Filmes vistos em 2013

Excelente Hitchcock + Nouvelle Vague. Pra provar que dá pra fazer entretenimento e quebrar regras cinematográficas ao mesmo tempo. Roteiro bem amarrado, ótima direção e edição. Estou só começando com Louis Malle, mas ele já tá subindo pro topo da lista dos franceses dos anos 50.

This Film Is Also Not A Documentary. Mais panfletário do que Michael Moore, mas sem o talento. A causa é nobre, mas o filme é muita difamação e pouca informação e reflexão.

Premissa interessante, ótima fotografia, boa mão pra direção, mas excessivamente arrastado. Ficaria mais interessante como uma HQ da Vertigo, por exemplo. Ou com uns 40 minutos a menos.
Aparentemente, Drive é mesmo a obra-prima do diretor.

Impressionante. O filme vai da tensão insuportável à epifania em minutos. Embora o tema e o tom do filme beirem o piegas em muitos momentos, a discussão que ele motiva, somada às cenas absolutamente incríveis do Pi no barco com o tigre fazem tudo valer bastante a pena. O Ang Lee é daqueles que se vira em qualquer ambiente, estilo Howard Hawks e Billy Wilder.

Tem o clima certo, mas não é muito assustador, infelizmente. Personagens carismáticos não servem pra nada (Jamie Lee Curtis), personagens que servem pra algo, mal aparecem (padre), e o filme não tem nem sangue. Pessoas são empaladas e a faca sai limpa.
Vindo de um Halloween e indo pra um The Thing, é um filme morno da carreira do Carpenter.

Como comédia, é mesmo um ótimo filme, tem ritmo, boas atuações, roteiro intrincado, com poucos furos. Mas fiquei espantado com o tom misógino de tudo. Claro que é um filme dos anos 50 que se passa nos anos 20, mas não deixa de ser desconfortável. E dá dó da Marylin (dela e do personagem) o filme todo.
Mas a última cena é mesmo engraçadíssima.

Buried foi dos filmes que mais me surpreenderam nos últimos anos. Claro que eu ia me encher de expectativa com o próximo filme do Rodrigo Cortés, ainda mais com DeNiro, Sigourney Weaver e Cillian Murphy no elenco. Mas nada me preparou pra bomba que é esse filme. A ideia era ser um anti-Ghostbusters, um contra-X-Files, mas não chega nem no nível As Aventuras do Padre Quevedo. Trama genérica, cheia de obviedades, com plot twists tão bobos que dá raiva de relembrar. O elenco se esforça, a fotografia é boa, mas com um roteiro daqueles, não tem muito pra onde correr. Uma pena.
E nem dá pra culpar "o sistema de Hollywood", porque o roteiro também é assinado pelo Cortés. Agora, é torcer pra que isso seja só um tropeço na carreira do diretor, porque potencial ele já mostrou antes.

Mais do que do Bergman, esse é um filme da Liv Ullmann. Ela dá peso à protagonista de um jeito que faz valer o filme.
Não é dos melhores do Bergman (o que está longe de diminuir o filme), mas ainda assim tem imagens e ideias que vão ficar pra sempre na mente quando se discutirem certas ideias freudianas.
Incidentalmente, é o filme que o Alvy Singer e a Annie Hall vão assistir, mas que ele não quer entrar porque já teriam começado os créditos. Eles são meio longos mesmo, e não tem ligação direta com o filme. Ele não teria perdido nada. E aposto que é bem melhor que The Sorrow and The Pity.

O meio do caminho do Woody Allen. Tem toda a conversa existencialista e intelectual de Annie Hall, Love and Death e Manhattan, mas com a estrutura mais próxima dos filmes menores das próximas décadas, como Melinda and Melinda e Whatever Works.
É um bom filme, embora algumas partes pareçam deslocadas. Toda a história do personagem do Woody Allen, apesar de interessante, fica muito distante do núcleo das irmãs quase até os últimos minutos.
Também é legal ver os papeis menores da Julia Louis-Dreyfus, Julie Kavner e do John Turturro pré Seinfeld, Simpsons e Miller's Crossing, respectivamente.

Que filme estranho. Parece uma mistura de Suspiria com filme de cientista maluco com filme de serial killer. Quase até o fim, o filme é bem morno, e até as mortes são meio sem graça. Mas os últimos 20 minutos são tão malucos que valem o filme todo. Dos filmes que eu vi do Dario Argento, é o único que vale mais pelo final do que pelo começo.
Ah, por algum motivo, toca Iron Maiden duas vezes no filme, totalmente fora de contexto.

Ótimo (e último) filme do Sidney Lumet. Apesar de filmado em digital e ter a fotografia e edição meio estranhas, as performances e a direção seguram tranquilamente a história. Não tem um ator deslocado, e cada rompante dos personagens é justificado. A trama não é exatamente original, mas o drama e a tensão que resultam dela valem bastante a pena.
Lumet fez três dos melhores filmes de todos os tempos (12 Angry Men, Dog Day Afternoon, Network). O mínimo que ele podia fazer era terminar com um bom filme.

Romero fazendo filme B parecer filme, ahn, não-B. Bom suspense, bem feito, com boas atuações e ótimo ritmo. Não que a história seja muito original, mas é entretenimento de qualidade. E tem efeitos e maquiagem do Tom Savini, o que é sempre uma coisa boa.

A cara do indie 2000-2010. Foco nos personagens (de 20 e poucos anos), história simples, fotografia horrorosa em vídeo. Mas é bom. Os irmãos Duplass fizeram vários outros filmes depois desse, e eu pretendo ver pelo menos mais alguns deles.

Depois de todo mundo falando que o Friedkin tinha voltado à forma com esse filme, fiquei com bastante expectativa. Mas ele é muito mais Bug - um filme que eu odiei - do que qualquer coisa que ele tenha feito nos anos 70. Ou seja, é uma peça de teatro que se apoia na performance exagerada dos atores e no choque do que em qualquer outra coisa. Não chega a ser ruim, mas o filme gera desconforto pelo desconforto, sem querer dizer nada muito mais importante. Não tem o estilo de um Tarantino ou um Nicholas Windin Refn, nem o subtexto de um Lars Von Trier.
Ainda espero grandes coisas do diretor, pois precedentes como French Connection e The Exorcist vão pesar pra sempre, por pior que seja a filmografia.

A premissa é interessante: acompanhar o diário de um homem que resolveu se matar de inanição. O resultado, nem tanto. Primeiro porque o diário em si não é muito brilhante. Exceto pela parte final, onde as entradas ficam bem metafísicas, todo o resto envolve a rotina simples, sem opiniões ou vislumbres na mente do cidadão.
Segundo, a execução é bem fraca. A narração do diário é ilustrada com imagens da floresta - o que seria bom se a câmera não fosse tão vagabunda - e várias cenas aleatórias, de um atirador de facas a um cavalo sem rumo, tudo absolutamente sem contexto. Seria melhor ter lido o diário ao invés de sofrer com imagens feias e deslocadas.

Mil vezes melhor que Frankenweenie. Stop Motion excelente, na técnica, no design dos personagens e nos diálogos. Peca pela trama, que é bem genérica.

Filme bizarro. Mistura várias técnicas de animação, incluindo pixilation, e conta uma história bastante surreal. É engraçado e faz pensar. Quem é fã do filme diz que ele é revolucionário e muda a vida pra sempre. Não acho que chegue a tanto, mas vale pelo quanto o filme te desafia.

Essa comparação deve ter sido feita à exaustão, mas é bem isso mesmo: Spinal Tap + The Wrestler, só que de verdade. Todos os temas dos dois filmes estão aí, na vida real da banda que podia ter sido uma das grandes do metal dos anos 80. Da vida triste dos adolescentes de 50 anos que precisam de empregos pra sustentar a família à amizade profunda entre os membros da banda, é um filme triste e bonito.

Eu esperava um exercício de estilo em ação dos anos 70 com viés conservador, mas me surpreendi. O filme é um discurso político. O cara-de-pedra tá ótimo no papel do arquiteto liberal que toma gosto pelo vigilantismo e flerta com a morte. No fim, é uma história triste mais do que um filme de ação. Só não devo perder tempo com as continuações.

Os atores estão bem (a Susan Sarandon, especialmente) e o ritmo é bem construído, mas o roteiro não é grande coisa. Dá pra ver que os diretores sabem o que estão fazendo, pelo menos.

Boas piadas e animação interessante, mas a trama é infantil e genérica e o design dos personagens é bem fraquinho (a exceção é o ótimo pai do Flint). De novo, faltou roteiro. Mas o Bill Hader, como sempre, está ótimo.

Excelente show de uma banda que eu devia prestar mais atenção. O Jonathan Demme e o David Byrne trabalharam bastante o visual e os conceitos do show, e passam muito bem a energia das músicas com closes e jogos de luz interessantes. E o poster é dos mais legais de todos os tempos. A tipografia da abertura é linda, me lembrou muito a do Dr Strangelove. Depois, vi: Titles by Pablo Ferro. O mesmo cara.

Único filme do Tarantino com problemas de ritmo e roteiro. É muito, muito longo. Há quem diga que a culpa é da morte da Sally Menke, editora de todos os filmes dele até então. Espero que não.
Além disso, vindo de alguém que tanto ama Spaghetti Westerns, Django não tem tanto estilo quanto poderia. Os zooms repentinos ficaram meio forçados, e até a violência não tem o mesmo peso nem dos clássicos do gênero, nem dos outros filmes do Tarantino. Qualquer abertura do Sergio Leone é mais icônica do que quase todo Django.
Mas o filme tem muita coisa boa também. Christoph Waltz está excelente, como sempre, embora o texto do Tarantino na boca dele lembre um pouco demais o Hans Landa. A estrutura do filme é boa e constroi bem os personagens. A trilha sonora é interessante, como era de se esperar.
Infelizmente, é o pior filme do diretor, o que não quer dizer que seja ruim. Meu ranking se mantém:
Pulp Fiction
Reservoir Dogs
Inglorious Basterds
Kill Bill
Jackie Brown
Death Proof
Django Unchained

Pela proposta, poderia ser um filme bem mais interessante. Mesmo os filósofos mais legais, como o Zizek e o Colin West, não iluminam tanto quanto de costume. Além da atitude "holier than thou" de quase todo mundo do filme.
Ainda sou mais um Waking Life.

A prova de que um bom texto é meio caminho andado pra um bom filme. O orçamento é mínimo, a produção é pequena e a premissa não é revolucionária, mas o diálogo é muito bom, e a direção segura o ritmo do filme com louvor. Geralmente eu não gosto de filmes que poderiam ser peças de teatro (um cenário, poucos personagens, pouco ou nenhum movimento de câmera), mas Lo consegue ser original apesar disso. Vou ficar de olho no diretor.