, chama pelo marido Tomas tentando proteger os filhos, mas Tomas fugiu, pensando apenas em salvar a própria vida… A avalanche para antes de atingir o restaurante, sem causar danos, mas o universo da família já foi abalado. O fato faz Tomas entrar em crise, tentando desesperadamente reocupar o lugar de patriarca da família.''
"As sutilezas reais de problemas de relacionamento e de família, magistralmente registradas em um set alpino magnífico. Uma pequena pérola que merece ser assistida." (Alexandre Kobal)
"Espécie de "disaster movie familiar", em que um acidente natural é o gatilho para uma discussão profunda sobre a perda da confiança. O rigor da direção e a crueza dos diálogos parecem saídos do Dogma. O final aberto e buñuelesco é outro achado. Bom filme." (Régis Trigo)
"É fácil de admirar o estilo de Östlund, que põe a plateia como observadora distante dos problemas, mas é difícil se identificar com personagens que fazem tanto caso de conflitos tão bobos e superficiais. 'Força Maior' arrisca, mas não diz a que veio." (Silvio Pilau)
"A natureza humana testada em uma excelente discussão sobre as motivações que se revelam indiscutíveis em situações extremas. Afinal, quando a coisa aperta, somos de imediato altruístas ou egoístas?" (Heitor Romero)
"Os papéis de gênero no meio familiar são lançados ao chão em migalhas; o filme de Östlund, porém, se beneficiaria muito de mais concisão." (Guilherme Bakunin)
"Poderia ser um drama até que mediano sobre relacionamento familiar ou crise conjugal, mas acaba dando voltas e voltas em torno de si, num ritmo modorrento, e perde seu potencial com o decorrer dos minutos. Faltou um fio condutor." (Léo Félix)
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''Uma família passa férias numa estação de inverno quando uma avalanche, à primeira vista sob controle, começa a se projetar sobre as pessoas que estão num restaurante ao ar livre. Diante do perigo, o marido foge sem proteger a mulher e os filhos. O que aconteceu? Talvez um movimento instintivo de autoproteção. Será, porém, lícito deixar mulher e filhos desamparados nesses casos? Eis uma questão ética que prescinde da experiência. Como em O Desprezo, algo se rompe na relação do casal. Pouco é dito, mas não é necessário. Eis, em suma, a questão proposta por "Força Maior", interessante filme de Ruben Östlund. Talvez o final deixe de lado a radicalidade da proposta, embora seja plasticamente bem resolvido. Uma perseguição durante uma nevasca onde não se vê nada é um bom fecho para este filme bem acima da média.'' (* Inácio Araujo *)
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''É interessante a premissa de "Força Maior", do diretor Ruben Ostlund: uma família sueca que passa férias nos Alpes franceses é surpreendida por uma avalanche quando está na segurança do bar (ou algo assim) do hotel que os aloja. Em vezde proteger a mulher e os filhos, o pai da família (Johannes Kuhnke) foge assustado. A avalanche revela-se um susto sem maiores consequências, porém as marcas ficam. Quem é esse homem, pergunta-se a mulher, que na hora H desaparece? Aquestão, para além de machismo e feminismo, da função do homem ou do que seja, é: o que é um homem? Ainda alguém construído a imagem de um guerreiro, a que acovardia é interdita? Ou um ser que, submetido ao inconsciente, opta por salvar apele em vez de salvar os seus próximos? Uma pena que o filme se perca do meio para o fim.'' (* Inácio Araujo *)
"Força Maior" poderia ser facilmente inserido em uma certa linha do cinema europeu contemporâneo que tem no austríaco Michael Haneke seu principal representante. Um cinema fundamentado no olhar distanciado, frio (e - por que não dizer logo? - superior), que quase sempre desenvolve seus personagens com um objetivo maior: criticar a sociedade burguesa. O diretor, Ruben Östlund, parece seguir a mesma cartilha. A partir de um acontecimento inesperado - uma avalanche que se aproxima perigosamente de um restaurante repleto de turistas, pregando um tremendo susto em quem está ali -, ele observará os efeitos devastadores desse quase-desastre sobre uma família que passa suas férias em um resort de esqui. O problema é que Tomas (Johannes Kuhnke), o marido, quando vê a avalanche se aproximar - uma sequência de alto impacto, logo no começo do filme -, simplesmente pega seu celular e mete o pé, deixando mulher e os dois filhos para trás. Ou pelo menos é o que diz sua mulher, Ebba (Lisa Love Kongsli). Num primeiro momento, depois que o risco real de soterramento se revela apenas um susto, nada se diz. Mas fica plantada a semente do incômodo, que virá à tona durante uma conversa trivial, com amigos que também passam as férias no resort. Como Haneke, Östlund tem um talento imenso para enquadrar e dirigir seus atores. Como Haneke, também, Östlund lança um olhar frio, microscópico, sobre os acontecimentos em que seus personagens se envolvem. Mas há uma diferença que distancia Östlund de Michael Haneke: o humor. Um humor que se embrenha de forma sutil até encontrar seu momento mais brilhante, quando Tomas, o marido, explode num choro dramatizado, daqueles que buscam o perdão, mas que aos poucos se transforma num choro/riso compulsivo, quase hilariante. Um humor azedo e doce, que retira o filme dos riscos de um olhar superior e o coloca rente a seus personagens, defendidos com absoluta perfeição por seus atores." (Pedro Butcher)
DR de 5 dias.
''O que você faria numa situação de perigo: pensaria apenas em si ou cuidaria antes de sua família? Esse questionamento pode parecer uma peça de marketing de Turistas, mas é uma questão que pode incomodar bastante, pois jamais saberemos a resposta – por mais que pensemos o contrário – até algo assim ocorrer. No filme de Ruben Östlund, uma falsa avalanche nos Alpes durante as férias de um casal com filhos acaba completamente com uma estrutura familiar rígida, clássica, aparentemente perfeita, que reprime seus defeitos em prol do bem estar das crianças. É o ímpeto covarde (e egoísta) do marido, Tomas, ao fugir e deixar a família num momento em que quase ocorreu um desastre, deixando a esposa para cuidar sozinha dos filhos. E quando ele percebe que se tratava de uma falsa ameaça e volta à mesa do restaurante onde estavam, nada permanece como antes. Tentar buscar um Bergman (como fiz durante a sessão) parece-me, neste momento, um tanto ingênuo: diferentemente do cinema do sueco, não há situações-limite ou um contexto desgastante para o surgimento dos conflitos dramáticos de Turistas. O ato da fuga apenas importa enquanto impulsionador do atrito, mero pretexto para se discutir questões bem mais complexas. Questiona-se, na verdade, os próprios papéis da figura masculina e feminina no bojo da família moderna. Não se trata de pessoas boas ou ruins, de uma mãe bacana e de um pai escroto, mas da dificuldade de admitir os próprios erros, encarar o possível monstro que reside dentro de nós – e se revela, a revelia, numa situação de perigo. O extravaso fácil desse sentimento pelo berro nas distantes montanhas, pela cerveja no bar, ou seja, certa maneira de fugir da problemática. O silêncio, no filme de Östlund, se impõe como agonia, verdadeira potência dramática, que diz muito mais do que qualquer diálogo. Quando Ebba fala tudo o que pensa em um jantar com um casal de amigos, a câmera fica no rosto de Tomas. Há nessa imagem muito do que precisamos saber sobre todo o conflito interno (e externo) dos personagens: a mãe que não se contenta com a covardia do homem (tanto por isto representar um abandono instintivo dos filhos quanto por desconstruir a ideia demarcada do homem protetor) e a falta de reconhecimento disso por parte dele - o questionamento do papel paterno naquela família - ao passo que há o rosto claramente incrédulo do pai, que não consegue admitir o que fez, entregando apenas o silêncio como resposta, se corroendo por dentro pois seu ato contraria seu ego de macho alfa, desmorona sua função estabelecida culturalmente na instituição familiar. Assim, desloca-se a mulher e o homem dos seus papéis condicionados socialmente: Ebba está em pleno processo de descobrimento pessoal, começando a entrar em contato com ideais libertárias de casamento, ao passo que Tomas se depara com a desconstrução involuntária do macho alfa, do patriarca clássico. Nesse sentido, a sequência potente da (quase – e é importante pontuar isto) catarse revela todo o esfacelamento desse conceito enraizado do pai, na fragilidade do choro compulsório. O ambiente interno modernizante, de paletas monocromáticas, onde a iluminação parece excessivamente artificial, e onde a dimensão do íntimo se perdeu (toda a discussão se dá de fora do quarto), tal como o branco frio da neve, constroem uma sensação de opressão, desconforto. Por outro lado, existe uma veia cômica fundamental para o cinismo do filme, construída pela vergonha alheia, o constrangimento do silêncio, da negação dos erros, dos debates em momentos adversos. E o desfecho, última cena especificamente, que me parecia bem clara em seu significado – e problemática -, repensando me soa bem mais enigmático, inconclusivo. Admito que não consigo estabelecer um sentido definitivo. Seria a reorganização da família? Parece-me um final muito cômodo para uma obra tão pedrada. Ou seja, acho essa a interpretação menos plausível. Poderia estar estampado ali, na imagem, todo o desconforto da situação, as intrigas veladas, os atritos. Todavia, decifrar esse final me parece uma tentativa de fechar o filme. Não gosto tanto disso. Prefiro que ele sobreviva sempre – e que eu permaneça me perguntando o que a última cena, tão forte, está querendo dizer." (Júlio Pereira)
72*2015 Globo / 2014 Palma de Cannes
Top Dinamarca #31
Top Noruega #9
Beofilm
Coproduction Office
Film i Väst
Motlys
Plattform Produktion
Rhône-Alpes Cinéma
Société Parisienne de Production
Diretor: Ruben Östlund
25.534 users / 7.573 face
37 Metacritic 2.556 Down 251
Date 05/02/2016 Poster - ##### - DirectorPaco CabezasReparto principalNicolas CageRachel NicholsMax RyanCuando la hija de un delincuente reformado es secuestrada, este reúne a su antigua banda y busca su propio tipo de justicia.[Mov 03 IMDB 5,1/10] {Video/@} M/28
FÚRIA
(Tokarev, 2014)
TAG PACO CABEZAS
{esquecível}Sinopse
''Paul Maguire (Nicolas Cage) esteve envolvido durante muito tempo com o mundo do crime, mas hoje ele tenta viver uma vida tranquila, protegendo a sua filha. Um dia, no entanto, a garota é sequestrada pelos líderes da máfia russa. Paul decide reunir os amigos de antigamente e se vingar dos sequestradores.''
"O novo filme de Nicolas Cage é o velho filme de Steven Seagal." (Alexandre Koball)
''Sabem quando uma piada repetida mil vezes fica sem graça? É isso o que vem acontecendo com Nicolas Cage. Nos últimos anos, o público tem assistido o oscarizado ator sumir em um canastrão que estrela uma revoada de filmes de baixíssima qualidade e que usa o overacting como uma muleta para esconder-se em um material abaixo da linha do medíocre. E este “Fúria” é apenas mais um exemplo disso. Dirigido pelo pouco experiente Paco Cabezas, o longa é uma sucessão de clichês baratos seguido por uma reviravolta que, de tão imbecil, parece tirada de uma paródia, (de)mérito tanto da direção exagerada de Cabezas quanto do roteiro da dupla Jim Agnew e Sean Keller. Na trama, Paul Maguire (Cage) é um criminoso regenerado que se tornou um empresário de sucesso e pai de família. Quando sua filha adolescente, Caitlin (Aubrey Peeples), aparece morta, Paul volta aos seus antigos meios, suspeitando que a morte da garota foi encomendada pela máfia russa, contando com a ajuda de seus antigos parceiros no crime, Kane (Max Ryan) e Danny (Michael McGrady), na investigação. Apesar dos diálogos horrorosos e da direção tacanha, incapaz de torar uma mísera cena de perseguição sequer interessante do ponto de vista visual, o que chama mais a atenção nesse desastre é o próprio Nicolas Cage. O fato é que, não fosse o nome do seu astro, “Fúria” jamais teria sequer chegado aos cinemas, sendo relegado ao inferno dos filmes de ação classe Z lançados diretamente para o mercado de home entertainment (que, convenhamos, é onde esta produção realmente merece figurar). Acompanhar a maioria dos filmes recentes de Cage tem se tornado quase um exercício sadomasoquista para o público brasileiro, que realmente abraçou a tosqueira da qual o nome do ator tornou-se quase sinônimo. Claro, de vez em quando, ele ainda encontra um bom projeto para investir o seu nome (o recente Joe é exemplo disso), mas, via de regra, Cage se relegou a participar de fitas ruins e atuar em uma espécie de piloto automático, no qual os únicos elementos de destaque são suas perucas e surtos, ambos igualmente sem sentido. E isso resume basicamente o seu método de interpretação ao viver Paul Maguire. Cage passeia pela tela quase como um zumbi entorpecido, com exceção dos três momentos onde ele enlouquece e começa a gritar e/ou repetir frases de maneira aleatória. Chega a ser deprimente ver um ator se perder deste modo. Também é doloroso ver Danny Glover, outrora um grande nome de Hollywood, surgir na tela do mesmo modo letárgico que o ator principal, vivendo um personagem coadjuvante que, se retirado do filme, não faria falta alguma. E se falo demais da tristeza em ver esses dois “monstros sagrados” do cinema americano chafurdarem na decadência ao participarem de uma película deste calibre é porque não há muito sobre o que se falar em relação ao filme em si. O restante do cast está abaixo da crítica, com especial destaque para uma constrangedora cena de “quase” sexo entre Cage e a bela Rachel Nichols e um confronto entre Paul e seu amigo Danny, onde Cage e seu colega de elenco, Michael McGrady, parecem não entender o desfecho da briga entre seus personagens. Cabezas tenta brincar com a relação luz/sombras da mente de Paul, aplicando esta dicotomia na fotografia do filme em algumas cenas, mas o resultado é lavado demais, especialmente por conta da falta de sutileza na utilização da técnica. O efeito de disparo das armas chega a dar inveja a séries de TV dos anos 1980 e a montagem do longa em si beira o amadorismo, especialmente na sequência em que Paul tenta montar o quebra-cabeças central do roteiro. Tentando desesperadamente deixar uma lição sobre a insanidade da violência, e falhando miseravelmente em seu intento, “Fúria” revela-se apenas mais um bom jogo do bingo de Nicolas Cage, onde o público pode brincar de achar todos os maneirismos exacerbados do ator. Só assim para se encontrar algum entretenimento com a película. De preferência, com amigos e uma garrafa de vodca ao lado." (Thiago Siqueira)
Patriot Pictures
Hannibal Classics
Saturn Films
Tokarev Production
Hannibal Pictures
Marco Polo Production
17.098 users / 4.523 face
17 Metacritic 3.003 Down 65
Date 14/02/2016 Poster - # - DirectorF.W. MurnauReparto principalGösta EkmanEmil JanningsCamilla HornEl demonio Mefistófeles apuesta con Dios que puede corromper el alma de un hombre mortal.[Mov 08 IMDB 8,1/10] {Video}
FAUSTO
(Faust - Eine Deutsche Volkssage, 1926)
TAG F.W. MURNAU
{nostálgico / inovador}
Sinopse
''Baseado na famosa peça de Goethe, temos Fausto, um velho alquimista que vê sua cidade ser assolada pela peste negra. Vendo tanta morte, começa a pensar sobre sua própria finitude. Ele então evoca Mefistofeles, e lhe pede sua juventude de volta e eterna. O demônio a garante, em troca da alma de Fausto. Tudo parecia perfeito, até este se apaixonar por uma jovem italiana. Marco absoluto no cinema alemão, é o último filme de Murnau no país.''
"Claro que há todo o mérito da obra de Goethe, mas Fausto é um filme espetacular principalmente pela direção embasbacante de Murnau." (Heitor Romero)
Odiado e genial ao mesmo tempo: Fausto de Murnau é uma boa adaptação para o cinema da obra de Goethe.
''Poucos informes existem sobre a lendária figura de ''Fausto''. Sabe-se que existiu um indivíduo de nome Johannes Georg Faust entre os anos 1480 e 1540, aproximadamente, natural de Knittlingen, hoje cidade alemã. Essas raras notícias só aumentam o poder especulativo sobre sua existência, e mais especificamente, sobre seu caráter. De acordo com Erwin Theodor, no prefácio de Fausto, onde quer que se apresentasse, tornava-se logo o centro das atenções e assim, rejeitado, por exemplo, por teólogos, passava a ser aceito por naturalistas, objeto de curiosidade e temor. Ele próprio atribuía-se o título de filósofo-mor entre os filósofos e dava-se ares de um semi-deus. Jactava-se de poder reanimar os mortos, dizia-se médico, praticava a astrologia, era vidente, profeta e quiromante. Relatos orais floresceram cada vez mais ao redor de Fausto e, já no século XVI, é apresentada uma dissertação universitária a respeito desse objeto, que posteriormente influenciou um livro de histórias resumidas sobre as peripécias desse personagem, publicado anonimamente. Há também de se registrar A História Dramática do Doutor Fausto, de Christopher Marlowe, obra dramática publicada provavelmente em 1592. São trabalhos que pertinentemente influenciaram o escritor alemão Goethe a talhar sua criação máxima, o supracitado Fausto, para muitos a obra fundamental da história germânica e sempre relacionado entre os livros mais importantes de toda a literatura mundial, que não por acaso levou cinqüenta e nove anos para ser concluído, em suas duas partes. É através da literatura de Goethe que o mito de Fausto se concretiza no imaginário, não só do povo alemão, mas também de toda a cultura universal, tornando-se referência para todas as belas artes e também para o cinema, que ainda nem sonhava em existir. O enredo de ''Fausto'' concentra-se no personagem-título que, no afã de estar além dos conhecimentos da época, assina, com o próprio sangue, um contrato com Mefistófeles (o demônio), através do qual viveria servido pelo diabo por vinte e quatro anos sem envelhecer, em troca de sua alma. Durante esse período, se entrega aos prazeres mundanos para ao fim do prazo ser levado ao inferno. Porém, tendo encontrado o amor em Margarida, é salvo do destino ao qual se comprometera. Tratado como um arquétipo da alma humana, o mito de Fausto nunca se esgotou, tanto no simbolismo quanto na literatura, sendo revisitado por artistas posteriores à Goethe, como Puchkin, Christian Dietrich Grabbe, Paul Valéry, Fernando Pessoa e Thomas Mann. Fausto também se transformou em temas de peças musicais de compositores clássicos como Wagner, Berlioz, Schumann e Liszt. No cinema, a primeira representação conhecida do mito surgiu em 1904, em um filme francês dirigido por Georges Fagot para a lendária companhia Pathé Frères. Desde então, pouco mais de vinte produções audiovisuais abordaram o tema, entre elas Fausto, de F. W. Murnau. ''Fausto'', de Murnau, foi lançado em 1926, uma época em que o expressionismo alemão já se encontrava em declínio, afetado pela ascensão do nazismo ao poder e pelo pensamento dos próprios realizadores de que o movimento já estava por demais assimilado e, portanto, perdera o seu impacto junto às platéias. Ele faz parte da última fase da cinematografia alemã de Friedrich Wilhelm Murnau, junto com os prévios A Última Gargalhada (Der Letzte Mann, 1924) e Tartufo (Herr Tartüff, 1925). Assim como os demais grandes expoentes do cinema alemão da época, F. W. Murnau migraria para os Estados Unidos, onde seguiria carreira e realizaria, na seqüência, Aurora, considerada por muitos sua obra máxima, até seu falecimento precoce em um acidente automobilístico, antes mesmo de ver lançado seu último filme rodado, Tabu. ''Fausto'' foi concebido para se tornar um grande marco do cinema da época. Superprodução da UFA – Universum Film A. G., produtora criada pelo estado para fins propagandísticos, mas que naquela época já estava privatizada e voltada para fins comerciais, foi roteirizado por Hans Kyser, baseado em Marlowe, Goethe e no folclore nacional; e para escrever as legendas, a UFA contratou Gerhart Hauptmann, o mais importante poeta alemão da época. Para a cenografia, foram chamados Robert Herlth e Walter Röhrig, os mais conceituados de todo o cinema expressionista, que trabalharam também com o desenho de figurinos, auxiliados por Georges Annenkov. Com toda essa equipe de gabarito comprovado, somado ao alto custo de produção e à maturidade técnica e criativa de F. W. Murnau, era de se esperar que o filme virasse realmente um grande acontecimento. Contrariando todas as expectativas, o filme foi ignorado por público e crítica, tornando-se um grande fracasso na Alemanha – como consolo, fez relativo sucesso no mercado externo. Siegfrid Kracauer, teórico do cinema alemão, enumerou em seu livro De Caligari a Hitler – Uma História Psicológica do Cinema Alemão motivos deste insucesso: a deturpação dos motivos significativos inerentes ao tema, a vulgarização do conflito metafísico entre o bem e o mal, a prolongada história de amor entre Fausto e Margarida, uma monumental exposição de artifícios capitalizando o prestígio da cultura alemã, obsoletas poses teatrais dos atores e, principalmente, o ressentimento dos alemães em interferências em suas noções tradicionais dos clássicos. Outra pesquisadora importante do cinema alemão, Lotte H. Eisner, recebeu o filme de outra forma. Eisner, que dedica todo um capítulo a ''Fausto'' em seu livro Murnau, declara que este tem a mais importante e pontual imagem do chiaroscuro, quando em seu prólogo mostra o embate entre o anjo e o Mefistófeles. Destaca também o clima mágico produzido, o uso dos efeitos especiais e a contenção na movimentação de câmera (movimentação esta que F. W. Murnau foi o pioneiro em A Última Gargalhada), além de destacar a parte em que crianças aparecem evocando anjos de Botticelli. A despeito de sua recepção e da época em que foi lançado, Fausto guarda em sua estrutura referências estéticas e narrativas bastante concretas do expressionismo, por mais que não esteja completamente integrado ao movimento – e nenhum outro filme foi, excetuando-se O Gabinete do Dr. Caligari, a referência maior do expressionismo alemão. Como escreveu Louis Delluc, a arte expressionista, na busca de impressionar o espectador, sacrifica a massa dos detalhes, de inspiração no teatrólogo Max Reinhardt, que de acordo com Luiz Nazário em seu livro De Caligari a Lili Marlene – Cinema Alemão, “se notabilizou pela estilização dos cenários, pela dramatização da atmosfera, pela movimentação de massas no palco, pelo arranjo coral dos coadjuvantes e pela iluminação”. É bem nítida em Fausto a utilização dos três elementos da deformação – a iluminação, a decoração e o jogo de atores – nos momentos fantásticos, isso é, no prólogo e no epílogo, quando entram em cena Mefistófeles e o anjo, entretanto no desenvolvimento do enredo esses elementos são pinçados de forma mais comedida. Enquanto isso, os elementos naturais são praticamente suprimidos, como de praxe, exceto quando o sol se põe para a entrada do demônio em cena, transformando a ação em acontecimento dramático, ou quando arbustos, símbolo de Van Gogh para a claustrofobia social, aparecem quando Fausto está ao ar livre. Quanto à animização, a tradução plástica por linhas, formas e volumes do drama dos personagens, é notória em Fausto a arquitetura apinhada do vilarejo medieval no qual é situada a história, quase uma colméia, salientando a propensão deste lugar à epidemia de peste negra que o assolará. É também importante salientar os tamanhos minúsculos dos ambientes fechados, potencializadores das angústias e frustrações dos personagens. Quando o personagem ''Fausto'', já pactuado com demônio, viaja através do mundo até Parma, outra característica expressionista vem à tona: a efusão, a experiência vivida intensamente em detrimento da descrição minuciosa, a busca do próprio testemunho contra a reprodução meramente mecânica. Quanto aos personagens da trama, aquele que recebe maior tratamento é, com certeza, o mais alegórico – no caso, o Mefistófeles interpretado pelo premiado Emil Jannings. Pelas próprias características sombrias do Expressionismo, o horror permeia a narrativa e é visualizado através do personagem de Jannings, o personagem sinistro que concentra o poder em suas mãos, habilmente conduzindo os demais personagens. Novamente citando Eisner, a sombra é a pátria da alma alemã e, portanto, aparece como elemento fundamental na cinematografia da Alemanha do pós-Primeira Guerra. Para os expressionistas, a sombra funcionava como metáfora do inconsciente, da repressão, da clandestinidade e das trevas. Em Fausto, a idéia da sombra atinge clímax dramático quando um agigantado Mefistófeles, sobre a vila medieval, abre sua enorme capa, já dando a idéia de que uma catástrofe está por vir naquele lugar – no caso, a peste negra. Outros elementos menores do expressionismo também se encontram presentes no filme, como as ruas que exprimem as angústias atemporais e metafísicas, as feiras que simbolizam o caótico da Alemanha pós-guerra, as escadas como símbolo de ascensão espiritual, o livro e sua significação sagrada etc. Considerando as duas obras em questão, o livro de Goethe e a representação fílmica abordada nesse texto, percebe-se um paralelo muito mais interessante do que a simples questão formal cinematográfica. Toda a espinha dorsal narrativa de Fausto (o livro), para efeito da época em que foi escrito, representa uma conexão com o início da moral burguesa, pois apesar do personagem ter pecado, durante sua trajetória ilícita realizou uma série de avanços para o bem comum, justificando assim suas falhas pelo bem da coletividade, que nada mais é que a base do romantismo, o retrato quase natural da burguesia que nascia com a Revolução Industrial, o fim da aristocracia e o nascimento dos valores da época, como a criação dos filhos, a educação, o dinheiro e a honra pessoal. Esses valores estão incrustados em praticamente todos os filmes de Murnau, com seus personagens sempre vacilando entre a tentação e a racionalidade, e muito particularmente em ''Fausto''. Outra característica marcante do romantismo, mais especificamente do movimento alemão, é o profundo relacionamento com a natureza e como procuravam representar a perfeição humana. Essa característica fez com que os nazistas se aproximassem dos ideais românticos, principalmente na questão da busca pela raça pura ariana. Para os nazistas, então, essas obras representariam o ideal da beleza, e em contrapartida as obras expressionistas seriam feias." (Andy Malafaya)
Top Alemanha #35
Top Fantasia #47
Top Terror #39
Universum Film (UFA)
Diretor: F.W. Murnau
10.796 users / 1.491 face
Date 02/12/2016 Poster - ######## - DirectorJackie OudneyReparto principalPeter AgnelliAdrian AnnisBenjamin BellecourA comedy about how French and English cultures differ in their attitudes on relationships.[Mov 08 IMDB 6,5/10] {Video}
FILME FRANCÊS (unofficial)
(French Film, 2008)
TAG JACKIE OUDNEY
{simpático}Sinopse
''Jed prepara-se para entrevistar cineaste francês e perito auto-nomeado sobre a natureza do amor - Thierry Grimandi. O mundano e um pouco cansado Jed está decidido a descartar as reflexões do autor como pomposas e, bem francesas, até que seu próprio relacionamento com Cheryl começa a se desintegrar e ele é forçado a reavaliar o assunto ilusório. Logo todo mundo está falando sobre o amor: seu conselheiro de relacionamento, seu amigo Marcus e a namorada de Marcus, Sophie Beginnings, finais, truques ... os franceses poderiam ter algo?''
Slingshot Productions
APT Films
IWC Media
Met Film Production
Diretor: Jackie Oudney
704 users / 186 face
Date 24/12/2016 Poster - ##### - DirectorStephen FrearsReparto principalMeryl StreepHugh GrantSimon HelbergLa historia de Florence Foster Jenkins, una heredera neoyorquina que soñaba con convertirse en cantante de ópera, a pesar de tener una voz terrible.[Mov 05 IMDB 6,9/10] {Video/@@@} M/71
FLORENCE - QUEM É ESSA MULHER?
(Florence Foster Jenkins, 2016)
TAG STEPHEN FREARS
{interessante}Sinopse
''Florence Foster Jenkins (Meryl Streep) é uma rica herdeira que persegue obsessivamente uma carreira de cantora de ópera. Aos seus ouvidos, sua voz é linda, mas para todos os outros é absurdamente horrível. O ator St. Clair Bayfield (Hugh Grant), seu companheiro, tenta protegê-la de todas as formas da dura verdade, mas um concerto público coloca toda a farsa em risco.''
"Meryl Streep está simplesmente deslumbrante. O filme tem toda uma aparência monótona, mas fica histericamente aprazível e engraçado graças à capacidade da atriz em incorporar esse papel bastante peculiar." (Alexandre Koball)
"A direção quadrada, o roteiro fora do tom (devemos rir ou nos compadecer de Florence?), e uma Streep over-the-top, travam uma história das mais ricas, e o filme fica bem aquém do esperado. Pra saber a resposta do título nacional, melhor dar um google." (Régis Trigo)
"Um filme repleto de excessos, desde as interpretações até as cansativas apresentações da protagonista, prejudicado também pela decisão de Frears de louvar uma personagem que, na verdade, é digna de pena. A história real é curiosa; o filme, problemático." (Silvio Pilau)
''Dois filmes, dois diretores, uma história. "Florence - Quem É Essa Mulher?" retrata a mesma personagem que inspirou "Marguerite", dirigido pelo francês Xavier Giannoli, que estreou no Brasil há duas semanas. A coincidência dessa vez favorece menos o diretor britânico Stephen Frears, que já foi beneficiado em outro momento quando o seu Ligações Perigosas chegou às telas antes e apagou as qualidade de Valmont - Uma História de Seduções, filmado por Milos Forman a partir do mesmo romance de Laclos. Comparar os dois filmes é valioso para quem estuda audiovisual e busca identificar o efeito de distintas condições de produção, opções de roteiro, construção de personagens e escolhas de direção. O espectador desatento às formas também terá prazer em assistir a filmes que poderiam ser réplicas, mas cujas qualidades próprias os tornam tão diferentes. O subtítulo do filme de Frears explicita o problema da identidade subjacente à situação da ricaça Florence Foster Jenkins (interpretada por Meryl Streep), personagem real que supunha ser uma grande cantora de ópera sem ter as mínimas condições para isso. O interesse de Frears não é denunciar o ilusionismo, desmontar a construção da personagem com doçura cruel, como faz Marguerite. Nos filmes do britânico, a fantasia, seja o desejo sexual, seja a que os outros fazem a nosso respeito, é um recurso básico de sobrevivência. Nesse baile de máscaras em que todo mundo tem mais de uma face sem que nenhuma precise ser a verdadeira, muito depende de um elenco capaz de nos fazer crer na ilusão. Hugh Grant, no papel do fiel marido, St Clair, e Simon Hellberg, como o frágil pianista McMoon, estão mais que perfeitos. Só Meryl Streep, sem deixar de ser fantástica, às vezes exagera no tom." (Cassio Starling Carlos)
"Meryl Streep está sendo muito comentada por seu discurso contra Donald Trump na festa do Globo de Ouro. Mas sempre é bom lembrar dela em primeiro lugar como atriz espetacular que há quase quatro décadas transforma cada filme que faz em uma experiência incomum, mesmo quandio tem um roteiro menor nas mãos. É o caso dessa história sobre uma herdeira milionária que pensa ser a cantora, mas é péssima (e põe péssima nisso). Quando ela banca um show em Nova York, seu marido (o sempre boa praça Hugh Grant) tenta protegê-la de um vexame. Divertido, sem dúvida. Mas ainda com Meryl Streep." (Thales de Menezes)
''O que leva uma mulher a distribuir convites exclusivos para determinadas pessoas, no intuito de evitar os críticos culturais detonando os seus espetáculos? Reza a lenda que Florence Jenkins, personagem da cinebiografia em questão, dirigida por Stephen Frears, com base no roteiro de Nicholas Martins, tinha esta prática. Apaixonada por música, Florence passou longo período da sua vida envolvida com este mundo de fascinação, mesmo que a crítica e uma parte da sociedade não tivessem interesse em ovacioná-la. Neste comovente e bem humorado drama, Florence Jenkins (Meryl Streep) é uma mulher muito rica, dona de uma herança exorbitante, apaixonada por música, conhecida por perseguir constantemente a carreira de cantora de ópera. Diferente de musas contemporâneas que desejam cantar ou ser artista da performance, sem o mínimo de talento/vocação, mas por ter o desejo e a fama como massageadores de seus respectivos egos, Florence queria apenas cantar, dar conta de uma das suas paixões. Do seu ponto de vista, a sua voz é magnífica, mas para os que estão próximos, o seu canto é um tormento musical, uma ofensa ao mundo da música. Será o paciente esposo, o ator Snt. Clair (Hugh Grant), um homem que esbanja elegância, o responsável por protegê-la de todas as formas da realidade, principalmente das críticas profissionais que massacram o desenvolvimento artístico de Florence.'' (Leonardo Campos )
''As coisas começam a ficar mais complexas quando o surgimento de um concerto público, num dos palcos mais prestigiados do mundo, põe estes cuidados em riscos, pois Florence pode ser exposta de uma maneira bastante perigosa em termos midiáticos. Interessa na perfeição do processo, ela contrata Cosmé McMoon, interpretado de forma hilária e eficiente pelo excepcional Simon Helberg. Apesar de todo o carisma do personagem de Grant, 80% de toda a comoção em torno do filme depende bastante da relação de Florence com o personagem de Helberg. No geral ''Florence – Que Mulher é Essa?'' é um filme otimista, impregnado do charme dos anos 1940, uma cinebiografia que retrata a trajetória de uma mulher quase anônima e nos permite refletir sobre o que se convencionou a chamar de talento, bem como os limites do julgamento artístico, leia-se, a crítica, se é que existe limites dentro deste campo intelectual. O roteiro é eficiente ao construir, através da ridicularização e do constrangimento, uma heroína típica do cinema hollywoodiano, com personagens coadjuvantes gravitacionais que atravessam os caminhos do bem e do mal. O triângulo amoroso, o grave problema de saúde da personagem central e os seus dilemas internos (privados) e externos (públicos) são as bases do desenvolvimento narrativo, numa iniciativa bem sucedida do cineasta Stephen Frears pelo campo do humor. Ao deixar de lado o clima nebuloso de filmes como A Rainha e Philomena, as suas cinebiografias anteriores, Frears investe no humor com altas doses de elegância. Para compor o equilíbrio das suas imagens, o cineasta contou com o figurino de Consolata Boyle e a magistral execução musical da trilha sonora de Alexandre Desplat. O espaço cênico também colabora. O filme foi rodado entre Londres e Liverpool. A cena que nos remete ao famoso Carnegie Hall, mas rodada no Hammersmith Apollo, com 300 figurantes, é digna de deslumbramento do espectador. Iluminação, enquadramentos e desempenhos dramáticos unidos em prol da emoção diante de um momento importante para a personagem. Florence não buscava fama e prestígio, mas apenas alimentar a sua paixão por música, por isso, subir neste palco e se apresentar era algo que representava o seu sonho enquanto ser humano, um desejo irrefreável de passar os seus dias no meio de algo que lhe dava prazer: a música. Apesar de pouco conhecida, Florence Jenkins, a soprano que destruía as notas de Mozart é um mito do século XX, admirado por ícones da música, tais como David Bowie e Cole Porter, ganhadora de três investimentos audiovisuais para a sua biografia, apenas em 2016. Além desta versão bem humorada, temos ainda Marguerite, do francês Xavier Giannoli e o documentário alemão ainda inédito por aqui." (Sergio Alpendre)
89*2017 Oscar / 74*2017 Globo
Qwerty Films
Pathé Pictures International
BBC Films
Diretor: Stephen Frears
36.616 users / 28.387 face
41 Metacritic 1.941 Down 203
Date 13/06/2017 Poster - ###